Biografia
José Wilker começa a fazer teatro político e engajado
em Recife, no início dos anos 1960, junto ao Movimento
de Cultura Popular (MCP), que trabalha para a
conscientização política da classe operária por meio da
alfabetização e da cultura popular, na linha de Miguel
Arraes. Depois do golpe militar, em 1964, pressionado
pela repressão que coloca o MCP na ilegalidade,
Wilker parte para o Rio de Janeiro.
Com Luiz Mendonça, diretor de teatro do MCP,
Isabel Ribeiro, Camilla Amado e Carlos Vereza,
funda o Grupo Chegança, no qual atua durante
quatro anos em montagens comoMorte e Vida
Severina, de João Cabral de Melo Neto e A Excelência.
Em 1965, estreia em Chão dos Penitentes, de
Francisco Pereira da Silva, com produção do
Teatro Jovem. Em 1967, trabalha ao lado de
Marília Pêra e Dulcina de Moraes em A Ópera dos
Três Vinténs, de Bertolt Brecht, direção de José Renato.
Ingressa na Faculdade de Sociologia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). No
Grupo Opinião, atua em Antígone, de Sófocles,
sendo dirigido por João das Neves, em 1968. No mesmo
ano, ganha um prêmio do Seminário de Dramaturgia,
montando, em seguida, seu primeiro texto, O Trágico
Acidente que Destronou Teresa.
Participa, a partir de então, dos espetáculos mais
importantes do Teatro Ipanema, centro de produções
teatrais de Ivan de Albuquerque e Rubens Corrêa: em
1969, faz uma substituição em O Assalto, espetáculo
que revela o autor José Vicente; no ano seguinte, atua
em O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando
Arrabal, que lhe vale o Prêmio Molière de melhor ator.
Está em Hoje É Dia de Rock, também de José Vicente,
em 1971, espetáculo ícone da década de 1970.
Participa da montagem brasileira de A Mãe, em 1971,
dirigida pelo francês Claude Régy, numa produção da
Companhia de Tereza Raquel. Volta ao Ipanema como
ator e autor em A China é Azul, de 1972. Atua também
em Ensaio Selvagem, mais uma peça de José Vicente,
1974. Em 1976, ganha os prêmios Molière e Governador
do Estado de melhor ator em Os Filhos de Kennedy,
de Robert Patrick, com direção de Sergio Britto.
A partir de então, afasta-se dos palcos por nove anos.
Torna-se importante ator de TV, destacando-se em novelas da
Globo, tais como: Anjo Mau, Gabriela, Salvador da Pátria,
Roque Santeiro. No cinema, projeta-se pelos desempenhos
em Dona Flor e seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, 1976;
Bye, Bye Brasil, de Cacá Diegues, 1979, e O Homem da
Capa Preta, de Sérgio Rezende, 1986.
No início dos anos 1980, assume a direção da Escola
de Teatro Martins Pena, tendo como colaboradores,
entre outros, Aderbal Freire-Filho e Alcione Araújo. Retorna
para o palco em 1985, com a equipe do Teatro dos Quatro,
onde a interpretação do Sr. Ponza, em Assim É...(Se lhe Parece),
de Luigi Pirandello, sob a direção de Paulo Betti, lhe vale seu
terceiro Prêmio Molière de melhor ator.
Passa a atuar como diretor de teatro em importantes
produções como Sábado, Domingo e Segunda, de
Eduardo De Filippo, em 1986; Perversidade Sexual em
Chicago, de David Mamet, em 1989; A Morte e a Donzela,
de Ariel Dorfman, 1993; Querida Mamãe, de Maria Adelaide
Amaral, em 1994.
Cinéfilo inveterado, nos anos 1990 abandona os palcos para
dedicar-se à sua carreira cinematográfica; produz e
atua no filme Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende, e
torna-se também crítico de cinema na TV Cultura. Com
regularidade escreve crônicas sobre o assunto para o
Jornal do Brasil e publica uma coletânia desta produção em
1996, no livro Como Deixar um Relógio Emocionado.
Wilker marca presença no teatro, no cinema e na televisão,
sendo requisitado como protagonista em todas estas áreas,
revelando ser um dos principais atores da sua geração.
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Fonte: Enciclopédia Itaú. Atualizado em 07/04/2011
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