segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Teatro/CRÍTICA

"GALÁXIAS I: Todo esse céu é um deserto de corações pulverizados"

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Bela reflexão sobre o sentido da vida


Lionel Fischer


"Ao mesclar referências de ficção científica, de registros documentais e TEDs de ciência e tecnologia, o espetáculo acompanha as investigações distópicas de um professor-pensador que busca desvendar, através de uma série de cartas, palavras e vídeos, o enigma da existência da vida na Terra, assim como uma possível mensagem que o Sistema Solar teria enviado a toda a Humanidade. Em paralelo às buscas do professor, há o cotidiano do irmãos JP e Zooey, que também se relacionam com as buscas e descobertas desse pensador, refletem sobre as condições da vida na Terra e buscam, cada um ao seu modo, encontrar - ou inventar -sentidos que sustentem as suas próprias existências".

Extraído do ótimo release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza o contexto em que se dá "GALÁXIAS: Todo esse céu é um deserto de corações pulverizados", baseada nos textos "Sol artificial", "Os eletrocutados" e "Floresceram os neons", do argentino J. P. Zooey, e em outros de Luiz Felipe Reis. Este responde pela direção e dramaturgia, sendo que a última contou com a colaboração de Ciro Sales, Fernanda Bond e Julia Lund. Mais recente trabalho da Polifônica Cia., o espetáculo está em cartaz no Mezanino do Sesc Copacabana. No elenco, Leo Wainer (professor), JP (escritor) e Julia Lund (atriz) - os dois últimos são casados.

Antes de iniciar a análise do presente espetáculo, permito-me explicitar dois momentos curiosos. O primeiro: tão logo me acomodei no lugar que escolhi, e pelo qual nutro particular afeto - a primeira cadeira da última fila -, o diretor Luiz Felipe Reis me sugeriu que sentasse "um pouco mais perto". Assim o fiz. Uma vez acomodado um pouco mais perto, ao contemplar o cenário meu olhar foi magnetizado por um cartaz de "A classe morta", espetáculo dirigido pelo polonês Tadeuz Kantor com o grupo Cricot 2. E isso me causou inesperada e emocionante regressão.

Estava em Paris, em 1977 (Meu Deus, como o tempo passa!), estudando improvisação com o alemão Wolfrang Mëring. Eis que se inicia o Festival de Outono, que me propiciou entrar em contato com dois gênios e as montagens que ali exibiram - Eugenio Barba ("O livro de danças") e Tadeuz Kantor ("A classe morta"). E como a vida às vezes se revela extremamente generosa, tive o privilégio adicional de ser aceito em seminários capitaneados pelos dois mestres. E, finalizando esta breve digressão, gostaria de dizer que ambos os espetáculos se inserem entre os melhores que já assisti. Mas voltemos ao Mezanino.

Qual seria a razão de constar da cenografia o cartaz de "A classe morta"?. Uma delas seria meramente prosaica: a personagem de Julia Lund é atriz e ela pode ter assistido a uma montagem da peça, ou tê-la visto em vídeo etc. No entanto, creio haver uma outra possibilidade. Dentre os muitos sentimentos em mim gerados pelo espetáculo de Kantor, talvez o principal tenha sido uma terrível sensação de inadequação, de impossibilidade de encontrar algum sentido para o ato de existir, ainda que recorrendo a conjecturas metafísicas, filosóficas ou religiosas. E aqui, ao menos em alguma medida, se dá algo parecido.

Se por um lado o professor busca desvendar o enigma da existência da vida na Terra, apoiando-se em uma possível mensagem do Sistema Solar, os dois outros personagens também tentam encontrar razões para o ato de existir, só que suas angústias estão mais atreladas ao real da vida. Ou seja: todos padecem de uma desesperadora ânsia que talvez jamais possa vir a ser saciada. No entanto, não renunciam a ela, postura que me parece extremamente salutar, posto que não existe nenhuma possibilidade de transformação que não tenha em sua origem um profundo desconforto.

Não posso precisar quais os textos do autor argentino e quais os de autoria de Luiz Felipe Reis. Mas isso é o que menos importa, já que o que nos é ofertado é de excelente nível, tanto nas passagens em que o casal dialoga quanto naquelas em que, isoladamente, expõem o que talvez possa ser definido como uma espécie de vômito existencial. A mesma e dilacerada contundência se faz presente nos solilóquios do professor, cuja comovente angústia me fez torcer  para que encontrasse a tão almejada resposta que buscava.

Com relação ao espetáculo, consta do release - e a cena confirma - que o diretor empreendeu uma pesquisa estética sobre o conceito de "polifonia cênica", que busca estabelecer uma relação não hierárquica entre diferentes formas de arte na constituição do fazer teatral. E as relações aqui estabelecidas entre dramaturgia, concerto, instalações de vídeo e luz colaboram decisivamente para o fortalecimento dos múltiplos climas emocionais em jogo, cabendo destacar que, exceção feita à deliciosa e bem humorada passagem em que a atriz entra em cena vestida de macaco vinda de um teste para um comercial, todas as demais, ainda que em graus variados, geram um permanente desconforto e nos levam a refletir sobre o que estamos fazendo com nossas vidas e com a vida deste curioso planeta que habitamos.

No tocante ao elenco, Leo Wainer exibe uma das melhores performances de sua carreira, extraindo do professor todas as possibilidades do excelente e complexo personagem. Ciro Sales também convence plenamente na pele de JP, tendo apenas que tomar um certo cuidado nas passagens mais intimistas, quando seu tom de voz se torna quase inaudível. No papel da atriz, Julia Lund evidencia mais uma vez seus notáveis recursos expressivos, cabendo também ressaltar sua visceral capacidade de entrega. Trata-se, sem dúvida, de uma das mais talentosas atrizes de sua geração.

Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as colaborações de Ciro Sales, Fernanda Bond e Julia Lund (dramaturgia), Luiz Felipe Reis (tradução e adaptação dos originais), Lucas van Hombeeck (tradução adicional), Julio Parente e Reis (cenografia), Corja (projeções e iluminação), Pedro Sodré (direção musical), Sodré, Rogério da Costa Jr. e Rudah (composição, produção musical e banda), Luiza Mitidieri (figurinos), Bruno Drolshagen (design gráfico) e Gabriela Gaia Meirelles e Frederico Santiago (colaboração em vídeo). 

GALÁXIAS I: Todo esse céu é um deserto de corações pulverizados". Dramaturgia e direção de Luiz Felipe Reis. Com Leo Wainer, Ciro Sales e Julia Lund. Mezanino do Sesc Copacabana. Quinta a domingo, 20h.



quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Teatro/ CRÍTICA

"As Brasas"

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Dilacerante e inevitável embate



Lionel Fischer



"Ainda meninos, Henrik e Konrad se conheceram na escola militar, tornaram-se amigos inseparáveis e, ao longo dos anos, partilharam  descobertas e experiências. Eles não se veem há 41 anos, desde o dia em que Konrad desapareceu após uma caçada na floresta nos arredores do castelo de Henrik, em 1899, na Hungria.  Entre os dois, há um segredo que ronda o dia da caçada e as lembranças de Kriztina -  mulher de Henrik e amiga de  infância de Konrad. Após quatro décadas, Henrik, agora general, recebe uma carta do amigo informando estar de volta à cidade, levando-o a se preparar para esse tão aguardado confronto final".

Extraído (e levemente editado) do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo de "As Brasas", baseado no romance homônimo do escritor húngaro Sándor Márai (1900-1989). Duca Rachid e Julio Fischer respondem pela dramaturgia, que teve a colaboração de Pedro Brício. Em  cartaz no Teatro das Artes, a montagem leva a assinatura de Brício, estando o elenco formado por Herson Capri, Genézio de Barros e Nana Carneiro da Cunha (violoncelista).

Costuma-se dizer que o tempo apaga tudo. E quando isso não chega a acontecer, ao menos teria o poder de minimizar lembranças dolorosas. No presente caso, deu-se exatamente o contrário: ao longo dos últimos 41 anos, Henrik fez absoluta questão de jamais  esquecer um momento ocorrido durante a caçada, para o qual não  encontrou uma explicação plausível. Ele se recorda de um fato, a seu ver incontestável, mas ignora as motivações que o geraram. E nisso reside seu tormento e seu obsessivo desejo de reencontrar o amigo - e aqui faço a opção de não entrar em maiores detalhes, pois isso privaria o leitor e possível espectador de surpreendentes revelações.  

Em meu entendimento, um dos muitos méritos do presente texto reside no fato de o autor ter criado - magnificamente, diga-se de passagem - um personagem duplamente trágico. Se Henrik jamais reencontrasse Konrad, sua vida já teria sido impregnada de tormentosas dúvidas. No entanto, caso se desse o oposto, ele correria um risco ainda maior, posto que o esclarecimento das mencionadas dúvidas poderia gerar um sofrimento ainda maior. E é exatamente o que acontece.

Outro mérito do autor diz respeito à sua capacidade de abordar, com extrema profundidade, temas como o amor, a amizade e a lealdade. Ainda assim, sua maior virtude, em meu entendimento, está centrada na forma como investiga o poder do tempo no que concerne à memória, que tanto pode ser mantida intacta quanto progressivamente distorcida. No presente caso, Henrik tem absoluta certeza de que algo muito estranho ocorreu na caçada e por isso jamais renunciou ao desejo de esclarecer tudo. Mas teria esse fato efetivamente ocorrido? Ou será que Henrik pode ter interpretado erroneamente o breve momento vivido com seu amigo?

Tais questões, evidentemente, eu as transfiro para os espectadores e cada um chegará à própria conclusão. Seja como for, estamos diante de um ótimo texto, estruturado basicamente em cima de dois personagens e cujos embates adquirem extrema relevância pela forma com que foram materializados na cena. 

Por tratar-se de um texto cuja eficácia está atrelada ao trabalho dos intérpretes, Pedro Brício renunciou a dispensáveis mirabolâncias formais e impôs à cena uma dinâmica simples, mas nem por isso isenta de expressividade. Esta adquire peculiar vigor pela constante alternância espacial entre os personagens, que ora se aproximam a ponto de sugerir um iminente embate físico, ora se afastam como a indicar que o objetivo do encontro jamais se consumará. Outro mérito do encenador diz respeito à sua atuação junto ao elenco, do qual extrai ótimas performances.

No tocante a Herson Capri, de há muito o considero um dos melhores atores deste país. E tal avaliação transcende seus admiráveis recursos expressivos - excelente voz, grande expressividade corporal, inegável carisma e fortíssima presença cênica - e se apoia fundamentalmente em sua visceral capacidade de entrega a todos os personagens que encarna. E aqui, e para mim de forma incontestável, Capri exibe uma das melhores atuações de sua brilhante carreira. 

Genézio de Barros é um parceiro à altura de Herson, valorizando com potência e sensibilidade todas as nuances de um caráter tão atormentado quanto o de Henrik, ainda que por razões diversas, e forte o bastante para não se escusar a um confronto que ele também julga inevitável - do contrário, jamais reapareceria. A violoncelista Nana Carneiro da Cunha executa com maestria a bela música original composta por Marcelo Alonso Neves (também responsável pela direção musical) e suas intervenções faladas são sempre firmes e acertadas.  

No complemento da ficha técnica, Bia Junqueira assina uma cenografia simultaneamente grandiosa e decadente, em total sintonia com o contexto. Igualmente irrepreensíveis são os figurinos de Marina Franco e a sombria e claustrofóbica iluminação de Renato machado. Cabe também registrar a importante colaboração de Gaspar Filho como instrutor de esgrima.

AS BRASAS - baseado no romance de Sándor Márai. Dramaturgia de Duca Rachid e Julio Fischer, com a colaboração de Pedro Brício. Direção de Brício. Com Herson Capri, Genézio de Barros e Nana Carneiro da Cunha. Teatro das Artes. Quarta e quinta, 20h. Sexta, 21h.

  




terça-feira, 20 de novembro de 2018

FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA

Prezados amigos e colegas, fechando o ano de 2018, no dia 30 de novembro, às 18 h,  será analisado o emocionante filme: O FAROL DAS ORCAS,sobre um portador do Transtorno de Espectro Autista -TEA, dirigido e roteirizado por Gerardo Olivares (2016, 110 min.), cineasta espanhol. O filme é inspirado em uma história real a partir do livro escrito por Roberto Bubas: Agustín corazón abierto, cuja trama envolve Beto, um biólogo marinho que vive em uma reserva marítima na Península de Valdés, na Patagônia argentina, um homem solitário que trabalha em um Parque Nacional. Lola é mãe de um menino de onze anos que não interage, não fala, não se interessa por nada. Depois de ver o rapaz em um documentário da National Geographic, foi a primeira vez que ele sai de seu isolado mundo e se interessa por algo. Motivada, a mãe vai com o filho para Argentina em busca de ajuda. Um pouco relutante, ele concorda em ajudar Tristán. O filme mostra uma natureza magnífica em um ambiente inóspito, tornando mínimo o ser humano diante da grandeza do mundo das orcas.
Assim, na última sexta-feira do mês, na Sala Vera Janacópulos da UNIRIO, analisaremos e discutiremos a película, em seus múltiplos aspectos e prismas diversos. Como sempre, aguardamos todos vocês para mais um debate e contamos com a divulgação aos amigos e aos interessados no viés cultural e psicanalítico.  Um grande abraço de Ana Lúcia de Castro e Neilton Silva.
SERVIÇO:
DATA: 30 DE NOVEMBRO DE 2018.
HORÁRIO: FILME: 18 h; ANÁLISE E DEBATE: 20 h às 22 h.
LOCAL: SALA VERA JANACÓPULOS – UNIRIO
ENDEREÇO: AV. PASTEUR, 296. URCA.
ANÁLISE CULTURAL: PROF. DRA. ANA LÚCIA DE CASTRO
ANÁLISE PSICANALÍTICA: DR. NEILTON SILVA
ENTRADA FRANCA - INFORMAÇÕES: forumpsicinema@gmail.com
NOTA: Quem se interessar em adquirir o livro: Fórum de Psicanálise e Cinema: 20 filmes analisados, de autoria de Ana Lúcia de Castro e Neilton Dias da Silva, ele se encontra à venda nos dias do FÓRUM ou através da editora Letra Capital.
HISTÓRICO: O FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA FOI CRIADO EM 1997, COMO UM PROJETO CIENTÍFICO DA ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA RIO 3, PELO ENTÃO PRESIDENTE, DR. WALDEMAR ZUSMAN, E PELO DIRETOR DO INSTITUTO, DR. NEILTON DIAS DA SILVA. DESDE 2004 PASSOU A CONTAR COM A PARTICIPAÇÃO DA MUSEÓLOGA E PROFESSORA DA UNIRIO, DRA ANA LÚCIA DE CASTRO, RESPONSÁVEL PELAS ANÁLISES CULTURAIS DOS FILMES. CELEBRAMOS OS 14 ANOS DO FÓRUM E A PARCERIA DA SPRJ COM A UNIRIO PARA SEDIAR O PROJETO MENSALMENTE, SEMPRE MUITO CONCORRIDO.



terça-feira, 6 de novembro de 2018

Teatro/CRÍTICA

"Zilda Arns - A dona dos lírios"

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Belo tributo a uma mulher imprescindível



Lionel Fischer



Três vezes indicada ao Prêmio Nobel da Paz, filha de alemães, Zilda Arns Neumman nasceu em 1934, em Santa Catarina. Médica pediátrica e sanitarista, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, que completou 35 anos em 2018, e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Com iniciativas como as campanhas do soro caseiro e da amamentação e pesagem regular de crianças até 2 anos, a médica conseguiu reduzir em 60% os índices da mortalidade infantil no Brasil dos anos 80. Recebeu um milhão de dólares da Fundação Woodrow Wilson pelo prêmio de melhores práticas globais. Doou o valor integral à Pastoral da Criança Internacional. A Pastoral da Criança, fundada no Paraná, foi expandida para outros 26 países, além de estar presente em quase todas as cidades brasileiras. 

Dra. Zilda morreu, em 2010, durante o terremoto que devastou o Haiti. A dona dos lírios: em 16 de janeiro de 2010, dia do velório da Dra. Zilda, na cidade de Curitiba, inexplicavelmente fora de época, os lírios abriram em flor.

As informações acima foram extraídas do programa de "Zilda Arns - A dona dos lírios", que encerrou neste domingo sua temporada no Teatro Candido Mendes. Mas uma nova temporada está prevista para ainda este ano e queira o bom Deus que muitas outras a sucedam, pelas razões que explicitarei mais adiante. Luiz Antônio Rocha e Simone Kalil respondem pelo texto, cabendo ao primeiro a direção do espetáculo. Simone protagoniza o monólogo.

Em algum momento de sua vida, Bertolt Brecht disse algo mais ou menos assim: "Há pessoas que lutam durante um ano, e são boas pessoas; há pessoas que lutam durante 10 anos, e são pessoas admiráveis; mas há aquelas que lutam a vida inteira: essas são as pessoas imprescindíveis". E certamente Zilda Arns pertenceu a este seletíssimo rol, posto que durante toda a sua passagem por este curioso planeta que habitamos pensou fundamentalmente no outro - e por outro entenda-se aqueles que, sem sua preciosa ajuda, só haveriam de conhecer da vida o seu lado mais amargo.

O presente texto exibe dois grandes méritos. Por um lado, oferece ampla informação sobre a trajetória pessoal e profissional de Zilda; e por outro o faz sem jamais renunciar à poesia, o que elimina a possibilidade do mero didatismo. E o lúdico me parece que foi um componente fortíssimo desta extraordinária personalidade, mesmo nos momentos mais difíceis, quando a materialização de seus objetivos sugeria ser inalcançável. 

Com relação ao espetáculo, Luiz Antônio Rocha impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com os conteúdos em jogo. Marcações simples e precisas enfatizam com delicadeza, lirismo e potência todas as passagens retratadas, cabendo também ressaltar sua atuação junto à intérprete. Simone Kalil não é apenas uma atriz possuidora de amplos recursos expressivos, mas alguém que nos cativa por sua inteligência cênica e visceral capacidade de entrega. Afora isso, possui um dos mais belos sorrisos do teatro brasileiro, e quando sorri converte tudo à sua volta em uma manhã de primavera. E não há nada mais precioso do que um belo sorriso para nos dar ao menos a esperança de que o tempo sombrio em que vivemos haverá de passar.

Na equipe técnica, é absolutamente extraordinária a direção musical e composição sonora de Beá, estruturada a partir da manipulação de instrumentos musicais, brinquedos e variados objetos cotidianos, daí resultando uma inestimável contribuição para o fortalecimento de todas as emoções em causa. Na noite em que assisti ao espetáculo, coube a Ana Magalhães responder pela execução musical, e ela o fez de forma irretocável. Cabe também  ressaltar as excelentes participações de Ricardo Lyra (iluminação), Luiz Antônio Rocha e Eduardo Albini (cenografia), Caká Oliveira (figurinos), Jane Celeste (preparação vocal), Roberto Rodrigues (preparação corporal), André Luiz Nascimento (pintura artística do cenário e dos figurinos) e Josué Batista da Ponte (adereços em lata).

ZILDA ARNS - A DONA DOS LÍRIOS - Texto de Luiz Antônio Rocha e Simone Kalil. Direção de Luiz Antônio Rocha. Interpretação de Simone Kalil. O espetáculo voltará em breve ao cartaz. 

  

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

27º FESTIVAL PANORAMA OCUPA DIVERSOS ESPAÇOS DO RIO DE JANEIRO DE 2 A 24 DE NOVEMBRO
O Festival propõe um convite a respirar e estar juntos. A resistir e re-existir.
A 27ª edição do Festival Panorama, mais importante evento de artes do corpo, dança e performance no Brasil e um dos principais da América Latina, traz ao Rio de Janeiro, de 2 a 24 de novembro, 22 atrações estrangeiras e brasileiras, com espetáculos, exposições, conversas, residências e outras atividades em linguagens diversas que se destacam na cena contemporânea mundial.
Nesta edição, o festival destaca a importância da ampliação do eixo cultural nacional e convida o festival Junta – Festival Internacional de Dança, de Teresina, para ser o curador nacional. A parceria marca a criação de novas possibilidades de experiências, dando corpo às novas produções artísticas. Na programação conjunta, três espetáculos, oficinas, intervenções, conversas, entre outras atividades.
Em realização conjunta ainda com o Festival Junta e com o Programa Pontes, do British Council e do Oi Futuro, o Panorama recebe a exposição Corpo de Som, da artista britânica Helen Cole e do carioca Floriano Romano.
Com sua programação múltipla, o festival, este ano, ocupa espaços convencionais como o CCBB, Centro Municipal de Artes Helio Oiticica, Espaço Cultural Sérgio Porto; locais públicos como a Praça Tiradentes; e ambientes inusitados como a sobreloja AZ Sustentabilidade, quer se transformará numa grande Galeria, e do sobrado que abriga a produção do Panorama e, pela primeira vez, receberá público. As atividades têm preços acessíveis, que variam entre R$ 30 ou entrada franca. “Vamos celebrar nossa existência da única forma que sabemos: resistindo”, resume Nayse Lopez, diretora artística e curadora do festival.

ESTREIA
Nesta edição, o Panorama propõe um convite à reflexão sobre o ato de respirar e apresenta a exposição Corpo de Som, que fica em cartaz no Centro Municipal Helio Oiticica, entre 3 e 24 de novembro.
O trabalho consiste na recriação da instalação sonora ‘Breathe’ (Respire) com artistas do Rio de Janeiro e de Teresina, através do registro de suas respirações durante uma dança livre e exaustiva, captadas em áudio. A exposição conta ainda com duas esculturas sonoras do carioca Floriano Romano e sua arte quemescla paisagens corporais e paisagens sonoras.
A obra sonora ‘Breathe’ foi exibida no Festival Internacional de Performance de Veneza, no Gibney Dance Studios, em Nova York e no IBT17 Festival, em pequenas salas escuras e porões cavernosos.

 PANORAMA + JUNTA
Abarcando a importância de desenvolver novos curadores e a ampliação deste eixo cultural, o Festival Panorama 2018, convidou o jovem festival Junta – Festival Internacional de Dança, de Teresina, que está em sua 4º edição, para ser o curador nacional deste ano. A parceria quer criar novas possibilidades de experiências e dar corpo às novas produções artísticas. Como a do piauiense Datan Izaká, que convida o público para uma experiência intimista em E | N | T | R | E, coreografia de três performers, um ambiente sensorial e um emaranhado de fios. A ideia parte do principio de que tudo é movido à partir de uma cadeia de enganchamentos na vida. Também do Piauí vem o espetáculo Treta, fruto de dois anos de pesquisas no Campo Arte Contemporânea e da Casa de Hip Hop Balde, que resultou no que o grupo Original Bomber Crew classifica como ‘uma explosão poderosa a partir do movimento’. O espetáculo Trindade traz ao palco três personagens – a drag, o cavalo e o xaile – interpretados por membros da companhia Só Homens Cia de Dança, que desenvolvem uma dramaturgia criada por Samuel Alvís ao som de fados portugueses e questionam: ‘O que define a sua natureza?’.

ATRAÇÕES NACIONAIS 

O viés político com o cenário atual como pano de fundo também é abordado pelo festival em  Domínio Público, uma resposta artística ao momento que vive o Brasil, onde artistas e seus trabalhos são "censurados e atacados". O espetáculo é um convite a um passeio pela História e um convite à uma reflexão política, poética e pedagoga. Assinada por Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho, Wagner Schwartz, a apresentação tem como proposta estabelecer relações entre as múltiplas interpretações projetadas sobre a Mona Lisa e as projeções criadas pela sociedade sobre as vidas, identidades e trabalhos de quatro atores em cena.
Em , Denise Stutz une palavra e dança com a história de uma mulher que se prepara para sua última apresentação teatral e convida o público a debruçar-se sobre suas reflexões a acerca da passagem do tempo, velhice e outros questionamento. Com colaboração de Inês Vianna, o monólogo entrega à plateia os rumos da história da protagonista.

AÇÕES, CONVERSAS E ENCONTROS
Em busca do mundo que queremos, o Festival Panorama 2018 abre seu sobradinho e convida a todos para os encontros na Sala de Estar. A ideia é conviver, dividir e estar junto. Respirar, comer, conversar, rir, tocar, amar, dançar, tocar, cantar, trocar. Também em sua casa, o Panorama apresenta a obra Por Um Fio, ação do Coletivo em Silêncio, um convite a diálogos, dispositivos de aproximação e olho no olho.
Seguindo este movimento de troca, o Panorama, em parceria com o LAbCrítica - projeto de pesquisa e extensão, vinculado aos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Dança do Departamento de Arte Corporal (DAC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) -  convida o público a debater sobre as obras, as curadorias e os espaços-tempos em que vivemos. Desta imersão na programação do festival, transformada em produção textual, sairá uma publicação a ser lançada ao fim desta edição.
A Praça Tiradentes recebe a ação Piquenique, que convida a todos a ocuparem o espaço público e romperem as fronteiras entre o público e o privado, com comidas, bebidas e conversas. Também na Praça, o ato de respirar se transforma em uma ação coletiva e performática, através de exercícios conduzidos na açãoRespiração.

ESPAÇOS 2018

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro  - (21) 3108-2100
R$ 30,00 / R$ 15,00 (meia) | Exposição: entrada franca

CENTRO MUNICIPAL DE ARTES HÉLIO OITICICA
R. Luís de Camões, 68 – Centro - (21) 2242-1012
Entrada franca

PRAÇA TIRADENTES
Praça Tiradentes, s/n – Centro
Entrada franca
*Parceria com Tiradentes Cultural

ESPAÇO CULTURAL MUNICIPAL SÉRGIO PORTO
Rua Humaitá, 163 – Humaitá / Rio de Janeiro (Entrada pela Rua Visconde Silva s/n) - (21) 2535-3846
R$ 20,00 / R$ 10,00 (meia)

CENTRO COREOGRÁFICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
R. José Higino, 115 – Tijuca
(21) 3238-0357
Inscrições prévias

AZ SUSTENTABILIDADE
Av. Nossa de Copacabana, 828/Sobreloja – Copacabana
R$ 20,00 / R$ 10,00 (meia)

SOBRADO PANORAMA
Rua da Lapa, 213/Sobrado – Centro – (21) 2210-4007
Entrada franca

DESCONTOS
Descontos não cumulativos. Em todos os casos é necessário apresentar documentação comprobatória.

TÊM DIREITO A 50% DE DESCONTO NA COMPRA DO INGRESSO:
• Estudantes, maiores de 60 anos, menores de 21 anos, portadores de deficiência e professores da rede municipal de ensino;
• Classe artística mediante apresentação das carteiras do DATED, SBAT, SPDRJ;
• Equipe do festival apresentando o crachá;
• Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto: moradores da cidade do Rio de Janeiro;
•Centro Cultural Banco do Brasil: clientes BB e assinantes O Globo.


PATROCÍNIO
O Festival Panorama 2018, tem patrocínio da Oi, através do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria Estadual de Cultura e Lei de incentivo à Cultura. E conta com o apoio do Programa Pontes (parceria do British Council e Oi Futuro) e do Centro Cultural do Banco do Brasil. 

ASSESSORIA DE IMPRENSA:
(21) 3204-3124

Direção
Cristina Rio Branco