Referência no
teatro contemporâneo, Ana Kfouri lança seu primeiro livro dia 26 de novembro na
Blooks, no Rio
Atriz, diretora,
pesquisadora e professora registra em “Forças de um corpo vazado” tese de doutorado na UFRJ, que promove
um salto das artes cênicas para as artes visuais com o objetivo de investigar a
questão corpo-palavra
Livro une
editoras 7Letras e PUC-Rio
Referência
no teatro contemporâneo, a atriz, diretora e pesquisadora, Ana Kfouri lança dia
26 de novembro, a partir das 19h, na Livraria Blooks, no Espaço Itaú de Cinema,
em Botafogo, RJ, o livro “Forças de um corpo vazado” (parceria das editoras
7Letras e PUC-Rio; 144 págs; R$ 58.). O livro aprofunda e dá continuidade à
pesquisa de linguagem que Ana vem desenvolvendo ao longo dos 42 anos de
carreira: pensar o corpo e a palavra tendo a linguagem como a viga mestra dessa
questão. “Forças de um corpo vazado” é fruto da tese de doutorado da autora em
Artes Visuais, na linha Poéticas Interdisciplinares na EBA/UFRJ, sob a
orientação de Angela Leite Lopes, tradutora e dramaturgista.
Conhecida
por levar ao palco textos de literatura e filosofia – um arco que vai de Hilda
Hilst a Valère Novarina, passando por Samuel Beckett – , Ana Kfouri deseja
partilhar com o leitor a experiência corpo-palavra e, em seu primeiro livro,
defende o ato de falar como potência da criação. Cria a noção de corpo
vazado/corpo-sopro a partir daí. Como interlocutores nessa investigação da
linguagem, e também da fala propriamente dita como criação, estão Gilles
Deleuze, Samuel Beckett e Valère Novarina, entre outros, pensadores que vêm
estimulando essas questões e inquietações na trajetória artística de Ana
Kfouri.
“Meu
desejo ao entrar no doutorado era pensar o performer,
esse falador, não para defini-lo, mas para aprofundar seu lugar. Queria
refletir sobre a palavra e sobre a relação corpo-palavra no campo do meu
interesse, o da intensidade. E também realizar um salto das artes cênicas - com
toda bagagem teórico-prática que ela me proporciona - para o universo das artes
visuais”, destaca.
Livro,
coordenação de nova pós, temporada em SP
O
livro “Forças de um corpo vazado” entra em circulação num ano repleto de trabalho,
que envereda por 2020. Ana Kfouri recebeu indicações de melhor atriz aos
prêmios Shell, Cesgranrio e Botequim Cultural (todos no RJ) pela peça Uma
frase para minha mãe, do autor Christian Prigent, que idealizou, atua e
dirige. A artista foi contemplada pelo Premio QUESTÃO DE CRÍTICA por sua
trajetória dedicada à criação cênica e à formação de artistas, bem como por Uma
frase para minha mãe. A peça vai estrear no primeiro semestre de 2020 em
São Paulo, após excelente
repercussão de crítica e público no Rio de Janeiro.
Paralelamente,
coordena em conjunto com a professora Ana Kiffer o inédito curso de pós-graduação
lato sensu Corpo e Palavra nas Artes da
Cena e da Imagem na PUC-Rio, que começa em 2020. Também dá continuidade ao trabalho de preparação de atores na
Rede Globo, especificamente, da 2ª temporada da série “Desalma”,
direção de Carlos Manga Jr., além da novela “Nos tempos do imperador”, direção
de Vinícius Coimbra. Em 2019, respondeu pela preparação de atores da série
“Ilha de Ferro” e da novela “Órfãos da Terra”, para citar algumas produções.
Atualmente, prepara
seu segundo livro, “Focos Móveis”, de caráter artístico-pedagógico, que integra
o Projeto de Pesquisa de Pós-Doutorado, iniciado em março de 2019, no Programa
de Pós-Graduação em Artes da Cena, PPGAC, na UFRJ, sob a supervisão da Profa.
Dra. Eleonora Fabião. “Focos Móveis” é o nome da técnica de treinamento para
atores que Ana Kfouri desenvolveu ao longo da sua experiência artística. O
livro discorrerá sobre conceituações, objetivos e descrições de exercícios e
dinâmicas cênicas criados pela artista, os modos do fazer e do pensar que
atravessaram e atravessam a trajetória de Ana. Forças de um corpo vazado (livro
onde cria a noção de corpo vazado/corpo-sopro) e Focos Móveis (em
andamento) refletem o desejo de Ana de interagir cada vez mais com jovens
estudantes, atrizes, atores, profissionais e professoras/es de artes cênicas,
que se interessem por reflexões e estudos práticos do fazer teatral no campo
intensivo.
Atraída pela estranheza da narrativa
Por
definição própria, Ana Kfouri “sempre foi atraída pela estranheza da narrativa
tecida em lugares outros que o da linearidade, por textos não dramáticos, por
textos que não se movessem a partir do fechamento de relações intersubjetivas,
pela fala que fala à revelia de uma história propriamente dita, pela força do
pensamento filosófico”.
“A imagem poética
do corpo vazado/corpo-sopro foi criada, pensada e experienciada por mim nas
artes cênicas a partir da prática realizada durante anos como atriz, diretora e
professora. Mas foi a partir de 2007 que esta imagem, ou seria melhor dizer
esta força, começou a tomar vulto, quando fazia como atriz o texto de Valère
Novarina Discurso aos Animais: O animal do tempo e A inquietude, no
intuito de pensar/falar/experimentar/discutir/debater quem é esse quem fala em
cena”, diz.
Ao
enveredar na defesa e criação da noção
de corpo vazado/o corpo-sopro, realizou
ensaios visuais em parceria com a artista visual Helena Trindade. A artista
pondera: “Para a primeira incursão nesta nova fase da pesquisa, a experiência
visual propriamente dita, convidei [...] a artista plástica Helena Trindade
para pensar e realizar os experimentos junto comigo. O trabalho dela foi um grande estímulo [...]
para que eu pudesse vislumbrar, aos poucos, a sensação de pensar por imagem.
[...] um novo horizonte se abriu à minha frente e, a partir de então, minha
investigação/fundamentação sobre o corpo vazado/corpo-sopro em campos visuais
tomou rumo próprio”. Os ensaios visuais podem ser assistidos nos links: Marés [https://vimeo.com/67754033],
Sopros [https://vimeo.com/67764762],
Passos [https://vimeo.com/121931666]
e D’ÉCRITS & DES CRIS [https://vimeo.com/241782926].
Caminhos
que a levaram até o vídeo “onde o verbo
para?”, filmado a partir do percurso dela por variados corredores, entre
eles o corredor especialíssimo do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona,
templo-corredor-rua magistral de José Celso Martinez Correa, que generosamente
cedeu o espaço à Ana em uma manhã de setembro em São Paulo (2015), como é
possível ver em
https://vimeo.com/326586915. “O corpo corredor como espaço, físico e imaginário, enigmático, material e espiritual, um buraco visual, fez com que as experimentações práticas tomassem novos rumos. Eu precisava cavar o terreno do espaço corredor. Eu começava a intuir a minha linguagem visual”.
https://vimeo.com/326586915. “O corpo corredor como espaço, físico e imaginário, enigmático, material e espiritual, um buraco visual, fez com que as experimentações práticas tomassem novos rumos. Eu precisava cavar o terreno do espaço corredor. Eu começava a intuir a minha linguagem visual”.
Angela Leite
Lopes assina o prefácio do livro e diz: “A tese parte, então, da trajetória
cênica da Ana e desemboca na experimentação que resultou de todo o trabalho de “Forças
de um corpo vazado”, o vídeo “onde o verbo para?”. Para chegar a ele, Ana foi
fazendo incursões pelo campo das artes visuais, o que se configurou como um
desafio e uma modalidade a mais de reflexão: a experiência da fricção entre
essas duas áreas artísticas que têm, afinal, uma mesma matriz, já que o teatro,
em sua etimologia, é o lugar de onde se vê”.
Em
análise de Marcelo Jacques de Moraes, tradutor e professor da Faculdade de Letras/UFRJ, “Ana
se vale do processo de realização de vídeos ao longo da pesquisa, e como
extensão dela, bem entendido, para investigar a relação do corpo com o espaço,
especialmente dramatizada pelo trabalho de edição das imagens de onde o
verbo para?, em que um corpo – e um olhar – performa intermitentemente, até
uma exaustão que nunca se consuma, a travessia de múltiplos corredores”.
Biografia breve
Paulistana
radicada no Rio desde 1988, Ana Kfouri começou
a dirigir assinando também o roteiro dramatúrgico de A Lua que me instrua, que
marcou a estreia da sua companhia de teatro, a Companhia Teatral do Movimento,
CTM, em 1991. A peça mesclava vários textos, mas principalmente Clarice
Lispector e Elisa Lucinda (esta levada à cena como autora pela primeira vez), entremeados
por citações do filósofo Emil Cioran.
Toda
a investigação da pesquisadora parte da relação corpo-palavra, como atesta
“Forças de um corpo vazado”. E esta relação é constantemente motivo de pesquisa
nas duas companhias que dirigiu entre 1991 e 2006 (Cia Teatral do Movimento e
Grupo Alice 118), na criação do Centro de Estudo Artístico Experimental, que
funcionou no Sesc Tijuca, com dezenas de processos de trabalho e montagens,
entre 2001 e 2009, e o atual Centro de Estudos Ana Kfouri, CEAK, inaugurado em
2017 no Cosme Velho, criado por Ana como um espaço de potencialização da
experimentação artística.
Em
julho de 2006 dirigiu a ópera I Capuleti e I Montecchi, de Vicenzo
Bellini, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2007, Ana Kfouri voltou aos
palcos como atriz, com o texto O Animal do Tempo, primeira parte do texto
Discurso aos Animais, de Valère
Novarina, dirigida por Antonio Guedes. Em julho de 2009, Ana estreou A Inquietude, segunda parte desse texto,
dirigida por Thierry Trémouroux, dentro do projeto Novarina em Cena, que integrou a programação oficial do Ano da
França no Brasil, o ano de 2009. Em 2010/2011,
encenou Senhora dos Afogados,
de Nelson Rodrigues, no restaurante Albamar. Em 2012, foi premiada com essa
montagem pelo premio Arte Qualidade
Brasil, nas categorias de melhor
direção e melhor espetáculo. Ana
realizou (como atriz) o projeto Beckett, de 2012 a 2015 – Primeiro
Amor, dirigido por Antonio Guedes, e Moi
Lui, dirigido por Isabel Cavalcanti. Com este projeto foi indicada como melhor atriz por sua atuação em Primeiro amor, pelo premio Questão de crítica 2013 e melhor atriz por sua atuação em Moi Lui, pelo premio Cesgranrio 2013.
Ana
Integrou de 1992 a 2013 o corpo docente da Oficina de Interpretação e da Usina
de atores da TV Globo e fez a preparação dos atores das novelas Novo Mundo
(2016/2017), Tempo de amar (2017), Orfãos
da Terra (2019), da minissérie Ilha de ferro (2018), e da série Desalma (2019), todas produções da
emissora.
Serviço:
Lançamento
do livro ‘Forças de um corpo vazado’, de Ana Kfouri. Editora 7Letras e PUC-Rio.
144 págs. R$ 58.
Imagem
da capa: Helena Trindade
Dia
26 de novembro de 2019, a partir das 19h.
Local:
Livraria Blooks – Espaço Itaú de Cinema - Praia de Botafogo, 316.
Estacionamento: Praia de Botafogo, 330 [NOVOTEL]
Vendas
online: www.7letras.com.br | www.travessa.com.br
| www.amazon.com.br
Assessoria
de Imprensa:
Mônica
Riani 21 9 9698-5575 monica.riani@uol.com.br
Claudia
Miranda 21 99605-4706 chagasmiranda@uol.com.br
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