Um roteiro para ler Dostoiévski
por Pablo Gonzales
Tive a ideia de elaborar este roteiro ao constatar o seguinte fenômeno: muitas pessoas que se lançam na obra de Dostoiévski escolhem, como primeira leitura, Crime e Castigo ou Os Irmãos Karamázov, por serem os livros mais comentados do autor, e uma grande parte destes leitores, talvez a maioria, abandona o livro, sobretudo os que começam por Os Irmãos Karamázov. Além disso, há o problema das traduções. Embora Dostoiévski já tenha encantado milhares de leitores brasileiros no século passado, somente de uns anos para cá, com as traduções feitas diretamente do russo, estamos tendo acesso a textos mais fiéis ao verdadeiro Dostoiévski. De modo geral, a linguagem de Dostoiévski não é difícil; pelo contrário, é acessível e proporciona uma leitura rápida, mas há elementos que podem causar uma falsa impressão de densidade, como, por exemplo, os nomes russos, com os seus patronímicos, as variações e as numerosas consoantes, os diálogos quilométricos (com frequência os personagens de Dostoiévski falam “como se estivessem lendo um livro”), as digressões, os devaneios, os circunlóquios e os excessos (esses excessos são importantes do ponto de vista estilístico).
É claro que começar pelos grandes romances não é nada de tão absurdo assim. Eu mesmo comecei por Crime e Castigo, no inverno de 1999, mas essa primeira experiência não foi muito boa. Por falta de orientação, adquiri um exemplar da Editora Ediouro, com tradução de Carlos Heitor Cony. Eu gosto muito do Cony, já li muitos de seus romances e já assisti a uma palestra sua, que me pareceu ótima, e sempre recomendo fortemente os seus livros, mas a sua tradução de Crime e Castigo deve ser evitada, já que é indireta (é uma tradução de uma tradução para o francês) e, o pior de tudo, o texto não é integral. Seguir a ordem cronológica também me parece desaconselhável, já que, nesse caso, começaríamos com uma série de textos menos expressivos e demoraríamos muito para chegar a Os Irmãos Karamazov.
O roteiro a seguir está dirigido a pessoas que estão iniciando a sua caminhada pela obra de Dostoiévski, mas os leitores experientes estão convidados a analisar, criticar, aprovar ou desaprovar, acrescentar informações, comentar e dar os seus próprios conselhos aos principiantes.
1. Noites Brancas (1848) – Escolhi Noites Brancas como ponto de partida para o nosso roteiro por três razões. Primeiro: trata-se de um romance breve (muitos o classificam como novela ou conto longo), que pode ser lido facilmente em um único dia. Segundo: o protagonista e narrador da história, cujo nome não é mencionado em nenhum momento, tem características que reaparecerão em personagens importantes dos grandes romances, como o príncipe Michkin (O Idiota) e Dmítri Karamazov (Os Irmãos Karamazov), servindo, dessa maneira, como uma pequena amostra do herói dostoievskiano. Terceiro: logo nas primeiras páginas do livro, enquanto faz observações angustiantes sobre a sua vida, o narrador caminha sem rumo pelas ruas de São Petersburgo. Podemos ver o Rio Nievá, a Avenida Nievski, e não existe melhor maneira de se entrar no universo de Dostoievski do que vagando por essa cidade tão recorrente em sua obra. Noites Brancas é uma história de amor. O enredo é simples e repleto de suspense. Depois de perambular durante três dias, o protagonista conhece uma jovem e imediatamente se apaixona. Ela aceita se encontrar outras vezes com a condição de que ele lhe permita contar a sua trágica história. Edição brasileira recomendada: Noites Brancas, Editora 34, tradução de Nivaldo dos Santos - 96 páginas.
2. Um Jogador (1867) – Como segundo passo, optei por este intrigante romance, que também foi traduzido como O Jogador, por proporcionar uma leitura rápida e leve e pertencer a uma etapa importante da vida e da produção literária do autor. O livro é considerado altamente autobiográfico, já que Dostoiévski tinha o vício do jogo e perdeu muito dinheiro nos cassinos europeus. Assim como em Noites Brancas, a narrativa está na primeira pessoa, mas desta vez o protagonista tem nome, Aleksiéi Ivânovitch, e é bem mais complexo. A história transcorre numa cidade fictícia da Alemanha, Roletemburgo (uma alusão à roleta dos cassinos) e os personagens têm diversas nacionalidades (russa, inglesa, alemã, francesa, polonesa...). Edição brasileira recomendada: Um Jogador, Editora 34, tradução de Boris Schnaiderman - 232 páginas.
3. Depois de ler Noites Brancas e Um Jogador, certamente já estaremos prontos para embarcar em Crime e Castigo, o primeiro grande romance do nosso roteiro, mas, apenas para ir intercalando romances com novelas, sugiro a leitura de duas pequenas pérolas da última fase do escritor. São elas: A Dócil (1876) e O Sonho de Um Homem Ridículo (1877), que foram reunidas pela Editora 34 no livro Duas Narrativas Fantásticas. Na primeira, encontramos um comerciante bem-sucedido que tenta entender o suicídio da jovem esposa. Na segunda, é o narrador quem está a ponto de acabar com a própria vida, mas ele adormece na poltrona, diante do revolver, e tem um sonho fantástico e redentor, que o conduz a um mundo perfeito, habitado por criaturas belas e bondosas (o tema da utopia é recorrente em Dostoiévski). Edição brasileira recomendada: Duas Narrativas Fantásticas, Editora 34, tradução de Vadim Nikitin - 128 páginas.
4. Crime e Castigo (1866) – Classificar um romance de Dostoiévski como policial é, sem dúvida, um erro, mas este livro tem vários elementos do gênero: um crime terrível e premeditado, a fuga, a investigação implacável, o suspense da primeira à última página. Utilizando a terceira pessoa, o autor nos coloca na mente de diversos personagens. O protagonista e executor do crime (e um dos personagens mais célebres de toda a literatura universal) é Raskólnikov, um jovem orgulhoso e perturbado. A heroína é Sônia, uma garota que, diante do alcoolismo do pai e da enfermidade da mãe, é obrigada a se prostituir para alimentar os irmãos pequenos. O detetive é o impiedoso Porfiri Pietróvitch (na verdade, trata-se de um juiz de instrução, mas é ele quem investiga o caso, promovendo interrogatórios que beiram a tortura psicológica). Raskólnikov nega o crime, mas, ao mesmo tempo, sente uma necessidade de expiar a culpa; apaixona-se pela prostituta, delira, é ajudado por um amigo que se envolve com a sua irmã; Porfiri encontra um estranho artigo que Raskólnikov escreveu na faculdade, quando era estudante de Direito, e esse artigo se transforma numa pista para desvendar o crime. De acordo com o ensaísta Otto Maria Carpeaux, conhecer Dostoiévski é como conhecer o mar. Quem estiver seguindo este roteiro e começou com Noites Brancas e Um Jogador já terá visto esse mar, mas ler Crime e Castigo é como ser arrastado por uma onda desse mar numa terrível tempestade. A experiência é avassaladora. Nenhuma pessoa continua sendo a mesma depois de fechar este livro. Edição brasileira recomendada: Crime e Castigo, Editora 34, tradução de Paulo Bezerra - 568 páginas.
5. O Eterno Marido (1870) – Embora tenha a sua dose dramática, o Eterno Marido é um dos livros mais engraçados de Dostoiévski. Por essa razão, e também por ser curto, leve e, para alguns críticos, o texto mais bem acabado do escritor, coloquei-o depois de Crime e Castigo no nosso roteiro. O tema central é a infidelidade, não a infidelidade passional, mas uma infidelidade instintiva, intrínseca, automática. Vienltchâninov tem a impressão que está sendo seguido por um homem misterioso, que parece estar por toda São Petersburgo, eles travam conhecimento, o homem se revela o marido da sua ex-amante, que acaba de falecer. Vienltchâninov tem um sonho premonitório, surgem uma menina de paternidade duvidosa, uma carta escrita há vários anos pela finada e um segundo ex-amante da mesma. Em determinado ponto do livro, o protagonista afirma que algumas mulheres parecem ter nascido para serem infiéis, mas que, para esse tipo de mulher, existe um tipo de homem correspondente: o eterno marido. A trama está cheia de surpresas e o suspense é conduzido de modo magistral até o fim. Edição brasileira recomendada: O Eterno Marido, Editora 34, tradução de Boris Schnaiderman - 216 páginas.
6. Memórias do Subsolo (1864) – Nosso roteiro continua com outro livro fundamental de Dostoiévski. Trata-se de um texto obscuro, denso e perturbador. Se ler Crime e Castigo é conhecer as furiosas ondas do mar dostoievskiano, ler Memórias do Subsolo é afogar-se, chegar às profundezas desse mar e permanecer ali por minutos que parecem atemporais, na mais completa solidão. O livro está dividido em duas partes com estruturas narrativas diferentes. A primeira, que se chama “O Subsolo”, é um monólogo. Na segunda parte, “A propósito da neve molhada”, há um pequeno enredo, o homem subterrâneo abandona a escuridão, sai com os colegas do trabalho, pelos quais ele é desprezado, e se envolve com uma prostituta, mas o principal elemento continua sendo a voz, uma voz contundente, ressentida, paradoxal e sinistra, uma voz que causaria uma “alegria sem limites” a Nietzsche e revolucionaria toda a literatura, por inaugurar o uso de atmosferas alegóricas, na ficção, para tratar de temas filosóficos e sociais. Edição brasileira recomendada: Memórias do Subsolo, Editora 34, tradução de Boris Schnaiderman - 148 páginas.
7. O Idiota (1869) – Trinta anos antes que Freud publicasse a Interpretação dos Sonhos, Dostoiévski já demonstrava ser um profundo conhecedor da psique humana, fato que pode ser constatado em toda a sua obra e, especialmente, em O Idiota, o segundo grande romance do nosso roteiro. É o livro ideal para escapar da solidão e da angústia de Memórias do Subsolo, pela abundância de personagens, todos muito peculiares, e porque o protagonista, o príncipe Míchkin, nos encherá de esperanças. Ele é um homem simples e benevolente, que sabe perdoar, mas, por viver em uma sociedade corrompida, é visto como um idiota. Utilizando diálogos longos e outros recursos, como a transcrição de cartas e artigos (alterando o foco narrativo da terceira para a primeira pessoa), o autor nos conta uma série de episódios, alguns engraçadíssimos, que funcionam como histórias dentro da história, e um desses episódios tem grande importância, por ser autobiográfico: os suplícios de um condenado à morte. Devido à quantidade de personagens, é impossível resumir o enredo. As cenas finais deste livro são inesquecíveis. Edição brasileira recomendada: O Idiota, Editora 34, tradução de Paulo Bezerra - 682 páginas.
8. Gente Pobre (1846) – Depois de se deliciar com as incríveis aventuras do príncipe Míchkin, de O Idiota, que tal conhecer o primeiro livro de Dostoiévski? É o que sugiro como oitava leitura no nosso roteiro. A obra foi publicada quando o autor tinha apenas 24 anos. Normalmente, os escritores só alcançam o reconhecimento depois de publicar vários livros, mas esse não foi o caso de Dostoiévski. Gente Pobre foi recebido com grande entusiasmo pela crítica e pelo público. Trata-se de um romance epistolar, isto é, uma narrativa toda construída através de cartas: a correspondência entre Makar Diévuchkin e Varvara Alieksiêievna. Essa forma literária não representou nada de original ou inovador, pois já tinha sido amplamente utilizada no século XVIII (o exemplo mais célebre é Ligações Perigosas, do escritor francês Choderlos de Laclos), mas, em compensação, a sua maneira de abordar temas sociais foi considerada pioneira. Edição brasileira recomendada: Gente Pobre, Editora 34, tradução de Fátima Bianchi - 192 páginas.
9. O Crocodilo (1865) – Antes de mergulharmos nas mil páginas de Os Irmãos Karamazov, recomendo O Crocodilo, uma engraçadíssima novela de apenas 63 páginas, que ficou inacabada. Na edição da Editora 34, essa novela foi reunida com Notas de Inverno Sobre Impressões de Verão (1862), cuja leitura também gostaria de inserir neste ponto do roteiro, já que se trata de uma excelente oportunidade de conhecermos o Dostoiévski ensaísta. Edição brasileira recomendada: O Crocodilo/Notas de Inverno Sobre Impressões de Verão, Editora 34, tradução de Boris Schnaiderman - 168 páginas.
10. Os Irmãos Karamásov (1879) – Assim como Dom Quixote, Hamlet, Os Miseráveis, Em Busca do Tempo Perdido e Ulisses, Os Irmãos Karamázov é um dos principais monumentos da história da literatura universal. É neste romance que encontramos as frases mais conhecidas do autor, como: “Se não existe Deus, tudo é permitido”, “Para que se possa amar um homem, é preciso que ele se esconda”, “O demônio luta com Deus e o campo da batalha são os corações humanos” e “Todos somos culpados por tudo”. O pai Karamásov é um homem beberrão, irresponsável e cruel. Com a primeira esposa, teve Dmítri; com a segunda, Ivan e Aliócha. O quarto irmão é Smierdiákov, o bastardo. A ação principal se desenrola na vida adulta dos irmãos, que são muito diferentes entre si. Dmítri é passional, Ivan é racional, Aliócha é espiritual e Smierdiákov é obscuro. Dmítri disputa os amores da sedutora Grúchenhka com o pai, que, apesar da idade, vive na farra. Ao mesmo tempo, porém, Dmítri se envolve com Catierina, uma mulher respeitável. Aliócha é seminarista e procura desenvolver a sua espiritualidade com o ancião Zózima, um sujeito bondoso, místico e profético. Ivan, um niilista, é professor, leva uma vida intelectual, tem uma queda por Catierina e não se conforma que esta prefira o seu irmão Dmítri. Uma das passagens mais célebres do livro é a alegoria do Grande Inquisidor, que Ivan lê para Aliócha, e na qual Cristo retorna à Terra. Dmítri, que é militar, precisa desesperadamente de 3 mil rublos, pois pegou tal quantia emprestada com uma das mulheres para gastá-la com a outra. A morte do ancião Zózima causa um forte impacto em Aliócha, que, a partir disso, compreende a fraqueza humana. Ivan se aproxima de Smierdiákov, o bastardo, que trabalha na casa como cozinheiro, formando um curioso contraste. Acontece o parricídio: o pai Karamásov é assassinado por um dos filhos. Qual dos quatro cometeu o crime? Com a leitura deste livro, o último que Dostoiévski escreveu e que é, sob todos os aspectos, uma síntese de sua obra, teremos conhecido o ponto culminante de sua trajetória, mas, para que possamos nos considerar profundos conhecedores de Dostoiévski, ainda precisamos ler Recordações da Casa dos Mortos e Os Demônios. Edição brasileira recomendada: Os Irmãos Karamásov, Editora 34, tradução de Paulo Bezerra - 1040 páginas.
11. Recordações da Casa dos Mortos (1862) – Há quem diga que Recordações é uma excelente introdução para a obra madura de Dostoiévski. Essa afirmação tem fundamento, já que aqui encontraremos a gênese dos romances que ele escreveria depois. No entanto, Recordações aparece em uma etapa avançada do nosso roteiro porque acredito que a leitura deste livro se torna mais saborosa na medida em que estamos mais familiarizados com o autor. Ou seja, recomendo o caminho inverso: conhecer primeiro o resultado e depois a gênese. Em outras palavras, este livro pode ser lido como uma espécie de making of dos romances maduros de Dostoiévski. Aqui conheceremos, por exemplo, o jovem Ali, cuja pureza de caráter provocou uma forte impressão no escritor e lhe serviria de modelo para personagens como o príncipe Míchkin e Aliócha Karamásov. O livro não está no catálogo da Editora 34, mas a Editora Nova Alexandria lançou uma tradução direta do russo. A obra pode ser classificada como romance, já que o narrador é um personagem fictício, mas, em última análise, trata-se de um livro de memórias. Edição brasileira recomendada: Recordação da Casa dos Mortos, Editora Nova Alexandria, tradução de Nicolau S. Peticov - 324 páginas.
12. A Senhoria (1847) – Na verdade, depois de ler três ou quatro livros de Dostoiévski, já é possível apreciar qualquer texto do autor, de modo que, nesta parte final do roteiro, a ordem de leituras não tem muita importância. Deixei Os Demônios para o final com o objetivo de fechar o roteiro com um grande romance, mas, se o critério fosse dar prioridade aos livros essenciais, Os Demônios teria de vir antes. De todas as formas, para os que já leram os livros mais conhecidos do autor e estão lamentando o fato de já não terem muitas leituras inéditas (reler é sempre uma delícia) pela frente, A Senhoria é uma grata surpresa. Trata-se de um romance da primeira fase. Breve, experimental, com elementos de realismo fantástico, o livro aborda um estranho caso de amor entre Ordínov, um sonhador com "inclinação inconsciente para os estudos", e Katierina, uma moça que vive com um velho bruxo. Edição brasileira recomendada: A Senhoria, Editora 34, tradução de Fátima Bianchi - 142 páginas.
13. A Aldeia de Stiepântchikov e Seus Habitantes (1859) – Entre os anos 1849 e 1859, Dostoiévski foi preso, condenado à morte, teve a pena comutada depois de uma simulação do fuzilamento (ele chegou a ser amarrado a um poste com os olhos vendados, achando que morreria), passou 5 anos numa prisão na Sibéria e mais 4 cumprindo serviços forçados no exército. A Aldeia de Stiepântchikov foi um dos primeiros livros que ele escreveu e publicou depois dessa década tão sofrida e conturbada. O texto não tem a mesma força que os romances da maturidade, já que Dostoiévski, a esta altura, ainda não tinha passado pelo subsolo que ele mesmo inventaria, alguns anos depois, mas vale pelo personagem Fomá Fomich, um dos melhores personagens de toda a obra do escritor. Edição brasileira recomendada: A Aldeia de Stiepântchikov e Seus Habitantes, Editora Nova Alexandria, tradução de Nicolau S. Peticov – 320 páginas.
14. Os Demônios (1872) – Aqui Dostoiévski nos surpreende utilizando a terceira pessoa, mas não um narrador onisciente, e sim um narrador-personagem, que conhece a todos e é conhecido por todos, sem jamais interferir no desencadeamento dos fatos. Um recurso muito sofisticado que ele soube explorar de modo perfeito. A história trata de duas gerações. Na primeira temos Stiepan e Varvara, dois viúvos que vivem uma relação paradoxal. Ele é o preceptor do filho dela e também tem um filho, e são justamente esses filhos, Nicolai e Piotr, que aparecem como os protagonistas da segunda geração. Os Demônios é sem dúvida o livro mais político de Dostoiévski, que utilizou um episódio real, o assassinato de um estudante, como ponto de partida para o enredo. Embora as questões políticas sejam, em certa medida, anacrônicas, este romance jamais perderá a sua relevância, já que o autor, no melhor da sua forma, faz, como sempre, uma pintura das áreas mais recônditas da psique humana. Dostoiévski é atemporal. Ele escreveu sobre todos nós. Edição brasileira recomendada: Os Demônios, Editora 34, tradução de Paulo Bezerra - 704 páginas.
OS LIVROS QUE AINDA NÃO LI, TEXTOS SEM TRADUÇÃO
E CONTOS POUCO CONHECIDOS
Uma das minhas grandes alegrias é que ainda tenho alguns Dostoiévskis para ler. Não sei em que posição esses livros entrariam em meu roteiro, talvez eu seja obrigado a refazê-lo, futuramente. Alguns, como Humilhados e Ofendidos, O Adolescente, Nietotchka Niezvanova e o conto Bóbok já estão disponíveis em nosso idioma (os dois últimos já estão em minha estante), mas há textos como O Duplo e O Sonho do Tio que, pelo que sei, nunca foram traduzidos, a não ser, talvez, na Obra Completa de Fiódor Dostoiévski, da Editora Nova Aguilar, uma coleção de quatro volumes que custa aproximadamente R$ 600,00 e não tem tradução direta do russo. Em relação a O Adolescente, gostaria de manifestar a profunda decepção que tive no ano passado. Quando soube que a Editora Companhia das Letras lançaria uma tradução desse livro, fiquei extremamente feliz. Depois, no entanto, um pouco antes que o livro chegasse às livrarias, descobri que se tratava de uma adaptação, feita por Diego Rodrigues. Isso significa que o texto não é integral. Não comprei o livro. Prefiro continuar esperando (será que a Editora 34 vai nos salvar?). Uma adaptação talvez torne o livro mais vendável, mais atrativo para o público em geral, já que o deixa menos volumoso e consequentemente mais barato, mas é um desrespeito para com os verdadeiros apreciadores de Dostoiévski no Brasil. A última observação é que há muito tempo li uma novela chamada Uma História Lamentável, numa edição de bolso da Editora Paz e Terra, mas não a incluí no roteiro porque não me lembro absolutamente nada da história e perdi esse livro. Obrigado a todos por ler! Não deixem de fazer comentários e sintam-se à vontade para estabelecer contato, cadastrando-se como seguidores do blog ou através das redes sociais.
BIBLIOGRAFIA DE DOSTOIÉVSKI
1846 - Gente Pobre
1846 - O Duplo
1847 - A Senhoria
1848 - Noites Brancas
1849 - Nietotchka Niezvanova
1859 - O Sonho do Tio
1859 - A Aldeia de Stiepântchikov e Seus Habitantes
1861 - Humilhados e Ofendidos
1862 - Recordações da Casa dos Mortos
1862 - Uma História Lamentável
1863 - Notas de Inverno Sobre Impressões de Verão
1864 - Memórias do Subsolo
1865 - O Crocodilo
1866 - Crime e Castigo
1867 - O Jogador
1869 - O Idiota
1870 - O Eterno Marido
1872 - Os Demônios
1873 - Diário de Um Escritor
1873 - Bóbok
1875 - O Adolescente
1876 - O Mujique Marei
1876 - A Dócil
1877 - Sonho de um Homem Ridículo
1879 - Os Irmãos Karamasov
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quinta-feira, 18 de abril de 2013
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