Bertolt
Brecht:
cronologia de
uma obra
John Willett
O presente artigo tem por objetivo
oferecer uma ampla visão da obra teatral de Bertolt Brecht, composta de 40
títulos. Escritas em locais e circunstâncias distintas (aqui denominadas
“períodos”), as peças virão acompanhadas de um resumo. O texto foi extraído do
volume O teatro de Brecht (Zahar
Editores, Rio de Janeiro, 1967. Tradução de Álvaro Cabral. Apresentação de
Paulo Francis).
* *
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Período da Baviera
1. Baal
Ambientada
na Alemanha contemporânea. Poeta e cantor, bêbado, preguiçoso, egoísta e cruel,
Baal seduz (entre outras) uma moça de 17 anos, amante de um discípulo, que se
afoga. Baal mistura-se com vadios e motoristas, e canta num cabaré barato. Com
seu amigo, o compositor Ekart, vagueia pelo país, bebendo e brigando. Sophie,
que Baal engravidou, segue-os e acaba afogando-se. Baal seduz então a amante de
Ekart e mata este. Caçado pela polícia e abandonado pelos lenhadores, morre
sozinho numa cabana da floresta. (Escrita
em 1918; 22 cenas em prosa, quatro canções, fragmentos de canções e um coral de
abertura)
2. Tambores na noite
Passa-se
em Berlim, em 1919. O soldado Andreas Kragler regressa de um campo de
prisioneiros no Marrocos para encontrar sua noiva Anna, que acabara de
comprometer-se com o abastado Friedrich Murk. Ela já está esperando um filho.
No Piccadilly Bar, sublinhado pelos ruídos e comentários a respeito do assalto
e destruição dos escritórios do jornal dos espartacistas, ele discute com os
pais dela e com Murk, que está embriagado. Perdido nas ruas, caminhando ao
acaso, Kragler segue os distúrbios e Anna o segue. Kragler bebe num pequeno
botequim e, desesperado, conduz seus companheiros para os escritórios do
jornal. Nas primeiras horas da manhã, ele e Anna encontram-se na rua.
Desdenhosamente, Kragler recusa voltar à luta. Então, ele e Anna vão juntos
para casa. (Escrita entre 1918-20; cinco
atos em prosa e uma canção)
3. Na selva das cidades
Tem
como cenário Chicago, em 1912 e 1915. Shlink, um negociante chinês de madeiras,
de 51 anos, discute numa livraria com um empregado, George Garga. Shlink e
amigos marginais (que atendem por Verme, Macaco) convertem Jane, amante de
Garga, e Marie, sua irmã, em prostitutas. A primeira casa com George e a
segunda apaixona-se inutilmente por Shlink. Este acaba passando seu negócio
para Garga, que o arruína à custa dele próprio ser preso. No cárcere, Garga
denuncia Shlink como sedutor das moças e organiza as coisas para que ele seja
linchado no momento em que o próprio Garga é solto. Juntos, conseguem furtar-se
à perseguição dos linchadores. Shlink diz que gosta de Garga e luta só pelo prazer
de lutar. Mas George luta pela sobrevivência. Shlink morre quando chega a
populaça em tumulto. George lança fogo ao estabelecimento de madeiras e parte
para Nova Iorque. (Escrita entre 1921-4;
11 cenas em prosa)
4. Eduardo II
Drama
histórico ambientado na Inglaterra entre os anos 1307-26. Em suas linhas
gerais, respeita a obra de Marlowe, ainda que Brecht tenha simplificado a
intriga, eliminado personagens e criado novas motivações. Eduardo, após sua
coroação, convoca seu favorito Gaveston. Os nobres e a Igreja voltam-se contra
ele, bem como sua esposa. Gaveston é assassinado e Eduardo, após uma vitória de
curta duração, é capturado por Mortimer e finalmente assassinado também. Seu
jovem filho faz então com que Mortimer seja enforcado e a rainha é encarcerada
na Torre de Londres. (Escrita em 1924; 21
cenas em verso branco, algumas linhas de prosa; a cena 7 - Batalha de
Killingworth - está subdividida em 11 episódios; duas canções, das quais uma é
de Marlowe)
5. O mendigo ou o cão morto
Rei
vitorioso, no percurso para as celebrações oficiais, entra em conversa com um
mendigo. Sem dar importância à sua posição, o mendigo perturba as idéias do
rei. No final, revela ser cego. (Escrita
antes de 1923; 1 ato, prosa)
6. O casamento
Ambientada
na Alemanha contemporânea. Uma festa de casamento em que tudo corre mal: os
convidados discutem ou fazem amor; o mobiliário, construído pelo noivo, cai em
pedaços; revela-se que a noiva está grávida. (Farsa em 1 ato, prosa realista)
7. A expulsão do diabo
Do
lado de fora de sua casa de camponeses, uma moça bávara e seu amante namoram de
maneira por demais fogosa, enquanto os pais dela tentam fazê-la entrar em casa.
O amante visita-a de noite, mas o pai da moça retira-lhe a escada e empurra a
ambos para o telhado. (Farsa em 1 ato, em
prosa realista)
8. Lux in tenebris
Ambientada
numa rua de uma cidade atual no Sul da Alemanha. Paduk, organizador de uma
exposição para desencorajar as doenças venéreas - muito comuns aos devotos -
não passa de um antigo cliente do bordel fronteiro. A proprietária o convence
de que o negócio dela tem um brilhante futuro. Ele faz uma visita de observação
e acaba como sócio. (Farsa em 1 ato, em
prosa realista)
Período de Berlim
9. Um homem é um homem
A
peça desenrola-se vagamente na Índia inglesa, mas tanto o tempo como a
geografia são amplamente sem nexo. Quatro soldados saqueiam um templo indiano,
mas um fica para trás. Com muito medo do feroz sargento, apanham Galy Gay, um
estivador irlandês, para figurar como o quarto homem. Por meio de ameaças e
chantagem, Galy Gay é forçado a assumir sua nova identidade. Ao mesmo tempo, o
soldado desaparecido é apresentado como uma estátua que produz milagres no
templo e o sargento, acabando em roupas civis, é visto como um bêbado
inofensivo. Galy Gay assiste à sua própria execução e funeral simulados,
proferindo o discurso fúnebre. Nas duas últimas cenas, toma parte numa guerra
contra o Tibete e conquista sozinho uma fortaleza, transformando-se no soldado
perfeito. O homem desaparecido tenta reunir-se aos seus camaradas, mas é
recambiado com os antigos documentos de identidade de Galy Gay. (Escrita entre 1924-6; 11 cenas, das quais a
nona - transformação - está subdividida em cinco episódios separados; comédia
em prosa, com um prólogo em verso para a cena 9 e um discurso em verso livre;
duas canções)
10. Mahagonny
Cantata,
também conhecida como A pequena
Mahagonny. A obra constitui a base da ópera subseqüente. Seis canções com
interlúdios orquestrais, com duração total de cerca de 45 minutos. Paródia que
“idealiza” a degeneração da vida num certo país muito parecido com Nova Iorque,
a obra exibe músicas com acentuada expressão de jazz. (Escrita entre 1925-6; músicas de Kurt Weill)
11. A ópera dos três vintens
Baseada
em A ópera dos mendigos, de John Gay.
Ambientada em Londres, 1900. Macheath casa secretamente com Polly, filha de seu
companheiro de malandragem, Peachum. Este planeja a prisão de Macheath, que
foge, mas vem a ser apanhado graças à traição de Jenny e outras prostitutas. Na
prisão, ele encontra um de seus antigos amores, Lucy, que o ajuda a evadir-se.
Macheath é recapturado, na companhia de outra mulher, e levam-no para ser
executado, mas a pena é comutada, num happy
end deliberadamente artificial. Embora a linha geral do argumento seja fiel
a Gay, quase todos os diálogos foram reescritos. Entre as inovações, incluem-se
a segunda cena (o casamento no estábulo), o personagem Tiger Brown
(substituindo o Lockt de Gay) e o negócio de organizar e vestir mendigos, a
cargo de Peachum - no original, ele é um simples receptador de furtos. Nenhuma
canção de Gay foi conservada e o ângulo satírico sofreu modificações. No
original, o alvo era a aristocracia cujos negócios se pareciam bastante com os
do submundo; em Brecht, é uma sociedade burguesa que permite a existência desse
mundo marginalizado. (Escrita em 1928;
prelúdio e três atos, com três cenas cada; diálogo em prosa, 19 canções;
músicas de Kurt Weill)
12. Happy end
Ambientada
em Chicago. Bill Cracker, gângster e proprietário do Bill Ballhaus, um salão de
baile, apaixona-se pela tenente Lilian Holiday, do Exército da Salvação, que
entrara no seu estabelecimento (acompanhada do tenente Hannibal Jackson) para
tentar demovê-lo de suas atividades ilícitas. Lilian é expulsa do Exército da
Salvação. Bill, que não cumprira o papel que lhe competia no roubo de um cofre,
é expulso do bando e vai para uma reunião do Exército da Salvação. Mas o bando
o segue, com o objetivo de matá-lo. O misterioso chefe do bando, a Dama de
Cinzento, reconhece em Hannibal seu marido, há muito desaparecido, e assim o exército e os malandros unem suas
forças. Bill recebe um uniforme do Exército da Salvação e todos se unem para
formar um bando. (Escrita em 1929;
original de Dorothy Lane, adaptação de Elisabeth Hauptmann, letras de Brecht,
música de Weill; prólogo em verso e três atos; diálogo em prosa, seis canções)
13. Ascensão e queda da cidade de Mahagony
Fugindo
da polícia, a viúva Begbick e dois amigos malandros fundaram a florescente
cidade de Mahagony. Vai ser uma “cidade-rede” para pescar todos os forasteiros
que cheguem. Contudo, eles partem de novo, desiludidos, porque é uma cidade
onde nada acontece, além de asfixiada com editais e proibições. Ante a ameaça
de um ciclone que se aproxima, um madeireiro oriundo do Alasca, Paul Ackermann,
propõe que tudo deve ser permitido. Dentro de um ano, isso converteu-se na
única lei: comem, amam, lutam e bebem, por vezes até a morte. Mas Paul acaba
sem dinheiro e Jenny, a moça que ele ama, recusa-se a ajudá-lo. E ele será
julgado, condenado e eletrocutado. Em demonstrações caóticas, enquanto a cidade
arde ao fundo, os habitantes mostram que a civilização depende unicamente do
dinheiro: que nada mais existe para ajudá-los e nada para ajudar. (Escrita em 1928-9; músicas de Weill; 20
cenas, oito solistas, coro de seis vozes femininas, coro masculino; texto quase
que inteiramente rimado ou em verso branco)
14. Réquiem de Berlim
Obra
de Weill baseada em poemas de Brecht. Encomenda da Rádio de Frankfurt. Primeira
transmissão feita no verão de 1929.
15. O vôo sobre o oceano
Originalmente,
O vôo de Lindbergh. Composição
didática para o rádio. Um aviador descreve seus preparativos para o histórico
vôo solitário de 1927 sobre o Atlântico. Seus inimigos (Nevoeiro, Tempestade de
Neve e Sono) manifestam sua intenção de derrotar o atrevido. Os barcos fazem-se
ao mar e ambos os continentes fazem seus relatos através do coro. O aviador
reitera seu objetivo de superar o primitivo e também seus medos. Por fim, aterrissa e a peça termina louvando o feito
do homem ao voar. (Escrita em 1928-9; 17
quadros em verso irregular e não-rimado; obra para tenor, baixo, barítono e
coro)
16. Cantata da aquiescência
Outra
tentativa de realização de uma peça didática. Quatro aviadores se chocam e caem
com seus aparelhos. Estão em risco de morte. O coro pode ajudá-los? Não. O que
importa é o poder, e não a ajuda, até que o nosso mundo seja transformado: os
aviadores devem se reconciliar para morrer. Quando o primeiro piloto tenta
opor-se a isso, é posto fora do palco. Sua pretensão de ser ouvido cessou com a
sua função (social). O coro então indica aos outros como fazer para transformar
o mundo, enquanto renunciam a ele e a si próprios. (Escrita em 1929; 11 cenas curtas para quatro solistas, narrador e
coro; 1 cena estranha ao argumento, com três palhaços e uma breve projeção
cinematográfica)
17. Santa Joana dos matadouros
Ambientada
em grandes armazéns de carne e zonas comerciais da moderna Chicago. Num mercado
em baixa, o rei da carne enlatada Pierpont Mauler negocia a compra da produção
total de seus concorrentes nos próximos dois meses, depois encurrala o gado e
corta-lhes os abastecimentos. A moça do Exército da Salvação, Johanna Dark,
imagina que isso é uma resposta às suas preces para que se salve o mercado e
impeça o desemprego. Mas as fábricas de enlatados continuam fechadas, Mauler
excede-se em manobras ardilosas e o mercado acaba entrando em colapso total.
Verdadeiramente impressionado com Johanna, Mauler se apresenta como um
penitente arruinado; ela ajuda os operários a organizarem uma greve geral. Os
concorrentes de Mauler persuadem-no então, com o auxílio de seus amigos de Wall
Street, a liderar o sindicato da carne para que se livre de apuros e as tropas
expulsam os grevistas dos matadouros e armazéns. Johanna desmaia e a levam,
gravemente enferma, para o quartel-general do Exército da Salvação. É
canonizada por Mauler e seus amigos por seu trabalho entre os pobres. E
enquanto Mauler denuncia o sistema de classes, ela morre. (Escrita entre 1929-31; canções de Dessau; 11 cenas, verso branco
clássico, prosa, verso irregular e sem rima)
18. Aquele que diz sim/ Aquele que diz não
Baseada
na peça japonesa Taniko. As duas
pequenas peças são em geral apresentadas juntas. Não há indicação de tempo ou
lugar. Um professor guia uma expedição às montanhas, levando com ele um rapaz
cuja mãe está doente. Durante a viagem, o rapaz também adoece. O costume é que
os demais componentes do grupo deveriam lançá-lo para o fundo do vale e assim o
fazem, lamentavelmente, com a aquiescência do próprio rapaz. A segunda peça é
praticamente igual, tendo apenas um final diferente: o rapaz se recusa a ser
morto e exige que seja instituído um novo costume: “O costume de pensar sempre
de novo, em toda e qualquer nova situação”. (Escrita
entre 1929-30; músicas de Weill; duas partes, seis solistas, coros e
orquestra, prosa e verso livre)
19. A decisão
Peça
didática. Quatro agitadores políticos, vindos de Moscou, relatam a um coro, que
controla e comenta a ação, como tiveram de matar um jovem comunista que os
acompanhara até a China. Numa sucessão de breves cenas, representam os erros
por ele cometidos; movido pela simpatia, falou com excessiva franqueza aos coolies; durante uma greve, interferiu
para impedir injustiças da polícia; enviado para conseguir o apoio burguês,
discutira com os burgueses; quando a cidade ficou agitada, expôs-se
prematuramente e tentou chefiar uma revolução fadada ao fracasso. Por tudo
isso, tornara impossível o trabalho dos quatro. Não podiam escondê-lo e fazê-lo
transpor as fronteiras do país, pelo que decidiram matá-lo e ele concordou com
essa decisão. Assim, liquidaram-no a tiros e voltaram ao trabalho. O coro
concorda que eles agiram acertadamente. (Escrita
em 1930, músicas de Eisler; oito quadros, prosa e verso branco, de métrica
irregular; seis canções principais)
20. A exceção e a regra
Peça
curta para escolas, com a ação acontecendo na Mongólia, entre 1900 e 1930. Um
mercador apressa-se para alcançar uma aldeia. Desconfia do seu guia, porque
este se mostra muito amistoso com o coolie
que carrega a bagagem; por isso o despede e o manda de volta. O coolie perde o caminho, ao
travessarem um deserto; eles ficam sem água e quando o coolie se aproxima do mercador com uma botija de água, o último
pensa que vai ser atacado e atira, matando o coolie. O tribunal julga o caso e decide que foi legítima defesa. A
regra é que o maltrapilho deve querer sempre atacar seu amo e não se podia
esperar que o mercador soubesse haver uma exceção. (Escrita em 1930, música de Dessau; nove quadros, prosa, com prólogo e
epílogo em verso, e seis canções)
21. A mãe
Segundo
obra homônima de Máximo Gorki e parcialmente baseada numa dramatização de G. Stark e G. Weisenborn. Pelagea Vlassova,
mãe do operário metalúrgico Pavel, é atraída por seu filho para o movimento
revolucionário. Embora este lhe fosse hostil, no princípio, ela impede o filho
de distribuir panfletos, preferindo ela própria correr o risco. Participa de
uma passeata pacífica, na qual Pavel é preso. Ela aprende a ler, ajuda
camponeses em greve, trabalha na imprensa clandestina. Pavel consegue fugir da
Sibéria, mas é apanhado e abatido a tiros. Pelagea é espancada por protestar
contra a guerra de 1914. Argumenta eficazmente com as mulheres que favorecem
essa guerra e termina empunhando a bandeira vermelha numa gigantesca
manifestação antibélica, no inverno de 1916. (Escrita em 1930-1; músicas de Eisler; 15 cenas curtas, diálogo em
prosa, com verso branco de métrica irregular; originalmente, 10 canções, sendo
que três foram mais tarde adicionadas; coro)
Período da Escandinávia
22. Os horácios e os curiácios
Peça
didática para crianças, sobre a dialética. Os curiácios decidem atacar a cidade
dos horácios. Ambas as partes organizam seus exércitos. Graças ao seu melhor
armamento, os Curiácios vencem as batalhas entre arqueiros e lanceiros, e na
refrega entre os homens de espada os horácios fogem. Mas a perseguição separa
os curiácios uns dos outros, de modo que os homens de espada dos horácios podem
enfrentá-los em duelos singulares e ganham dos curiácios. (Escrita em 1933-4; introdução e três episódios, quase totalmente em
verso branco irregular; três solistas de cada parte,; cada lado tem também um
coro, por vezes dividido em homens e mulheres; convenção do palco chinês)
23. As cabeças redondas e as cabeças pontudas
Desenrola-se
no país imaginário de Yahoo e sua capital é Lima ou Luma. Os personagens têm
nomes espanhóis. Esta peça, iniciada em 1931 como uma adaptação de Medida por medida, de Shakespeare,
ocupa-se da tentativa de substituição da realidade da luta de classes por
doutrinas raciais. Os ataques desencadeados por Angelo Iberin (um político
despótico) contra a minoria de Cabeças Pontudas convencem homens como o
agricultor Callas a abandonar o movimento de classe conhecido como “A foice”,
por acreditar que Iberin vai reduzir o
poder dos latifundiários. Depois de Iberin ter derrotado “A foice”, o senhorio
Cabeça Pontuda, de quem Callas era inquilino rural, é condenado à morte por ter
seduzido uma jovem Cabeça Redonda (a filha de Callas), mas suas propriedades
permanecem intactas. Callas obtém do seu senhorio uma redução do aluguel da
terra, em troca de ir ocupar na prisão o lugar daquele e de deixar que a filha
se dirfarce de irmã do senhorio, Isabella, uma freira que o comandante do presídio
queria raptar. Ambas as manobras são infrutíferas porque o Vice-Rei regressa e
Iberin é obrigado a libertar o senhorio. O resultado é que a peça termina com
os Cabeças Redondas e os Cabeças Pontudas misturados, mas os ricos e os pobres
mais uma vez se separam: os latifundiários celebrando um festim, de um lado, os
membros condenados de “A foice” aguardando serem enforcados, de outro. (11 cenas em prosa e verso branco; 13
canções; músicas de Eisler)
24. Os sete pecados mortais do pequeno-burguês
Obra
estruturada a partir de poemas de Brecht. A ação se desenrola na América
moderna. Duas irmãs, Anna I e Anna II são enviadas por sua família, na
Luisiana, para que ganhem a vida por seus meios e façam fortuna. Uma das Annas
é a Gerente, a outra é a Artista. Uma é a vendedora (A1), a outra o artigo a
ser vendido (A2). Em sete anos, passam por sete cidades, em cada uma das quais
A2 é tentada por um dos sete pecados mortais, que a teriam arruinado. Esses
pecados são, de fato, virtudes: orgulho (no melhor de cada um de nós), preguiça
(em cometer uma injustiça), ira (contra as ações mesquinhas) etc. Ela evita-os
todos; triunfa como chantagista, vedete de cabaré, extra de filme; e assim as
duas irmãs conseguem regressar ao lar com dinheiro bastante para que a família
construa uma casa. Num episódio final, outras Annas são suficientemente bobas
para cometerem esses pecados, e acabam arruinadas. (Escrita em 1932; libreto de balé em sete quadros, 10 canções, músicas
de Weill, coreografia de Balanchine e Kochno)
25. Terror e miséria do III Reich - ambientada na Alemanha nazista. Episódios
realistas, por vezes bastante curtos, destinados a serem interpretados
separadamente ou em conjunto.
Tratam
da brutalidade e engenhosidade jocosa do nazista individual; o medo da traição;
as divisões e desconfiança mútua no seio da família; a covardia das profissões
liberais; a falta de coesão entre os adversários; as realidades subjacentes em
instituições como o Serviço de Trabalho, o Socorro de Inverno, a Juventude de
Hitler e os campos de concentração; a iminência de uma guerra. Cada episódio
diz respeito a um diferente grupo de personagens.
(Escrita entre 1935-8,
músicas de Eisler; 24 cenas introduzidas e interligadas por um longo poema;
oito cenas extras)
26. Os fuzis da senhora Carrar - parcialmente baseada numa idéia de J.M.Synge.
A ação se passa na casa de um pescador andaluz, em abril de 1937. A viúva
Carrar proíbe seus dois filhos de se unirem ao exército republicano espanhol. E
também não permite a seu irmão operário que se apodere dos fuzis que foram
escondidos por seu marido pescador antes de morrer. Enquanto aguardam, de
noite, que o filho mais velho traga seu barco para a terra, os vizinhos
aparecem para discutir com ela. A senhora Carrar julga ser seu dever manter-se
neutra e acredita que essa neutralidade será respeitada pelos generais
revoltosos. Mas o irmão dela pretende que “quem não está conosco é contra nós”
e vê essa neutralidade como uma forma de hostilidade para com a república.
Então, o filho mais velho é trazido para a casa, agonizante; seu barco fora
metralhado ao largo pelos revoltosos. Enquanto o tiroteiro aumenta, ao longe, a
mãe e o outro filho decidem ir buscar os fuzis escondidos e partir, com o irmão
dela, para a frente de combate. (Escrita
em 1937, 1ato em prosa)
27. Galileu - drama ambientado na Itália, 1609-37. Galileu, um hedonista
despreocupado e não muito escrupuloso, utiliza o telescópio para comprovar as
teorias de Copérnico. Os filósofos da corte dos Médicis se recusam a aceitar
suas provas; o mesmo acontece com os monges do Collegium Romanum, mas o
astrônomo papal, Clávio, tem de admitir a verdade. Contudo, o Santo Ofício
denuncia como herética a idéia de um sistema solar, pela razão fundamental de
que uma atitude mental que investiga a ordem cósmica existente é também capaz
de investigar e pôr em dúvida as ordens religiosa, econômica e social vigentes.
Assim, durante oito anos, Galileu mantém-se afastado da Astronomia, até que não
consegue mais resistir às pesquisas em curso sobre as manchas solares. Suas
idéias subversivas começam a divulgar-se. Em 1633, os Médicis entregam-no à
Inquisição. Urbano VIII (o antigo Cardeal Barberini), ele próprio um
matemático, recusa proteção a Galileu que, aterrorizado, é coagido a abjurar
publicamente suas teorias. Passa o resto da vida em recolhimento, acompanhado
de sua filha Virgínia, escrevendo os Discorsi
sob a vigilância da Igreja, que se apodera dos manuscritos à medida que
Galileu os escreve. Mas ele retém uma cópia, e é o seu antigo discípulo Andrea
que consegue fazê-la sair do país. (Escrita
em 1937-9, música de Eisler; 15 cenas em prosa, uma canção)
28. Mãe Coragem - crônica teatralizada da Guerra dos 30 anos. A ação se passa entre 1624 e
1636 (Suécia, Polônia e Alemanha). Mãe Coragem, que é dona de uma carroça de
víveres e ganha a vida vendendo seus produtos às tropas, perde seus dois filhos
para o exército protestante. Chegam os católicos e ela muda de lado, mas eles
agarram e matam um dos filhos. O outro é morto pelos próprios protestantes por
ter sido surpreendido a saquear durante um armistício temporário. Kattrin, a
filha muda de Mãe Coragem, perde a vida quando tentava dar o alarme de um
ataque de surpresa dos católicos. Através de todas essas tragédias (que ela
sente profundamente), a principal preocupação de Mãe Coragem é manter seu
negócio em marcha; tendo como pano de fundo grandes acontecimentos históricos,
ela representa o ponto de vista prosaico e materialista da guerra. No fim, ela
fica sozinha com a sua carroça, velha e aniquilada, mas ainda decidida a ganhar
a vida. (Escrita em 1938-9, música de
Dessau; 12 cenas em prosa, nove canções)
29. O julgamento de Lukullus - peça radiofônica ambientada na Roma antiga. Depois
de toda a pompa da procissão fúnebre e sepultamento do general romano Lúculo,
este é julgado no submundo romano por um camponês, um escravo, uma vendedora de
peixe, um padeiro e uma cortesã, todos representantes do futuro vivo. As
figuras do seu séquito triunfal são convocadas como testemunhas de suas
vitórias, saques, destruição de cidades, engajamento de escravos, a introdução
que fez da cerejeira na Europa. Só esta última coisa abona em seu favor. Assim,
suas mãos sanguinolentas não estão inteiramente vazias. Mas 80 mil mortos é um
elevado preço a pagar. O tribunal retira-se para estudar seu veredicto. (Escrita em 1938-9, 14 cenas curtas: uma
rimada, as restantes em verso branco irregular)
30. A alma boa de Setsuã - parábola teatral ambientada na China antes da
guerra, tendo por cenário a capital da província de Sechuã. Para justificar sua
existência, os deuses têm que encontrar uma pessoa boa. Escolhem Shen Teh, uma
prostituta sem dinheiro e a colocam numa charutaria, passando a observar seu
progresso. Ela descobre que não pode manter-se boa e sobreviver. Disfarça-se de
homem (um suposto primo) que tem a necessária implacabilidade para pôr em ordem
os seus negócios. Estes prosperam, à custa dela compenetrar-se totalmente da
sua nova identidade. Os deuses esclarecem a posição, numa cena de julgamento,
mas regressam ao céu deixando o problema de Shen Teh por solucionar. (Escrita em 1938-41; prólogo, 10 cenas,
breves interlúdios e um epílogo em verso; prosa com trechos em verso livre e
seis canções de Dessau - Brecht também planejou música acidental com Weill)
31. O senhor Puntila e seu criado Matti - ambientada na Finlândia,
antes da guerra. Puntila é um grande fazendeiro e um beberrão. Quando se
embriaga, é comunicativo e humano; quando está sóbrio, é arrogante e egoísta.
Oscilando, inseguro, entre esses dois pólos, contrata novos trabalhadores
rurais, convida as mulheres da aldeia para a festa de noivado da filha, rompe o
noivado desta com um funcionário do Ministério das Relações Exteriores e
insiste para que ela se case com Matti, o seu sardônico chofer, sob pena de
despedir os trabalhadores e expulsar as mulheres da aldeia. Puntila adula o
noivo e ameaça Matti com a prisão. No auge de uma crise de bebedeira, Matti
abandona-o; não pode mais suportar uma relação tão falsa e incerta. (Escrita em 1940, música de Dessau; 12 cenas
em prosa, com prólogo e epílogo em verso, duas canções; a “Canção de Puntila”
liga as cenas)
32. A resistível ascensão de Arturo Ui - parábola teatral,
ambientação em Chicago, 1938-9. Os cinco homens que controlam o negócio
atacadista de legumes e hortaliças de Chicago enfrentam uma crise econômica.
Subornam Dogsborough, o respeitado prefeito, para que lhes conceda um
empréstimo. A imprensa tem conhecimento disso, mas Ui, o chefe da gang que quer
“proteger”os atacadistas e está fazendo chantagem com Dogsborough, assassina a
única testemunha. Com seus capangas Giri, Givola e Roma, Ui estabelece então um
sistema de “proteção” e lança fogo a um dos armazéns dos atacadistas. Para
atribuir a alguém a autoria desse crime, é julgado um pobre diabo que Giri
apanhara e que, com a conivência dos juízes, é dado como culpado. Os gângsters
apoderam-se do testamento de Dogsborough, que nomeou Ui seu sucessor, e quando
Roma se opõe ao plano de Ui para ampliar a área de operações até o subúrbio de
Cícero, Ui arranja as coisas para que Roma seja traiçoeiramente abatido pelos
outros. Depois, Dullfeet, de Cícero, cujo jornal criticara os fora-da-lei de
Chicago, é igualmente assassinado, após várias demonstrações de amizade. Assim,
os atacadistas de Cícero ficam também atemorizados e solicitam a proteção de
Ui. Este termina esboçando planos gigantescos para o futuro. (Escrita em 1941, 16 cenas com um prólogo
rimado)
33. As visões de Simone Machard - ambientada numa pequena cidade da Touraine,
em 1940. Simone é uma adolescente empregada na Hostellerie du Relais, durante a
invasão alemã de 1940. Seu irmão está servindo no exército e ela própria está
lendo a história de Joana d’Arc. Em quatro interlúdios de sonho, as personagens
reais de sua vida convertem-se nas figuras históricas da narrativa: seu irmão
surge como um anjo e ela é Joana. Essa identificação habilita-a a impedir que
seu patrão leve toda a comida e transportes em sua fuga; a distribuir alimentos
entre os refugiados famintos; e a recusar a entrega das reservas de gasolina da
cidade ao inimigo, lançando-lhes fogo. Tudo isso com a oposição dos seus
patrões, dos petainistas franceses e dos alemães quando estes chegam. Ela é
apanhada e entregue a uma instituição de doenças mentais, dirigida por freiras.
Mas já outros tinham começado a seguir-lhe o exemplo. (Escrita em 1942-3, música incidental de Eisler; quatro atos em prosa,
incluindo os quatro interlúdios dos sonhos; versos nas falas do anjo)
34. Schweik na Segunda Guerra Mundial - a ação se passa em Praga e
na frente russa. Schweik é um vagabundo que perambula inocentemente e
deliberadamente pelos cenários da Segunda Guerra Mundial. Passa pelo QG da
Gestapo, pelo Serviço de Trabalho Voluntário e por uma prisão militar cheia de
indivíduos inaptos para as fileiras, sem jamais denunciar se sua idiotice é de
fato verdadeira ou pura farsa. Finalmente, é enviado para a Rússia, para se
incorporar a uma unidade de combate perto de Estalingrado. Suas aventuras com o
SS Bullinger, com o espião da Gestapo Brettschneider,com o fotógrafo Baloun e
com a senhora Kopecka, proprietária do Flagon’s, estão bastante próximas do
espírito da novela de Hasek. Estas aventuras contrastam com os breves
interlúdios de pantomima nas Regiões Superiores, onde Hitler exprime sua
constante preocupação sobre a atitude do Homem Comum. No final da peça, Hitler
e Schweik se encontram, mas ambos estão profundamente perdidos. Contudo,
Schweik perdeu-se acidentalmente-propositadamente...(Escrita em 1942-3, músicas de Eisler; oito cenas em prosa, com um
prelúdio, poslúdio e dois interlúdios em dísticos rimados; oito canções e um
epílogo em verso)
35. O círculo de giz caucasiano - texto ambientado na Geórgia feudal, antes da
invenção das armas de fogo. Um prelúdio mostra duas granjas coletivas
soviéticas reunindo-se, em 1945, para decidirem a qual das duas pertencerá um
determinado vale. É-lhes contada a seguinte história, que constitui o enredo da
peça propriamente dita: o governador de uma cidade georgiana foi derrubado e
morto numa revolta dos nobres. Sua esposa foge, deixando um filho pequeno.
Grusha, a camareira, recolhe o bebê e cuida dele; ela foge para a casa de um
irmão, nas montanhas, onde tem de casar-se com um camponês supostamente
moribundo, a fim de dar à criança um nome e uma posição. Quando a revolta termina,
a mulher do governador envia tropas para apanharem Grusha e levarem-na com a
criança de volta à cidade. Com o início do ato IV, a história tem um flashback que a situa no dia da revolta,
para descrever a carreira vergonhosa de Azdak, um malfeitor e vadio a quem os
soldados rebeldes nomeiam juiz. No último ato, ele está julgando o caso de
Grusha e decide-o invertendo o velho teste do círculo de giz: a criança é
entregue a Grusha porque ela não pode suportar a tradicional disputa que
deveria terminar, supostamente, com a criança sendo impelida para fora do
círculo pela atração maternal. Ao mesmo tempo, concede o divórcio a Grusha, para que ela possa
voltar para o seu noivo soldado. A moral final é que tanto a criança como o
vale devem ser entregues a quem melhor os serve. (Escrita em 1943-5, música de Dessau, prelúdio e cinco atos)
Período de Zurique
36. Antígona - adaptação do original de Sófocles, ambientada em Tebas junto ao palácio
de Creonte. Um prólogo que tem por cenário Berlim, em 1945, mostra duas irmãs
cujo irmão desertou do exército alemão e foi encontrado enforcado: elas
deveriam arriscar serem vistas pela SS retirando o corpo da forca? Na tragédia
propriamente dita, Creonte converteu-se num agressor brutal, que atacou Argos
para se apoderar de suas minas de ferro; Polinices deserta em protesto contra
essa guerra que matou seu irmão. As alusões ao sobrenatural são mínimas:
Tirésias, ao invés de profetizar o futuro, converte-se num crítico pessimista
do presente; ao passo que o coro de anciãos, sempre reservado em sua atitude,
volta-se no fim contra Creonte. Não só Antígona e Hamom morrem; no final, um
mensageiro ferido anuncia a derrota em Argos e a morte de Megareu, o único
filho em quem Creonte ainda confia. A queda da própria Tebas está por um fio. (Escrita em 1947)
37. Os dias da Comuna - ambientada em Paris, em 1871. A história da Comuna
de Paris é narrada através de fictícios Homens da Rua - uma costureira, uma
professora, um operário e sua mãe, um seminarista e seu irmão padeiro, todos
agrupados em redor de um café de Montmartre - e uma série de personagens
históricas, em que se incluem Thiers e Bismarck, bem como alguns delegados da
própria Comuna. Os Homens da Rua resistem à tentativa de desarmamento da Guarda
Nacional, por Thiers, assistem à tomada do poder, no Hôtel de Ville, pelo
Comitê Central, dançam e discutem nas ruas. A Comuna realiza suas reuniões; o
Governador do Banco da França conserva a sua independência; Bismarck faz
pressão para que Paris seja “pacificada”; os Homens da Rua levantam uma
barricada, onde lutam e morrem. Observando tudo a uma prudente distância, o
burguês e o aristocrata felicitam Thiers. (Escrita
em 1948-9, músicas de Eisler; 14 cenas em prosa algumas das quais são
subdivididas; três canções)
Regresso a Berlim
38. O tutor - adaptação da obra de J.M.R.Lenz, com a ação transcorrendo na Prússia e
na Saxônia, após a Guerra dos Sete Anos. Na história de Lenz, Läuffer é
contratado como tutor dos dois filhos de um major reformado, seduz (ou é
seduzido) pela filha dele, na ausência do seu verdadeiro amante. Perseguido
pelo major e seus amigos, Läuffer refugia-se na casa do mestre-escola de uma
aldeia, que passa a explorá-lo como um assistente mal pago. Na presença do
jovem rebanho escolar, ele pressente que o mesmo desastre está prestes a
acontecer de novo. Então ele se castra e verifica que passa a ser aceitável. A
esta obra de sátira trágica, Brecht acrescentou os debates sobre amor e
filosofia entre os estudantes do Halle; o diálogo foi quase totalmente reescrito;
e ele deu muito maior destaque à moral do enredo. Esssa autocastração passa
agora a representar o colapso dos intelectuais alemães ante os problemas de seu
país e também a sombria tradição pedagógica a que isso conduziu. No final,
Läuffer é estusiasticamente saudado como o professor perfeito que moldará a
juventude alemã à sua própria imagem. (Escrita
em 1950; cinco atos, 17 cenas em prosa, com prólogo e epílogo em verso rimado)
39. Comunicado de Herrnburg - não se trata propriamente de uma peça, mas de um
relatório baseado num incidente real. (Escrita
em 1951, 10 canções, cada uma introduzida por um comentário muito breve;
músicas de Dessau)
40. Turandot ou o congresso dos sabichões - ambientada na China em um
passado indeterminado. Não há algodão para comprar na China; o Imperador e seu
irmão têm um monopólio, mas estão esperando uma alta de preço. Os fabricantes
de roupa e os sem-roupa unem-se em protesto e uma oposição revolucionária é
chefiada por Kai-Ho, um ex-Tui. Os Tuis, grupo de pensadores fúteis que passa a
vida inventando opiniões e discussões, são convocados para inventar desculpas
para a crise de abastecimento: o sabichão que inventar a melhor desculpa casará
com a filha do imperador, Turandot. Os competidores fracassam e são
decapitados. Gogher Gogh, o bandido (um aspirante a Tui), lança então fogo à
metade do estoque de algodão imperial, diante do nariz de alguns Tuis que
sobreviveram, de maneira que o restante do algodão pode ser vendido num mercado
em alta. Os Tuis fogem; um deles vai justar-se a Kai-Ho. Gogher Gogh tenta
forçar Turandot a se casar com ele, mas antes que o faça adeptos de Kai-Ho
irrompem. (Escrita em 1953-4, músicas de
Eisler; 10 cenas em prosa, sendo que a cena 5 (um terço da peça) está
subdividida)
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