segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Jacinta"

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Delicioso tributo ao teatro



Lionel Fischer



Consta que ela seria a pior atriz de todos os tempos. Em termos estritamente lusitanos, não cabe a menor dúvida - segundo renomados e desconhecidos historiadores, após uma apresentação na corte, em meados do século XVI, ela provocou a morte da rainha, que sucumbiu ao vê-la interpretar um poema de Gil Vicente. Sempre acossada pela fome e por uma desesperada ânsia de aplauso, Jacinta cruza o Atlântico e chega ao Brasil, onde dá prosseguimento à sua saga, repleta de passagens rocambolescas. 

Isso posto, caberia a seguinte reflexão. O texto tem, como figura central e magnífica, a patética e desvairada dama que persegue, com férrea obstinação, um sucesso que dificilmente alcançará. Mas seria ela a real protagonista? Ou o protagonista seria o próprio teatro? Em minha opinião, o que está realmente em causa é a sagrada e milenar arte teatral, aqui trabalhada de forma sensível, comovente e hilária.

A partir do original escrito por Newton Moreno, Aderbal Freire-Filho e Branco Mello (em parceria com o autor) criaram a comédia-rock "Jacinta", em cartaz no Teatro Poeira. Aderbal Freire-Filho assina a direção, Branco Mello a direção musical, Mello e Emerson Villani respondem pelas músicas e Newton Moreno e Aderbal pelas letras das treze canções.

No elenco, Andréa Beltrão vive a protagonista, tendo como parceiros Augusto Madeira, Gillray Coutinho, José Mauro Brant, Isiio Ghelman e Rodrigo França, que se dividem em uma infinidade de personagens. Na parte musical, o grupo Os Jacintas, composto por Maurício Coringa (guitarra, violão e bandolim), Tássio Ramos (baixo), Ricardo Rito (teclados) e Hélio Ratis (bateria). 

Como disse acima, em minha opinião o grande personagem desta deliciosa comédia-rock é o teatro. Ela aborda um sem-número de questões inerentes ao fazer teatral, tais como talento, vocação, carências, fragilidades, aprendizado, recomeço, renúncias, variadas formas de sujeição, a inarredável crença de que as coisas acabarão dando certo etc. 

Como todos sabemos, Galileu teve que se ajoelhar perante a Santa Inquisição, mas nem por isso a terra deixou de girar em torno do sol. E o mesmo se dá com aqueles que merecem ser chamados de "atores" - atores do palco, bem entendido. Não há derrota que os faça desistir, posto que conscientes de que só pode usufruir a luz aquele que conheceu as trevas. E os verdadeiros atores também sabem que todo adeus contém em si a promessa de um encontro futuro - o que se julga perdido num determinado momento, pode ser reinventado amanhã. Jacinta talvez não tenha talento, no sentido óbvio do termo. Mas possui algo que o transcende: sua inabalável crença de que só o teatro permite um visceral encontro entre os homens. 

Bem escrito, contendo ótimos personagens e uma trama que encanta por sua fantasia e inusitadas situações, "Jacinta" recebeu maravilhosa versão cênica de Aderbal Freire-Filho, tanto no que concerne à criatividade das marcações quanto no que diz respeito à forma como brinca com a estrutura teatro dentro do teatro. Sob todos os aspectos, uma brilhante, divertida e comovente festa em homenagem ao teatro, regada a excelentes canções a partir de letras saborosíssimas.

Com relação ao elenco, Andréa Beltrão demonstra uma vez mais seu inconcebível talento. Mencionar seus vastíssimos recursos expressivos, a esta altura, me parece irrelevante, posto que os mesmos já são de há muito conhecidos. Assim sendo, opto por me centrar na inteligência de suas escolhas. Andréa jamais envereda pelo caminho mais fácil, previsível e que já sabe que domina. Pelo contrário: trabalha sempre no risco, recusando-se a se tornar uma espécie de parasita de suas próprias conquistas. E sua composição de Jacinta é uma verdadeira aula de como se fazer comédia sem lançar mão de abomináveis e defasados truques. Vou tentar esmiuçar um pouco o que acabo de dizer.

Os que conhecem minimamente a arte de representar sabem que deve haver total sintonia entre corpo e voz, ou seja, tanto os gestos como a forma de dizer o texto devem constituir uma unidade indissociável. Não basta, portanto, ter ótima voz (Andréa a possui) ou um corpo capaz de obedecer a diferenciados estímulos (Andréa faz o que quer com seu corpo). É preciso que tais recursos sejam trabalhados de forma a expressar um determinado caráter, em toda a sua complexidade e amplitude, sem se desprezar qualquer detalhe. E aqui, dentre muitos outros, menciono dois: a forma como Andréa impõe exacerbado e hilariante descontrole aos seus gestos e a expressão deliciosamente obtusa de seu olhar, sempre que a personagem não entende alguma coisa ou a perplexidade a domina. Sob todos os aspectos, um desempenho que se insere entre os melhores de sua brilhantíssima carreira - cumpre também assinalar que a triz canta muito bem e é charmosíssima quando dança.

Com relação Augusto Madeira, Gillray Coutinho, José Mauro Brant, Isio Ghelman e Rodrigo França, todos também exibem performances irretocáveis e certamente revelam-se parceiros à altura da protagonista, o que constitui tarefa nada fácil, já que Andréa Beltrão é uma intérprete de exceção. A todos, portanto, parabenizo com o mesmo entusiasmo e a todos agradeço a deliciosa noite que me proporcionaram.

Na equipe técnica, são excelentes as músicas de Branco Mello e Emerson Villani (também responsável pelos ótimos arranjos), o mesmo aplicando-se às letras de Newton Moreno e Aderbal Freire-Filho. Antonio Medeiros responde por figurinos que mesclam, com grande criatividade, o passado e o presente. Como de hábito, Maneco Quinderé ilumina a cena de forma irrepreensível, sendo impecáveis a cenografia e os objetos criados por Fernando Mello da Costa. João Saldanha e Marcelo Braga criaram divertidas coreografias, cabendo ainda mencionar o visagismo de Lu de Moraes, a contribuição na parte de prosódia de Iris Gomes da Costa e a direção vocal de Cris Dellano.  

JACINTA - Comédia-rock de Newton Moreno, Aderbal Freire-Filho e Branco Mello. Direção de Aderbal Freire-filho. Com Andréa Beltrão, Augusto Madeira, Gillray Coutinho, Isio Ghelman, José Mauro Brant e Rodrigo França. Teatro Poeira. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h.

    

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Édipo Rei"

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Obra-prima em belíssima versão


Lionel Fischer



Incontáveis ensaios já foram escritos sobre "Édipo Rei" e certamente por pessoas muito mais qualificadas do que eu. Não tenho, portanto, a pretensão de acrescentar nada ao que já foi dito por filósofos, críticos, pensadores e psicanalistas. No entanto, e pensando sobretudo nos leitores/espectadores mais jovens, julgo oportuno fornecer alguns elementos que talvez contribuam para uma percepção mais abrangente desta obra-prima.

Autor dramático grego, Sófocles (496-406 a. de C) é considerado o representante máximo da tragédia durante o governo de Péricles - em sua Poética, Aristóteles afirmava que os dramas de Sófocles eram modelos irretocáveis da tragédia. Suas peças colocam o homem no centro da trama e priorizam a relação dramática entre diferentes personalidades, ou entre diferentes aspectos de um mesmo caráter. Sófocles também deu muita importância ao enredo, sempre pleno de tensão, e à caracterização dos personagens. Consta que escreveu cerca de 120 peças, mas apenas sete chegaram até nós: Ájax, Antígona, As Traquínias, Édipo Rei, ElectraFiloctetes e Édipo em Colono.

Com adaptação assinada por Eduardo Wotzik e Fernanda Schnoor e direção de Wotzik, "Édipo Rei" chega à cena (Espaço Sesc) com elenco formado por Gustavo Gasparani (Édipo Rei), Fabiana de Mello e Souza (Corifeu), César Augusto (Creonte), Amir Haddad (Tirésias), Eliane Giardini (Jocasta), Pedro Mario Bogianchini (Emissário), Rogério Fróes (Pastor), Thiago Magalhães (Arauto), Nina Malm (Ismênia) e Louise Marrie (Antígona), que dividem a cena com os músicos Felipe Antello e Murilo O'Reilly.

Por tratar-se de uma obra por demais conhecida, não julgo necessário reproduzir seu enredo. Mas, contrariando o que disse acima, não resisto à tentação de escrever o que se segue. Em sua ânsia de conhecer a verdade, Édipo instiga o cego Tirésias a revelar sua professia. Inicialmente indignado, ainda assim Édipo faz absoluta questão de levar até o fim sua investigação. E quando esta confirma inteiramente o relato de Tirésias, ele voluntariamente cega a si próprio, atitude que muitos acreditam ser apenas um ato de autopunição. Pode até ser, mas prefiro acreditar que tal gesto evidencia um claro desejo do personagem de libertar-se, digamos, de sua cegueira espiritual. Entre a aparência e a essência, Édipo opta por esta última. 

Com relação ao espetáculo, Eduardo Wotzik consegue impor à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico. Toda a tragicidade se materializa não através de marcações mirabolantes ou efeitos espetaculosos, mas da valorização do texto e das relações entre os personagens. E justamente em função do caráter austero da montagem, de sua ambientação e da permanente relação dos atores com a plateia, as questões levantadas pelo autor nos atingem de forma tão contundente e assistimos o espetáculo como se dele fizéssemos parte. Ou seja: sem nenhum distanciamento, sem qualquer possibilidade de encararmos a trama como algo restrito ao campo da ficção e que portanto pouco ou nada tem a ver com a nossa realidade. Muito pelo contrário.

Como todos sabemos, vivemos em um mundo que na imundície cada vez mais se afunda. E no entanto, não são poucos os que julgam satisfatório manter limpas as unhas nas pontas dos dedos, ainda que com lama até o pescoço. Mas certamente ainda existem alguns que se dispõem a rasgar os invólucros, que não encaram o silêncio como opção de sobrevivência, que não hesitam em tirar as máscaras impostas e exibem sua face verdadeira face, sejam quais forem as consequências. Neste último grupo, naturalmente, só se inserem aqueles que, como Édipo, acreditam que a humanidade não pode sobreviver sem ética. E talvez seja este valor, cada vez mais raro, que o texto mais enfatiza, e que esta belíssima montagem valoriza de forma tão poderosa e expressiva.

No tocante ao elenco, Gustavo Gasparani está irrepreensível na pele do protagonista, conseguindo materializar, através de ótimo trabalho vocal e corporal, todas as nuances de um personagem complexo e magnífico. A mesma excelência se faz presente nas performances de Fabiana de Mello e Souza, César Augusto e Eliane Giardini. Vivendo Tirésias, Amir Haddad constrói uma figura poderosa, de fortíssimo impacto. Mas acredito que o ator poderia, ao menos em alguns momentos, utilizar um tom de voz mais potente, já que algumas palavras não chegam a ser entendidas com total clareza. Pietro Mario Boginchinni e Thiago Magalhães estão corretos em suas participações, o mesmo aplicando-se a Nina Malm e Louise Marrie. Quanto a Rogério Fróes, o ator exibe uma atuação sensível e comovente, valorizando oa máximo seu pequeno papel.

Na equipe técnica, Bia Junqueira responde por uma cenografia maravilhosa, que explora com total êxito as possibilidades do espaço. Igualmente irrepreensíveis os belos figurinos de Marcelo Olinto, a sóbria e expressiva iluminação de Maneco Quinderé, a original direção musical de Marcelo Alonso Neves, o visagismo de Uirandê Holanda e a adaptação de Eduardo Wotzik e Fernanda Schnoor, cabendo ainda registar a excelente participação dos músicos Felipe Antello e Murilo O'Reilly.

ÉDIPO REI - Texto de Sófocles. Adaptação de Eduardo Wotzik e Fernanda Schnoor. Direção de Wotzik. Com Gustavo Gasparani, Fabiana de Mello e Souza, César Augusto, Amir Haddad, Eliane Giardini e outros. Espaço Sesc. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h30.   

    
               

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O ATOR


Plínio Marcos


Por mais que as cruentas inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos de sons de algum momento de amor que viveu na sua vida.

Bendito seja quem souber se dirigir a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingí-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotresca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.

Os atores têm esse dom. Eles tem o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e autores, tem esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator. O público vai ao teatro por causa dos atores.

O autor de teatro é bom na medida que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas o ator tem que se conscientizar de que é um Cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva.

O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que tenha muita coragem, muita humildade e sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de suas personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como pretendem os hipócritas com seus códigos de ética.

Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero da sua insegurança, quando ele, como viajante solitário, sem a bússula da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem.

E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado.

Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se comprenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor.

Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter não é o dinheiro, não são os aplausos, é a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos.

Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica.
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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Mil Postagens!!!


Esta é a milésima vez que posto aqui uma modesta contribuição ao estudo das artes, em geral, e do teatro, em particular. Iniciado em dezembro de 2008, e tendo como “seguidor” apenas a mim, este blog conta agora com 449 parceiros!

A todos agradeço e espero que muitos outros se juntem a nós.

Beijos,

Lionel Fischer



Piadas e Teatro


Artigo extraído do livro A Experiência Viva do Teatro, de Eric Bentley (Zahar Editores, 1967, tradução de Álvaro Cabral), capítulo 7, dedicado à Farsa.

          Uma das mais profundas percepções básicas de Bergson e Freud foi a de que soltar piadas é criar teatro. Bergson diz que qualquer demonstração de graça, se for articulada, de fato, é em cenas que se articula - o que equivale a uma comédia incipiente. Freud assinala que, para haver uma piada, são precisos não um ou dois, mas três componentes: o autor da piada, o alvo da piada e o ouvinte. O trio é conhecido na forma de comediante, homem sério e público. Esse trio de vaudeville sugere, por sua vez, o ironista, o impostor e o público do teatro cômico tradicional.

          Dizer que o piadista precisa de um alvo equivale apenas a dizer que precisa de uma piada. Precisará tanto de uma piada quanto de um ouvinte? Deixemos que cada um de nós lhe pergunte por que, num dado momento, ele deseja soltar uma piada. Não pode ser porque desejamos que ela nos divirta, visto que as piadas não são divertidas a segunda vez que circulam, e não se pode soltar uma piada que já não tenha sido ouvida (excluo de consideração qualquer super-homem que possa inventar sempre as suas piadas; ele é irrelevante aqui porque o tema que estou abordando é o comediante, que certamente não escreve sempre o texto de seus gracejos). De qualquer modo, se a nossa necessidade fosse ouvir a piada, a pessoa poderia contá-la a si própria. É indiscutível que a necessidade não é da piada, absolutamente: é de público para ouví-la.

Necessidade

          Quem tiver conhecido comediantes fora do palco pode testemunhar que se trata, freqüentemente, de homens com uma necessidade de aplauso e admiração que excede até a de outros atores. E há uma razão pela qual os homens com essa necessidade - quer se trate de talentos humoristas ou não - procurem a profissão de comediantes. Só a piada obtém do seu público uma reação cujo conteúdo é inconfundível e entusiástico: o riso. O ator trágico não recebe tal indicação, no final do seu solilóquio “Ser ou não ser...”, de que o desempenhou perfeitamente. Ficará satisfeito se houver silêncio na sala, mas ainda assim poderá ficar na dúvida se alguém não teria adormecido. Duvidará se esse sentimento de que tudo correu bem não será talvez uma ilusão.

          Mas não existe, como Ramon Fernandez assinala, uma ilusão de que a platéia está gargalhando. Assim, o riso é peculiarmente atraente para uma pessoa que precisa de uma reação do público, de minuto em minuto, e que precisa ter a certeza de que é altamente favorável. Na noite em que o público não ri, o palhaço sai e mata-se. Pelo menos, poderia, visto que a única coisa pela qual tem vivido não aconteceu.

          Sugeri que o comediante é o homem cuja necessidade de aplauso é a mais insistente e suspicaz. Uma interpretação alternativa é o comediante ser o mais dotado, o mais talentoso dos faladores compulsivos. Todas as festas recebem muitas pessoas que não cessam de falar enquanto tiverem alguém que as escute. Poder-se-ia considerar o piadista como um falador compulsivo que obtém êxito porque sua conversa é divertida. As gargalhadas que saúdam cada história constituem um diploma em que se declara que ele teve êxito em não maçar a audiência. Poderá ser tentado a contar suas histórias a grupos cada vez mais numerosos. Se acabar num palco falando para pessoas com quem nunca se encontrou, é um comediante profissional.

Histeria

          O que se propõe como estudos de comédia e, freqüentemente, redunda apenas em estudos sobre o riso, deve ser lamentado; contudo, a circunstância reflete fielmente a mentalidade do comediante. O seu desejo é cativar e manter dominado o público, sabendo que tal desejo só está realizado quando o público ri. Portanto, embora o riso possa não ser o emblema apropriado para a comédia, constitui a ratificação final das anedotas. Por esse motivo, pode-se perdoar aos comerciantes de diversões públicas uma certa histeria a tal respeito, e deveríamos receber com mais tristeza do que com ira as notícias de que o pessoal da TV está medindo a duração e o volume das gargalhadas com medidores de riso.

          Se os filósofos podem reduzir a arte cômica ao riso, então os empresários podem, certamente, reduzir o riso ao ruído que provoca. Mas, em ambos os casos, o verdadeiro tópico é excessivamente delimitado. O estudioso do riso deveria estudar toda a curva de que a explosão de riso é apenas a fração final. Antes das pessoas estourarem em gargalhadas têm de ser preparadas para isso. E a única preparação segura é um estado especial de expectativa e sensibilidade que corresponde a uma espécie de euforia. Pode ser mais importante que a própria anedota. Pode-se alcançar um estado de excitação em que as pessoas rirão de qualquer coisa. O ator poderá ter de averiguar para si próprio aquilo que não deverá provocar riso, se quiser impedir o caos. Tem de vigiar para que as moças não fiquem inquietas e as senhoras histéricas.

Explosão

          Em tudo isso, o teatro manifesta-se como a arte de soltar piadas, não a arte de escrever livros. Lemos sozinhos; e achamos notável se, uma vez por outra, rimos em voz alta. Por isso mesmo, é uma só explosão de riso, ainda que em voz alta. O resto da família tem a certeza de que essa gargalhada foi para chamar a atenção e pergunta o que foi que teve graça. E é muito provável que fosse essa a intenção.

          A arte da farsa resume-se apenas a piadas transpostas para o teatro - piadas inteiramente articuladas como personagens e cenas teatrais. É correto dizer que sua finalidade é o riso, mas não é dizer uma coisa simples. O riso pode significar isto ou aquilo e, em qualquer um dos casos, tem de ser preparado com o máximo cuidado. E modulado, também. Os estudiosos futuros do tema fariam bem em abandonar a piada, individualmente considerada, e as razões por que é divertida, voltando-se para a seguinte pergunta: até que ponto é divertida num determinado contexto? Verificar-se-á que, por vezes, não é absolutamente divertida e, noutras, muitíssimo divertida. É uma questão de como o público foi levado ao ponto em que o riso deve eclodir e a graça ficar comprovada.

Exaustão

          Estive falando de uma eclosão de riso, com uma preparação, e mesmo num acontecimento tão pequeno há muito que observar. Mas qualquer farsa que demore mais do que um minuto ou dois tem de fazer o público gargalhar um número considerável de vezes. Isso não pode ser conseguido enfileirando-se apenas as piadas umas após as outras. A exultação geral é de uma potência tão superior a qualquer dos vários momentos estimulantes que é lícito indagar: o que é uma piada? Como já disse, se uma pessoa tiver êxito com uma primeira piada, o público poderá ficar num estado de espírito em que qualquer coisa parece divertida. Tudo o que se precisa é um novo rumo para os acontecimentos e uma nova onda de riso acolherá a manobra.

          Mas esse estado de espírito não durará muito se não for ajudado. E talvez não seja aconselhável mantê-lo indefinidamente, para que o resultado não acarrete a pura exaustão. Aquele que organiza uma sessão de “divertimento” deve ser, de fato, um organizador. Nada seria mais fatal do que jogar tudo na preparação de um bom começo e, depois, deixar que os acontecimentos tomem seu curso, o que é algo que qualquer bom produtor de vaudevilles sempre soube; e é algo que todo autor de farsas deve ter em mente.

Temperatura

          Um esclarecimento subsidiário é fornecido pela afirmação de Sir John Gielgud a respeito da encenação de A Importância de Ser Honesto, de Wilde. Era sobre a necessidade do diretor aprender a evitar que o público ria em demasia das passagens da peça. Quem tenha visto a encenação de Gielgud perceberá o que ele queria dizer. A temperatura cômica foi levada tão alto, o entusiasmo do público era tão intenso, que a representação, em alguns momentos, quase não podia continuar.

          Wilde escrevera um diálogo tão vivo que qualquer fala podia ser o sinal para novos acessos de riso. A interrupção do desempenho - mesmos em surtos de contentamento - não é uma finalidade desejável. O que os atores tinham a fazer era o inverso de “explorarem” cada fala, para obterem o máximo de divertimento. Era, antes, desperdiçarem uma quantidade de divertimento em cada fala, a fim de obterem um divertimento mais importante.

Bebês

          O objetivo da estratégia de Gielgud não era apenas evitar o tumulto. Era o mais completo gozo da representação em geral. Os espectadores são como bebês e não fazem idéia daquilo que gostarão. Se os deixarem, rirão tanto e com tamanha insistência que, depois, só podem ter acessos de histeria ou mau humor. Tem de se evitar que prejudiquem seus próprios sistemas nervosos. O riso não pode ser regular e constante. Não pode começar pianissimo e depois ficar cada vez mais forte ad infinitum. Nem pode manter a mesma intensidade permanentemente, como a sirene de uma fábrica. Está associado ao nosso sistema respiratório e vocal muito limitado, para não citar a nossa psicologia.

          Se um medidor de riso pudesse avaliar o mérito de um espetáculo, então o espetáculo ideal seria aquele que produzisse uma só e ininterrupta gargalhada. Consistiria, portanto, numa peça que não só não poderia avançar, mas nem mesmo começar. Na realidade, não existe uma proporção estabelecida entre o contentamento e a duração do riso audível. Mas riso a menos é melhor que riso a mais.

          E a propósito: com que freqüência escutamos realmente o riso? É um som bastante feio. Quantas vezes olhamos para as pessoas enquanto riem? Não é um bonito panorama. E quão pouco se ri no palco, no bom teatro! O lugar para o riso é a platéia. Talvez o motivo seja porque na platéia ninguém é observado. As pessoas vêem os atores, que raramente riem e, quando o fazem, é principalmente para efeitos negativos. Há poucos dias abri uma revista e deparei com um rir sumamanet expressivo da face de um ator. A legenda informou-me que se tratava de Gustav Gründgens...no papel de Mefistófeles!?

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Textos para Estudo


O interrogatório

Peter Weiss

Testemunha 8 - Quando me tiraram da barra, Boger disse: “Agora você está preparado para uma feliz viagem ao céu”. Fui levado para uma cela do bloco 11, onde fiquei esperando horas e horas a minha execução. Não sei quantos dias fiquei ali. Meus testículos arroxeados incharam brutalmente. Na maior parte do tempo permaneci em estado de coma. Depois, fui conduzido para a sala das duchas, junto com outros presos e nos fizeram tirar as roupas. Marcaram nossos números no peito com tinta azul. Eu sabia que isso era a condenação à morte. Depois que estávamos nus e em fila, o chefe do setor de Informações perguntou quantos mortos devia contabilizar. Assim que ele saiu fizeram uma recontagem e perceberam que havia um a mais. Eu tinha aprendido a me colocar sempre no último lugar da fila. Fui separado dos outros com um pontapé e me devolveram as roupas. Eu deveria voltar para a cela e aguardar a próxima fornada, mas alguém me levou para a enfermaria. Também acontecia, que um ou outro, tivesse o destino de sobreviver. Eu fui um desses.

Sugestão para estudo

O trecho encerra o Canto 3. Nele o autor alemão reconstitui - de forma fantasiosa e não esquemática - um tribunal onde estão sendo julgados criminosos nazistas. A testemunha relata como conseguiu escapar e o citado médico Boger está presente. Já se passaram alguns anos, mas é evidente que as lembranças atrozes permanecem.
A maior dificuldade de se interpretar um texto como este consiste na busca do equilíbrio entre emoção e objetividade. Se o ator narrar friamente os fatos, pode sugerir que já superou o trauma ou que se encontra num estado emocional em que nada mais pode atingí-lo. Se, por outro lado, optar pela emotividade, sua contribuição será menos contundente, pois todos os envolvidos - juíz, promotor, advogados etc. - precisam da maior clareza possível para avaliar o grau de culpabilidade dos réus e assim determinar sua justa punição.

Por uma tarde fria

poema de Ana Amélia Carneiro de Mendonça

Há dias, ao passar por uma rua, encontrei por acaso uma mulher.

Uma infeliz qualquer levando pela mão uma criança nua.

Eu andava sem pressa, vagamente, por essa tarde fria.

Tinha um vestido quente, luvas espessas,

E trazia por sobre os ombros, negligente,

Desnecessária, por vaidade, enfim,

Uma pele forrada de cetim.

Vendo esse estranho grupo de miséria, a mãe esfarrapada,

Tendo no olhar de transparência etérea todo um romance de desgraça,

E a criancinha delicada que, na rude nudez, só ganha em graça, mas que treme de frio,

Senti um íntimo arrepio, uma vergonha singular de não ter frio,

Por essa tarde fria de cortar.

Sugestão para estudo

          Uma das maiores dificuldades encontradas pelo estudante de teatro diz respeito à interpretação de poemas. E a dificuldade se agrava ainda mais quando há rimas muito marcadas, pois então aumenta o risco de se enveredar por um caminho declamatório, com resultados quase sempre artificiais. Como aqui tratamos de teatro - e um poema não deixa de ser um texto dito por alguém para outra pessoa -, julgamos que o aluno deve estabelecer as mesmas premissas que faria no caso de um “texto comum”:

- Quem eu sou.

- Aonde estou.

- O que estou fazendo.

          Ou seja: na medida do possível, criar um personagem que poderia estar dizendo aquelas palavras; em seguida, situá-lo em algum contexto; e finalmente, estabelecer uma razão para ele estar falando aquele poema ou poesia. Tais “cuidados” podem sem dúvida dar maior segurança ao aluno, que também jamais deve se esquecer de que uma história está sendo contada, ainda que em versos de rima rigorosa.

No momento não estou

Elisa Lucinda

          Olhando a cara dos dias, vejo como é sórdida tua secretária eletrônica: Ela mente pra mim na mesma tônica: doublé de seu medo...Vou te contar um segredo: Eles venceram. Venceu a mesquinharia, a pequeneza, a teoria rasa, a safadeza...No meio da luta, você preferiu ser o nêgo filho da puta da história que escreveram pra você encenar, da promessa que fizeram pra você cumprir, pra você pagar. Essa noite, sua covardia repete o açoite: aceita a mesma escravidão pra te enganar. Ai, como é mórbida tua secretária eletrônica, roubou meu batom e no mesmo tom me diz que você não está. Como uma armadilha de sonora trilha, pede um recado após o sinal...Não dou! Antes disso terá um longo curto-circuito entre as pernas, essa tua secretária calhorda, essa tua secretária moderna, tão sonsa, tão palerma. Ligada por ti pra te sacanear! Acionada por ti pra te carear os dentes da alma e depois te pede pra sorrir pra sua própria demência. Uma ridícula dona de casa chamada Ausência!

Sugestão para estudo

          Talvez seja correto afirmar que Elisa Lucinda escreve poesias para serem ouvidas, tamanha é a teatralidade nelas contida - isto não significa, bem entendido, que não possam ser apreciadas quando apenas lidas. Assim, quase todas elas oferecem excelentes oportunidades para um ótimo trabalho de interpretação. A que selecionamos na presente edição, focaliza com sensibilidade uma série de queixas amorosas e, de quebra, investe contra esse abominável aparelho denominado secretária eletrônica, permanente fonte de desgostos e frustrações.

          Vamos, portanto, fazer com que a poesia aconteça, imaginando quem seria a mulher que se lamenta e acusa; em seguida, uma circunstância que confira credibilidade ao desabafo - a personagem está sozinha, fala na secretária eletrônica, está escrevendo uma carta?. E finalmente, trabalhar as idéias e sentimentos com a maior carga possível de verdade e emoção. Quem sabe a pessoa do outro lado desliga a secretária e atende?


Aprendiz de feiticeiro

Maria Clara Machado

Uranus (Ao telefone) - Alô? Sim, pode fazer a ligação! O que terá acontecido? Será que rejeitaram de novo? Barnard? Como vai passando, amigo? Yes. O que? Bem, acabei de aperfeiçoar minha nova fórmula de crescimento das laranjas. Não, melancias, meu caro! Do tamanho de melancias! Agora vou partir para as euforbiáceas. Necessidade nacional. Yes, nós temos bananas. Também estou cuidando. Não, não quero saber mais de transplantes. Deixo isto para vocês. Bem, ainda tenho a técnica de transplante da massa cinzenta. Não, desanimei. Há muita rejeição. Experimentei num burro e para te confessar humildemente a verdade, ele ficou ainda mais burro. Empacou e depois empacotou. Fiquei com fastio de transplante. Você sabe, o burro era de estimação. Pelo contrário, Barnard, a fórmula pode tornar-se muito perigosa, porque, se de um lado acentua as qualidades, por outro acentua também os defeitos. Se o paciente tem tendência a burro ficará ainda mais burro. Rejeição da massa cinzenta é coisa corriqueira, você sabe, o hipotálamo tem suas exigências. Bem. O que? Hoje? Oh! Meu deus! Está bem. Sei. Bem, Barnard, tomarei o próximo avião. Recomendações à senhora Barnardina. Sim, sim, levarei. Good By!

Sugestão para Estudo

           O Dr. Uranus é um sábio dedicado ao estudo de fórmulas capazes de fazer crescer os alimentos. Quando parece estar quase chegando à equação perfeita, recebe o telefonema de Christian Barnard, médico sul-africano pioneiro nos transplantes de coração. É claro que a autora aproveita o recente (na época) avanço da medicina para fazer uma hilariante brincadeira. Assim, é importante transmitir tanto a paixão de Uranus pela ciência como seu humor, em especial no tocante à burrice. Sem esquecer, naturalmente, de que o personagem está falando ao telefone, o que pressupõe pausas a serem preenchidas com variadas reações.

O Mambembe

Arthur Azevedo

Frazão - E levo esta vida há trinta anos! Pedindo hoje, pagando amanhã, tornando a pagar, sacando sobre o futuro com a hipoteca do ganho, com as alternativas da fortuna, sempre de boa fé e sempre receoso que duvidem de mim, porque sou cômico, e ser cômico, vem de longe. Mas por que persisto? Por que não fujo à tentação de andar com o meu mambembe às costas? Perguntem às mariposas porque se queimam na luz...Perguntem aos cães porque não fogem quando avistam de longe a carrocinha da Prefeitura! Mas não perguntem a um artista de teatro porque não é outra coisa senão artista de teatro...Isto é uma fatalidade que nos condena o nosso próprio temperamento. O jogador é infeliz porque joga? O fraco bebedor porque bebe? Também isto é um vício terrível porque ninguém considera vício e, portanto, é confessável, não é uma vergonha, é uma profissão que absorve toda a atividade, toda a energia, todas as forças. E para quê? Qual o resultado de todo esse afã? Chegar desamparado e paupérrimo a uma velhice cansada! Aí está o que é ser artista no Brasil!

Sugestão para estudo

          O trecho selecionado constitui uma das análises mais dramáticas, lúcidas e líricas do que seja a paixão de representar. Aqui, o que importa é tentar viver, com o máximo de verdade, os sentimentos implícitos nesta reflexão. Sem pressa. Descobrindo uma a uma as frases, como se estas ocorressem no momento de serem enunciadas. E dirigindo-as a um interlocutor imaginário, como se o personagem estivesse respondendo a uma pergunta. O texto, no fundo, não deixa de ser uma confissão. E isto pressupõe um ouvinte.

Lucrécia, o veneno dos Bórgia

Paulo César Coutinho

(O monólogo que se segue constitui o prólogo. Maquiavel faz uma reverência e apresenta-se ao público)

Maquiavel - Nicolau Maquiavel, escritor, dramaturgo, filósofo, historiador. Mas, nos dias que correm, prestígio não enche barriga. Tive mesmo é que me empregar como secretário particular de César Bórgia. Nenhum problema, estava em boa companhia. Sob o mesmo teto havia empregados como Michelangelo. Além do salário, o emprego trazia vasntagens adicionais para um cronista da época. Viagens aos cenários de guerras. Acesso à intimidade do poder, testemunhando as intrigas palacianas, no palco mesmo das decisões. A confiança de personagens-chave, abrindo o precioso cofre de suas confidências. O registro de acordos e documentos, na hora em que eram feitos e desfeitos. Enfim, espectador privilegiado, e ator nos bastidores desse espetáculo, que é a História. Pois, como todos sabem, a política é a arte de enganar os outros, sem que eles percebam, e sem deixar vestígios. Meu patrão, César Bórgia, era uma eterna fonte de inspiração e sua irmã, de permanente fascínio. Eu conheci Lucrécia Bórgia! Hoje, se falam horrores dessa dama. Posso garantir que tudo que se diz dela...ainda é pouco. Lucrécia era excessiva, uma pérola cultivada. Exerceu como poucos a virtude do vício, não sendo desprovida de talentos e sentimentos contraditórios. Naquele tempo, não importavam os meios, quando os fins eram o poder, a riqueza e a glória. Talvez os senhores achem difícil de compreender, vivendo numa época tão diferente. Os Bórgia tinham a ambição como um refinamento do espírito. A família era muito unida...O papa adorava seus filhos, sobretudo Lucrécia...

Sugestão para estudo

          O texto define em linhas gerais o caráter do personagem e seus principais objetivos, assim como situa a platéia no contexto da narrativa. A fala é dita para o público, e o aluno deve evitar maiores atropelos e tentar valorizar todas as informações. Algumas delas, como se percebe, repletas de ironia.

Versos íntimos

Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Sugestão para estudo

          Versos íntimos tem como tema central a ingratidão. Seu tom é amargo, sombrio, ainda que se perceba uma certa ironia, ainda que desesperada. Como o texto nos leva a crer que uma pessoa se dirija a outra, talvez seja interessante para o aluno criar um contexto, ou seja, imaginar um personagem que fale com alguém. Ou quem sabe o próprio, falando consigo mesmo, diante de um espelho. Mas o fundamental é trabalhar cuidadosamente cada intenção, de preferência de forma lenta, a fim de valorizar todos os conteúdos propostos.

Briga no beco

Adélia Prado

Encontrei meu marido às três horas da tarde

com uma loura oxidada.

Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.

Ataquei-os por trás com mão e palavras

que nunca suspeitei conhecesse.

Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,

gritei meu urro, a torrente de impropérios.

Ajuntou gente, escureceu o sol,

a poeira adensou como cortina.

Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,

sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêma-ofendida,

uivava.

Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.

Quando não pude mais fiquei rígida,

as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,

eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,

as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.

Desde então faço milagres.

Sugestão para estudo

          O poema tem como sentimento primordial a indignação. Mas deve-se ter cuidado para não imprimir à narrativa um ritmo muito acelerado, pois aí corre-se o risco de não valorizar suficientemente as poderosas imagens criadas por Adélia Prado.

O guardador de rebanhos

(XLVIII)

Fernando Pessoa

Da mais alta janela da minha casa

Com um lenço branco digo adeus

Aos meus versos que partem para a Humanidade

E não estou alegre nem triste.

Esse é o destino dos versos.

Escrevi-os e devo mostrá-los a todos.

Porque não posso fazer o contrário

Como a flor não pode esconder a cor,

Nem o rio esconder que corre,

Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência

E eu sem querer sinto pena

Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os lerá?

Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.

Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.

Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.

Submeto-me e sinto-me quase alegre,

Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!

Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.

Murcha a flor e o seu pó dura sempre.

Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.

Sugestão para Estudo

           O poema, escrito por Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) exibe uma espécie de alegria melancólica, algo resignada. Portanto, deve ser dito sem maiores arroubos, num tom calmo, mas nem por isso isento de emoção.

Sem título

Martha Medeiros


foram exatos treze segundos

mais do que dura um orgasmo

menos que um comercial de tevê

“Não posso mais viver com você

me apaixonei por outra mulher”

você disse pausado, com a voz embargada

e levou treze segundos

pra dizer duas frases

tivesse mais pressa ou menos remorso

teria sido mais rápido

mas você estava angustiado

e levou treze segundos

pra desocupar meu lugar

como quem desfaz um negócio

tivesse escrito uma carta

haveria de ser mais sutil

tivesse telefonado

seria obrigado a um olá e a um adeus

mas olhando nos olhos

e sem divórcio ou fiasco

mudaste em treze segundos meu estado civil

desarrumando a vida

que eu tinha inventado

Sugestão para estudo

           Extraída do volume De cara lavada, cuja leitura recomendo com entusiasmo, esta poesia (sem título, como todas as demais que integram o livro) tem um tom ao mesmo tempo amargo e irônico, sendo que a ironia funciona como uma espécie de analgésico contra a dor da separação. Ao trabalhar a poesia, há que se levar em conta também o fator tempo, que sem dúvida tem o poder de amenizar o peso de recordações penosas.

O jardim das cerejeiras

Anton Tchecov

Lopakhin - Sim, fui eu. Um minuto, esperem um pouco, estou com a cabeça tonta, nem posso falar direito. (Ri) Quando chegamos para o leilão, o Deriganov já estava lá. Leonid Andreievitch só tinha 15 mil rublos, o Deriganov foi logo oferecendo 30 mil, além das dívidas. Vendo isso, me atraquei com ele, ofereci 40; ele, 45; eu, 55. Ele ia subindo 5 mil de cada vez e eu subia 10 mil. E acabou. Dei 90 mil, além das dívidas, o martelo bateu pra mim! O jardim das cerejeiras é meu agora! Meu! (Ri às gargalhadas) Santo Deus! Vocês podem dizer que eu estou bêbado, maluco, que estou sonhando. (Bate com os pés) Mas não riam de mim! Se meu pai e meu avô saíssem da cova para ver tudo isso que aconteceu, para ver como seu Iermolai, que levou tantas surras, que andava descalço na neve, como um miserável, analfabeto Iermolai comprou a fazenda mais linda que há neste mundo! Comprei a fazenda onde meu pai e meu avô foram servos, não podiam entrar na cozinha! Vai ver que estou dormindo, sonhando, só pode ser mesmo um sonho! (Ouve-se a orquestra afinando os instrumentos) Toquem, maestros, eu quero ouvir! Venham todos ver como Iermolai Lopakhin vai sentar o machado nas cerejeiras, venham ver as árvores caindo! Vamos construir casas aqui. E nossos netos e bisnetos hão de ver surgir uma vida nova! Música! Vamos!

Sugestão para estudo

           Esta cena, que ocorre no final do 3º ato, é a mais dramática desta obra-prima de Tchecov. Filho e neto de servos, e atualmente rico comerciante, Yermolai Lopakhin acaba adquirindo a fazenda de Liubov Andreievna, após tê-la advertido várias vezes de que vender a propriedade era a única saída para saldar suas dívidas. A grande dificuldade desta passagem, aqui um pouco reduzida, reside na dualidade de emoções do personagem. Se por um lado ele está orgulhoso de seu feito, por outro sabe o que ele representa para aquela família, a enorme dor de ter que se desfazer da fazenda, símbolo de uma aristocracia decadente que será irremediavelmente substituída pela burguesia ascendente. O ator, ao representar este monólogo, deve imaginar que está rodeado pelos membros da família, que acompanham atônitos os fatos que ele narra.

(Para entender melhor o contexto, recomendamos a leitura da peça, à disposição no nº 163 dos Cadernos de Teatro)


18 de julho

Goethe

           Wilhelm, o que seria de nosso coração num mundo sem amor? O mesmo que uma lanterna mágica sem luz! Mal você coloca a lâmpada lá dentro, aparecem as imagens multicoloridas em sua parede branca! E mesmo que isso não passe de uma ilusão passageira, continuará fazendo a nossa felicidade, sempre que estivermos diante dela, como jovens inocentes, encantados com as maravilhosas aparições. Hoje não pude ir à casa de Lotte, impedido por uma reunião inevitável. Que fazer? Mandei o meu criado até lá, só para ter alguém ao meu lado que tivesse estado perto dela hoje. Com que impaciência o esperei, com que alegria o vi chegar! Teria agarrado-o pela cabeça e beijado-o, se a vergonha não tivesse me impedido.

Dizem que a pedra de Bolonha, quando exposta ao sol, absorve os seus raios e depois brilha algum tempo durante a noite. Foi isso que aconteceu com o rapaz. A sensação de que os olhos dela haviam pousado em seu rosto, nas suas faces, nos seus botões e na gola de seu sobretudo, tornava-o, para mim, tão sagrado, tão precioso! Nesse momento, não teria vendido o rapaz nem por mil táleres. Senti-me tão bem em sua presença. Deus queira que você não ria disso. Wilhelm, é ilusão quando nos sentimos felizes?

Sugestão para estudo

          O trecho foi extraído de Os sofrimentos do jovem Werter, considerado o mais famoso romance da literatura alemã. Escrita em forma de cartas, a obra gira em torno de uma grande paixão, cujo limite é a própria morte. Aqui, o protagonista escreve a um amigo tentando transmitir seu estado de absoluta felicidade, motivada pela paixão que sente por Lotte. Portanto, o que importa é tentar ao máximo transmitir o arrebatamento do personagem, expresso de forma ao mesmo tempo simples e magistral pelo gênio alemão.

Fragmento de um discurso insano

Lionel Fischer

           Os assassinos vasculham os becos. Colam-se às paredes das esquinas à espera de possíveis vítimas. Os policiais sentem cheiro de sangue, que os desperta de seu tédio e os lança à ronda. E nada mais importa. Todos cedem seus lugares para que o estranho espetáculo se consume. Do outro lado do muro, gêmeos vitelinos se olham cheios de medo e ódio. E se ameaçam com alfinetes de prata. As senhoras dormem abraçadas a seus maridos à espera de que sonhos as libertem. E as mocinhas se masturbam com seus cães de caça. E meus olhos brilham e enchem de luz essa cidade morta. Esses caminhos gastos que desconhecidos percorrem arrastando suas próprias vidas. E que conduzem a nada. Um vagabundo demente, bêbado e miserável conta sua história. Se confessa inocente dos crimes imputados e faz escárnio dos homens. Nesse momento, as almas sujeitas à humilhação constante, os pequenos homens indefesos, dançam uma dança lenta e irreal. E cantam músicas que pouca gente conhece. É a hora em que os murmúrios se insinuam pelos cantos. Pelas escadarias de cobre. Pelas consciências adormecidas. Intactas. Na noite ainda e por um breve instante, ele sorriu de frio e se encolheu de nojo. Rodou as quadras e quebrou as lâmpadas. Promoveu tumultos e insultou os donos. E já de manhãzinha ele caiu de quatro. E se sentiu só. Para que a platéia risse e cuspisse de prazer na nuca dos vizinhos. Para que gengivas se arreganhassem e descobrissem dentes verdes, cheios de limo. E no final de tudo, nada além de um rosto de vidro que se debruça sobre as folhas. E se estende, exausto, em seu leito de improviso. E chora de raiva diante de todo esse engano. Mas um dia, o animal feroz, encurralado, se libertará. Não para uma caminhada tranqüila, mas rumo à autodestruição. Numa revolta breve e inconseqüente, que não servirá de modelo ou ganhará adeptos. Mas que nos dará paz. Ao menos isso...Paz.

Sugestão para estudo

          O presente texto retrata a impressão que tive, numa fria noite de inverno em Paris, em 1977, de um homem meio maltrapilho que ficou me observando durante um certo tempo, enquanto eu, por minha vez, observava o Sena. Não se trata, portanto, de um personagem, no sentido óbvio do texto, e este não passa de uma especulação de minha parte. Mas o aluno pode imaginar uma figura estranha, o ar meio enlouquecido, que talvez pudesse estar pensando algo como o formulado.

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

BRITISH COUNCIL PROMOVE DEBATE NA BIBLIOTECA NACIONAL


EVENTO: Bate papo sobre Literatura Contemporânea

DATA: 06 de novembro

HORÁRIO: 18h

LOCAL: Fundação Biblioteca Nacional

ENDEREÇO: Espaço Cultural Eliseu Visconti - Auditório Machado de Assis. Rua México, s/nº — Acesso pelo jardim — Centro.

O credenciamento deverá ser realizado até AMANHÃ (06), às 15h, pelos e-mails:

ingrid.boiteux@approach.com.br e maria.colombo@approach.com.br

          O British Council e a Biblioteca Nacional promovem nesta terça, dia 6, às 18h, por ocasião da FLUPP, um debate sobre as oportunidades e relações entre o Reino Unido e o Brasil e a literatura contemporânea nos dois países. Participarão Susan Nicklin, diretora de literatura do British Council; Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco; e o presidente da Biblioteca Nacional Galeno Amorim. Mediado por André Miranda, repórter do jornal O Globo, o evento será realizado na Fundação Biblioteca Nacional (Espaço Cultural Eliseu Visconti - Auditório Machado de Assis - Rua México, s/nº — Acesso pelo jardim — Centro).

          O debate é uma prévia do que será apresentado pelo British Council por meio do seu programa de artes, o TRANSFORM — durante os três dias de FLUPP. O objetivo é reforçar a presença britânica no Brasil e inspirar o intercâmbio de talentos entre essas nações e, para isso, foram convidados três autores britânicos: Yvvette Edwards, Kei Miller e Naomi Alderman. Para acessar a programação britânica na FLUPP acesse www.flupp.org.br

Ingrid Boiteux

Approach

(21) 3461-4616 - r.110 / (21) 8331-9343

(11) 3846-5787

(61) 3306-2010

Skype: ingrid.boiteux

www.approach.com.br
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Teatro/CRÍTICA

"Plath, um mar se move em meus ouvidos"

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A dor de existir


Lionel Fischer


Poeta, contista e romancista, a norte-americana Sylvia Plath (1932-1963) é reconhecida pricipalmente por sua obra poética, com destaque para "Ariel" (obra póstuma), e "Poemas", que me parece que serviram de suporte para o presente espetáculo. A autora também escreveu o romance "A redoma de vidro", de cunho autobiográfico, com o pseudônimo de Victoria Lucas, no qual aborda, dentre outros temas, sua luta contra a depressão. Plath suicidou-se em Londres - tomou uma grande quantidade de narcóticos e enfiou a cabeça dentro do forno. 

Em cartaz na Sala Henrique Roxo (IPUB/UFRJ), "Plath, um mar se move em meus ouvidos" tem dramaturgia assinada por Maurício Arruda de Mendonça e marca a estreia como diretora da atriz Ana Lucia Torre. No elenco, Natasha Corbelino (idealizadora do projeto) e Susanna Kruger. Também participaram da pesquisa a psiquiatra e psicanalista Silvia Jardim, a psicanalista Marci Dória Passos, o poeta Ramon Mello e a estudante Gabriela Dottori.

Mesmo não sendo psiquiatra ou psicanalista, pelo que li da obra de Plath e conheço de sua história pessoal, ouso arriscar um diagnóstico, que provavelmente fará rir os especialistas: a dor de existir. Eu modestamente a defino como um estado imune a todos os tratamentos, posto que nada tem a ver com angústias definidas ou mazelas advindas dos clássicos conflitos que todos temos que enfrentar. É algo ligado a um permanente desconforto, a uma sensação de que nada pode ser suficiente, que coisa alguma é capaz de preencher o vazio que o tempo só faz esgarçar. Na peça "Caligula", de Albert Camus, o imperador enlouquece porque não pode ter a lua, ou seja, o impossível. Não sei que luas Sylvia Plath desejaria possuir, mas certamente não lhe foram acessíveis.

Maurício Arruda de Mendonça escreveu um belo texto, que basicamente gira em torno de múltiplas dualidades da artista. Como ser mãe e esposa dedicada, e ao mesmo tempo criar uma obra potente e universal? Como equacionar impulsos tão contraditórios que a habitavam? Poderia a melancolia ser transcendida através da poesia? Enfim...essas e muitas outras questões estão presentes no texto, que utiliza como fio narrativo a própria obra de Plath, gerando um resultado de grande impacto existencial e poético. 

Com relação ao espetáculo, Ana Lúcia Torre impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico. Na pequena sala-anfiteatro em que se dá a ação, as brancas paredes estão preenchidas por palavras, frases e fragmentos de poemas, sendo que ao longo da montagem palavras são apagadas (às vezes literalmente arrancadas) e outras escritas - sem dúvida uma bela metáfora do permanente processo de negação e afirmação que imagino que assolava a escritora.

E sendo Ana Lúcia Torre uma excelente atriz, em nada me surpreende que tenha extraído ótimas atuações de Natasha Corbelino e Susanna Kruger. Ambas evidenciam não apenas grandes recursos expressivos, mas sobretudo notável capacidade de entrega a um universo impregnado de dor, perplexidade e desamparo. E também exibem aquele tipo de contracena que só existe quando os intérpretes acreditam inteiramente na validade do texto e do espetáculo, e confiam plenamente um no outro. Como sustenta Peter Brook, o teatro é a arte do encontro. E é sem dúvida belo e poderoso o encontro entre Natasha Corbelino e Susanna Kruger.

Na equipe técnica, já mencionei a bela e expressiva ambientação, a cargo de Nena Balthar e Lucia Vignolli. Mas cabe também ressaltar a ótima direção de movimento de Fabianna Mello e Souza, a expressiva iluminação de Ana Kutner, a instigante trilha sonora de Rafael Rocha e o charmoso programa criado por Luciana de Oliveira.

PLATH, UM MAR SE MOVE EM MEUS OUVIDOS - Texto de Maurício Arruda de Mendonça. Direção de Ana Lucia Torre. Com Natasha Corbelino e Susanna Krugger. Sala Henrique Roxo (IPUB/UFRJ). Sábado às 21h, domingo às 19h.

 


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A CONSCIÊNCIA VOCAL AO ALCANCE DE TODOS


Dias: 05, 12, 19 e 26 de novembro

Local: Sala Municipal Baden Powell – Av. Nossa Sra. de Copacabana, 360 - Copacabana/RJ Tel: 21 2255.1067

Horários: às 2ªs f, das 9h às 11h (turma 1: dias 5 e 12 de novembro; / turma 2: dias 19 e 26 de novembro)

Capacidade: 500 participantes por aula

          A platéia da Sala Municipal Baden Powell estará aberta aos interessados. Vagas para ouvintes limitadas à lotação do teatro.
Reservas antecipadas pelo e-mail: conscienciavocal@gmail.com

          Hilton Prado, ator, cantor, preparador vocal, professor de canto e criador do método “CANTO AO ALCANCE DE TODOS”, que vem desenvolvendo há 40 anos, ministra em novembro, no Rio, gratuitamente, o workshop “A CONSCIÊNCIA VOCAL AO ALCANCE DE TODOS”. A técnica de Hilton Prado, pai da atriz Giovanna Antonelli, vem beneficiando há decadas atores, cantores e todos os profissionais que fazem uso da voz em público. Pelo seu estúdio já passaram atores como Zezé Polessa, Caio Blat, Herson Capri, Sabrina Korgut, Francisco Cuoco, Eduardo Moscovis, Vera Zimerman, Giovanna Tominaga, Nivea Stelman, Danielle Winits, Mila Moreira, Mauricio Mattar, Carla Diaz, Fabricio Negri, a jornalista Regina Martelli, Guto Goffi (Barão Vermelho), o capoeirista Beto Simas e a própria filha Giovanna Antonelli, entre outros.

          Estas aulas, que têm como objetivo trabalhar o aluno na conscientização da emissão vocal em variadas circunstâncias e profissões, tem um formato de “master class”, em que os ouvintes terão muito a aprender assistindo às demonstrações práticas e exercícios e, inclusive, poderão participar em diversos momentos, já que Hilton vai interagir com o público.

          O workshop será oferecido a 1.000 participantes. Divididos em 2 turmas de 500 (este número corresponde à capacidade da Sala Baden Powell), cada turma receberá 2 aulas de 2 horas de duração cada uma, totalizando 4 horas/aulas em duas semanas, durante o mês de novembro.

          Diante do grande número de profissões que dependem do uso da voz em suas atividades, e da grande incidência de problemas e dificuldades vocais que por vezes levam à impossibilidade do exercício profissional, a proposta de Prado é preparar seu aluno preventivamente, evitando muitas vezes tratamentos de saúde complexos e prolongados ou até mesmo danos irreversíveis no aparelho vocal.

          Utilizando este método, o profissional poderá adquirir ferramentas para o exercício confortável da sua atividade profissional através de uma emissão vocal consciente e segura, prevenindo assim eventuais seqüelas e danos causados pela má utilização da voz.

          O curso pretende ainda preparar profissionais multiplicadores, ou seja, instrumentalizar os alunos para que possam transmitir a técnica a outros profissionais, colegas de trabalho, depois de concluído o curso.

Público-Alvo

- Profissionais das Artes Cênicas (teatro e dança): professores, diretores, atores;

- Outros Profissionais da Voz: cantores, locutores, professores, médicos, políticos, telefonistas e afins.
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