quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO - RESUMO

Primórdios do teatro ocidental

- No teatro grego e romano, a iluminação é exclusivamente natural.
- Os espetáculos iniciavam-se com o nascer do sol e as vezes avançavam a noite.
- Vitrúvio (séc. I a.C. ou d.C) alertava para que a construção dos teatros se desse em lugares salubres, longe de pântanos, com boa ventilação, orientação dos ventos e com luz solar abundante.

A idade média

- Primeiramente os dramas litúrgicos desenvolviam-se nas igrejas e a iluminação era favorecida pelos vitrais.
- Posteriormente os dramas passaram também para os adros, praças públicas, ruínas de teatros romanos, tavolagens. A luz solar novamente foi a principal iluminação.
- Outras representações, como comédias satíricas, apresentações circences, que eram executadas em tavernas e castelos, eram iluminadas com tochas e archotes.

O teatro na renascença

- A partir do séc. XVI o teatro passou a ser representado também dentro de espaços fechados.
- Os teatros possuíam amplas janelas para entrada de iluminação solar, que eram abertas nas apresentações vespertinas.
- Nas apresentações noturnas muitas velas garantiam precariamente a visibilidade.
- A vela, invenção dos fenícios, foi durante muito tempo a única iluminação que os teatros possuíam.

Os candelabros

- Os candelabros foram utilizados durante os séculos XVII e XVIII.
- Eram enormes e iluminavam tanto o palco como a platéia.
- Os encenadores ainda não conheciam a iluminação como linguagem e as pessoas que freqüentavam os teatros, muitas vezes, iam para serem observadas e não para observar.

O teatro Elisabetano

- Os teatros da época tinham dois tipos básicos de arquitetura: circular ou poligonal.
- O espaço central era sem cobertura, onde fica a ralé. Quem podia pagar mais caro ficava nos balcões, de forma semicircular. O espaço cênico avançava no espaço vazio.
- A parte anterior do tablado ficava descoberta e a parte posterior tinha um teto apoiado em colunas. Toda iluminação era solar, porém para se designar a noite, os atores entravam munidos de tochas e velas acesas.

Primeiros experimentos

- No início do séc. XVIII foram feitos alguns experimentos utilizando-se sebo na fabricação de velas, porém tal experiência acabou não dando certo tendo em vista o mal cheiro exalado e o problema de irritação nos olhos.

A era dos lampiões

- Em 1783, Ami Argand cria um tipo de lampião a óleo menos bruxuleante, os famosos lampiões Argand.
- Em seguida veio o lampião Astral francês e o tipo criado por Bernard Carcel, produzindo uma luz mais constante

A era dos lampiões II

- Em todos os casos, os lampiões eram bastante inconvenientes, sujavam o teto, as cortinas e os estofados e ainda podiam pingar gotas de azeite na cabeça dos artistas e do público.
- Nos EUA usava-se o óleo de baleia, na Europa experimentou-se o colza (extraído de um tipo de nabo) e o canfeno, terebentina destilada.
- Em seguida, veio o querosene que além de produzir muita fuligem e calor, queimava muito combustível.

Ainda no séc. XVIII

- Em 1719 a Comédia Francesa utilizava 268 velas de sebo para iluminar a sala, palco e demais dependências.
- Havia equipes encarregadas de acompanhamento para manutenção dos candelabros nos entreatos.
- Havia o perigo constante dos incêndios e a iluminação, além de fraca e bruxuleante, não podia ser controlada.

Onde colocar a luz?

- Nessa época (final do séc. XVIII), paralelamente à pesquisa de fontes combustíveis, iniciou-se também a preocupação com a posição das fontes de luz.
- Primeiras tentativas de ocultar as fontes de luz.
- Primeiras noções de ribalta, arandelas, contra-luzes e luzes laterais.
- Ainda nessa época as únicas fontes eram: velas de cera e sebo, lampiões de azeite ou querosene, que produziam iluminação instável, de difícil controle, sem direção, foco, extinção gradativa e outros recursos encontrados atualmente.

Curiosidades históricas

- No séc. XVI Sebastiano Serlio e Leone di Somi estudaram a iluminação cênica ainda que partindo de recursos precários, no livro Dialoghi in Materia di Rappresentazioni Sceniche, onde descrevem o uso de tochas atrás de vidros com água colorida para obtenção de efeitos, além de garrafas e vidros coloridos de vitrais para fins de coloração. Usava-se, também, objetos metálicos (bacias e bandejas) como superfícies refletoras.

O espectador é o centro do mundo

- Leone di Somi também se preocupou em reduzir a quantidade de iluminação na platéia.
- Angelo Ingegneri no séc. XVI, contemporâneo de Palladio, tentou o escurecimento completo da platéia, porém sem êxito.
 
- O público queria ser visto e ver outras pessoas.
- David Garrick, em 1765, sugeriu que se retirassem as fontes visíveis do palco, preferindo as luzes de ribalta, laterais e iluminação vinda de cima.

Na era do gás

- Nas ruas de Londres o gás começa a ser utilizado a partir de 1807.
- Em Paris a partir de 1819.
- Na iluminação doméstica a partir de 1840 (na Europa) e depois da guerra civil nos EUA.
- Nos teatros é empregado de forma generalizada a partir de 1850.
- A primeira adaptação bem sucedida foi realizada em 1803 no Lyceum Theatre de Londres      por um alemão chamado Frederick Winsor.
- As primeiras mesas de controle apareceram em Londres e no Boston Theatre nos EUA.

As vantagens do gás

- Luz mais intensa (um candelabro a gás equivalia a doze velas).
- Regulagem de intensidade.
- Maior estabilidade nos fachos.
- Nitidez nas respostas.
- Controle centralizado.
- Novas disposições de fontes de luz.
- Efeitos individualizados para isolar cenas e criar zonas de atenção.

As desvantagens do gás

- Cheiro desagradável.
- Produzia sonolência (intoxicação).
- Produzia muita fuligem exigindo constante limpeza de paredes, tetos e cortinas.
- O gás era manufaturado pelo próprio teatro (custos enormes).
- Perigo de explosão e incêndios (segurança).
- Obrigatória a presença de fiscais de fogo.
- Os incêndios eram comuns.

A luz elétrica

- Em 1879 Edson fabrica a primeira lâmpada de incandescência com filamento de carbono permitindo a generalização do uso da eletricidade nos teatros.
- Até o final do séc XIX a luz elétrica já havia se tornado comum nos grandes teatros.
- Primeiras instalações elétricas em palco italiano utilizavam luzes de ribalta, gambiarras (Luzes de cima) e laterais.

Das trevas para a luz

- Em 1876, pela primeira vez, durante a representação de suas óperas em Bayreuth, Richard Wagner, (1813 - 1883) mergulha a sala no escuro.
- Essa medida é pouco a pouco adotada na Inglaterra, na França e no restante dos teatros europeus.
- Perda da consciência da realidade que rodeia o expectador. Estado parcial de hipnotismo.
- A técnica de iluminação devia respeitar e servir às estruturas e aos objetivos da cena.
- O teatro deixa de ser o imenso salão da sociedade burguesa.

Uma nova estética através da luz

- Separação nítida entre palco e platéia.
- Participação da luz enquanto forma particular do olhar.
- Sugere impressões, revela a materialidade e o significado das coisas captando-as nas suas 3 dimensões.
- A iluminação integra-se à cenografia configurando uma única representação da realidade.

Novas descobertas

- Em 1902 o cenógrafo Mariano Fortuny desenvolve na Alemanha o "Kuppelhorizont", um antepassado do ciclorama.
- O ciclorama trouxe altura à cena, modificou a arquitetura do cenário e criou sensação de infinito.
- Fortuny também desenvolve sistemas de adaptação de coloração da luz.
- A luz elétrica fez com que toda a estrutura teatral mudasse radicalmente.

Mudanças radicais

- A luz elétrica provocou mudanças no conceito de cenografia, figurino, alterando o aspecto visual do espetáculo.
- O cenário pictórico é substituído pelo cenário construído (objetos reais, portas, móveis, paredes, etc).
- O cenário torna-se uma realidade tridimensional.
- Surgem os spotlights, com suas lentes (vantagens de focagem), obturadores (ajustes de abertura), instalação à distância, direcionamento preciso, regulagem de posição fixa ou móvel, facilidade para captar o objeto de qualquer ângulo, suporte para filtros coloridos.

Mesas de controle

- Mesas de torneiras para iluminação a gás.
- Mesas com controle de alavanca para imersão em solução salina.
- Mesas de controle com resistores de mola.
- Mesas analógicas com placas transistorizadas.
- Mesas digitais - chips de computadores.
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Valmir Perez assina o presente artigo, ao que me parece publicado no site Laboratório de Iluminação

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