Ana Cristina César
Nasceu no
Rio de Janeiro. Viveu um ano em Londres, em 1968. Escreveu para revistas e
jornais alternativos, saiu na antologia 26 Poetas Hoje, de Heloísa Buarque.
publicou, pela Funarte, Mestrado em comunicação, lançou livros em edições
independentes: Cenas de Abril eCorrespondência Completa.
Dez anos depois, outra vez a Inglaterra, onde, às voltas com um M.A. em
tradução literária, escreveu muitas cartas e editou Luvas de Pelica. Ao
retornar, descobriu São Paulo e fixou residência no Rio. Trabalhou em jornalismo,
televisão e escreveu A Teus Pés. Suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983
"A
poesia de Ana Cristina Cesar caracteriza-se por ser predominantemente
confessional, mas o tom de intimidade, não nos deve enganar, pois é apenas um
lance de sedução estética. A correspondência, realmente, como apontou Armando
Freitas Filho, teve bastante influência sobre a sua dicção poética. Ela cria um
verdadeiro jogo de linguagem: textos curtos, poemas fragmentados, cartas,
páginas de diário. A poesia torna-se, desta forma, uma inquietante reflexão
sobre o próprio fazer literário". (p. 22)
"Assim percebemos que o texto-colagem da poeta instaura um sujeito estilhaçado, uma memória construída através da subjetividade fincada no corpo coletivo da linguagem. Seu método de composição baseia-se na apropriação incessante de versos e trechos de outros escritores que ela distorce, desloca, alude, readapta, reescreve, parafraseia e parodia. É uma obra que faz uma reflexão constante sobre a natureza do literário". (p. 27)
"Os poemas de Ana Cristina Cesar, inserida no clima da geração 70, revelam, entre as muitas características que marcaram a produção poética daquela época, as seguintes: atração pelo insólito do cotidiano; ênfase na experiência existencial num momento especialmente difícil da história e da política brasileira; volta à primeira pessoa, à escrita da paixão e do medo como caminho eficaz no sentido de romper o silêncio e a perplexidade que tomaram de assalto a produção cultural no início da década; o sentido de asfixia, experimentado no cotidiano, mas trabalhado com humor; valorização do coloquialismo; culto do instante, eixo fundamental da nova poesia e do binômio arte e vida. / O binômio arte e vida era a consolidação de uma visão de mundo que valorizava o aqui e o agora: a ideia do presente, eliminando a ideia de futuro." (p. 55)
____________________________
Textos
extraídos da excelente obra de Arminda Silva de Serpa "Lições
sobre asas e abismos; uma leitura da poesia de Ana Cristina Cesar", a
partir de uma tese de doutorado. Fortaleza> Imprece, 2009.
Metadados: Poesia da geração 70; Poesia e comportamento; Poesia
brasileira anos 1970. Crítica de Poesia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário