Teatro/CRÍTICA
"Billdog"
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Humor e mistério na Casa da Gávea
Lionel Fischer
"Charmoso e com linguagem arrojada, o espetáculo é encenado por um ator (Gustavo Rodrigues), que interpreta 38 personagens e um músico (Márcio Tinoco). Na trama, com atmosfera dos filmes Noir e Cult, Bill é um mercenário que ganha a vida cometendo crimes pelas ruas londrinas e tentando se livrar de um bandido misterioso. O anti-herói vê em um mafioso italiano a figura do pai que não teve e ama uma mulher de caráter duvidoso, a quem vislumbra o que verdadeiramente passa em sua mente".
Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo de "Billdog", cujo texto e concepção levam a assinatura do ator londrino Joe Bone. Este chegou a ensaiar no Brasil com Gustavo Rodrigues e Guilherme Leme, cabendo a Leme os ajustes da versão ora em cartaz na Casa da Gávea.
Como implícito no parágrafo inicial, estamos diante de uma trama típica do gênero policial, repleta de surpresas e impregnada de mistério. Mas cabe também ressaltar o humor do texto, não raro deliciosamente macabro, que possibilita constantes risos da platéia. Esta, por sinal, envolve-se totalmente com o espetáculo, pelas razões que se seguem.
A primeira delas diz respeito à concepção de Joe Bone. Totalmente centrada na capacidade do ator de dar vida a 38 personagens, ela implica em que o dito intérprete não apenas consiga compor tantos tipos, mas também "sonorizar" todas as situações - tiros, abertura de portas, esquartejamento de um cadáver etc. Ou seja: mais que tudo, aqui o imprescindível é a presença de um ator muito preparado, tanto no que concerne à voz quanto ao universo corporal. E Gustavo Rodrigues se mostra à altura de todos os desafios propostos pelo texto e pela direção, exibindo um dos melhores e mais criativos desempenhos da atual temporada.
Quanto aos mencionados "ajustes" feitos por Guilherme Leme, não sei exatamente quais foram. Seja como for, sua direção é impecável, precisa, criativa e lúdica. E sendo Leme um ótimo ator, certamente contribuiu de forma decisiva para a irretocável performance de Gustavo Rodrigues, cabendo também registrar a excelente contribuição do guitarrista Márcio Tinoco, responsável pela adaptação da trilha original de Ben Roe.
Na equipe técnica, Wilson Reiz assina uma iluminação maravilhosa, capaz de enfatizar com precisão os múltiplos climas emocionais em jogo. Igualmente irrepreensíveis a adaptação e tradução de Gustavo Rodrigues, o figurino de Paulo Barbosa e a técnica em canto a cargo de Breno Pessurno.
BILLDOG - Texto e concepção de Joe Bone. Direção de Guilherme Leme. Com Gustavo Rodrigues. Casa da Gávea. Sábado, 21h30. Domingo, 20h.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
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Olá! Sou de São Paulo e tive a oportunidade fantástica de ver o espetáculo no Rio neste feriado. Fiquei pensando sobre como as velhas convenções de unidade tempo-espaço são destroçadas com a simulação da claquete para mudança de cena e do movimento de flash-back induzido com as mãos. E funcionam! É teatro, OK. Tem palco, plateia no seu lugar e palmas ao final. Mas quanto disso tudo é performance sobre o palco? Enfim, aguardo que chegue a Sampa para ver de novo.
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