Teatro/CRÍTICA
"O Homem, a Besta e a Virtude"
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Pirandello em ótima versão
Lionel Fischer
"A peça conta a história da Senhora Perella, mulher de um capitão de navio, que está sempre viajando. Há muito o casal não tem relações sexuais. Perella tem um caso com o professor do filho. Na véspera de uma esporádica visita do Capitão, ela conta ao Professor que está grávida. A partir daí, os dois amantes se desdobram em um plano maluco para fazer com que o Capitão tenha relações sexuais com a esposa e pense que o filho que ela espera é dele, pois em sua próxima visita a mulher já estará com a barriga muito grande".
Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo desta peça do dramaturgo italiano Luigi Pirandello (1867-1936), só encenada no Brasil em 1962 pelo Teatro dos Sete (Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Britto e Gianni Ratto). Em cartaz no Teatro dos Quatro, a montagem da Cia. Olhar Imaginário, de São Paulo, chega à cena com concepção de Débora Duboc, direção de Marcelo Lazzaratto e elenco formado por Débora Duboc, Gabriel Miziara, Fernando Fecchio e Thiago Adorno.
Autor dramático e novelista, uma das grandes figuras do teatro moderno, herdeiro do teatro analítico de Ibsen, precursor do teatro existencialista e do chamado Teatro do Absurdo, Pirandello deixou uma obra vasta e diversificicada, quase toda ela girando em torno dos mesmos temas, dentre eles a impossibilidade de se escapar ao própriio eu, o problema da identidade e da aparência.
Embora esta não seja uma de suas obras mais conhecidas e encenadas, ainda assim é possível perceber que o autor investe contra a hipocrisia e a moral burguesas - temas que também muito o interessavam. E o faz num tom propositadamente farsesco, com pitadas da commedia del'arte, sem excluir aspectos inerentes à bufonaria.
E o grande mérito da direção de Marcelo Lazzaratto é justamente o de investir corajosamente na farsa, já que o material dramatúrgico não se prestaria, digamos, a uma materialização cênica mais séria. Isto não significa, bem entendido, uma busca desenfreada pelo riso fácil, pois se este fosse o objetivo não teríamos como usufruir, como ocorre, os principais conteúdos propostos pelo autor.
Valendo-se de marcas criativas, diversificadas e de notável precisão rítmica, o encenador exibe o mérito suplementar de haver extraído ótimas atuações de todo elenco, que se desdobra com exuberante brilhantismo em muitos personagens. Como já disse dezenas de vezes, este país pode carecer de tudo, menos de grandes intérpretes.
E é o que pode ser constatado nesta divertida empreitada teatral.
Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo os trabalhos de Marcos Caruso (tradução), Chico Spinosa (direção de arte, cenário e figurinos), Marcelo Lazzaratto (iluminação) e Gustavo Kurlat e Ruben Feffer (música e direção musical).
O HOMEM, A BESTA E A VIRTUDE - Texto de Luigi Pirandello. Concepção de Débora Duboc. Direção de Marcelo Lazzaratto. Com Débora Duboc, Gabriel Miziara, Fernando Fechhio e Thiago Adorno.Teatro dos Quatro. Terças e quartas, 21h30.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
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ResponderExcluirQuerido Lionel, acabamos de ler sua critica e você entendeu TUDO!!!! Que alegria!
ResponderExcluirSomente 2 correções,
1) A CIA não é Elevador Panôramico e sim a CIA Olhar Imaginario, que é a CIA da Débora Duboc.
2) A concepção/ encenação tb é da Debora Duboc.
Estamos muito felizes por tê-lo feito sorrir.
Um abraço e obrigado.
THIAGO ADORNO
Cia Olhar Imafinário.