Teatro/CRÍTICA
"A estupidez"
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Hilariantes desvarios no CCBB
Lionel Fischer
Como todos sabemos, a estupidez humana se manifesta de diversas formas e em variados contextos. Aqui, podemos identificá-la na Arte, na Ciência, na Justiça, na forma como lidamos com o dinheiro e também no que concerne às relações familiares. Tendo como cenário diversos hotéis de beira de estrada em Las Vegas, o autor argentino Rafael Spregelburd criou cinco núcleos e 24 personagens (mafiosos, cientistas, atores, policiais, marchands e doentes mentais, dentre outros), cujas histórias se cruzam a todo momento.
Mais recente produção do grupo Os Dezequilibrados, "A estupidez" (Teatro II do CCBB) chega à cena com direção de Ivan Sugahara e elenco formado por Alcemar Vieira, Cristina Flores, José Karini, Letícia Isnard e Saulo Rodrigues.
Como bem define o diretor em texto que consta do programa, a peça "...lembra a obra de Quentin Tarantino e seu 'Pulp Fiction' ou os irmãos Cohen e seu 'Queime depois de ler'. A estetização da vulgaridade das produções B que, em alguma medida, ocorre nesses filmes, é semelhante à que ocorre na peça. Como se o matiz de 'A estupidez' fosse um seriado tosco (e por isso mesmo atraente), tal como os clássicos 'Dallas' ou 'Chips', ou um bom filme fuleiro, desimportante e interessante como as nossas vidas".
Isto posto, cumpre salientar que o presente texto é bastante engraçado, sempre apoiado em um humor crítico e a vasta galeria de personagens se encaixa perfeitamente na proposta do autor de salientar múltiplos aspectos da estupidez humana. No entanto, acredito que o resultado seria ainda mais contundente se o texto tivesse sido um pouco reduzido, não me parecendo que tenha estofo para sustentar dois atos.
Quanto à direção, Ivan Sugahara impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico, para tanto valendo-se de marcas tão imprevistas quanto desvairadas, executadas de forma primorosa por um elenco que mergulha de cabeça neste universo divertido e crítico. E aqui cabe ressaltar a maravilhosa capacidade dos atores de criarem tipos completamente diferentes, a cada um deles impondo diversificadas vozes e hilariantes composições físicas.
Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo o trabalho de todos os profissionais envolvidos nesta curiosa e oportuna empreitada teatral - Rui Cortez (direção de arte e figurino), Cortez e Nello Marrese (cenografia), Ivan Sugahara e Álvaro Lazzarotto (trilha sonora), Lazzarotto (música original) e Paula Maracajá (preparação corporal).
A ESTUPIDEZ - Texto de Rafael Spregelburd. Direção de Ivan Sugahara. Com a grupo Os Dezequilibrados. Teatro II do CCBB. Quinta a domingo, 19h30.
terça-feira, 19 de abril de 2011
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