quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Xanadu"

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Festa imperdível no Leblon


Lionel Fischer


Filme lançado nos anos 80, "Xanadu" foi um fracasso completo. Em 2007, porém, sua transposição para o teatro obteve êxito retumbante. E agora o público carioca tem o privilégio de assistir a uma versão do musical escrito por Douglas Carter Beane (músicas e letras de Jeff Lynne e John Farrar), que acaba de estrear no Teatro Oi Casa Grande.

Com direção de Miguel Falabella e versão de Artur Xexéu, "Xanadu" tem elenco formado por Danielle Winits, Thiago Fragoso, Sidney Magal,  Sabrina Korgut, Gottsha, Maurício Xavier, Karin Hils, Fabrício Negri, Lucas Drumond, Giovanna Cursino, Carla Vazquez e Danilo Timm.

O numeroso elenco, que se desdobra em uma infinidade de papéis, conta com a preciosa parceria de Carlos Bauzyz (direção musical e vocal), Daniel Rocha (regência/guitarra/violão), Bernardo Ramos (guitarra/violão), Priscilla Azevedo e Herberth Rocha (teclado), Raul D'Oliveira (baixo) e Rafael Maia (bateria).

No tocante ao enredo, "Xanadu" resume-se ao seguinte - o trecho que se segue, levemente editado, foi extraído do release que me foi enviado: deuses da mitologia grega descem à terra para ajudar os humanos. Dentre eles está Clio, uma semideusa que adota o nome de Kira quando se disfarça como terrena, cuja missão acaba sendo a de ajudar Sonny Malone, um artista incompreendido que pretende abrir uma casa noturna diferente de tudo que havia feito até então. Para isso, ela conta com a ajuda de Danny Mc Guire.

Diante do exposto, um observador severo poderia concluir que se trata de uma bobagem. No entanto, e por mais paradoxal que possa parecer, estaria absolutamente certo em sua avaliação: trata-se efetivamente de uma bobagem, só que uma bobagem deliciosa, plena de humor, fantasia, escracho, lirismo e, sobretudo, de uma bobagem plenamente assumida, com inegáveis pitadas de besteirol.

A ótima versão de Artur Xexéu valoriza ao extremo a trama,  ambientada no Olimpo e na Praça Paris (1980). E o faz através de personagens hilariantes, diálogos fluentes e cujo poder de sedução também reside no fato de que temos sempre a sensação de que tanto o texto, como o espetáculo, riem de si mesmos. Esta talvez seja a principal razão que leva o público a tornar-se cúmplice desde o início, pois percebe que a diversão não está restrita à platéia, mas também impera no palco. Mas tal fenômeno implica, naturalmente, na soma de diversos fatores, dentre eles a direção. 

Como todos sabemos - exceção feita aos invejosos natos e hereditários, como dizia Nelson Rodrigues - Miguel Falabella possui um talento avassalador no tocante ao humor. E aqui o exibe de forma absolutamente despudorada, levando às últimas conseqüências uma proposta que consiste, basicamente, no proposital exagero dos gestos e entonações, na criação de marcas desajeitadas e canastronas, na inclusão de comentários que, teoricamente, nada teriam a ver com as cenas etc.

Em resumo: estamos diante de um espetáculo que prioriza o lúdico e  que converte o fenômeno teatral em uma grande festa. Mas esta, evidentemente, só se materializa de forma tão brilhante em função de mais um quesito: a espetacular atuação de todo o elenco, desde os protagonistas até aqueles que têm participações menores.

Na pele de Kira, Danielle Winits exibe performance irretocável. Ouso supor que, durante algum tempo, os invejosos de sempre a consideraram apenas uma mulher linda, creditando seu sucesso a  seus predicados físicos. Nada mais injusto, definitivamente. Danielle Winits é uma excelente atriz e, portanto, capaz de desempenhar com competência uma vasta gama de personagens, tanto dramáticos quanto cômicos. E em se tratando de comédia, ela demonstra, mais uma vez, sua notável aptidão para o gênero, o mesmo ocorrendo com Sabrina Korgut - a atriz também exibe desempenho irrepreensível e tão engraçado que, várias vezes, foi aplaudida em cena aberta.  

Vivendo Sonny Malone, Thiago Fragoso materializa de forma exemplar um personagem que mescla ingenuidade, lirismo e, digamos, uma encantadora boçalidade. Sidney Magal encarna com humor e segurança tanto Danny Maguire quanto Zeus, a mesma eficiência presente nas performances de Gottsha, Maurício Xavier, Brenda Nadler, Karin Hils, Fabrício Negri, Lucas Drumond, Giovanna Cursino, Carla Vazquez e Danilo Timm - por questões de espaço, já que esta crítica será publicada no jornal Folha Zona Sul, me vejo obrigado a não detalhar as performances dos intérpretes citados, mas faço absoluta questão de declarar que, sem a preciosa colaboração de todos, o espetáculo não seria o mesmo.

Na equipe técnica, em função de sua excelência, não há como conferir um destaque especial a nenhum dos maravilhosos profissionais envolvidos nesta mais do que oportuna empreitada teatral. Assim, a todos parabenizo com o mesmo entusiasmo - Cininha de Paula (co-direção), Fernanda Chamma (coreografias), Marcelo Pies (figurinos), Nello Marrese (cenografia) e Paulo César Medeiros (iluminação).

XANADU - Texto de Douglas Carter Beane. Músicas e letras de Jeff Lynne e John Farrar. Versão de Artur Xexéu. Direção de Miguel Falabella. Com Danielle Winits, Thiago Fragoso, Sidney Magal e grande elenco. Teatro Oi Casa Grande. Quinta e sexta, 21h. Sábado às 19h e 21h. Domingo, 21h.

2 comentários:

  1. obrigada querido. Muito feliz com sua critica e vida longa a mais esse espetaculo!

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  2. Essa foi a crítica mais patética que eu já li. Xanadu é sofrível.

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