É preciso ser coerente!!!
Lionel Fischer
Como vocês sabem - queridos seguidores deste modesto blog - já inseri aqui diversos artigos sobre crítica teatral. Mas jamais falei em meu nome, o que passo a fazer agora, provavelmente motivado pela longa entrevista que concedi, ontem, a um jovem estudante cuja tese de mestrado aborda este tema. Mas não repetirei aqui o que disse ao tal jovem, apenas falarei brevemente sobre uma questão que considero essencial: a coerência.
Suponhamos, apenas como hipótese, que exista aqui (ou em qualquer outro lugar) um crítico (ou crítica) que escreva em um veículo de grande circulação.
Suponhamos que este crítico (ou crítica) cultive o hábito de "detonar" a maioria dos espetáculos que assiste, valendo-se de expressões ofensivas e inaceitáveis.
Suponhamos que ele (ela) não tenha a capacidade de renovar seu olhar sobre a cena.
Suponhamos que tenha se petrificado em conceitos completamente superados.
Suponhamos que saia de sua casa impregnado (a) de preconceitos ou ainda de referências que exige ver confirmadas na cena - se ele (ela) assistiu, por exemplo, a uma montagem que considera "definitiva" sobre um clássico, em geral encenada em algum país que não o nosso, passa a encarar como um "sacrilégio" qualquer outra visão da mesma peça, sem se dar conta de que seu olhar, seus sentimentos, sua possível inteligência e sensibilidade já se encontram há muito engessados.
Isto posto, cabe então a seguinte reflexão.
Se eu, enquanto artista ligado ao teatro, desprezo por completo a opinião deste crítico (ou crítica), por que será que quando ele (ela) escreve algo favorável à montagem de que estou participando, minha primeira providência é a de inserir no anúncio do jornal um trecho do que ele (ela) escreveu?
E mais: por que produzo com velocidade supersônica um banner, que coloco na entrada do teatro, contendo a tal crítica elogiosa do tal crítico ou crítica? Se ele (ela) e suas opiniões não me interessam, se realmente desprezo sua postura frente ao fenômeno teatral, então não deveria levar em conta nem os elogios nem as pauladas que recebo!?
Mas, como todos sabemos, as coisas não se passam exatamente assim...
Em minha opinião, falta coerência. E, sobretudo, coragem.
E para finalizar: nenhum crítico detém poder algum, por si mesmo.
Ele passa a deter algum poder na medida em que a ele o outorgamos.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
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Depois de pesquisar a história da crítica, os tipos de crítica, formatos, etc, esbarrei justamente nesta questão do poder. Quando ouvi de algumas pessoas da área que no exterior havia críticos legitimados, perguntei: mas quem os legitimou? No fim das contas, esta passou a ser a questão que mais me interessa da minha pesquisa de mestrado sobre crítica na era digital!
ResponderExcluirAdorei Lionel!!!
ResponderExcluirAi, morro de saudades das suas aulas! Ano que vem ainda vou estar na pós aos domingos... Mas me aguarde q um dia eu volto!
Bjokas!
Marcela Cabelo ^_^