segunda-feira, 7 de julho de 2014

Espaço Sesc discute os reflexos da ditadura na produção artística da época
‘Arte e autoritarismo em cena’ terá leituras de peças, show e interpretação de depoimentos de mulheres que viveram a tortura

A ditadura militar, instaurada em 1964, foi marcada, entre outras coisas, pela repressão à criatividade e ao pensamento crítico. Arbitrariedades, restrições às liberdades públicas e individuais e controle do pensamento eram alguns dos mecanismos utilizados pelo autoritarismo para se manter no poder. A memória desse tempo ainda incomoda o país, meio século depois do golpe.
Para discutir os reflexos dos Anos de Chumbo na produção artística da época, o Espaço Sesc abre suas portas para uma série de leituras dramatizadas e apresentações artísticas no projeto “Arte e autoritarismo em cena”. De 17 a 27 de julho (quinta a domingo), obras de artistas como Oduvaldo Vianna Filho e Millôr Fernandes e um texto inédito de Glauber Rocha vão trazer à cena a fala de artistas preocupados com a questão política do país.
 Entre as atividades está ainda a leitura de depoimentos da cineasta Lucia Murat e da militante Maria Amelia Teles à Comissão da Verdade, que investiga casos de violação de direitos humanos na ditadura, além da carta da militante Inês Etienne Romeu enviada à Ordem dos Advogados do Brasil, em 1979. As três mulheres foram torturadas, sendo Inês a única sobrevivente da Casa da Morte, instalada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Os relatos serão interpretados pelas atrizes Guida Vianna, Betina Viany e Betty Erthal.

ARTE E AUTORITARISMO EM CENA
 Espaço Sesc (Arena): Rua Domingos Ferreira, 160. Tel.: 2547-0156
17 a 27/7/2014
Quinta a sábado, 20h30. Domingos, 19h.
Ingressos: R$ 5 (associados Sesc), R$ 10 (meia entrada) R$ 20 (inteira)
Classificação etária: 14 anos.
Capacidade: 242 lugares
 17/7/2014 (quinta-feira) – Papa Highirte, texto de Oduvaldo Vianna Filho - Direção: Luiz Fernando Lobo. Com a Companhia Ensaio AbertoPapa Highirte é um ditador típico do Terceiro Mundo que está exilado e banido de seu país. Ele trama seu retorno ao poder, mas acaba assassinado por um revolucionário. A peça recebeu o 1º prêmio no Concurso do Serviço Nacional de Teatro, foi censurada e só pôde ser encenada em 1979, quando foi dirigida por Nelson Xavier em montagem que contou com Sérgio BrittoTonico Pereira,Ângela Leal, entre outros.
 18/7/2014 (sexta-feira) – Leitura de Minha Vida Depois (Mi Vida Después), da argentina Lola Arias. Direção: Carolina Virguez. A peça estreou em 2009, em Buenos Aires. No texto, seis atores argentinos, nascidos na década de 1970 e início dos anos 1980, reconstroem a juventude de seus pais a partir de fotos, cartas, fitas cassete, roupas e histórias. Tradução e direção: Carolina Virgüez / Elenco: Álvaro Antunes, Anna Fernanda, André de Luca, Fernanda Vizeu, Giselda Prado, Natália Mikeliunas, Rafael Abreu.
 19/7/2014 (sábado) – Vivemos para Contar - Direção Álamo Facó. Trata-se da leitura dos depoimentos de Lucia Murat, Inês Etienne Romeu e Maria Amelia Teles, pela voz das atrizes Guida Vianna, Betina Viany e Betty Erthal. Três atrizes que começaram a fazer teatro nos anos 60 e 70 prestam homenagem a três bravas mulheres que optaram por combater a ditadura brasileira e, por isso, foram barbaramente torturadas. Em seus depoimentos à Comissão da Verdade, seusrelatos se revelam verdadeiros monólogos contra o autoritarismo, que através da arte podemos ampliar, divulgar e jogar luz sobre esse período. Uma trilha sonora da época vai reproduzir esse momento, em que a emoção, a razão e a reflexão vão trazer o passado à tona, para que este seja visualizado pela nova geração.
 20/7/2014 (domingo) – Liberdade, Liberdade- Direção: Miwa Yanagizawa. Com a Cia Código de Artes Cênicas. Musical escrito porMillôr Fernandes e Flávio Rangel, considerado o texto de maior sucesso do teatro de protesto. A peça recorre a textos de autores comoSócratesPlatãoAbraham LincolnMartin Luther KingAnne FrankWinston Churchill,Vinícius de MoraesCecília MeirelesGeraldo VandréJesus CristoWilliam Shakespeare,Moreira da Silva e Carlos Drummond de Andrade, entre outros, em uma colagem entremeada por números musicais. O tom varia do dramático ao cômico, do discurso político mais explícito ao lirismo da poesia. A peça estreou no Rio, em 1965, com direção de Flavio Rangel e no elenco Paulo Autran, Tereza Rachel, Nara Leão e Oduvaldo Vianna Filho. A repercussão foi imediata a ponto de o presidente Castello Branco afirmar que “as ameaças (da peça) são de aterrorizar a liberdade de opinião”. Só e2005, quatro décadas após ser encenado pela primeira vez, o espetáculo ganhou nova montagem, com direção de Cibele Forjaz e no elenco Renato BorghiDébora Dubocentre outros. Em 2006, na Baixada Fluminense, o espetáculo foi adaptado sob o título “Censura Livre” pela CIA Código de Artes Cênicas, da cidade de Japeri, a partir do projeto Tempo Livre, uma parceria entre o Sesc Rio e o grupo Nós do Morro. Na ocasião, a peça teve direção da também atriz e professora Miwa Yanagizawa, que agora retoma o projeto.
 24 e 25/7/2014 (quinta e sexta-feira) – ShowApesar de Você - Com Marya Bravo. Direção: Cesar Augusto. Roteiro: Rodrigo Faour. Direção musical: Bruno Pederneiras. Por meio da voz singular de Marya Bravo, o Brasil  dos chamados  ‘Anos de Chumbo’ será  revisitado. Um show intimista onde a performance e a música irão compor um discurso sonoro e político da época.
 26/7/2014 (sábado) – O Destino da Humanidade - de Glauber Rocha. Direção: Fabiano de Freitas. Com Teatro de Extremos (Guilherme Siman, Leonardo Corajo, Mauricio Lima e Renato Carrera) Ator convidado: Cesar Augusto. Intervenção cênico-musical: Isadora Medella. Intervenção visual: Evee Ávila. Originalmente um roteiro cinematográfico inacabado e nunca filmado, “O Destino da Humanidade” trata de uma história aparentemente comum, cheia de intrigas pessoais, liberalidade sexual e denúncia política em que surgem elementos fantásticos, culminando em invasões de outros planetas e numa viagem extragaláctica.
 27/7/2014 (domingo) – Apresentação-Palestra de Aquilo de que somos feitos - Criação e Direção: Lia Rodrigues. A estreia foi em 2000, mas até hoje Aquilo de que somos Feitos, literalmente rasga corações. No cruzamento entre a performance dos anos 60, as artes plásticas e a dança, o espetáculo resgata a arte como espaço de inquietude lançando sobre o mundo um olhar carregado de poesia e indignação. Interpretação:  Amalia Lima , Leonardo Nunes, Gabriele Nascimento, Francisco Thiago Cavalcanti, Clara Castro, Clara Cavalcante, Dora Selva, Felipe Vian, Glaciel Farias, Luana Bezerra, Thiago de Souza. 

Vanessa Freitas
Assessoria de Imprensa | Depto. Regional Rio                                          
Tel.: 21 3138-1232 | 99644-2597
www.sescrio.org.br | twitter: @sesc_rio    



Nenhum comentário:

Postar um comentário