terça-feira, 30 de junho de 2015

Teatro/CRÍTICA

"Beija-me como nos livros"

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Bela e original empreitada teatral



Lionel Fischer



"Beija-me como nos livros procura retratar o relacionamento amoroso e o seu desenvolvimento ao longo dos tempos, por meio de uma linguagem cênica criativa, amparada na expressividade vocal e corporal. A peça tem como premissa pensar o amor não como algo biológico e inerente à natureza humana, conforme costuma ser visto, mas como mais uma invenção do ser humano, sujeita a constantes alterações ao sabor das mudanças na política, na religião e na economia. É fato que a relação afetiva entre duas pessoas se modificou profundamente através dos séculos, até se estabelecer como a entendemos e praticamos nos dias de hoje".

Extraído do ótimo release que me foi enviado pela assessora de imprensa Daniella Cavalcanti, o trecho acima sintetiza as premissas que deram origem a "Beija-me como nos livros - um espetáculo sobre a história do amor", que acaba de entrar em cartaz no Teatro I do CCBB. Mais recente produção da companhia Os Dezequilibrados, "Beija-me..." chega à cena com direção e dramaturgia assinadas por Ivan Sugahara, estando o elenco formado por Ângela Câmara, José Karini, Claudia Mele e Julio Adrião - os dois últimos atores convidados.

A presente empreitada teatral gira em torno de quatro mitos amorosos - "Tristão e Isolda" (simbolizando o período medieval inglês), "Romeu e Julieta" (Renascimento italiano), "Dom Juan" (Iluminismo francês) e "Werter" (Romantismo alemão) - e o enredo mescla questões e traições de dois casais contemporâneos com cenas dos citados mitos. Quanto ao texto, este é proferido em uma língua inventada (gromelô), cuja apreensão decorre da sonoridade das palavras e da cadência e inflexão das falas. E cabe também registar que as palavras são, digamos assim, pronunciadas em um registro que remete ao "original" - em "Dom Juan", por exemplo, o sotaque é francês. Isto posto, vamos ao espetáculo.

Em primeiro lugar, julgo muito oportuna a possibilidade de se refletir sobre o amor, seja sobre o conceito de amor romântico, seja sobre a forma com que nos relacionamos. No presente caso, dos mitos selecionados, o de Dom Juan é o único que escapa de um contexto trágico, já que o empedernido fauno parece só ter se preocupado em copular com uma infinidade de damas - consta que se deitou com cerca de dez mil. Com relação aos outros, ainda que a carne tenha tido sua importância, os encontros amorosos a transcendiam e o fundamental era a identificação de almas. 

Quanto ao casal contemporâneo, embora os homens e as mulheres não exibam a ensandecida lubricidade do citado Dom Juan, o fato é que traem. Mas por que traem? Aliás, por que se trai? Eis uma questão que mereceria um ensaio de no mínimo oitocentas páginas. Em minha modesta opinião, os homens e mulheres traem não porque sintam imperiosa necessidade de variar de parceiro ou parceira por desgaste da relação, irresistíveis apelos externos ou meramente por enfado; para mim, tudo se resume a uma brutal insegurança, que resulta em uma permanente necessidade de afirmação que jamais se esgota - a menos que a pessoa se disponha a fazer análise...de preferência, com um bom analista. Digressão feita, voltemos ao espetáculo.

Antes de mais nada, quero registrar minha admiração pelo enorme trabalho de pesquisa realizado e pelo texto final apresentado, perfeitamente apreensível - não em sua totalidade, naturalmente, o que seria impossível. Mas eventuais lacunas de entendimento não comprometem a compreensão do essencial. E neste particular, fica sempre em aberto a possibilidade de cada espectador construir os seus significados, que variarão de acordo com sua sensibilidade e maior ou menor acúmulo de neuroses.

Com relação à dinâmica cênica, esta está em perfeita sintonia com os conteúdos implícitos. Cenas muito engraçadas se alternam com outras, de grande tragicidade, todas invariavelmente materializadas com inventividade e rigor formal. E me permito citar apenas uma, simplesmente deslumbrante, a que encerra o espetáculo. Nela vemos Romeu e Julieta em seu desfecho trágico. Um pouco atrás, um casal contemporâneo janta em uma mesa, afastados física e emocionalmente, sem trocar uma única palavra.  Romeu e Julieta morrem por amor; o casal, provavelmente, morrerá pela ausência dele.  

Com relação ao elenco, afora a capacidade de mergulharem visceralmente em todas as questões abordadas pelo texto, os intérpretes exibem notável expressividade vocal e corporal, conseguindo conquistar a plateia desde o início e ao longo de toda a montagem. Julio Adrião, Claudia Mele, José Karini e Ângela Câmara se dispuseram corajosamente a uma empreitada repleta de riscos e o resultado obtido evidencia não apenas suas qualidades enquanto intérpretes, mas também como artistas e pensadores do fazer teatral. A todos, portanto, agradeço a maravilhosa noite que me proporcionaram.

Na equipe técnica, Ivan Sugahara assina uma trilha sonora irrepreensível, assim como são irrepreensíveis as preciosas contribuições de Duda Maia (direção de movimento e preparação corporal), Ricardo Góes (direção vocal e pesquisa fonética), André Sanches (cenografia), Renato Machado (iluminação) e Bruno Perlatto (figurinos). Gostaria também de destacar a sensibilidade de Leandro Barreto (técnico de luz) e Luciano Siqueira (desenho de som).

BEIJA-ME COMO NOS LIVROS - Direção e dramaturgia de Ivan Sugahara. Com Ângela Câmara, Claudia Mele, José Karini e Julio Adrião. Teatro I do CCBB. Quarta a domingo, 19h.

 






sábado, 27 de junho de 2015

LEITURA DRAMATIZADA DA COMÉDIA "Bombonzinho", de VIRIATO CORRÊA

ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS
Dia 30
 de junho

Na próxima terça-feira, dia 30às 17h30, na Academia Carioca de Letras, termina o 1º Ciclo RIO DE JANEIRO - 450 ANOS DE PALCO, sob a coordenação de Sergio Fonta, com a comédiaBombonzinho, de Viriato Corrêa. Durante o mês de junho, entraram em cena importantes autores brasileiros clássicos que colocaram a cidade do Rio de Janeiro como palco de suas peças. É a Academia Carioca de Letras sintonizada com o segmento teatral nas comemorações dos 450 anos da cidade. A direção das leituras dramatizadas do 1º Ciclo foi do premiado ator e diretor Gilberto Gawronski. Entrada gratuita.

O maranhense Viriato Corrêa (1884-1967), embora nem todos saibam, foi (e é) um dos nossos maiores comediógrafos, autor de dezenas de peças. Radicado no Rio de Janeiro, foi sócio-fundador da SBAT e membro da Academia Brasileira de Letras, além de dramaturgo, contista, autor de obras para crianças, empresário, crítico e professor de História do Teatro. Um de seus textos - À sombra dos laranjais - foi adaptado para tv e exibido como novela pela Rede Globo, com sucesso, em 1977. Ao lado do produtor Nicolino Viggiani e do também excelente dramaturgo Oduvaldo Vianna, pai de Vianninha, ajudou a transformar o teatro nacional dos anos 1920, criando uma companhia de prosódia brasileira em nossos palcos, antes dominado pelo sotaque português.

Bombonzinho estreou no extinto Teatro Trianon, no Rio, em 9 de junho de 1931, por coincidência o mesmo dia em que lançamos o 1º Ciclo RIO DE JANEIRO - 450 ANOS DE PALCO, no início deste mês. Foi um dos grandes êxitos da carreira do ator Procópio Ferreira e é uma das comédias mais engraçadas do nosso teatro. Conta a aventura de Agapito, personagem vivido por Procópio, um impoluto chefe de família, nem tão impoluto assim: escondido da mulher, combina uma farra com amigos na Praia da Gávea (hoje seria a praia de São Conrado...), com alegres mulheres distribuídas num animado bangalô. Traça um plano infalível: viajará de trem  para São Paulo "a trabalho" mas, na estação seguinte, saltará e embarcará com o grupo num carro que os levará ao bangalô. Lá, já devidamente instalados com um bom champanhe, recebem a notícia que o trem para São Paulo sofreu um acidente horrível. Em pânico por ver sua farsa prestes a ser descoberta, Agapito resolve voltar para casa, cobrindo-se de ataduras e tipóias, explicando que escapou do acidente e sendo recebido com alívio pela crédula esposa. Já em pleno "tratamento" domiciliar, Agapito tem outra grande surpresa: fica sabendo que o acidente ferroviário não foi com o trem de São Paulo e, sim, com o de Minas... Aí, quem quiser saber o final de Bombonzinho, só assistindo à leitura na Academia Carioca de Letras na terça-feira... 
Academia Carioca de Letras:  Rua Teixeira de Freitas, nº 5 / 3º andar, sala 306, início da Lapa.
Dia: 30 de junho
Horário: 17h30
Ingresso: Grátis

* A Rua Teixeira de Freitas faz esquina com a Av. Augusto Severo e há muitas conduções para lá, parando no Passeio. Se a opção for o metrô, basta saltar na estação Cinelândia / saída Passeio.
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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Teatro/CRÍTICA

"João Cabral"

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Belo tributo a um poeta maior



Lionel Fischer




Poeta e diplomata, João Cabral de Melo Neto (1920-1999) deixou uma obra vasta e poderosa, cabendo destacar "O cão sem plumas", "A educação pela pedra", "Morte e vida Severina" (sua obra mais conhecida em razão de sua versão teatral) e "Sevilha andando". E pensando em comemorar em grande estilo seus dez anos de existência, a Companhia Teatro Íntimo selecionou poemas do imortal escritor e os transpôs para o palco, daí resultando "João Cabral", em cartaz na Sede das Cias. Renato Farias assina roteiro e direção, estando o elenco formado por Raphael Vianna, Gaby Haviaras, Caetano O'Maihlan e Rafael Sieg.

Como a obra de João Cabral de Melo Neto se insere entre as mais notáveis já produzidas em língua portuguesa, não me parece relevante tecer considerações sobre a mesma e sim tentar perceber em que medida a poética do autor pernambucano ganhou ou perdeu nesta transposição para o palco, que se vale de uma estrutura que nada tem a ver com a de um recital. 

Sem nenhum receio de estar enganado, acredito que Renato Farias fez um trabalho admirável, tanto no que diz respeito ao roteiro quanto à sua materialização cênica. O primeiro permite ao público (sobretudo aos espectadores que jamais leram João Cabral) um contato visceral, ainda que breve - a montagem dura apenas uma hora - com a obra do poeta. Quanto ao espetáculo, são inúmeros os seus acertos. A começar pela renúncia de se criarem "personagens".

Os atores são porta-vozes da poesia e no máximo falam na primeira pessoa, como o faria o poeta. E o jogo cênico que estabelecem - as tensões, alegrias, perplexidades etc. - se dá através das palavras e das imagens que elas sugerem. E estas são plenas de criatividade, ainda que simples - malas que sugerem partidas ou retornos, pedaços de cana que ora delimitam o espaço, ora se transformam em objetos de percussão ou de ameaça, e assim por diante. E cabe também destacar a passagem em que o flamenco e os ciganos são homenageados (João Cabral viveu muitos anos em Sevilha), a mais expressiva do espetáculo.

Com relação ao elenco, todos os atores se apropriam do texto com grande autoridade e o proferem de forma clara e sóbria, dispensando maiores e desnecessárias ênfases. E no que concerne ao universo gestual, a mesma clareza e sobriedade se fazem presentes, o que confere grande unidade às performances de Raphael Vianna, Gaby Haviaras, Caetano O'Maihlan e Rafael Sieg.

No tocante à equipe técnica, considero irrepreensíveis as contribuições de todos os profissionais envolvidos nesta mais do que oportuna empreitada teatral - Thiago Mendonça (direção de arte e figurino), Rafael Sieg (iluminação), Melissa Paro (cenografia), Eliane Carvalho (flamenco), Alejandro Alejo (consultoria cajón), Luciano Camara (consultoria guitarra flamenca), Edu Viola (liutaio da guitarra) e Ezequiel Blanc (visagismo). Cabe também destacar a belíssima participação de Diego Zarcon (intérprete do cante a palo seco).

JOÃO CABRAL - Poesias de João Cabral de Melo Neto. Roteiro e direção de Renato Farias. Com a Companhia de Teatro Íntimo. Sede das Cias. Sábado a segunda, 20h. 




domingo, 21 de junho de 2015

LEITURA DRAMATIZADA DA PEÇA "A bela Madame Vargas", de JOÃO DO RIO

ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS
Dia 23
 de junho

Na próxima terça-feira, dia 23às 17h30, na Academia Carioca de Letras, o Ciclo "RIO DE JANEIRO - 450 ANOS DE PALCO", sob a coordenação de Sergio Fonta, continua trazendo os célebres autores brasileiros clássicos que colocaram a cidade do Rio de Janeiro como palco de suas peças. A direção das leituras dramatizadas, que acontece durante todas as terças de junho, é de Gilberto Gawronski e a entrada é gratuita.

João do Rio (Paulo Barreto), fazendo jus ao nome que escolheu para assinar seus trabalhos, foi, talvez, o mais carioca de todos os escritores nascidos no Rio de Janeiro. Através de artigos, reportagens, crônicas, contos e peças soube investigar os meandros de sua cidade com enorme amplitude, precisão, amor e, também, sensualidade. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1910, sendo o primeiro a tomar posse de fardão. É um dos fundadores da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores) e foi seu primeiro presidente. Nunca escondeu sua opção sexual e, se vivo fosse hoje, certamente estaria apoiando os movimentos LGBT. O enterro de João do Rio, em 1921, parou a cidade: a ele compareceram mais de cem mil pessoas.

João do Rio escreveu "A bela Madame Vargas" em 1912, mesmo ano em que estreou no Teatro Municipal, dentro de uma programação especial com peças brasileiras. Passado em uma luxuosa, porém, decadente mansão do alto da Tijuca, é um drama muito bem engendrado, com um clima de trama policial. Conta as agruras de uma jovem e sedutora viúva que, com enormes dificuldades financeiras, rompe o romance com um também jovem amante para casar-se com um milionário, pelo qual acaba se apaixonando. O que ela não imaginava é que o preterido, louco de ciúmes, fosse armar um terrível plano de vingança
O desfecho é inesperado e surpreendenteEm "A bela Madame Vargas", João do Rio traça um irônico e primoroso painel dos salões cariocas do início do século XX. Assistir à esta leitura na Academia Carioca de Letras é uma rara oportunidade de mergulhar no universo fascinante deste grande autor. No elenco da leitura dramatizada desta semana participam, entre outros, os atores Sônia Clara, Henri Pagnoccelli e Daniel Barcellos. O evento também contará com a presença de João Carlos Rodrigues, biógrafo de João do Rio.
A Academia Carioca de Letras fica na Rua Teixeira de Freitas, nº 5 / 3º andar, sala 306, no início da Lapa. A Rua Teixeira de Freitas faz esquina com a Av. Augusto Severo e há muitas conduções para lá, parando no Passeio. Se a opção for o metrô, basta saltar na estação Cinelândia / saída Passeio.
CICLO DE LEITURAS  DRAMATIZADAS na ACL.jpg








quarta-feira, 17 de junho de 2015

Teatro/CRÍTICA

"Pulsões"

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Espetáculo primoroso no Poeira



Lionel Fischer



"Um maestro e uma bailarina convivem em um espaço indefinido, amplo e lúdico, alternando momentos de amor e loucura. O casal sabe que há fragmentos que os unem - mas paira entre eles a ameaça constante da perda de memória. Apenas música e dança podem curá-los".

Extraído do ótimo release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza o contexto em que se dá "Pulsões", de autoria de Dib Carneiro Neto, em cartaz no Teatro Poeira. Kika Freire assina a direção do espetáculo - inspirado no trabalho da psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) -, estando o elenco formado por Fernanda de Freitas e Cadu Fávero.

Pensando nos leitores mais jovens, julgo conveniente colocar aqui uma brevíssima definição de pulsão. Esta, segundo a psicologia, designa um impulso energético interno que direciona o comportamento do indivíduo. Mas este comportamento diferencia-se do gerado por decisões, posto que ocorre devido a forças internas, inconscientes, e portanto alheias ao processo decisional.

No presente caso, estamos diante de uma mulher que dança obsessivamente. Seria uma psicótica? Não faço a menor ideia. Mas fica evidente que a dança é a sua pulsão. Quanto ao homem, pode ser que ele seja esquizofrênico. No entanto, tudo que importa é que ele é obcecado por música e compõe as músicas que ela dança. Fazer música é a sua pulsão. 

Estamos, portanto, diante de dois seres cujo permanente relacionamento através das mútuas pulsões os impede de sucumbir a lembranças dolorosas, ainda que nebulosas e fragmentadas, do próprio passado. Eles tentam, através da arte, transcender o trágico destino que em princípio lhes caberia em função de suas patologias. E como, além disso, nutrem um pelo outro fortíssima afeição, fica para mim evidente a inspiração de Nise da Silveira, para quem a loucura decorre da falta de afeto e que a cura se torna impossível sem a relação entre as pessoas.

Texto belíssimo, impregnado de dor e lirismo, virulento e delicado, e cujo principal mérito talvez consista em nos propor um olhar mais atento às nossas próprias patologias (que preferimos, naturalmente, amenizar chamando-as de neuroses), "Pulsões" recebeu um tratamento cênico em total sintonia com o material dramatúrgico. Através de marcações diversificadas e criativas, sempre priorizando a materialização de estados emocionais, Kika Freira assina a direção de um dos mais significativos espetáculos da atual temporada. Mas seus méritos também se estendem ao seu trabalho junto ao elenco.

Fernanda de Freitas e Cadu Fávero exibem performances absolutamente irretocáveis, tanto do ponto de vista do universo gestual quanto no que concerne ao texto articulado. Além disso, evidenciam aquele tipo de cumplicidade que só existe quando a confiança é total - tanto no parceiro de cena quanto no projeto. A ambos, portanto, agradeço a maravilhosa noite que me proporcionaram. 

Com relação à equipe técnica, considero primorosa a contribuição de todos os profissionais envolvidos nesta mais do que oportuna empreitada teatral - Fran Barros (iluminação), Teca Fichinski (cenário e figurinos), Rose Verçosa (caracterização), Victor Hugo Cecatto (fotografia e programação visual) e Marco França (direção musical e trilha sonora). E gostaria de enfatizar a maestria dos instrumentistas João Bittencourt (piano) e Maria Clara Valle (violoncelo) - o primeiro mantém com o instrumento uma relação tão visceral e delicada que imagino ser a mesma que dedica a uma pessoa amada.

PULSÕES - Texto de Dib Carneiro Neto. Direção de Kika Freire. Com Fernanda de Freitas e Cadu Fávero. Teatro Poeira. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h. 














domingo, 14 de junho de 2015



O quinteto BRINCADEIRA A CINCO é um quinteto de sopros, que vai do clássico, ao popular.
Composto por alunos graduados e graduandos da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, o conjunto de músicos tem como objetivo divulgar a 'música de câmara' em geral, e de referência da região centro-oeste ('música de câmara' é um termo utilizado para formações de pequenos grupos de instrumentos ou vozes, com repertório de música erudita, que tradicionalmente podiam acomodar-se nas câmaras de um palácio)                   
O concerto apresenta um repertório eclético, mas principalmente focado na música de concerto brasileira, de maneira a divulgar peças geralmente pouco difundidas no país. Entre elas, podem fazer parte do repertório, faixas como: Jacques Ibert – 'Trois Piéces Bréves';  Ferenc Farkas – 'Serenade for Woodwind  Quintet' ;  Fernando Morais – 'Xaxando no Cerrado' ; José Siqueira – 'Brincadeira a Cinco';  Raphael Baptista – 'Instantâneos Folclóricos nº 1', entre outras.
O grupo teve origem com a premiada formação de 2011-2012 , quando seus integrantes criaram o Quinteto Experimental da Escola de Música da UFRJ, orientados pelo ProfessorAloysio Fagerlande. Ainda no começo da carreira, venceram o '2º Concurso Furnas Geração Musical'.

O quinteto tem recebido convites para atuar em diversos espaços culturais como: sala de música de câmara da Cidade das Artes, Salão Leopoldo Miguez, da UFRJ, Centro Cultural Light,Centro Cultural do Poder Judiciário, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural da Justiça FederalMuseu Villa-LobosEspaço BNDES, com o projeto Quartas Clássicas - 'Brincando Em Forma De Concerto', também na Série “Música de Câmara ABL”-                Academia Brasileira de LetrasFundação Cultural Avatar, em Niterói, além de se apresentar em escolas municipais e estaduais com formato de concertos didáticos.  

Na segunda edição da semana internacional de música de câmara do Rio de Janeiro, participou como grupo residente, atuando na programação do festival em diversas salas de concerto da cidade.

Atualmente integram o grupo: Felipe Marateo- flauta
Gabriel Peter- clarineta
Jeferson Souza- fagote
Leandro Finotti- oboé
Werley Nicolau- trompa




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LEITURA DRAMATIZADA DA PEÇA "O CALIFA DA RUA DO SABÃO", DE ARTUR AZEVEDO
Homenagem aos 160 anos de Artur Azevedo

ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS
Dia 16


Na próxima terça-feira, dia 16às 17h30, na Academia Carioca de Letras, o Ciclo "RIO DE JANEIRO - 450 ANOS DE PALCO", sob a coordenação de Sergio Fonta, continua trazendo os célebres autores brasileiros clássicos que colocaram a cidade do Rio de Janeiro como palco de suas peças. A direção das leituras dramatizadas, que acontece durante todas as terças de junho, é de Gilberto Gawronski e a entrada é gratuita.

Saudando os 160 anos de Artur Azevedo, comemorados este ano, será lida a comédia O califa da Rua do Sabão, escrita em 1880 e batizada por seu autor de uma "inverossimilhança-lírico-burlesca". Inspirada no comediógrafo francês Labiche, a hilariante comédia conta a história de um comerciante carioca que, com o casamento já desgastado e procurando novas emoções, "importa" uma escrava da Turquia e a esconde num sobrado da Rua do Sabão (antiga rua do Centro), fingindo que ali é a Tunísia. Bem, aquela escrava não é tão escrava assim, nem ele é tampouco sultão. Mas o que ele não contava mesmo é que sua mulher oficial aparecesse ali de repente e aí... 
só assistindo à leitura.
Na mesma terça-feira, na Academia Carioca de Letras, também será feita uma homenagem ao Teatro Arthur Azevedo, de Campo Grande, que há mais de 50 anos ajuda a preservar a memória deste grande autor maranhense-carioca.

A Academia Carioca de Letras fica na Rua Teixeira de Freitas, nº 5 / 3º andar, sala 306, no início da Lapa. A Rua Teixeira de Freitas faz esquina com a Av. Augusto Severo e há muitas conduções para lá, parando no Passeio. Se a opção for o metrô, basta saltar na estação Cinelândia / saída Passeio.

VENHA RIR COM UM DOS MAIORES DRAMATURGOS DO BRASIL !
CICLO DE LEITURAS  DRAMATIZADAS na ACL.jpg





quarta-feira, 10 de junho de 2015

Teatro/CRÍTICA

"Foi você quem pediu para eu 
contar a minha história"

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Clima exacerbado impede sutilezas



Lionel Fischer



"Quatro meninas brincam de inventar histórias. Elas apresentam suas memórias, mais ou menos reais, seus medos, suas vidas sonhadas. Através de um jogo, à primeira vista inocente, e a partir de temas que elas abordam como feminilidade, misoginia, status social e o corpo da mulher, observamos como essas meninas podem ser - com elas mesmas e com os outros - cruéis, perversas, bem humoradas, ambivalentes e assustadoramente lúcidas".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza o contexto em que se dá "Foi você quem pediu para eu contar minha história" (Teatro do Leblon), de autoria da francesa Sandrine Roche. Thereza Falcão assina a adaptação e Guilherme Piva a direção. No elenco, Fernanda Vasconcellos, Bianca Castanho, Karla Tenório e Talita Castro.

Como todos sabemos, é vastíssima a capacidade que as crianças possuem de inventar histórias e vivê-las momentaneamente como se fossem verdadeiras. E também ninguém desconhece o fato de que as crianças, ainda que inconscientemente, utilizam as próprias fantasias para tentar lidar melhor com tudo que as incomoda ou pretendem alcançar. Neste sentido, o presente texto oferece um retrato absolutamente pertinente do universo em questão. 

E cabe também destacar a originalidade da estrutura narrativa, pois as histórias particulares de cada uma das meninas acabam sendo tomadas pelas outras e servindo de trampolim para novas e imprevistas histórias - mesmo que as individualidades sejam preservadas e as trajetórias pessoais não sejam as mesmas, é como se todas as personagens, ao menos em alguma medida, possuíssem algo em comum. No entanto, me causou uma certa surpresa a forma como o texto está materializado na cena.

Se por um lado é óbvio que a autora priorizou, em sua maioria, situações potencialmente agressivas, isso não significa que elas tenham que receber um tratamento tão exacerbado praticamente o tempo todo. Sim, pois na maior parte da montagem, o texto é proferido aos gritos e todo o gestual vem impregnado de inaudita violência. Por que será que o diretor fez esta opção? Por que será que estimulou as atrizes a atuarem, quase sempre, como se estivessem possuídas? 

Sendo Guilherme Piva um ótimo ator e um encenador de recente e significativa trajetória, acredito que poderia ter encontrado uma forma menos paroxística de trabalhar alguns conflitos, em especial, como já disse, os potencialmente mais agressivos. Isso certamente haveria de propiciar às atrizes Fernanda Vasconcellos, Bianca Castanho, Karla Tenório e Talita Castro (excelentes, diga-se de passagem) maiores possibilidades interpretativas, uma alternância maior de climas e o aflorar de imprescindíveis sutilezas. Fica, portanto, a singela sugestão de que algumas passagens possam ser ao menos um pouco suavizadas, sem que isso signifique um afrouxamento das pulsões em jogo.   

Na equipe técnica, não tenho como avaliar a adaptação de Thereza Falcão, pois não conheço o original - mas acredito que, como de hábito, tenha feito um excelente trabalho. Paula Santa Rosa e Rafael Pieri assinam um cenário que atende a todas as solicitações da montagem - um balanço, uma banco e um trepa-trepa. Carol Lobato veste as atrizes com convencionais e satisfatórios uniformes. Renato Machado ilumina a cena de forma a potencializar ainda mais a virulência do espetáculo, o que não deixa de ser coerente, com Marcelo Alonso Neves sendo responsável por correta trilha sonora.

FOI VOCÊ QUEM PEDIU PARA EU CONTAR A MINHA HISTÓRIA - Texto de Sandrine Roche. Adaptação de Thereza Falcão. Direção de Guilherme Piva. Com Fernanda Vasconcellos, Bianca Castanho, Karla Tenório e Talita Castro. Teatro do Leblon  (Sala Fernanda Montenegro). Quarta e quinta, 21h.  

terça-feira, 9 de junho de 2015

OFICINA DE AUTORES COM FOCO EM PRODUÇÃO DE ROTEIROS PARA SÉRIES

O Centro Cultural da Fundação Cesgranrio lança sua primeira Oficina de Autores com foco na capacitação de roteiristas para séries.
 O formato de TV que vem conquistando cada vez mais espectadores em todo mundo, inclusive no Brasil, ainda tem uma carência de roteiristas especializados no país. Observando isso, o Centro cultural Cesgranrio sai na frente, mais uma vez, contribuindo para essa qualificação. Um curso teórico e prático, no qual os roteiristas terão a oportunidade de:
 - Estudar a engenharia inversa das séries de grande sucesso da TV americana com a professora Sônia Rodrigues;
- Estudar escaleta e diálogos, com o autor da Rede Globo Daniel Berlinsky;
- Viver uma consultoria, durante 2 meses, na dinâmica de um Script Doctor, o autor e professor Décio Coimbra.
 O curso é gratuito e as inscrições estão abertas até o dia 22 de junho.
 Para saber mais sobre o projeto, e se inscrever, basta clicar no link:http://cultural.cesgranrio.org.br/oficinas-culturais/oficina-de-autores/


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Cia. Caixa do Elefante promove a Oficina de Construção de Marionetes de Fios
Referência nacional no teatro de bonecos, Mário de Ballentti ensina técnica formal de grande complexidade
Cia. Caixa do Elefante está com as inscrições abertas para a Oficina de Construção de Marionetes de Fios que será ministrada por Mário de Ballentti entre 15 de junho e 31 de julho, no ateliê Caixa do Elefante, em Porto Alegre. A iniciativa integra o cronograma de atividades de formação da companhia, que conta com o patrocínio da Petrobras.
Gaúcho, fundador da Caixa do Elefante, o ator e manipulador vive na capital gaúcha desde a década de 1980, onde começou sua carreira com o grupo Pés na Terra, sob a direção de Maurício Guzinski e orientação de Nair D'agostini. Ao longo dos anos, referenciou o seu trabalho no Brasil e em festivais internacionais na Europa, América do Norte e América Latina. Atualmente interpreta o mestre de cerimônias do festival Sesi Bonecos do Brasil/Mundo, evento realizado em todas as capitais do país.
Em sua formação, figura a Oficina de Direção coordenada por Margareta Nicolescu e a Oficina Cenografia, Espaço e Imagem, com Álvaro Apocalipse, do Grupo Giramundo (MG), ambas no Centro Latino-americano de Teatro de Bonecos (RJ). Fez workshop com a equipe do Canal +, em Charleville-Mézières (França), a oficina Teatro de Figuras, com o italiano Massimo Schuster, o Curso de Clown, na École Philippe Gaulier e o estágio de Training Back Stage, no musical Miss Saigon (Theatre Royal Drury Lane), ambos em Londres, além do curso Poética de la Cosa, com Maurício Kartun, na Casa de las Sirenas, em Sevilha, na Espanha e do estágio com a companhia francesa Houdart-Heuclin, sob direção de Dominique Houdart.
Como manipulador fez programas de televisão, como o “Pandorga” (TVE/RS), “A Turma do Arrepio” (Rede SBT/Manchete), “TV Colosso” (Rede Globo) e programas educativos da TV Futura. O boneco Abelardo ajudou nesta trajetória.
Voltada para artistas, cenógrafos, estudantes e professores de arte, com 63 horas aula e 12 participantes, Mário de Ballentti ensina a construção de marionetes de fios, arte tradicional do teatro de bonecos, técnica adotada em diferentes culturas que requer uma grande complexidade formal, tanto na construção da figura como do seu sistema de manipulação (comando ou cruzeta). 
Serviço:
CONSTRUÇÃO DE MARIONETES DE FIOS
Datas: 15 de junho a 31 de julho de 2015
Horários: 19 às 22h (segundas, quartas e sextas)
Local: Ateliê Caixa do Elefante, rua Hoffmann, 459, apto 4 (1 D), bairro Floresta, Porto Alegre (RS)
Ministrante: Mário de Ballentti
Número de participantes: 12
Público: artistas, cenógrafos, estudantes e professores de arte
Carga horária: 63 horas/aula
Faixa etária: a partir de 14 anos
INSCRIÇÕES pelo e-mail: caixadoelefante@gmail.com
REALIZAÇÃO: Caixa do Elefante Teatro de Bonecos