Adeus, Zeli...
Pra todos nós que integramos a família tabladiana, a morte de Zeli de Oliveira, ocorrida ontem, converteu-se em uma notícia devastadora.
E por uma dessas ironias cósmicas inconcebíveis, isso ocorre às vésperas do Dia das Mães. E Zeli sempre foi, para todos nós, uma mãezona.
Fazia a bilheteria das nossas práticas de montagem e das montagens do Tablado. Sempre que solicitada assistia ensaios e dava sugestões (invariavelmente preciosas) com relação aos figurinos.
Tinha uma paciência e boa vontade infinitas sempre que nós, professores, solicitávamos acesso ao acervo de figurinos do Tablado à procura de roupas, chapéus, lenços, cintos ou qualquer tipo de adereço.
Enfim...sei que palavras - quaisquer palavras - são inúteis num momento como esse. De qualquer forma, tenho absoluta certeza de que as poucas palavras que utilizo agora traduzem a imensa dor de toda a nossa família do Tablado.
Dizem que ninguém é insubstituível. Pois eu discordo totalmente: todas as pessoas são insubstituíveis. Zeli, portanto, é insubstituível, ainda que mais cedo ou mais tarde alguém vá desempenhar as mesmas funções que ela sempre desempenhou no Tablado com extrema paixão e enorme carinho.
Não sei se Deus existe. Mas caso exista, não tenho a menor dúvida de que Zeli está agora aconchegada em seus braços. E logo começará a divertir-se com a Vânia, a Kalma, o Piu, o Bernardo, a Clara e tantos outros que foram fundamentais em nossas vidas e em nossas trajetórias artísticas. Essa hipótese não estanca as lágrimas que derramo neste momento, mas ao menos me gera algum conforto.
Um beijo em todos que passaram pelo Tablado, em todos que ali estão e em todos que um dia terão o imenso privilégio de frequentar a instituição criada por Maria Clara Machado.
Lionel Fischer
Mestre, passo agora pelo Tablado. E me sinto pertencente de tal forma, que parece-me já ter estado outras vezes ali. Quanto à Zeli, disse a algum colega, que todos falam tão carinhosamente dela que me despertou um arrependimentozinho por não ter entrado antes nesta casa. Viva Zeli.
ResponderExcluirPrezado Leonel Fischer, você escreveu tudo o que todos sentiam em relação à Zeli. O meu relacionamento com ela, não passou pelo Tablado, mas eu tive a privilégio e a honra de a conhecer, de cruzar com ela, de conversar muito e de construir uma relação de afeto, afinidade e respeito mútuo, durante os 20 anos que fomos vizinhas, na Joaquim Távora, 98. Eu estou emocionada e triste com essa partida tão repentina e inesperada. A única certeza que eu tenho hoje, em relação à Zeli, é que o céu há de estar bem mais iluminado agora. A passagem da Zeli aqui na Terra deixou um rastro de amor e de permanência nas nossas vidas, seja como mulher, mãe, amiga, atriz, você sempre foi admirável, admirada e amada por todos que a conheceram.
ResponderExcluirQueridos Vitor e Lylyan,
ResponderExcluira ambos agradeço o sensível comentário postado. E a todos que porventura leiam a breve homenagem que prestei a ela, gostaria de dizer que certas pessoas, efetivamente, parecem ter vindo ao mundo com a expressa finalidade de iluminar a todos à sua volta. Zeli era uma pessoa assim. Sempre bem humorada, sempre prestativa, sempre disponível para todos que a procuravam, fossem alunos pré-adolescentes, adolescentes, os já maiorezinhos, os professores.
Enfim, Zeli era uma espécie de cais que acolhia todas as embarcações que nele buscavam refúgio, consolo ou soluções que pareciam não existir.
O grande poeta, dramaturgo e encenador alemão Bertolt Brecht formulou um pensamento que acho que se encaixa perfeitamente à Zeli:
Há pessoas que lutam durante um ano, e são importantes.
Há pessoas que lutam durante 10 anos, e são muito importantes.
Mas há pessoas que lutam durante uma vida inteira: essas são as imprescindíveis.
Zeli era imprescindível. Absolutamente imprescindível.
Beijos,
Eu
No seu velório, Lionel, havia uma grande quantidade de jovens, chorando, muito emocionados e tristes, isso é a prova da importância da Zeli na vida de cada um, todos estavam órfãos naquele momento. Eu e todos os adultos também estávamos ficando órfão naquele momento. Um abraço, Lylian
ExcluirÉ verdade, amiga.
ResponderExcluirA orfandade era geral.
E isso só acontece com pessoas especiais.
E Zeli era uma delas.
Beijos,
Eu