quarta-feira, 6 de março de 2013

EURÍPEDES


NASCIMENTO: 480 a.C (Salamis, Grécia)

MORTE: 406 a.C (Macedônia)

ESTILO E GÊNERO: Eurípedes foi o enfant terrible da tragédia grega do século V a.C. Seus protagonistas desfigurados pela guerra exibem um ceticismo sofista e sofisticado em relação aos mitos e heróis.

PRINCIPAIS OBRAS:

Medeia

Hipólito

Hécuba

Electra

As troianas

Helena

Ifigênia em Áulis

As bacantes


           Fascinado por deuses e monstros, Eurípedes poderia ser chamado de o primeiro dramaturgo moderno. Embora evitasse a política - ao contrário de seus contemporâneos mais velhos e de Sófocles, seu rival -, Eurípedes deixava clara sua desilusão pela cultura ateniense, vestindo seus heróis com farrapos. Em As troianas, chegou a criticar abertamente a política de relações exteriores da cidade-estado ao comparar o massacre de Melos com a destruição de Tróia - vista, de forma incomum, pelo ponto de vista dos troianos.

           Para protestar contra a Guerra do Vietnã, em 1971, Michael Cocoyannis filmou As troianas valendo-se de uma tradução feita por Edith Hamilton em 1937, que via Eurípedes como um pacifista vivendo em uma era beligerante. Certamente, suas outras peças sobre os mitos heróicos fundadores da Grécia - Helena, Ifigênia em Áulis e Hécuba - perguntam "Guerra? Para que serve?". Peças como As bacantes, que satirizam os fundadores da Grécia, revelam o autor como um iconoclasta. Seus deuses, como o Baco selvagem e carismático, são monstros. Mais do que isso, são políticos.

           Enquanto as peças de Ésquilo sugerem um temor ritual pela incompreensão das ações dos deuses, e os dramas de Sófocles exploram sua lógica de longo prazo, Eurípedes vê os deuses e os seres humanos envolvidos em uma dança do poder volúvel, egoísta, profunda e dolorosamente constrangedora.

          Embora considerado um poeta menor em comparação a seus predecessores, Eurípedes demonstra sua sagacidade selvagem ao olhar o lado oculto das palavras e dos personagens. Em Medeia, várias vezes atribui-se à heroína a qualidade de sophronsyne, o mais alto nível de sabedoria masculina para os gregos. Eurípedes quer demonstrar, em parte, que sophronsyne é diferente para as mulheres e também que o pensamento, como todos os dons dos deuses, é uma faca de dois gumes. Suas peças ainda são afiadas o bastante para lacerar.
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