Teatro/CRÍTICA
"Sexton"
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Incompreensível lentidão no CCBB
Lionel Fischer
Vencedora do Prêmio Pulitzer de poesia em 1967, a escritora norte-americana Anne Sexton (1928-1974) estruturou praticamente toda a sua obra em torno de confissões, com temas que incluiam sua longa batalha contra a depressão, tendências suicidas e detalhes íntimos de sua vida. Chegou a trabalhar como modelo e aos 19 anos se casou com Alfred Sexton, com quem permaneceu até 1973. Colaborou com músicos, formando o grupo de jazz Her Kind, que colocava músicas em sua poesia, e também escreveu uma peça, "Mercy Street". Em 4 de outubro de 1974, vestiu o velho casaco de peles de sua mãe, trancou-se em sua garagem e deixou ligado o motor de seu carro, morrendo por intoxicação por monóxido de carbono.
Tendo publicado oito volumes em vida (nove foram lançados após sua morte), Anne Sexton foi a fonte inspiradora para as autoras Juliana Gandolfe e Helena Machado escreverem "Sexton", texto vencedor da 5ª edição do Projeto Seleção Brasil em Cena, iniciativa do Centro Cultural Banco do Brasil para a descoberta de novos autores. Em cartaz no Teatro III do CCBB, a peça chega à cena com direção de Rodrigo Fischer e elenco formado por Jessica Cardoso, Mário Luz, Pablo Venceslau, Gaivota Neves, Jeferson Alves e Karol Oliveira, com partipações em vídeo de Adriana Lodi e Alneiza Faria.
Sendo o objetivo das autoras oferecer um retrato da produção literária de Anne Sexton e, em especial, de sua conturbada vida, o resultado não deixa de ser interessante - há cenas bem estruturadas e alguns diálogos bastante expressivos. No entanto, em meu entendimento, a direção de Rodrigo Fischer em muito contribui para minimizar o alcance muito maior que o texto poderia ter. E pelas razões que se seguem.
Se por um lado é inegável a seriedade com que o jovem diretor encarou o projeto, por outro não consegui entender as razões que o levaram a imprimir um ritmo tão absurdamente lento à montagem. No tocante ao texto articulado, por exemplo, em 90% dos casos as frases obedecem a divisões injustificáveis, não raro comprometendo o entendimento. Exceção feita às passagens em que poesias são recitadas ou a protagonista se dirige diretamente à plateia, tudo o mais é dito de forma picotada, com frases muitas vezes curtíssimas sendo divididas em três segmentos.
Com relação às cenas, mais um exemplo. Numa delas a protagonista e seu amante começam a se beijar e logo se deitam no chão. A luz, nesse momento, começa a cair, deixando mais do que implícito que ambos farão amor. Mas logo uma nova luz é acionada - por sinal, muito expressiva - e vemos o casal se despir e, uma vez despidos, começarem a transar. A cena é apelativa? Em absoluto. Exibe qualquer resquício de vulgaridade? Muito pelo contrário. Mas dura uma eternidade!. E o mais grave é que, durante esta cena, o casal fala. Mas não me parece que trocam apenas palavras típicas de um tal momento, mas muitas outras que simplesmente não são ouvidas.
E, finalmente: mesmo que praticamente soletrando as palavras, o fato é que a maior parte do elenco exibe gravíssimos problemas de projeção vocal, sendo incontáveis os momentos em que simplesmente não se escuta o que dizem. E isso ocorre a tal ponto que, num dado momento, cheguei a imaginar que se tratava de uma proposta, como se os atores estivessem numa montagem naturalista que, como tal, prioriza a quarta parede. Sei, evidentemente, que não foi essa a intenção, mas o fato é que grande parte do que é dito ou não chega até a plateia ou chega de forma a obrigá-la a exaustivo e desnecessário esforço.
Isto posto, torna-se muito difícil avaliar a atuação do conjunto, que fica 1h40 em cena quando tudo poderia acontecer em no máximo uma hora - a protagonista Jessica Cardoso, em função do papel que interpreta, ainda consegue estabelecer uma comunicação maior com o público, mas ainda assim muito do que diz se perde. Assim sendo, opto por aguardar um novo encontro com esse dedicado grupo de atores, para então avaliar melhor suas prováveis qualidades.
Na equipe técnica, são em geral corretas as contribuições de todos os profissionais envolvidos nesta empreitada teatral - Jonathan Andrade e Marley Oliveira (cenografia), Eduardo Barón (figurinos), Dalton Camargos (iluminação) e César Lignelli (direção musical).
SEXTON - Texto de Helena Machado e Juliana Gandolfe. Direção de Rodrigo Fischer. Com Gaivota Neves, Jeferson Alves, Jessica Cardoso, Karol Oliveira, Mário Luz e Paulo Venceslau. Teatro III do CCBB. Quarta a domingo às 19h30.
terça-feira, 12 de março de 2013
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Prezado respeito sua opinião, mas não foi isto que vi por duas vezes na temporada de Brasília, vi um diretor que corajosamente dirigi seu grupo de alunos e extrai o melhor de cada um formando um conjunto ousado e harmonioso. A peça traz silêncios e um vagar que permite a nós telespectadores sair do nosso cotidiano fast para uma profunda reflexão sob a vida e a morte e sobre a impermanência de tudo. Creio que talvez estamos muito acostumados a certos padrões para percebermos a sutiliza e a proposta de Sexton
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