quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ítalo Rossi
(1931-2001)


          Certamente um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos, Ítalo Rossi morreu ontem, aos 80 anos. Embora tenha feito 20 filmes e participado de 28 novelas na TV - afora os dez anos que integrou o elenco fixo do "Grande Teatro", na TV Tupi - foi nos palcos que Ítalo encontrou o espaço ideal para exercer seu enorme talento e versatilidade.

          Dentre seus maiores sucessos destacam-se "A casa de chá do luar de agosto", "Vestir os nus", "Panorama visto da ponte", "O Mambembe" , "A noite dos campeões", "Quatro vezes Beckett", "Encontro com Fernando Pessoa", "Encontro de Descartes e Pascal", "Comunicação a uma academia" e "O doente imagináriio".

          Ítalo Rossi ganhou todos os prêmios passíveis de serem conquistados no teatro e sempre foi - e continuará sendo - uma referência para todos aqueles (de qualquer idade) que se dedicam à complexa arte de representar.

          A seguir, e em sua homenagem, transcrevo um texto que constava do espetáculo Liberdade, Liberdade. No entanto, traído pela memória, o atribui integralmente a Louis Jouvet, quando na verdade só o primeiro trecho é de sua autoria. Quem me chamou a atenção para este equívoco foi o amigo e grande ator Jaime Leibovicht, a quem agradeço.

“Sou apenas um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem de teatro. Quem é capaz de dedicar toda a sua vida à humanidade e à paixão existentes nesses metros de tablado, esse é um homem de teatro".


Paulo Autran dizia essas palavras e seguia...


Nós achamos que é preciso cantar. Por isso,
 
‘Operário do canto, me apresento
 sem marca ou cicatriz, limpas as mãos,
 minha alma limpa, a face descoberta,
 aberto o peito, e – expresso documento -
 a palavra conforme o pensamento.
 Fui chamado a cantar e para tanto
 há um mar de som no búzio de meu canto.
 Trabalho à noite e sem revezamentos.
 Se há mais quem cante cantaremos juntos;
 sem se tornar com isso menos pura,
 a voz sobe uma oitava na mistura.
 Não canto onde não seja a boca livre,
 onde não haja ouvidos limpos e almas
 afeitas a escutar sem preconceito.
 Para enganar o tempo – ou distrair
 criaturas já de si tão mal atentas,
 não canto…
 Canto apenas quando dança,
 nos olhos dos que me ouvem, a esperança.”  
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Os versos são um enxerto de Profissão do Poeta, poema de Geir Campos 


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Um comentário:

  1. A peça,"Liberdade, Liberdade". no seu todo, é simplesmente PERFEITA!!

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