A NÁUSEA: PROCESSO
PSICOTERAPÊUTICO DE ROQUENTIN
La Nausée é o primeiro
romance de Sartre a ser publicado. Começara a redigi-lo em 1931, passando por
diferentes manuscritos, que se chamaram, sucessivamente, Fato sobre a
contingência, Melancolia, até que, finalmente, para fins de publicação, em
1938, por sugestão de Gaston Gallimard (que seria, daquele momento em diante, o
editor de Sartre), foi intitulado A Náusea. O livro é escrito em forma de
diário e narra as experiências vividas por Antoine Roquentin, historiador que
se fixou em Bouville, cidade do interior da França, para realizar pesquisas
sobre o Marquês de Rollebon, um personagem da vida política francesa do século
XVIII.
Nesse diário, Roquentin narra uma série de
acontecimentos que estavam ocorrendo em sua vida sem que ele os compreendesse.
Havia mudanças na sua relação com o mundo, com os objetos. Escreve: “os objetos
não deveriam tocar, já que não vivem. (...) E a mim eles tocam – é
insuportável. Tenho medo de entrar em contato com eles exatamente como se
fossem animais vivos” (SARTRE, 2000, p.26). Essas mudanças se expressavam
através de uma “metamorfose insinuante e delicadamente horrível de todas as
sensações; era a náusea” (SARTRE, 2000, p.26). Em diferentes ocasiões,
caminhando na rua, jogando pedras ao mar, sentado em um café, subitamente,
Antoine era tomado por aquela irritante experiência, uma espécie de enjôo
adocicado, uma leve tontura, uma náusea, sem que conseguisse facilmente dela se
livrar e sem perceber o que o levava a essa emoção. Era uma experimentação
psicofísica, corpo e consciência envolvidos no acontecimento. O personagem
questionava-se acerca dessas alterações que lhe vinham ocorrendo nas últimas
semanas. Eram alterações difusas, que não se fixavam em nada. O que mudou? Foi
ele? Foi o quarto onde se encontrava, a natureza ao seu redor? Chega à
conclusão de que foi ele mesmo que se transformou. Mas como? De que maneira? O
que estava acontecendo? Declara: “Não creio que a profissão de historiador
incite à análise psicológica. Em nosso trabalho lidamos com sentimentos
inteiros. No entanto, se tivesse um mínimo de conhecimento de mim mesmo, seria
esse o momento de utilizá-lo” (SARTRE, 2000, p.17).
Espelho
Olha-se no espelho e não se reconhece. Não consegue
entender nada de seu rosto: ali estão o mesmo nariz, boca, orelhas, mas já não
têm expressão humana. Não consegue definir se é bonito, ou feio, nem encontrar
sentido nessa face, nem em seu corpo. Não consegue compreender seu rosto.
Questiona-se se isso ocorre por que é um homem sozinho? As pessoas que convivem
em sociedade aprendem a se enxergar através dos outros, já que estes fazem o
papel de espelho. E ele, que não tem ninguém? Como escapar a essa carne nua e
crua, a essa natureza sem homem? Antoine vive inteiramente só, nunca fala com
ninguém, a não ser em conversas formais com o autodidata (estudioso que sempre
encontra na biblioteca), ou uma relação amorosa fortuita, de tempos em tempos,
que mantém com a dona do café Rendez-vous des Cheminots, perto de
onde mora. Sua amiga tem vários amantes, sendo ele somente mais um deles. Pela
primeira vez o incomoda estar só; gostaria de poder dividir com alguém o que
está lhe acontecendo. Recorda-se de Anny, sua ex-namorada, que faz quatro anos
que não vê.
Experimenta um tédio enorme de viver. Bouville e
seus habitantes acomodados, mergulhados em seus hábitos e problemas
pequeno-burgueses o enojam; o Sr. De Rollebon o enfada, suas pesquisas o
desagradam. Nada mais tem muito sentido. A náusea se apossa dele, está nele sem
que consiga dela se livrar. Sente medo sobre o que pode vir a lhe acontecer.
Queixas
Podemos notar que a narrativa de Antoine, desde o
início de seu diário, encaixa-se perfeitamente nas queixas que os pacientes
trazem para o processo psicoterapêutico. Descrevem as emoções, os impasses
psicológicos que os acometem, sem que consigam compreendê-los. São tomados por
eles e experimentam-se assustados frente ao seu descontrole emocional.
A única coisa que conseguia livrar Antoine da
náusea era a música, uma música específica, que sempre solicitava que fosse
tocada, quando ia ao café “Rendez-vous des Cheminots”: a canção de
jazz “Some of these days”. Absorvia-se na música, ela o fazia
viajar a outro tempo, tempo de aventuras. Quando se dava conta, o enjôo havia
passado.
Pouco a pouco, na busca de compreender o que lhe
ocorria, o personagem começa a reviver o seu passado, retomando o grande
sentido de sua existência que fora “viver aventuras”. Atravessara os mares,
deixara cidades, subira rios, adentrara em florestas, tivera várias mulheres, várias
brigas. Tudo isto o havia levado para onde, questiona-se? O que lhe
acrescentaram essas aventuras? O tédio e a náusea agravam-se ainda mais! Até há
dois anos atrás, tudo corria tranqüilo: bastava fechar os olhos para lembrar de
miríades de cidades, rostos, lugares. Tudo o alegrava; no entanto, hoje não
deixam mais do que um gosto amargo na sua boca. Suas histórias estão mortas,
limitam-se a palavras, sem sustância: “referem-se a um sujeito que fez isto ou
aquilo, mas não sou eu, não tenho nada em comum com ele” (SARTRE, 2000, p.57).
Nunca havia experimentado o sentimento, como agora, de ser alguém sem
“dimensões secretas”, reduzindo-se a ser somente seu corpo. Compelido ao
presente, preso nele, não consegue fugir de estar frente a si mesmo.
Mentira
O sentimento de aventura que o guiara até o
momento, que definira o sentido de sua vida, esvaíra-se. Sempre “imaginara que
em determinados momentos minha vida deveria assumir uma qualidade rara e
preciosa. (...) É isso que me tiram agora. Acabo de descobrir, sem razão
aparente, que menti a mim mesmo durante dez anos. As aventuras estão nos
livros” (SARTRE, 2000, p.57). Consegue compreender que viveu muitas histórias,
fatos, incidentes, mas não aventuras, pois estas são simplesmente formas de
contar o que lhe sucedeu, pois o que delineia o tom da aventura é a forma de
narrá-la. Buscava um momento precioso, que o tivesse marcado para todo o
sempre; descobre, no entanto, que quem conferia o caráter aventuroso sobre o
que havia vivido era ele próprio, o sentido que ele mesmo dava à história,
iluminado por suas paixões futuras. Era o futuro, portanto, que definia o
significado desse passado; o fim que a tudo define já está presente na
história. Essas reflexões levam-no a modificar sua relação com o passado: “a
importância dessa descoberta não está apenas no fato de que um passado querido
tem um sentido alterado, mas ainda o fato de que a própria vida lhe aparecerá
com uma qualidade até então insuspeita” (MOUTINHO, 1995, p.50).
Aqui nessas passagens subjaz a concepção de temporalidade em
Sartre, conforme a qual passado, presente, futuro estão imbricados numa
dinâmica temporal inseparável. No entanto, o que confere sentido à existência,
definindo o significado dos acontecimentos passados, é o futuro que, segundo o
existencialista, concretiza-se através do “projeto de ser”. Sartre demonstra
que a temporalidade real, antropológica, vem do futuro para o passado, enquanto
que o movimento aparente é a temporalidade ocorrer do passado para o futuro
(BERTOLINO, 2005).
Perturbações
O que vai emergindo do romance é que, na verdade, o
que está em questão é o “projeto de ser” de Roquentin, conduzindo o leitor a
compreender as perturbações psicológicas experimentadas pelo personagem. A
náusea é só a expressão psicofísica desse questionamento crucial de seu ser:
toda sua vida está em questão, olha para sua história e não mais se reconhece.
O espontaneismo que marcara sua história, já que vivia voltado para “o
momento”, deixando-se levar pelos acontecimentos, ou seja, por uma vida de
aventuras, tornou Roquentin “prisioneiro da passagem”, isto é, sem um lugar
seu, sem referências afetivas, sem compromissos ontológicos, sem vislumbrar um
futuro. Por isso, olhava para o espelho e não se reconhecia. Era a expressão de
seu ser que estava em questão. Quem era, afinal, Roquentin? O que tinha feito
de sua existência? Experimentava-se vazio. Vivera aventuras, é verdade, no
entanto estas, com sua transitoriedade, têm sentido somente enquanto acontecem;
não fornecem “lastro” para o “ser” de um sujeito, pois que não o lançam em um
tecido sociológico, isto é, em uma rede de relações de mediação. É nesse tecido
que se encontram as amarras ontológicas e psicológicas de qualquer homem. Era
exatamente o que Antoine não possuía, daí sua experimentação de vazio de ser.
Busca
Em um primeiro momento, frente a todas essas
mudanças e questionamentos, busca a resposta em seu trabalho, algo que lhe
devolva o sentido de ser. Só o Marquês o salvará. Aos poucos, no entanto, vai
percebendo que este era outro engodo. “O Sr. De Rollebon era meu sócio:
precisava de mim para ser, e eu precisava dele para não sentir meu ser. (...)
Eu era apenas um meio de fazê-lo viver, ele era minha razão de ser, me
libertava de mim mesmo. Que farei agora?”. (SARTRE, 2000, p.148). Dá-se conta,
então, que sua existência está liberada, desprendida, que reflui sobre ele. O
que fará de si mesmo? Aparece novamente a náusea.
Aos poucos constata que a náusea não fora mais do
que a descoberta da contingência, ou seja, do fato da gratuidade da existência,
que se revela absoluta, pois viver não é necessário, mas sim um ato contínuo de
escolha, assim como os objetos, que não são necessários, mas contingentes. Daí
experimentar-se tocado pelos objetos, como a raiz do castanheiro, por exemplo,
que o invadia com sua solidez, pois era espelho para suas dúvidas, lançando-o
para o âmago de seus impasses. Os objetos do mundo, a natureza, estavam aí,
existiam simplesmente, eram gratuitos, não eram necessários; quem define o
sentido delas sempre foi o homem, a consciência que os constata.
Gratuidade
Ora, nenhum ser necessário pode explicar a existência: a contingência
não é uma ilusão, uma aparência que se pode dissipar; é o absoluto, por
conseguinte a gratuidade perfeita. Tudo é gratuito: esse jardim, essa cidade e
eu próprio. Quando ocorre que nos apercebemos disso sentimos o estômago
embrulhado, e tudo se põe a flutuar como outra noite (...): é isso a Náusea; é
isso que os salafrários, os do Coteau Vert (bairro nobre de Bouville) e os
outros tentam esconder de si mesmos com sua idéia de direito (SARTRE, 2000,
p.194 – nota nossa).
A existência se desvela, como a Descartes, através
de seu cogito. No entanto, para Roquentin, ao contrário do que prega o
filósofo, não é somente a experiência do pensamento que a faz aparecer, mas uma
experimentação concreta, psicofísica, corpo e consciência absorvidos pela
situação nauseante. A transformação de seu corpo é uma experiência insuprimível
(MOUTINHO, 1995). Suas reflexões fazem-no apropriar-se dessas experimentações,
ou seja, conforme a linguagem técnica de La Transcendence de L’Ego,
a consciência de segundo grau (reflexionante) apropria-se das consciências
espontâneas (irrefletidas) (SARTRE, 1965). Assim, a apropriação reflexiva que
realiza das transformações psicofísicas sofridas coloca-o frente à sua liberdade,
ou seja, possibilita que compreenda, aos poucos, que o sentido das coisas que o
cercam dependem de seu livre lançar-se para elas: em relação aos objetos, ao
seu trabalho, ao seu passado. A ele cabia significá-los. Estava, portanto,
experimentando aquilo que se define como “vertigem da liberdade”. As coisas são
inteiramente o que são, nada há por trás delas que as definam ou justifiquem “a
priori”; é a relação do sujeito com as coisas que constitui o mundo. Esta é a
relação entre o ser (as coisas) e o nada (a consciência), base da ontologia de
Sartre.
O que fazer do seu ser? Questiona-se Roquentin.
Ninguém, nem coisa alguma, irá lhe dizer ou lhe determinar a ser. A definição
de si próprio depende de seu movimento no mundo, do que ele deseja realizar.
Está, pois, livre e só.
Porto seguro
Ao debater-se com sua problemática, Antoine foi em
busca do último “porto seguro” de sua história: foi encontrar-se com Anny, a
única mulher que amou de verdade na vida, mas com quem em realidade sempre
mantivera uma relação conturbada. Anny queria viver os “momentos perfeitos”, no
que buscava transformar qualquer acontecimento de sua vida, pois acreditava que
algo se revelaria a ela. Acreditava nessa mística: não sabia de onde viria essa
força, mas acreditava que aconteceria. Acusava Antoine de fazer os “momentos
perfeitos” se esvaírem, pois ele não sabia o que dizer no momento oportuno, que
ações realizar no momento exigido, desmontando o encantamento em que ela
apostava. As situações viravam tragédias, pois Anny irritava-se profundamente
com o namorado.
No reencontro, depois de tantos anos, descobre que
Anny não buscava mais os “momentos perfeitos”, assim como ele havia desistido
de viver “aventuras”; os dois haviam perdido o sentido alienante de seu ser
anterior. Anny experimentava-se tão esvaziada quanto ele, chegando a afirmar:
“sobrevivo a mim mesma”. Descobrem, no entanto, que nada mais há que um possa
mediar para o outro. Enquanto viviam aprisionados na espontaneidade, na
vivência do “aqui e agora”, um dava suporte para a alienação do outro, mas
agora, nada podem fazer mutuamente. Anny diz que ele lhe é indispensável, pois
enquanto ela muda, ele fica fixo, imutável, servindo-lhe de marco de
referência. Antoine constata que ela não o compreende, não o enxerga, não
consegue ver nada a não ser a si mesma. Realmente, não é mais possível resgatar
nada dessa relação. Roquentin não ficou arrasado por deixá-la, já que ela nada
mais tem a lhe oferecer; no entanto, experimentou um grande medo de voltar à
solidão. Após seu encontro com Anny, Roquentin desfez-se de sua última amarra
com o passado.
Libertação
Está finalmente liberto de seus impasses com sua
história, desfez-se de uma dinâmica de ser que, na espontaneidade, sem
compromisso com coisa alguma, o impeliu para a solidão e para a falta de
sentido existencial. Essa situação tornou-se de tal modo insuportável,
concretizando-se numa espécie de psicopatologia, que o lançou a experimentar
distúrbios psicofísicos - a náusea. Seu diário narra a apropriação de seus
impasses, o enfrentamento de suas dificuldades. Roquentin teve o esvaziamento
de seu projeto de ser questionado até a raiz – nada mais lhe fazia sentido.
“Agora, quando digo ‘eu’, isso me parece oco. Já não consigo muito bem me
sentir, de tal modo que estou esquecido. Tudo o que resta de real em mim é
existência que se sente existir. Antoine Roquentin não existe para ninguém. É
algo abstrato” (SARTRE, 2000, p.247).
O que fazer de sua vida? O que fazer de seu ser?
A angústia não o larga. Tem dinheiro e é jovem,
pois só tem trinta anos, o que fazer de sua existência? Decide ir embora para
Paris. Mas o que fazer por lá? Ir ao cinema? Passear nos jardins? Freqüentar as
bibliotecas? Nada disso o afastará do tédio. Precisa encontrar um sentido para
sua existência.
Percepção
Será novamente a mesma música que o arrancará do
impasse, do vazio de ser. Escuta-a uma última vez, no café, antes de partir
para Paris. A voz canta: some of these days... Na música nada
é demais, ela simplesmente é; como ele também quis ser. Aliás, ele
somente quis isso, eis a chave de sua vida. Agora percebe que é um simples
sujeito, sentando no banco de um café, escutando aquela melodia. Através dela
entra na realidade, ela o faz ver a importância que tem preencher o mundo, dar
sentido à sua vida. A cantora espalha sua bela voz pelo ar... Antoine
compreende, finalmente, a função da canção, que é a de justificar a existência
da cantora. Aos poucos vai percebendo que também precisa fazer algo de concreto
no mundo que justifique sua existência. Não seria uma canção, pois nada entende
disso, mas quem sabe um livro, pois o que sabe fazer é escrever. Não poderá ser
um livro de história, porque isso fala do que já existiu; mas um romance de
aventura, que por trás das palavras façam surgir algo acima da existência.
Reflete: “chegaria o momento em que o livro estaria escrito, estaria atrás de
mim, e creio que um pouco de claridade iluminaria meu passado. Então, talvez
através dele eu pudesse evocar minha vida sem repugnância (...) E conseguiria –
no passado, somente no passado – me aceitar” (SARTRE, 2000, p.258). Roquentin
consegue, enfim, redefinir seu projeto. Será um escritor! Um escritor de
romances de aventura. As aventuras não são mais do que narrativas de alguém. È
isso o que fará, contará aventuras, atingindo os leitores de diferentes
maneiras, perpetuando-se através dessas narrativas.
Sua existência ganha sentido novamente. Agora pode
encarar sua história, seu passado, admitir sua temporalidade. Consegue, com
isso, superar seus impasses psicológicos, colocando-se como uma totalização em
curso, corpo/consciência em direção a um futuro. Está inteiro para retomar sua
existência, agora justificada, no sentido de estar indo em direção a um fim, a
um projeto de ser. Poderíamos dizer, em uma linguagem clínica, que Antoine
“curou-se”, no sentido de ter esclarecido seu projeto, suas estratégias de ser,
tomando sua história em suas próprias mãos, superando seus sintomas
psicofísicos.
Mediação
A canção exerceu, no romance, importante função
terapêutica (MOUTINHO, 1995). Foi ela a mediadora das reflexões críticas de
Roquentin, que lhe permitiram superar as perturbações psicofísicas, as emoções
(náusea), os impasses psicológicos – que nada mais eram do que expressões da
perda de sentido de ser, engendrada pela espontaneismo e pela solidão em que se
lançara – viabilizando a redefinição de seu projeto.
Verificamos, assim, que La Nausée é
a descrição de um processo psicoterapêutico: no início, Roquentin, enredado em
experimentações psicofísicas que o amedrontam, na medida em que não compreende
seus significados, vai aos poucos, porém, compreendendo que elas são
resultantes de seu tédio existencial, de sua solidão. Essa situação coloca-o
frente a frente com sua história, frente a frente com a existência
injustificada dos objetos e entes em geral. Ao compreender que o que havia
feito de sua vida - viver aventuras - o levara ao “vazio de ser”, pois vivera
uma existência puramente espontânea e descomprometida, sem nenhuma amarra
sociológica e, por isso mesmo, injustificada, experimentando-se na mais
completa solidão, que o levava a referir seu “eu” como se fosse “oco”. Antoine
vai, passo a passo, libertando-se de sua alienação. Realiza um processo que lhe
possibilita redefinir seu projeto, recolocar sua existência em um novo patamar.
A definição de ser um escritor de romances o leva a lançar-se para o mundo em
uma nova perspectiva, fincando raízes em Bouville, modificando sua relação com
os outros. Ao final do livro consegue unificar sua história em um projeto,
totalizar passado/presente/futuro, ganhando consistência ontológica e, assim,
sentido em seu ser.
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