Teatro/CRÍTICA
"O Cálice"
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O Tablado volta à cena em grande estilo
Lionel Fischer
Após mais de dois anos sem exibir nenhum espetáculo em função da pandemia, O Tablado está de volta em grande estilo, exibindo um espetáculo que traz ao menos duas de suas marcas registradas: um elenco de jovens (a maioria estudando na casa) e altíssima qualidade artística. Livremente inspirada no filme "Monty Python em busca do Cálice Sagrado", a montagem gira em torno da saga do Rei Arthur e de seus cavaleiros da Távola Redonda em busca do Cálice Sagrado.
Com texto de autoria de Lucas Barbosa e direção geral assinada por Cacá Mourthé, o espetáculo chega à cena com elenco formado por Ágatha Marinho, Alyssa Mischler, Beatriz Linhales, Bernardo Riley, Breno Brizola, Chico Moraes, Clara Farroco, Diogo Tarré, Gabriel Aguiar, Gabriel Terra, Gabriela Ruppert, Grila Grimaldi, Helena Alpino, Isadora Ruppert, Joana Chaves, João Pedro Schneider, José Beltrão, Lucas Barbosa, Mariana Tepedino, Rafael Saraiva, Samuel Valladares, Theo Jost, Vicente Valle, Vini Portella e Vitor Hugo Guimarães.
Lançado em 1975, o filme fez um sucesso estrondoso, dentre outras razões por satirizar de forma impiedosa a saga do Rei Arthur e de seus cavaleiros, até então retratada de forma invariavelmente romântica. E o ótimo texto de Lucas Barbosa prioriza o mesmo enfoque, gerando muitos risos e imediata cumplicidade da platéia. Mas esta também deve ser atribuída à irrepreensível contribuição dos muitos artistas envolvidos nesta marcante empreitada teatral. A começar pela direção geral de Cacá Mourthé, que contou com a co-direção de Isadora Ruppert e Marcelo Cavalcanti.
Sobrinha de Maria Clara Machado e diretora artística do Tablado há muitos anos, Cacá Mourthé herdou uma tarefa em princípio um tanto ingrata, pois não seria nada fácil manter o mesmo nível de excelência da maior autora e diretora de textos infantis de todos os tempos. Mas, abençoada pelos caprichosos deuses do teatro, Cacá vem trilhando uma brilhante trajetória artística, aqui mais uma vez comprovada. Impondo à cena uma dinâmica ágil e criativa, impregnada de marcações divertidas e muito expressivas, a encenadora reabre o Tablado com uma montagem que certamente haverá de fazer um mais do que merecido sucesso.
Quanto ao numeroso elenco, é realmente emocionante ver mais de 20 jovens intérpretes em cena, a maioria - como já foi dito - ainda estudando na casa. E alguns, possivelmente, fazendo sua estreia no palco do Tablado. Sendo assim, nada mais natural que alguns atores estejam defendendo papéis de maior destaque do que outros. Mas o que me parece fundamental destacar é a força do conjunto, a ótima contracena, a alegria que todos exibem de estar em cena e a consciência que certamente possuem do momento histórico do qual participam. A todos, portanto, agradeço a divertida e emocionante noite que me proporcionaram, e a todos desejo um belo futuro como artistas.
Com relação à equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as preciosas colaborações de todos os envolvidos nesta irrepreensível empreitada teatral - Lincoln Vargas (direção musical e músicas), Julia Marina (cenografia), Ronald Teixeira (direção de arte), Ronald Teixeira, Jovanna Souza e Ricardo Júnior (figurinos), Gabriel Boliclifer (adereços), Daniel Galvan (Iluminação) e Caio Paranaguá, Lincoln Vargas, Ney Feijão e Vinícius Nesi (músicos).
E finalmente - quase ia me esquecendo - gostaria de destacar a elegância daquele a quem costumo chamar de Mestre Carlão, que cumpre no Tablado diversas funções, dentre elas a de zelar pela segurança da casa. E ele, sempre que o encontro aos domingos quando vou dar aula com minha filha Julia Stockler, me chama de Meu Jovem, o que muito me envaidece.
O CÁLICE - Texto de Lucas Barbosa. Direção de Cacá Mourthé. Com grande elenco. Teatro O Tablado. Sábados e domingos às 20h.
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