sexta-feira, 8 de julho de 2016

Teatro/CRÍTICA

"Gilberto Gil, Aquele Abraço - O Musical"

..............................................................
Arrebatador tributo a um gênio



Lionel Fischer



"A tríade O poeta, a canção e o tempo conduz o musical que abraça e homenageia os 50 anos de carreira de um dos maiores ícones da música brasileira. Através de sua própria obra, ora falada, ora cantada por oito atores músicos multi-instrumentistas, o espetáculo lança um olhar contemporâneo às canções do artista, que refletem sobre seu tempo, a história da música nacional e do próprio país".

Extraído (e levemente editado) do ótimo release que me foi enviado, o trecho acima explicita as premissas essenciais de "Gilberto Gil, Aquele Abraço - O Musical", que após cumprir ótima temporada em São Paulo pode ser visto no Teatro Clara Nunes. Gustavo Gasparani assina a autoria e a direção do espetáculo, estando o elenco formado por Alan Rocha, Cristiano Gualda, Daniel Carneiro, Gabriel Manita, Jonas Hammar, Luiz Nicolau, Pedro Lima e Rodrigo Lima.  

Dividido em 11 blocos que abordam, dentre outros, temas como o movimento tropicalista, a negritude, o amor, a morte, a religiosidade e a tecnologia, o espetáculo apresenta um total de 55 músicas, cantadas total ou parcialmente, sendo que algumas letras são convertidas em texto. Além disso, os atores dão depoimentos pessoais sobre a importância do artista e do homem Gilberto Gil em suas carreiras e em suas vidas. 

Diante de uma estrutura que jamais dissocia o artista criador de sua trajetória de vida (e isto vale tanto para Gilberto Gil como para os que integram o espetáculo), e levando-se em conta o fato de Gilberto Gil ser um dos maiores compositores da história da MBP, só por um desses inexplicáveis caprichos dos deuses do teatro o presente espetáculo não atingiria os objetivos a que se propôs. Mas não é isso que ocorre, por algumas razões que exponho em seguida.

Como se sabe, Gustavo Gasparani possui, dentre seus muitos predicados, o de dirigir maravilhosamente espetáculos musicais centrados em nossa música. E não creio tratar-se apenas de habilidade, mas do resultado de uma necessidade interna, visceral e inadiável. Portanto, em nada me surpreende o total acerto de sua mais nova empreitada, que certamente gera nos espectadores (como gerou em mim) a certeza de que a vida vale a pena - desde que exista música de altíssima qualidade e intérpretes capazes de valorizá-la ao máximo. 

Impondo à cena uma dinâmica diversificada e expressiva, sempre em total sintonia com os conteúdos das canções, Gustavo Gasparani encontrou no elenco inestimáveis parceiros, que tocam esplendidamente inúmeros instrumentos e cantam de forma arrebatadora todas as canções, tanto as mais solares quanto aquelas em que a dor, a perplexidade ou a indignação predominam. Assim, só me resta agradecer ao elenco a inesquecível noite que me proporcionaram. E, novamente invocando os sempre caprichosos deuses do teatro, a eles implorar que abracem e protejam este memorável tributo a Gilberto Gil.

Na equipe técnica, considero irrepreensíveis as contribuições de todos os profissionais envolvidos nesta deslumbrante empreitada teatral - Nando Duarte (direção musical e arranjos), Renato Vieira (direção de movimento e coreografia), Helio Eichbauer (cenografia), Marcelo Olinto (figurino), Paulo Cesar Medeiros (Iluminação), Branco Ferreira (desenho de som), Thiago Stauffer (videografismo), Maurício Detoni (preparação e arranjos vocais), Marcio Mello (visagismo) e Pedro Lima (preparador vocal).

GILBERTO GIL, AQUELE ABRAÇO - O MUSICAL - Autoria e direção geral de Gustavo Gasparani. Com Alan Rocha, Cristiano Gualda, Daniel Carneiro, Gabriel Manita, Jonas Hammar, Luiz Nicolau, Pedro Lima e Rodrigo Lima. Teatro Clara Nunes. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 20h.

  






Nenhum comentário:

Postar um comentário