terça-feira, 22 de setembro de 2009

O homem da flor na boca

de Luigi Pirandello


Das várias peças em um ato que Pirandello escreveu - algumas das quais, como Limões da Sicília (1910) e Sonho, mas talvez não (1931), autêncicas obras-primas - L'uomo del fiore in bocca, estreada em 1923 no Teatro dos Independentes de Roma, sob a direção de Anton Giulio Bragaglia, é talvez a mais densa de humanidade. Neste diálogo patético de um homem com sua própria morte, uma extraordinária vibração trespassa as palavras, elevando-as do seu significado cotidiano a um plano de angustiante e verdadeira tragédia. A tradução a seguir é de Gino Saviotti e foi utilizada, pela primeira vez, quando da estréia da peça em Lisboa, em 30 de março de 1946, no Teatro-Estúdio do Salitre.

* * *

Personagens:

O Homem da flor na boca
O pacífico freguês

(Quase no fim do diálogo, na altura indicada no texto, aparecerá por duas vezes um vulto de mulher, vestida de negro, com um velho chapéu enfeitado de penas já sem frescor. A ação se passa numa noite de verão. Uma pequena rua solitária, que acaba numa avenida. Ao fundo, por entre as ramagens das árvores da avenida, transparecem os candeeiros elétricos acesos. No prédio de esquina da pequena rua, à esquerda, um pobre café noturno, com mesinhas e cadeiras de passeio, fracamente iluminadas por um candeeiro, à beira do mesmo passeio. É um pouco mais de meia-noite. Vem da avenida, a espaços, o som tilitante de um bandolim. Quando o pano sobe, O Homem da Flor na Boca, sentado diante de uma das mesas, está a observar demoradamente, em silêncio, o Pacífico Freguês que, na mesa ao lado, chupa por um canudo um refrigerante)

HOMEM - Bem me queria parecer! O senhor, um homem pacífico e metódico...perdeu o trem?

FREGUÊS - Por um minuto, sabe? Chego à estação, e lá o vejo, a fugir diante de mim!

HOMEM - Podia correr atrás dele!

FREGUÊS - Pois sim! É cômico, bem sei. Bastava, meu Deus, que não trouxesse todos aqueles embrulhos e embrulhinhos...mais carregado que um burro! Mas as mulheres, já se sabe - recados...recados... - é um nunca acabar de coisas. Acredite! Levei três minutos, quando desci do carro, para arrumar nos dedos os barbantes de todos os volumes: dois em cada dedo.

HOMEM - Gostaria de o ter visto. Sabe o que fazia, no seu lugar? Deixava-os todos no carro.

FREGUÊS - E a minha mulher? E as minhas filhas? E todas as amigas delas?

HOMEM - Berrava-lhes alto! Divertir-me-ia a valer com isso!

FREGUÊS - Talvez o senhor não saiba como se tornam as mulheres quando estão a veranear!

HOMEM - Ora! Sei até muito bem. Justamente por saber é que assim falo. Dizem todas que não precisam de nada.

FREGUÊS - Só isso? São até capazes de afirmar que vão para fora no intuito de fazer economias. Depois, mal chegam a uma aldeia aqui nos arredores, quanto mais feia, miserável e suja for, mais teimam em enfeitá-la com todos os seus atavios! Ora, as mulheres, meu caro senhor! Mas, afinal, é a profissão delas..."Se tu desses um saltinho até a cidade, meu amor!? Eu tinha realmente necessidade disto...daquilo...e também podias, se não te incomoda (tem piada o "se não te incomoda", não acha?) ...já que vais para lá, ao passares em frente..." - Mas, minha querida, como queres tu que em três horas, eu possa fazer tudo isso? - "Ora, que estás tu a dizer? Tomas um táxi..." - O pior é que contava demorar-me só três horas e não trouxe as chaves de casa.

HOMEM - Essa é muito boa! E depois?

FREGUÊS - Ora, depois! Deixei o montão de embrulhos no depósito da estação e fui jantar em um restaurante. A seguir, para espairecer, fui ao teatro. Morria-se de calor. À saída, pergunto a mim próprio: e agora, o que vou fazer? Já é meia-noite, às quatro horas tomo o primeiro comboio; por três horas escassas de sono, nem merece a despesa do hotel...E vim até cá. Este café não fecha, pois não?

HOMEM - Não fecha, não senhor. (Pausa). E, então, deixou todos os seus embrulhos na estação?

FREGUÊS - Por que me pergunta isso? Acaso não estarão lá em segurança? Estavam todos tão bem atados...

HOMEM - Não, não digo isso! Muito bem atados, calculo: com aquela arte especial que põem os caixeiros das lojas em embrulhar os objetos que vendem...(Pausa) Que mãos! Uma bela folha de papel dobrada, vermelha, polida...que só olhar para ela já é um prazer...Tão lisa que até apetece encostá-la à cara, para lhe sentir a carícia fresca...Estendem-na sobre o balcão, e depois, com elegância e desembaraço, pousam-lhe em cima, precisamente no meio, a fazenda fina, bem dobrada. Levantam primeiro de baixo, com o dorso da mão, uma ponta de papel: até lhe fazem uma pquena prega, supérflua, só por amor à arte. A seguir, dobram, de um lado e de outro, em triângulo, a folha de papel, e viram por baixo as duas pontas; estendem uma das mãos para a caixa do cordel; puxam quanto basta para atar o embrulho. E atam tão rapidamente que nem temos tempo de admirar a habilidade do empregado, e já nos apresentam o embrulho feito, com o nó pronto para o levarmos pendurado nos dedos.

FREGUÊS - Vê-se bem que o senhor dedicou muita atenção aos empregados das lojas...

HOMEM - Eu? Meu caro amigo: eu passo nisto dias inteiros! Sou capaz de ficar mais de uma hora parado a olhar para dentro de uma loja através da vitrine. Chego a esquecer-me de mim...Parece-me que sou, e realmente gostaria de ser aquele tecido de seda...aquela chita...a fita encarnada, ou azul, que as caixeiras das retrosarias, depois de a medirem com o metro...já viu como fazem? Enrolam no polegar, em forma de oito, antes de embrulhar. (Pausa) Fito o cliente ou a cliente que saem da loja com o embrulho pendurado no dedo, ou na mão, ou debaixo do braço...Sigo-os com os olhos, até que me saem da vista...imaginando...Ah, quantas coisas imagino! O senhor nem pode fazer idéia! (Pausa. Depois, para si) Mas serve-me. Isto serve-me.

FREGUÊS - Serve-lhe? Desculpe...o que é que lhe serve?

HOMEM - Agarrar-me assim - quero dizer, com imaginação - à vida. Como uma planta trepadeira em volta das grades de uma cancela...(Pausa) Ah, nunca deixá-la descansar, nem por um instante sequer, a imaginação - aderir, aderir com ela, continuamente, à vida dos outros...mas não da gente que conheço! Não! Não! A essa não, não poderia! Sinto por ela....uma repugnância, se o senhor soubesse! Um nojo! Agarro-me à vida dos estranhos, em volta dos quais a minha imaginação pode trabalhar livremente: mas não a capricho. Bem pelo contrário, levando em conta as menores aparências encobertas neste ou naquele. E se soubesse quanto e como a minha imaginação trabalha! Até que ponto consigo aprofundar vejo a casa deste ou daquele; vivo lá dentro; sinto-me nela até aprender...sabe? Aquela espécie de hálito particular que paira em cada habitação! Na sua, na minha...- mas na nossa, nós já não damos por ele, porque é o próprio hálito da nossa vida...Não sei se me faço entender. Ah, vejo-o dizer que sim...

FREGUÊS - Sim, porque...quero dizer: deve ser realmente um prazer que o senhor experimenta, imaginando tantas coisas...

HOMEM (Com evidente fadiga, depois de pensar um instante) - Um prazer? Eu?

FREGUÊS - Isto é...calculo...

HOMEM - Ora, diga-me: já foi consultar algum médico de renome?

FREGUÊS - Eu não! Por quê? Não estou doente!

HOMEM - Não se assuste! Pergunto-lhe para saber se já viu, no consultório desses grandes médicos, a sala onde os clientes esperam a sua vez de serem observados.

FREGUÊS - Já vi, sim. Tive de acompanhar uma vez uma de minhas filhas, que sofria dos nervos e...

HOMEM - Muito bem. Não me interessa saber. Só me interessam aquelas salas...(Pausa) Já reparou nelas? Um sofá forrado de escuro, de feitio antigo...as cadeiras estofadas, muitas vezes desiguais...Tudo coisas compradas de ocasião, em segunda mão, postas ali para os clientes; não pertencem à casa. O senhor doutor tem para si, para as amigas da esposa, outra sala, rica e bela. Quem sabe como destoaria uma das suas cadeiras ou poltronas se fosse trazida para aqui, para o lugar reservado aos clientes, a quem basta este mobiliário sem pretensões, decente, sóbrio. Queria saber se o senhor, quando foi com sua filha, reparou bem na poltrona ou na cadeira onde se sentou enquanto esperava.

FREGUÊS - Eu não, com franqueza...

HOMEM - É verdade: o senhor não estava doente...(Pausa) Mas nem todos os doentes reparam naquilo, mergulhados como estão no pensamento de sua própria doença...(Pausa) E, no entanto, quantas vezes alguns deles ali estão, atentos, a fitar o dedo que traça sinais inúteis no braço puído daquele sofá em que estão sentados! Pensam e não vêem. Mas que efeito faz, quando, depois, saímos do consultório, e tornamos a atravessar a sala, vermos de novo a cadeira onde há pouco estávamos sentados, à espera da sentença acerca do nosso mal ainda ignorado! Encontrá-la ocupada por outro cliente; também ele ali com sua doença secreta; ou ali, vazia, impassível, à espera de que um outro qualquer vá ocupá-la...(Pausa) Mas que estávamos nós a dizer? Ah, sim, é verdade...O prazer da imaginação. Não sei bem por quê, lembrei-me logo de uma das cadeiras destas salas de médicos, onde os clientes estão à espera da consulta...

FREGUÊS - Sim, realmente...

HOMEM - Não vê a relação? Nem eu. Mas é que certos laços ligando imagens entre si longínquas, são tão particulares a cada um de nós, e determinados por causas e experiências tão singulares, que deixaríamos de nos compreender se, ao falarmos, não nos inibíssimos de os utilizar. Nada mais ilógico, por vezes, do que essas analogias. Mas a relação pode talvez ser esta, repare: "Teriam prazer, aquelas cadeiras, em imaginar quem é o cliente que vai sentar-se nelas, à espera da consulta? Que doença o mina? Para onde irá, o que fará, depois da consulta?". Nenhum prazer. E assim eu também: nenhum! Entram e saem os clientes, e elas, pobres cadeiras, lá estão à espera de serem ocupadas. Pois bem, a minha é uma ocupação parecida. Ora me ocupa este, ora aquele. Presentemente, está-me ocupando o senhor, e creia que não sinto prazer algum com o comboio que perdeu, com a família que espera por si na aldeia, com todos aqueles aborrecimentos que lhe imagino...

FREGUÊS - Ai, tantos, nem calcula!

HOMEM - Dê graças a Deus se não passam de aborrecimentos! (Pausa) Há quem tenha pior, meu amigo. Eu digo-lhe que tenho necessidade de me agarrar com imaginação à vida alheia; mas assim, sem prazer, sem me interessar de maneira alguma, bem pelo contrário...pelo contrário...para sentir-lhe o enfado, para a julgar estúpida e inútil, a vida, tanto que realmente não deve importar muito a ningém perdê-la! (Raivosamente) E isto é preciso demonstrá-lo bem, sabe? Com provas e exemplos contínuos, a nós próprios, implacavelmente. Por que, meu caro senhor, não sabemos de que é composta, mas existe, existe! Todos o sentimos aqui, como uma angústia na garganta, o gosto da vida, no próprio ato de a vivermos; ela é tão gulosa de si própria, que não se deixa saborear. O sabor está no passado, que permanece vivo dentro de nós. É daí que nos vem o gosto da vida, das recordações que nos mantêm presos. Mas presos a quê? A esta estupidez...a estes aborrecimentos...a tantas ilusões absurdas...a tantas sensaborias que nos ocupam...Sim! Esta, que foi uma estupidez! Aquela, que foi um aborecimento! E até mesmo esta outra que no momento em que sucedeu, foi para nós uma grande desgraça, uma verdadeira desgraça...À distância de quatro, cinco, dez anos, quem sabe que gosto virá a adquirir? Que gosto virão a ter as próprias lágrimas? E a vida, por Deus! So à idéia de a perdermos...especialmente quando se sabe que é uma questão de dias...(Neste momento aparece o vulto da mulher vestida de negro, espreitando à esquina) Pronto...está a ver? Acolá, acolá, naquela esquina...Então, não vê um vulto de mulher? Ah...já se escondeu!

FREGUÊS - Quem? Quem era?

HOMEM - Não a viu? Escondeu-se.

FREGUÊS - Uma mulher?

HOMEM - Sim...a minha mulher.

FREGUÊS - Ah! A sua esposa!

HOMEM (Depois de uma pausa) - Vigia-me de longe. E acredite, tenho ganas de ir ter com ela e corrê-la a pontapés! Mas seria inútil...É como uma dessas cadelas sem dono, teimosas, que quantos mais pontapés se lhes dão, mais se nos colam nos calcanhares. (Pausa) O que aquela mulher está a sofrer por mim, o senhor nem pode imaginar. Já não come, não dorme...Segue-me dia e noite, assim, à distância. Ainda se ao menos tratasse de escovar aquele coque que traz na cabeça, aqueles vestidos...Já não parece uma mulher, mas um trapo velho. Até o cabelo lhe ganhou pó! E tem apenas 34 anos! (Pausa) Sinto uma raiva tão grande que não imagina. Às vezes, enfrento-a, grito-lhe na cara: "Parva, parva!" E sacudo-a. Mas ela tudo aceita. Fica parada, a olhar para mim, com uns olhos...com uns olhos que - juro-lhe! - fazem-me subir aos dedos um desejo selvagem de a estrangular. Mas, nada. Espera que eu me afaste, para recomeçar a seguir-me de longe. (De novo a mulher torna a espritar) Ora veja...espreitou outra vez à quela esquina!

FREGUÊS - Pobre senhora!

HOMEM - Qual pobre senhora! Percebe o que ela queria? Queria que eu ficasse em casa, muito calmo, muito quieto, a aninhar-me no meio dos seus mais desentranhados carinhos; a gozar a ordem perfeita de todos os móveis, a harmonia de todos os quartos, aquele silêncio de espelho que havia dantes na minha casa, medido pelo tiquetaque do relógio de pêndulo da sala de jantar. Era isto o que ela queria! E eu pergunto-lhe agora a si, para lhe fazer compreender o absurdo...não, que estou a dizer? "O absurdo"...a macabra ferocidade dessa pretensão! Pergunto-lhe se julga possível que as Casas de São Francisco, as casas de Messina, se tivessem tido conhecimento do tremor de terra que daí a pouco as iria derrubar, teriam conseguido ficar muito sossegadas sob o luar, bem ordenadas, em fila, ao longo das ruas e das praças, obedecendo ao plano regulador da Comissão Urbanizadora da Câmara Municipal. Casas, por Deus! de pedra e madeira, e tamém elas teriam fugido! Imagine então os habitantes de São Francisco, os habitantes de Messina, a despirem-se, plácidos, para se deitarem, dobrando as roupas, pondo os sapatos diante da porta, e enfiando-se depois debaixo dos cobertores gozando a alvura fresca dos lençóis bem lavados com a consciência de que, daí a umas horas, morreriam. Parece-lhe possível?

FREGUÊS - Mas talvez a sua esposa...

HOMEM - Deixe-me falar! Se a morte, meu amigo, fosse como um daqueles insetos esquisitos, repugnantes, que pousam em cima de nós, sem darmos por isso...O senhor a viu passar pela rua; outro transeunte, de repente, fá-lo parar, e com toda a cautela, com dois dedos estendidos, diz-lhe: "Perdoe, dá licença? Vossa Excelência tem a morte em cima de si!" E, com os dois dedos estendidos, pega-a e atira com ela para longe...Então seria magnífico! Mas a morte não é como um desses insetos repugnantes. Muitos que passeiam desembaraçados, e sem preocupações, talvez a tragam em cima; ninguém a vê; e eles pensam, calmos e tranquilos, no que farão amanhã e depois. Ora, eu, meu caro senhor...(Lavanta-se) Venha! Venha mais para aui...(Conduz o Freguês para junto de um candeeiro aceso) Aqui, junto deste candeeiro! Quero mostrar-lhe uma coisa...Olhe aqui debaixo do bigode...Aqui, então não vê? Não vê que linda tuberosidade violácea? Sabe como se chama isto? Ah, um nome muito doce, mais doçe que um rebuçado: epitelioma, é assim que se chama. Pronuncie...verá que doçura: epitelioma...A morte, percebe? passou por mim. Pôs-me esta flor na boca, e disse: "Fica com ela, querido: tornarei a passar por aqui dentro de oito ou dez meses!" (Pausa) E agora diga-me, se com esta flor na boca, eu podia ficar em casa tranquilo e sossegado, como desejava aquela infeliz. Eu grito-lhe: Com que, então, queres que eu te beije?" - "Sim, beija-me!. Mas sabe o que ela fez? Com um alfinete, na semana passada, fez um arranhão aqui no lábio superior e depois agarrou-me a cabeça, e queria beijar-me...beijar-me na boca...porque diz que quer morrer comigo!? (Pausa) Está doida...(Raivosamente) Em casa é que eu não fico! Preciso estar atrás das vitrines das lojas, a admirar a habilidade dos caixeiros. Por que, o senhor compreende, se por momentos se estabelece um vácuo dentro de mim...compreende, até posso matar, como se nada fosse, uma pessoa que nem sequer conheço...sacar a pistola e matar um sujeito que, como o senhor, tenha apenas perdido o trem...(Rindo) Não, nada receie, meu caro senhor: estou a brincar! (Pausa) Vou-me embora. (Pausa) Matava-me a mim próprio, primeiro...(Pausa) Mas há, nesta altura do ano, certos damascos tão bons...De que maneira costuma comê-los? Com a casca, não é? Abrem-se ao meio; depois apertam-se com dois dedos, até o sumo escorrer...como dois lábios carnudos...Que delícia! (Ri. Pausa) E talvez possa fazer-me um favor, amanhã de manhã, quando chegar. Penso que a aldeia deve estar um pouco afastada da estação. Ao romper do dia, poderá fazer o caminho a pé. O primeiro feixe de ervas que encontrar ao longo da estrada, repare bem nele. Conte os fios de erva por mim. Quantos fios contar, tantos serão os dias que ainda terei de viver. Mas escolha-o bem grande, pelo amor de Deus! (Ri. Depois de um tempo...) Boa-noite, meu caro senhor. (Afasta-se cantarolando, de boca fechada, a ária que o bandolim toca, ao longe. Mas antes de chegar à esquina da direita, lembra-se de que a mulher está lá à sua espera. Então recua uns passos, atravessa a rua e dobra a esquina do outro lado, seguido pelo olhar do Freguês, quase petrificado)

F I M

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