segunda-feira, 29 de abril de 2013

Teatro/CRÍTICA

"O tempo e os Conways"


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Obra-prima em sóbria e digna versão


Lionel Fischer



Escritor e dramaturgo inglês, J.B Priestley (1894-1984) deixou uma obra vasta e diversificada, e no campo teatral uma de suas peças mais renomadas e encenadas é "O tempo e os Conways", em parte por sua original estrutura narrativa, e também pelos temas que aborda, dentre os quais talvez o mais relevante seja o que fazemos efetivamente por nossa própria felicidade, delicada tarefa sempre supervisionada pela implacável passagem do tempo.

Em cartaz no Sesc Casa da Gávea, a montagem chega à cena com direção de Vera Fajardo e elenco formado por Camila Moreira (Hazel), Igor Vogas (Alan), Johnny Massaro (Robin), Julia Fajardo (Kay), Marcéu Pierrotti (Ernest Beevers), Maria Ana Caixe (Joan Helford), Mariela Figueiredo (Madge), Pedro Logän (Gerald Thorton), Thaís Müller (Carol) e Stella Maria Rodrigues (Srª Conway).

Por tratar-se de uma obra muito conhecida, não vejo necessidade de resumir seu enredo - e acho que também não o faria pensando nos que desconhecem a peça, que então se veriam privados dos muitos impactos resultantes das reviravoltas da trama, como já dito de extraordinária originalidade. Mas posso, evidentemente, adiantar que se trata de acurada análise de uma série de medos, frustrações e  promessas de felicidade que jamais se concretizam. 

Contendo ótimos personagens, diálogos fluentes e reflexões mais do que pertinentes sobre todos os temas abordados, o texto recebeu sóbria e digna versão cênica de Vera Fajardo, que através de uma dinâmica cena desprovida de inócuas mirabolâncias formais consegue trazer à tona os principais conteúdos em jogo. 

No tocante ao elenco, o grande trunfo da encenadora foi o de obter do conjunto uma inquestionável unidade interpretativa, extraindo de cada intérprete atuações condizentes com os papéis que interpretam. E aqui cabe registrar que, em função da estrutura da peça, os atores são obrigados a lidar com significativas reviravoltas no tempo, e todos se saem muito bem nesta tarefa, sem apelar para qualquer tipo de caricatura.

Com relação à equipe técnica, Paulo César Medeiros ilumina a cena com delicadeza e expressividade, cabendo ainda registrar a ótima ambientação cênica criada pela cenógrafa Mirella Maniacci, os impecáveis figurinos de Paula Accioli, a irrepreensível tradução de Renato Icarahy, a precisa direção de movimento de Duda Maia e a expressiva trilha sonora de Vera Fajardo e Kaleba Villela, este último também responsável pela preparação vocal do elenco e pela execução ao piano de algumas canções, sendo que em várias exibe sua belíssima voz.

O TEMPO E OS CONWAYS - Texto de J.B Priestley. Direção de Vera Fajardo. Com Stella Maria Rodrigues, Camila Moreira, Julia Fajardo e grande elenco. Teatro Sesc Casa da Gávea. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 20h.

  









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