segunda-feira, 18 de novembro de 2019


Referência no teatro contemporâneo, Ana Kfouri lança seu primeiro livro dia 26 de novembro na Blooks, no Rio

Atriz, diretora, pesquisadora e professora registra em “Forças de um corpo  vazado” tese de doutorado na UFRJ, que promove um salto das artes cênicas para as artes visuais com o objetivo de investigar a questão corpo-palavra
Livro une editoras 7Letras e PUC-Rio


Referência no teatro contemporâneo, a atriz, diretora e pesquisadora, Ana Kfouri lança dia 26 de novembro, a partir das 19h, na Livraria Blooks, no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo, RJ, o livro “Forças de um corpo vazado” (parceria das editoras 7Letras e PUC-Rio; 144 págs; R$ 58.). O livro aprofunda e dá continuidade à pesquisa de linguagem que Ana vem desenvolvendo ao longo dos 42 anos de carreira: pensar o corpo e a palavra tendo a linguagem como a viga mestra dessa questão. “Forças de um corpo vazado” é fruto da tese de doutorado da autora em Artes Visuais, na linha Poéticas Interdisciplinares na EBA/UFRJ, sob a orientação de Angela Leite Lopes, tradutora e dramaturgista.

Conhecida por levar ao palco textos de literatura e filosofia – um arco que vai de Hilda Hilst a Valère Novarina, passando por Samuel Beckett – , Ana Kfouri deseja partilhar com o leitor a experiência corpo-palavra e, em seu primeiro livro, defende o ato de falar como potência da criação. Cria a noção de corpo vazado/corpo-sopro a partir daí. Como interlocutores nessa investigação da linguagem, e também da fala propriamente dita como criação, estão Gilles Deleuze, Samuel Beckett e Valère Novarina, entre outros, pensadores que vêm estimulando essas questões e inquietações na trajetória artística de Ana Kfouri.

“Meu desejo ao entrar no doutorado era pensar o performer, esse falador, não para defini-lo, mas para aprofundar seu lugar. Queria refletir sobre a palavra e sobre a relação corpo-palavra no campo do meu interesse, o da intensidade. E também realizar um salto das artes cênicas - com toda bagagem teórico-prática que ela me proporciona - para o universo das artes visuais”, destaca.

Livro, coordenação de nova pós, temporada em SP

O livro “Forças de um corpo vazado” entra em circulação num ano repleto de trabalho, que envereda por 2020. Ana Kfouri recebeu indicações de melhor atriz aos prêmios Shell, Cesgranrio e Botequim Cultural (todos no RJ) pela peça Uma frase para minha mãe, do autor Christian Prigent, que idealizou, atua e dirige. A artista foi contemplada pelo Premio QUESTÃO DE CRÍTICA por sua trajetória dedicada à criação cênica e à formação de artistas, bem como por Uma frase para minha mãe. A peça vai estrear no primeiro semestre de 2020 em São Paulo, após excelente repercussão de crítica e público no Rio de Janeiro.
Paralelamente, coordena em conjunto com a professora Ana Kiffer o inédito curso de pós-graduação lato sensu Corpo e Palavra nas Artes da Cena e da Imagem na PUC-Rio, que começa em 2020. Também dá continuidade ao trabalho de preparação de atores na Rede Globo, especificamente,  da 2ª temporada da série “Desalma”, direção de Carlos Manga Jr., além da novela “Nos tempos do imperador”, direção de Vinícius Coimbra. Em 2019, respondeu pela preparação de atores da série “Ilha de Ferro” e da novela “Órfãos da Terra”, para citar algumas produções.
  
Atualmente, prepara seu segundo livro, “Focos Móveis”, de caráter artístico-pedagógico, que integra o Projeto de Pesquisa de Pós-Doutorado, iniciado em março de 2019, no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena, PPGAC, na UFRJ, sob a supervisão da Profa. Dra. Eleonora Fabião. “Focos Móveis” é o nome da técnica de treinamento para atores que Ana Kfouri desenvolveu ao longo da sua experiência artística. O livro discorrerá sobre conceituações, objetivos e descrições de exercícios e dinâmicas cênicas criados pela artista, os modos do fazer e do pensar que atravessaram e atravessam a trajetória de Ana. Forças de um corpo vazado (livro onde cria a noção de corpo vazado/corpo-sopro) e Focos Móveis (em andamento) refletem o desejo de Ana de interagir cada vez mais com jovens estudantes, atrizes, atores, profissionais e professoras/es de artes cênicas, que se interessem por reflexões e estudos práticos do fazer teatral no campo intensivo. 
Atraída pela estranheza da narrativa
Por definição própria, Ana Kfouri “sempre foi atraída pela estranheza da narrativa tecida em lugares outros que o da linearidade, por textos não dramáticos, por textos que não se movessem a partir do fechamento de relações intersubjetivas, pela fala que fala à revelia de uma história propriamente dita, pela força do pensamento filosófico”.
“A imagem poética do corpo vazado/corpo-sopro foi criada, pensada e experienciada por mim nas artes cênicas a partir da prática realizada durante anos como atriz, diretora e professora. Mas foi a partir de 2007 que esta imagem, ou seria melhor dizer esta força, começou a tomar vulto, quando fazia como atriz o texto de Valère Novarina Discurso aos Animais: O animal do tempo e A inquietude, no intuito de pensar/falar/experimentar/discutir/debater quem é esse quem fala em cena”, diz.

Ao enveredar na defesa e  criação da noção de corpo vazado/o corpo-sopro,  realizou ensaios visuais em parceria com a artista visual Helena Trindade. A artista pondera: “Para a primeira incursão nesta nova fase da pesquisa, a experiência visual propriamente dita, convidei [...] a artista plástica Helena Trindade para pensar e realizar os experimentos junto comigo.  O trabalho dela foi um grande estímulo [...] para que eu pudesse vislumbrar, aos poucos, a sensação de pensar por imagem. [...] um novo horizonte se abriu à minha frente e, a partir de então, minha investigação/fundamentação sobre o corpo vazado/corpo-sopro em campos visuais tomou rumo próprio”. Os ensaios visuais podem ser assistidos nos links: Marés [https://vimeo.com/67754033], Sopros [https://vimeo.com/67764762], Passos [https://vimeo.com/121931666] e D’ÉCRITS & DES CRIS [https://vimeo.com/241782926].
Caminhos que a levaram até o vídeo “onde o verbo para?”, filmado a partir do percurso dela por variados corredores, entre eles o corredor especialíssimo do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, templo-corredor-rua magistral de José Celso Martinez Correa, que generosamente cedeu o espaço à Ana em uma manhã de setembro em São Paulo (2015), como é possível ver em
https://vimeo.com/326586915. “O corpo corredor como espaço, físico e imaginário, enigmático, material e espiritual, um buraco visual, fez com que as experimentações práticas tomassem novos rumos. Eu precisava cavar o terreno do espaço corredor. Eu começava a intuir a minha linguagem visual”.
Angela Leite Lopes assina o prefácio do livro e diz: “A tese parte, então, da trajetória cênica da Ana e desemboca na experimentação que resultou de todo o trabalho de “Forças de um corpo vazado”, o vídeo “onde o verbo para?”. Para chegar a ele, Ana foi fazendo incursões pelo campo das artes visuais, o que se configurou como um desafio e uma modalidade a mais de reflexão: a experiência da fricção entre essas duas áreas artísticas que têm, afinal, uma mesma matriz, já que o teatro, em sua etimologia, é o lugar de onde se vê”.
Em análise de Marcelo Jacques de Moraes, tradutor e professor da Faculdade de Letras/UFRJ, “Ana se vale do processo de realização de vídeos ao longo da pesquisa, e como extensão dela, bem entendido, para investigar a relação do corpo com o espaço, especialmente dramatizada pelo trabalho de edição das imagens de onde o verbo para?, em que um corpo – e um olhar – performa intermitentemente, até uma exaustão que nunca se consuma, a travessia de múltiplos corredores”.

Biografia breve

Paulistana radicada no Rio desde 1988, Ana Kfouri  começou a dirigir assinando também o roteiro dramatúrgico de A Lua que me instrua,  que marcou a estreia da sua companhia de teatro, a Companhia Teatral do Movimento, CTM, em 1991. A peça mesclava vários textos, mas principalmente Clarice Lispector e Elisa Lucinda (esta levada à cena como autora pela primeira vez), entremeados por citações do filósofo Emil Cioran.

Toda a investigação da pesquisadora parte da relação corpo-palavra, como atesta “Forças de um corpo vazado”. E esta relação é constantemente motivo de pesquisa nas duas companhias que dirigiu entre 1991 e 2006 (Cia Teatral do Movimento e Grupo Alice 118), na criação do Centro de Estudo Artístico Experimental, que funcionou no Sesc Tijuca, com dezenas de processos de trabalho e montagens, entre 2001 e 2009, e o atual Centro de Estudos Ana Kfouri, CEAK, inaugurado em 2017 no Cosme Velho, criado por Ana como um espaço de potencialização da experimentação artística.

Em julho de 2006 dirigiu a ópera I Capuleti e I Montecchi, de Vicenzo Bellini, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2007, Ana Kfouri voltou aos palcos como atriz, com o texto O Animal do Tempo, primeira parte do texto Discurso aos Animais, de Valère Novarina, dirigida por Antonio Guedes. Em julho de 2009, Ana estreou A Inquietude, segunda parte desse texto, dirigida por Thierry Trémouroux, dentro do projeto Novarina em Cena, que integrou a programação oficial do Ano da França no Brasil, o ano de 2009. Em 2010/2011,  encenou Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, no restaurante Albamar. Em 2012, foi premiada com essa montagem pelo premio Arte Qualidade Brasil, nas categorias de melhor direção e melhor espetáculo. Ana realizou (como atriz) o projeto Beckett, de 2012 a 2015 –  Primeiro Amor, dirigido por Antonio Guedes, e Moi Lui, dirigido por Isabel Cavalcanti. Com este projeto foi indicada como melhor atriz por sua atuação em Primeiro amor, pelo premio Questão de crítica 2013 e melhor atriz por sua atuação em Moi Lui, pelo premio Cesgranrio 2013.

Ana Integrou de 1992 a 2013 o corpo docente da Oficina de Interpretação e da Usina de atores da TV Globo e fez a preparação dos atores das novelas Novo Mundo (2016/2017), Tempo de amar (2017), Orfãos da Terra (2019), da minissérie Ilha de ferro (2018), e da série Desalma (2019), todas produções da emissora.

Serviço:

Lançamento do livro ‘Forças de um corpo vazado’, de Ana Kfouri. Editora 7Letras e PUC-Rio. 144 págs. R$ 58.

Imagem da capa: Helena Trindade

Dia 26 de novembro de 2019, a partir das 19h.
Local: Livraria Blooks – Espaço Itaú de Cinema - Praia de Botafogo, 316. Estacionamento: Praia de Botafogo, 330 [NOVOTEL]



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