quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Teatro do Absurdo:
principais autores


ADAMOV, Arthur (1908-1971).


          Autor dramático francês de origem russa, viveu na Suíça, Alemanha e finalmente em Paris (1924), onde se uniu aos surrealistas. Em suas primeiras obras - A Invasão, A Grande e a Pequena Manobra, A Paródia, O Professor Taranne, Todos Contra Todos - aparecem os temas-chave do Teatro do Absurdo: a incomunicabilidade, a ambigüidade, o vazio da linguagem, a solidão, a angústia, tratados sob a influência de Strindberg e Artaud, que também propunham uma ruptura com o teatro convencional.

           Com essas peças, Adamov mostra o homem irremediavelmente à mercê dos mecanismos sociais. Em sua fase seguinte, a partir de Ping-Pong e Paolo Paoli, mostra que essa sociedade pode ser transformada. Utilizando procedimentos descobertos pela vanguarda, mas dando a eles conteúdo diferente, Adamov supera o Teatro do Absurdo. Em suas últimas obras - A Política dos Restos, M. o Moderado e Fora dos Limites, Adamov volta ao clima de obsessões de sua primeira etapa, sem abandonar sua nova temática, unindo as duas vertentes de sua obra. Em 1971, Adamov se suicidou em Paris. Sua autobiografia, A Confissão, é de grande interesse para a compreensão de sua pessoa e obra.

ARRABAL, Fernando (1932).

          Autor dramático espanhol, vive na França desde 1955. Admirador de Kafka, Breton, Beckett e Tzara, define seu teatro de raiz dadaísta como “teatro pânico”, com alguma sintonia com o Teatro do Absurdo. Suas obras dos anos 60, sucesso na França e em todo o mundo, incluem, entre outras, Piquenique no Front, Oração, Os Dois Carrascos, Fando e Lis, O Cemitério de Automóveis, O Labirinto, Cerimônia por um Negro Assassinado, O Arquiteto e o Imperador da Assíria. Celebrado internacionalmente, muitas de suas obras - invariavelmente provocadoras - exibem temas polêmicos, como sadomasoquismo, perversão sexual, blasfêmia e necrofilia.

BECKETT, Samuel (1906-1989).

          Novelista e autor dramático irlandês. Radicou-se na França em 1937. Conquistou renome mundial com Esperando Godot, que estreou em Paris em 1953, em montagem assinada por Roger Blin. Com seus diálogos de frases curtas, cheias de humor seco e breves explosões líricas, que deixam entrever o abismo em que se movem os personagens, Esperando Godot é uma das obras-chave do teatro moderno. E alguns de seus principais temas - falta de comunicação entre os indivíduos, perda de identidade, a investigação obsessiva da linguagem - também aparecem em suas obras seguintes, sendo as mais importantes Fim de jogo e Dias felizes.

GENET, Jean (1910-1986)

          Poeta, novelista e autor dramático francês, Genet teve uma infância e juventude muito difíceis, tendo passado por muitas casas correcionais e prisões. Seu teatro antinaturalista, que reflete sua experiência pessoal potencializada ao extremo, é um teatro de provocação e subversão de valores, cujos personagens são marginais da sociedade – criados, criminosos, homossexuais, negros etc. Tais personagens, no entanto, habitam uma cena propositadamente distorcida. Dentre suas peças teatrais, as mais conhecidas e encenadas são As criadas, O balcão, Os negros e Os biombos.

IONESCO, Eugène (1912-1994)

          Autor dramático romeno-francês. Passou a infância em Paris e a juventude na Romênia. Dedicou-se ao teatro após uma etapa como escritor e ensaísta em Paris. Considerado um dos principais representantes do Teatro do Absurdo, converteu-se, depois de uma fase inicial de não-aceitação pelo público, em um dos autores mais representados em todo o mundo. Valendo-se de meios e experimentos do dadaismo e do surrealismo, iniciou sua carreira com uma série de peças em 1 ato - A cantora careca, A lição, As cadeiras, Vítimas do dever, Jacques ou a submissão -, que surpreenderam por sua irrealidade, obsessão e humor grotesco.

          A esta primeira fase mais experimental pertencem a peça em três atos Amadeu e os textos curtos O quadro, O novo inquilino, O improviso da alma. Com Assassino sem recompensa inicia uma segunda fase criadora, em que afirma sua posição antirealista e crítica, afora sua visão absurda da existência. Desse período constam, entre outras, O rei morre e uma de suas obras mais conhecidas, O rinoceronte.

ORTON, Joe (1933-1967)

          Autor dramático inglês, muito influenciado por Harold Pinter e pelo Teatro do Absurdo. Escreveu três farsas de humor negro e cruel: Entertaining Mr. Slone, Loot e Wath the butler saw, e três peças para a TV: The erpigham camp, The good and faithful servant e Funeral games.

PEDROLO, Manuel de (1918-1997)

          Novelista e dramaturgo espanhol de língua catalã, Pedrolo se insere no Teatro do Absurdo. Sua peça de estréia, Cruma, causou grande impacto - o texto abordava a impossibilidade de comunicação entre os homens. Sua obra mais famosa é  Homens e Não, onde são trabalhados temas como a transcendência, a morte e a problemática da existência, sempre abordados de forma simbólica.

PINTER, Harold (1930)

          Um dos maiores dramaturgos ingleses do século XX. Escrevendo dentro de uma convenção próxima à do Teatro do Absurdo e valendo-se sempre de magistrais diálogos, Pinter cria um clima de angústia latente, pois sempre temos a sensação de que um perigo ronda a cena. Seus principais temas são a solidão, o medo, a incerteza existencial e a brutalidade das relações humanas. É autor de uma obra vasta e diversificada, com destaque para O quarto, O monta-carga, Festa de aniversário, Uma ligeira dor, O inoportuno e A volta ao lar.

PIRANDELLO, Luigi (1867-1936)

          Autor dramático e novelista italiano, uma das grandes figuras do teatro moderno, herdeiro do teatro analítico de Ibsen, precursor do teatro existencialista e do Teatro do Absurdo. Filho de um siciliano proprietário de minas, Pirandello foi professor de literatura antes de se dedicar ao teatro. Foi diretor do Teatro de Arte de Roma e também de teatros estatais em Turim e Milão. Suas principais obras giram em torno dos mesmos temas, dentre eles a impossibilidade de se escapar ao próprio eu, o problema da identidade e da aparência. Deixou uma obra extraordinária, com títulos como Seis personagens à procura de um autor, Assim é, se lhe parece, Henrique IV, Esta noite se improvisa, Vestir os nus e Os gigantes da montanha, sua última peça, incompleta.

TARDIEU, Jean (1903-1995)

          Poeta e dramaturgo francês. Começou a escrever teatro experimental em 1947, e suas primeiras obras, peças curtas, foram reunidas em dois volumes (Teatro de câmera e Poemas para representar): Quem está aí?, A polidez inútil, O móvel e O balcão, entre outras. Estas peças investigam diversas possibilidades de expressão dramática. Mais adiante, Tardieu investe na questão da linguagem, praticamente abdicando do significado – A sonata e os três senhores, Conversação sinfonieta, Os amantes do metrô, O ABC de nossa vida e Uma voz sem ninguém. Jean Tardieu é por muitos considerado o mais genuíno representante do Teatro do Absurdo.
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