O t e s t e
de Lionel Fischer
Personagens
Diretor
Psicopata
Carmem Loyola
Clotilde
Sensível
Dreiffus
Zaira
Jessica
Carloaugusto
Carmem
Micaela
Sara
Mohamed
Cassandra
Cenário
13 cadeiras
(Os atores chegam com o público. Tempo. Surge o Diretor, trazendo umas fichas)
Diretor - Boa noite. Os que vieram para o teste, por favor, no palco. (Os atores sobem e se sentam em cadeiras, cujo número corresponde ao de candidatos. O Diretor repara que uma cadeira fica vaga) Bem, parece que um dos candidatos desistiu do teste...enfim, problema dele. (Nesse momento, surge o Psicopata, que pára perto do palco) Pois não?
Psicopata - Eu também vim pro teste.
Diretor - Ah, é?
Psicopata - É.
Diretor - Mas o senhor está atrasado.
Psicopata - Quanto?
Diretor - Por favor...(Faz um gesto convidando o Psicopata a ir para o seu lugar. Ele obedece) Bem, como vocês sabem, o Centro Experimental de Pesquisas Cênicas faz os seus testes de admissão com a presença de uma platéia. Dessa platéia, evidentemente, não consta ninguém da relação de vocês, porque isso poderia funcionar como um elemento inibidor. Ou então de sutil coação: um parente ou amigo de vocês mais assanhado poderia inventar de aplaudir uma bobagem qualquer que vocês fizessem, tentando assim influenciar minha decisão. Ou seja, em ambos os casos a presença de pessoas conhecidas não é recomendável. Bem, a primeira fase da nossa avaliação se dará assim: eu chamo um por um, vocês dizem quantos anos têm, de onde são, onde moram, se tem algum tipo de profissão etc. E em seguida mostram o que prepararam. Podemos começar? Ótimo. (Olha as fichas) Carmem Loyola...
Carmem Loyola- Aqui!
Diretor - Por favor.
Carmem Loyola - Bem, eu me chamo Carmem Loyola Veiga de Almeida de Assumpção y Albuquerque. Passei um pouquinho dos 30 – mas só um pouquinho – sou casada com um empresário do ramo amoroso e...
Diretor - Ramo amoroso...como assim?
Carmem Loyola - É que meu marido tem uma rede de motéis.
Diretor - Ah, claro.
Carmem Loyola - Bem...tenho quatro filhos: Mário Antonio, Antonio Mário, Maria e Antonia, as meninas são gêmeas. Bem, eu nasci no Rio, mas já há algum tempo estou morando na Barra. Quanto à profissão...sei lá, sou casada. Não deixa de ser uma profissão, não é mesmo?
Diretor - É verdade. E o que foi que a senhora preparou?
Carmem Loyola - Ah, o senhor vai adorar! Só um minutinho! (Ela tira enormes tamancos de uma bolsa e um par de chocalhos. Coloca os tamancos, empunha os chocalhos e quando entra a música, sai dançando feito uma alucinada. Terminado o número, volta para o seu lugar, guarda os tamancos e os chocalhos. O Diretor faz anotações numa ficha)
Diretor - A senhora, por favor.
Clotilde - Meu nome é Clotilde Assunta, minha idade não interessa a ninguém, sou solteira, vim de Aquidauana, Mato Grosso do Sul e me considero uma pessoa intensa.
Diretor - Intensa...como assim?
Clotilde - Eu vivo profundamente as minhas emoções.
Sensível (Cantando) - Eu sei que estou aqui/ Vivendo esse momento lindo/ (Outros alunos se juntam no canto) Olhando pra você/ E as mesmas emoções fluindo!!!
Diretor - Mas o que é isso? Quem foi que autorizou esse coral medonho?
Sensível - Desculpe, mestre. Mas quando ela falou em emoções, não deu pra segurar.
Diretor - Mas eu espero que dê, daqui pra frente. A sua hora de se exibir ainda não chegou.
Sensível - Peço desculpas mais uma vez. E me desculpo também com a colega.
Clotilde - Eu aceito a sua desculpa. Do fundo do meu coração.
Diretor - Bem...retomando: a senhora dizia que vive intensamente as suas emoções.
Clotilde - Não só as minhas. As emoções dos outros também. Eu sou um feixe de nervos, sempre pronta a reagir ao menor estímulo. Tudo me toca. Tudo me sensibiliza. E como tudo me toca e tudo me sensibiliza, eu acho que também posso tocar e sensibilizar as pessoas. Por isso resolvi ser atriz.
Diretor - Muito bem. E o que vamos ter, senhora Assunta?
Clotilde - Uma versão falada de uma obra-prima do nosso cancioneiro popular amargo.
Diretor - Do nosso...o quê? (A música começa. É “Meu mundo caiu”)
Clotilde - E aí? Comoveu-se?
Diretor - Bastante.
Clotilde - Mas eu não estou vendo lágrimas em seu rosto!
Diretor - É que eu...sou um tanto reprimido. Custo muito a chorar.
Clotilde - Mas comigo na turma, o senhor vai chorar. E muito!
Diretor - De tristeza ou de alegria?
Clotilde - Isso pouco importa. O fundamental é deixar escorrer!
Diretor - Certo...deixar escorrer...bem... Você.
Dreiffus - Meu nome é Dreiffus da Silva, tenho 23 anos, sou de Vitória, moro aqui desde os doze anos e desde então me dedico ao estudo e imitação de dinossauros.
Diretor - Como é?
Dreiffus - Eu tenho paixão por essas criaturas. E essa paixão só fez aumentar à medida que eu passei a imitá-las. Aliás, o número que eu preparei é exatamente a imitação de um dinossauro. Mais especificamente de um Tiranossauro Rex no processo de procura, espreita e finalmente captura de uma vítima.
Diretor - Tudo bem, mas o que essa paixão tem a ver com teatro? Ou o senhor imagina que exista um vasto repertório de peças em que o senhor possa imitar dinossauros?
Dreiffus - A imitação do dinossauro em questão, mestre, serve apenas como uma amostra de uma habilidade específica. Aliás, se o senhor me permitir, no final desta avaliação eu posso perfeitamente imitar o senhor.
Diretor - O senhor está insinuando que eu pareço um dinossauro?
Dreiffus - Em absoluto. Ao menos numa avaliação superficial. (Ri da suposta piada)
Diretor - Eu fico muito grato. Bem...vamos ao “número”?
Dreiffus - Nesse minuto. (E então, tendo como pano de fundo uma música dinossáurica, ele imita o dito monstro no contexto mencionado) E então: foi convincente?
Diretor - De um realismo inacreditável. Aliás, eu só não saí correndo porque minhas pernas simplesmente ficaram paralisadas.
Dreiffus - Foi o que eu imaginei.
Diretor - A senhora.
Zaira - O meu nome é Zaira Zambolho. Tudo o que fui deixou de ser quando Shiva se apossou de todos os meus chacras. E o que eu sou hoje é o que importa.
Diretor - E o que a senhora é?
Zaira - Aquela que segue a Palavra. Que se esvazia e se enche a todo momento. Que tem a constância da inconstância das marés. Que quando se separa de alguma coisa, deixa em aberto a promessa de um encontro futuro. Fui clara?
Diretor - Claríssima. Vamos então à apresentação?
Zaira - Com certeza. (Ela acende um incenso, contempla a fumaça, a acompanha com um oscilar de corpo. Depois, põe o incenso no dedão do pé)
Diretor - Acabou?
Zaira - Nada acaba, mestre. Se estreitarmos nossa convivência, o senhor se dará conta disso.
Diretor - Certamente. Mas...em que eu devo me basear para saber se a senhora fez ou não uma boa apresentação?
Zaira - Olhe primeiro para dentro de si mesmo. Tente recompor as sua emoções primevas enquanto me observava comunhando com o universo. Se o fizer, a resposta surgirá despida de toda a névoa.
Diretor - Tudo bem. Eu...prometo fazer isso, nem que seja mais tarde.
Zaira - Cada um governa o seu tempo. E Shiva, o tempo de todos nós.
Diretor - Muito obrigado. A senhora.
Jessica - Que que tem eu?
Diretor - Se apresente, por favor.
Jessica - Bem...meu nome é Jessica Brown, eu tenho...
Diretor - O nome de batismo, por favor. Eu quero saber quem a senhora é e não quem gostaria de ser.
Jessica - Mas é assim que eu me chamo!?
Diretor - A senhorita é americana, inglesa ou irlandesa?
Jessica - Não, sou de Magé.
Diretor - E se chama Jessica Brown...
Jessica - Sabe que que é, professor? Quando eu fiquei maiorzinha, eu pedi pros meus pais mudarem meu nome. Ele é muito feio. E não tem ressonância artística!
Diretor - Mas eu gostaria de conhecê-lo, se não se importa.
Jessica - Bem...eu me chamo...Gessy Cabral.
Diretor - Gessy Cabral...Realmente, trata-se de um nome, enfim...
Carloaugusto - Feio pra caralho!
Jessica - Tá vendo? É por isso que eu....
Diretor - Escuta aqui, meu filho: em primeiro lugar, ninguém pediu a sua opinião. E depois, quando você se manifestar, não use palavras de baixo calão! Entendeu?
Carloaugusto - Mais ou menos...
Diretor - Como assim, mais ou menos?
Carloaugusto - Eu sei lá o que que é calão, professor!
Diretor - O seu nome, por favor.
Carloaugusto - Carloaugusto.
Diretor - Escreve junto, isso aí? Ou é Carlos Augusto?
Carloaugusto - Escreve junto. É tudo colado: Carloaugusto. Tá aí na ficha.
Diretor - E o sobrenome?
Carloaugusto - Pinto Mancuzo. Pinto do pai. Mancuzo da mãe. Também deve estar na ficha.
Diretor - Muito bem, senhor Pinto. Já já nós conversamos. (À Jessica). Bem, senhorita, o que vamos ter?
Jessica - Só um instantinho: deu pro senhor notar a mudança no meu nome?
Diretor - Não atinei, não.
Jessica - Então atina: Gessy Cabral é um horror, mas Jessica Brown é o máximo, concorda?
Diretor - Concordo.
Jessica - E mostra como eu sou criativa. Eu peguei o meu nome e inglesei!
Diretor - É verdade. A senhorita “inglesou”. Mas...vamos ao que interessa?
Jessica - Vamos. Eu vou mostrar o que é que uma menina da minha idade deve fazer pra seduzir um garoto que tá a fim dela, mas é travado pra cacete. Os dois tão sentados na mesa de um bar, por exemplo. O cara tá mandando aquele papo de encruzilhada, sacou? Que não vai nem prum lado nem pro outro. E a menina tá afinzona dele. Então, ela pode escutar tipo assim, que é pro cara se tocar que ela tá se latejando toda e tudo o que ela quer é transar! (Faz caras, bocas e posturas sensuais) Depois disso, eu garanto, o garoto só não come ela se for viado! (E volta para o seu lugar)
Diretor - É...talvez a senhorita tenha razão. Só mais uma coisa: você faz o quê, quando não está realizando esse tipo de performance num bar?
Jessica - Ah, professor...eu tô sempre atuando!?
Diretor - Tudo bem. E agora, vamos ao senhor. O que foi que preparou?
Carloaugusto - Uma demonstração. Tipo a da Jessica. Só que usando uma pessoa de verdade, sacou?
Diretor - Não. Mas pode fazer.
Carloaugusto - Posso usar uma pessoa da platéia?
Diretor - Depende. Eu não quero que ninguém aqui se sinta constrangido.
Carloaugusto - Constrangido? Como assim?
Diretor - Incomodado, meu filho. De alguma forma invadido na sua privacidade. Vai, faz essa tal demonstração, por favor!
Carloaugusto - Ok, mestre. Fui! (E desce na platéia. Cola numa menina bonita) E aí, gata? (Tempo) E aí, gata? (Tempo) Pô, tô te achando super inteligente!? (Volta para o palco)
Diretor - Mas o que vem a ser isso, seu Pinto?
Carloaugusto - Pô, mestre, na boa. Não tô acreditando que o senhor não sacou o lance!
Diretor - Que lance, garoto?
Carloaugusto - Pô, todo mundo viu. Eu fui lá, mandei uns fluidos e...
Diretor - E o quê?
Carloaugusto - Pô, mestre, agora sou eu que tô ficando aquele negócio que o senhor falou...
Diretor - Constrangido...
Carloaugusto - E isso aí! Tô incomodadão!
Diretor - Incomodadão estou eu, com essa demonstração ridícula!
Carloaugusto - Ridícula? Pergunta lá pra menina se ela achou ridícula! Aposto que ela tá toda arrepiada com os fluidos que eu mandei! Tá ou não tá, gata?
Diretor - Agora chega. Se o senhor permite, eu gostaria de prosseguir com a avaliação.
Carloaugusto - Vai fundo, mestre.
Diretor - Bem, continuando. Você! (Carmem e Micaela se levantam)
Carmem - Nós viemos juntas.
Micaela - Somos irmãs.
Carmem - Meu nome é Carmem.
Micaela - E o meu, Micaela.
Carmem - Somos do Rio.
Micaela - Do Alto Leblon.
Carmem - Papai já morreu.
Micaela - Mas mamãe ainda não.
Carmem - Estudamos na Puc.
Micaela - Direito Penal.
Carmem - Mas amamos cantar.
Micaela - E é o que vamos fazer.
As duas - Podemos?
Diretor - Quando quiserem. (Micaela fica em cena. Carmem, de fora)
Carmem - Onde é que cê tá! Onde é que cê tá! Onde é que cê tá!
Micaela - Estou aqui! Onde disse que estaria! Plantada na sala!
Carmem (Surgindo) - Criatura hedionda, é o que cê é!
Micaela - Eu não vejo por que eu seria hedionda!
Carmem - Não se faça de cínica ou eu perco a cabeça!
Micaela - Cínica eu? E porque eu sô cínica?
Carmem - Porque vais me deixar! E simulas que não!
Micaela - Eu simulo que não? Mas se estou de partida!
Carmem - Vais deixar tua rainha! E partir com um escravo!
Micaela - Um escravo gostoso! Babilônio tesudo!
Carmem - De gostoso tem nada! E além disso ele é mudo!
Micaela - Mas tem algo precioso! Que nunca terás!
Carmem - Imagino o que seja! Um cacete pontudo!
Micaela - Um ariete potente! Parece um escudo!
Carmem - Minha ninfa adorada! Não me troques por ele!
Micaela - Já troquei e não enche! Não me torres o saco!
Carmem - Tu és uma ingrata! Alma e corpo eu te dei!
Micaela - Deste o corpo e alma, isso eu bem sei!
Carmem - E então, criatura? Não foi o bastante?
Micaela - Por um tempo bastou, mas agora eu tô noutra!
Carmem - Eu arranco essa roupa! E te dou umas porradas!
Micaela - Cuidado, rainha! Que eu sou mais sarada!
Carmem - Se bateres em mim, eu convoco a guarda!
Micaela - Com todos transei, não farão nada!
Carmem - Então és galinha, como já suspeitava!
Micaela - Cisquei como louca, bem na tua cara!
Carmem - Então adeus, aqui finda o enredo!
Micaela - Não chores rainha, utiliza teu dedo!
Carmem - E o que faço com ele, poderias dizer?
Micaela - Depende do dedo, e em que buraco o meter!
Diretor - Ok, ok, vamos parar por aqui.
Carmem - Mas ainda não acabou!?
Micaela - Falta só um pedacinho!?
Diretor - Eu já vi o bastante, obrigado. Ficou perfeitamente claro que a moça vai embora...
Carmem - A concubina ingrata...
Diretor - Com o escravo gostoso.
Micaela - O babilônio tesudo.
Diretor - Ótimo. Deu pra perceber. Por favor, voltem pros seus lugares. Vamos ao senhor, agora. O senhor é o quê?
Psicopata - Sou psicopata.
Diretor - O quê?
Psicopata - Foi o que o médico disse.
Diretor - Não entendi. Isso é alguma piada?
Psicopata - Não. É diagnóstico mesmo. Feito lá na prisão.
Diretor - Na prisão? Como assim?
Psicopata - Eu tive preso um tempo. Agora tô em liberdade condicional.
Diretor - E...que crime o senhor cometeu?
Psicopata - Eu matei a dona do apartamento que eu alugava.
Diretor - Matou?
Psicopata - Foi assim: ele veio cobrar o aluguel, eu disse que não tinha. No dia seguinte, ela voltou. Eu disse que não tinha. No terceiro dia, ela voltou. Aí eu perdi a paciência e cortei a garganta dela.
Diretor - E ainda assim conseguiu liberdade condicional?
Psicopata - Teve um advogado lá que pediu revisão do processo. Ele alegou que eu tive privação dos sentidos.
Diretor - E o senhor acha que teve?
Psicopata - Claro. Qualquer um perde a cabeça com uma velha pegando no nosso pé todo dia.
Diretor - Eu...bem...enfim, o senhor preparou alguma coisa?
Psicopata - Preparei. Eu vou mostrar como foi o meu desentendimento com essa senhora. (Vai para o centro, simula a conversa) Não tenho: passa amanhã. Não tenho: passa amanhã. Não tenho: passa...não, não passa mais porra nenhuma. (Simula o crime) Vai passar na casa do caralho...(Para o diretor) Legal?
Diretor - Depois a gente conversa. A senhora. (Sara e Mohamed se levantam) O senhor espera um pouco, faz favor. Eu só chamei a moça.
Sara - É que nós estamos juntos, master.
Diretor - Como assim?
Sara - Posso explicar em poucas palavras?
Diretor - Se forem poucas.
Sara - Pois bem: como o senhor já deve ter notado, eu sou judia. E até os 12 anos eu morei em Israel, no kibutz Harmelim, com meu pai – minha mãe morreu de parto, segundo papai porque eu entalei na hora de sair e parece que acabou rompendo lá umas coisas de mamãe etc. Pois bem: estava eu num ônibus, voltando da escola, em Jerusalém, indo para casa, quando ele – Sander Mohamed – que como o senhor já deve ter notado é árabe, começou a jogar uns verdes pra cima de mim. No início, eu me fingi de surda, pois papai sempre me proibiu de falar com eles, os árabes. Além disso, Sander Mohamed era muito mais velho do que eu e eu fiquei com medo de ele ser pedófilo. Mas ele foi tão gentil, educado e engraçado, que quando me convidou para descer e comermos juntos um ramaliutaiá – o senhor sabe o que é um ramaliutaiá? É um docinho típico da terrinha, uma espécie de cremekraker com uma caldinha de framboesa. Eu estava com muita fome e como além disso Sander Mohamed me garantiu que pagaria o docinho, eu resolvi descer do ônibus com ele. Pois bem: nós estávamos bem na porta da confeitaria e antes mesmo de entrarmos, ouvimos uma explosão medonha. O ônibus tinha ido pelos ares porque um dos passageiros era um homem-bomba. Quer dizer: graças a Sander Mohamed eu escapei do atentado. É claro que fiquei muito nervosa, mas mesmo assim comi o ramaliutaiá, pago por Sander Mohamed. Pois bem: depois disso, nos encontramos várias vezes e acabei me apaixonando. Quando contei pro papá o que estava acontecendo no meu coração, ele me arrastou para o Brasil, na esperança de que, numa terra tão distante de Israel, eu acabasse esquecendo Sander Mohamed e me enamorasse de um judeu brasileiro. Mas Sander Mohamed partiu atrás de mim, só que ele começou a me procurar no nordeste, mais especificamente em Fortaleza. E não me encontrando na aprazível cidade, veio descendo pelo litoral, até que finalmente, oito anos depois, nos reencontramos e retomamos nossa relação. Pois bem: ao saber disso, papá quis me arrastar de volta para Israel, mas teve um ataque apoplético e hoje meio que vegeta numa cadeirinha de rodas enferrujada, que eu comprei a prazo numa liquidação. Pois bem:
Diretor - Será que a senhora poderia abreviar um pouco essa saga?
Sara - Já estou terminando. Pois bem: na minha ausência, Sander Mohamed começou a trabalhar como ator. E é o que ele deseja fazer aqui no Brasil.
Diretor - Muito bem: e o que é que Sander Mohamed vai apresentar?
Sara - Sander Mohamed vai apresentar o mais extraordinário monólogo de toda a história do teatro. O célebre “É ou não é”, do fabuloso bardo.
Diretor - A senhora provavelmente está se referindo ao “Ser ou não ser”, de Shakespeare...
Sara - É que nós fizemos uma releitura árabe-judaica de toda aquela indecisão.
Diretor - Vamos lá, então. (Mohamed começa, mas antes que Sara faça a primeira tradução...) Espera aí: mas o que é isso?
Sara - Sander Mohamed tem um pequeno problema vocal.
Diretor - Pequeno?
Sara - Eu explico. Sander Mohamed teve uma fase terrorista e num sangrento confronto na faixa de Gaza, um patrício meu jogou uma granada no rosto de Sander Mohamed, que mesmo tendo conseguido se desviar do projétil, um fragmento dele se engavetou na goela de Sander Mohamed, que por causa desse entrevero ficou um pouco fanho.
Diretor - Um pouco? Mas ele é completamente fanho!
Sara - Acho que o mestre está sendo muito radical.
Diretor - E ele imagina que possa ser ator assim?
Sara - Pode. E é aí que entro eu. Quando Sander Mohamed interpreta um texto, eu sirvo de intérprete, ainda que neutra, pois Sander Mohamed é inimitável.
Diretor - Tudo bem. Vamos a esse momento sublime. (Eles fazem)
Sara - E então, master?
Mohamed - Ahnnhan?
Sara - Gostou?
Diretor - Me faltam palavras...
Sara - Viu, Sander Mohamed?
Mohamed - Ahannhn.
Sara - Ele viu. (Vão se sentar)
Diretor - A senhora, por favor.
Cassandra - Meu nome é Cassandra. Tenho 28 anos. Sou formada em Educação Física, especialidade em basquete. Curto muito musculação e quando dá, remo na Lagoa.
Diretor - E o que vamos ter?
Cassandra - Eu sou fissurada em MPB. Nas cantoras de MPB. Elas falam tudo o que eu gostaria de falar. Então eu escolhi uma música que tem tudo a ver com o meu momento atual. “Devolva-me”. E que a Adrianinha interpretou feito uma deusa.
Diretor - Perdão...mas quem é Adrianinha?
Cassandra - A Calcanhoto, porra. Tem outra na praça?
Diretor - Que eu saiba, não.
Cassandra - Então. A Adrianinha gravou, mas como eu não sou cantora, vou só dizer a letra, que é um puta dum poema, e como eu já disse, tem tudo a ver com o meu momento atual. Vamo lá: Rasque as minhas cartas/ E não me procure mais/ Assim vai ser melhor, meu bem/ O retrato que eu te dei/ Se ainda tens...(Ela pára, olha fixamente um ponto na platéia) Ana? É você? (Desce do palco, vai até Ana, que é alguém da platéia) Que que tu tá fazendo aqui, cachorrona? Num bastou arrebentar com o meu coração? Agora tu quer arrebentar com o meu teste? E o meu retrato, porra? Que tu ficou de devolver? Tô esperando até hoje! (Tempo) Tudo bem...mas se ele não tiver na minha portaria até amanhã, eu vou na tua caça e onde eu te encontrar te encho de porrada! (Volta para o palco) Se ainda tens não sei/ Mas se tiver, devolva-me/ Deixe-me sozinha/ Porque assim eu viverei em paz/ Quero que sejas bem feliz junto do teu novo rapaz! (A Ana) Agora num te esquece: com rapaz ou sem rapaz, se tu não me devolver o meu retrato, já sabe: a porrada vai comer. E se teu namoradinho se meter a besta, cubro ele também, sacou? (Ao Diretor) Desculpe, professor. Mas é que essa vadia não tinha nada que ter vindo. Nem sei como foi que ela descobriu que eu vinha fazer esse teste.
Diretor - Vai ver que ela ainda te ama.
Cassandra - Isso num ama ninguém. Isso ama dinheiro!
Diretor - Tudo bem, senhora Cassandra. Quem sabe numa outra ocasião a senhora consegue equacionar melhor essa relação tão delicada.
Cassandra - Eu equaciono é a mão na fuça dela!
Diretor - Bem, vamos prosseguir. O senhor, que me parece o último.
Sensível - Só pareço, mestre. Porque eu não nasci pra nenhum final de fila.
Diretor - Uma estrela, é o que o senhor pretende ser?
Sensível - Fulgurante. Porque eu mereço.
Diretor - E em que se baseia essa crença?
Sensível - Na minha inaudita capacidade de conferir profundidade a tudo que parece banal. Antes de mim, só Paulo Coelho exibiu esse dom.
Diretor - Pelo que vejo, além de famoso o senhor pretende ficar rico.
Sensível - Será inevitável. É inerente ao sistema capitalista.
Diretor - Muito bem: vamos ao número?
Sensível - Número não, mestre. Isso aqui não é um cabaré e muito menos um circo. Faça-me o favor. Eu vou fazer uma performance, o que é completamente diferente!
Diretor - Me deculpe, senhor...
Sensível - Lourival Atento. Mas pode me chamar de Lori.
Diretor - Muito bem, senhor Lori. Vamos à performance?
Sensível - Só um minutinho. Antes eu preciso dar uma aquecida no meu material de trabalho. (Faz rapidamente estranhíssimos exercícios sonoros) Agora sim: estou à sua disposição.
Diretor - O senhor não prefere largar um momento esses livros?
Sensível - Não prefiro não. Eles são parte integrante da minha pessoa.
Diretor - Não resta dúvida.
Sensível - E agora eu pediria que o senhor não me interrompesse mais. O que vou apresentar exige de mim mais do que um ser humano pode suportar.
Diretor - Mas o senhor vai suportar, não é mesmo?
Sensível - Mestre! Por favor!?
Diretor - Desculpe. (Sensível faz a performance, que termina com a breve leitura de um fragmento de poema) Bem...agora que todos vocês mostraram o que tinham preparado, chegou o momento de vocês lidarem com o desconhecido. Nessa segunda parte de nossa avaliação, vamos partir para improvisações em dupla. Mas só vão fazer quatro duplas, em função da dinâmica do exercício. Prestem atenção: eu vou dar um tema e vocês improvisam no máximo durante um minuto. O tema é o mesmo para todas as duplas: uma separação. Podem ser dois amantes, dois amigos, marido e mulher, o que vocês quiserem. Vamos lá? (Olha as fichas) Jessica e...Carloaugusto. (Carloaugusto e Jessica vão para o centro) Agora, tem um detalhe: vocês só podem usar quatro palavras por frase, certo? Não podem ser nem três nem cinco. Tem que ser quatro palavras!
Carloaugusto - Professor...
Diretor - Não, senhor Carloagusto. Não é possível que o senhor não tenha entendido! Eu fui claríssimo! Ok, começando! (Eles começam)
Jessica - Então é verdade, Carloaugusto?
Carloaugusto - É verdade, Jessica Brown.
Jessica - Não me ama mais?
Carloaugusto - Amo não, Jessica Brown.
Jessica - Mas ontem você amava!?
Carloaugusto - Ontem amava, Jessica Brown.
Jessica - Tá gostando de outra?
Carloaugusto - Tô gostando, Jessica Brown.
Jessica - Eu conheço essa vagabunda?
Carloaugusto - Conhece sim, Jessica Brown.
Jéssica - Pode dizer quem é?
Carloaugusto - Posso sim, Jessica Brown.
Jéssica - Então me diz, Carloaugusto!
Carloaugusto - Tua mãe, Jessica Brown.
Jéssica - Mamãe não, mamãe não!
Carloaugusto - Mamãe sim, mamãe sim, Jessica...ih, professor, estourei o limite. Mandei cinco.
Diretor - Faz mal não, porque eu já ia parar mesmo.
Carloaugusto - E aí? Gostou?
Diretor - Adorei! Sobretudo o fato de o senhor ter repetido sempre o nome dela no final...virou uma espécie de refrão...interessantíssimo, por sinal.
Carloaugusto - É que eu sou muito criativo.
Diretor - Isso eu percebi assim que o senhor entrou aqui...podem sentar. (No caminho...)
Jessica - Carloaugusto!
Carloaugusto - Jesssica!
Jessica - Cada vez que você dizia o meu nome eu...
Carloaugusto - Ficava toda arrepiada!
Jessica - Me latejava toda!
Carloaugusto - Fala assim não, Jessica!
Diretor - Será que eu posso prosseguir? (Os dois se calam) Bem...(Sorteia) Clotilde e...Zaira (Elas vão para o centro) Detalhe: agora só podem ser usadas três palavras por frase, ok? Valendo! (Clotilde chora)
Zaira - Chora não, Assunta!
Clotilde (Tentando disfarçar) - Chorar? Eu, Zambolho?
Zaira - Você vive chorando.
Clotilde - Isso é verdade.
Zaira - Nada mais natural...
Clotilde - Que chorasse agora?
Zaira - Na nossa despedida.
Clotilde - Isso te alegra?
Zaira - Não seja escrota.
Clotilde - Que palavra terrível.
Zaira - Saiu sem querer.
Clotilde - Eu nunca pensei...
Zaira - Te peço perdão.
Clotilde - Fora. Fora daqui.
Zaira - Não seja implacável.
Clotilde - Implacável eu sou.
Zaira - Me beija, querida.
Clotilde - Um beijo, imploras?
Zaira - Um beijo, suplico.
Clotilde - Não o terás.
Zaira - Se é assim...
Clotilde - Assim o é.
Zaira - Vá se fuder!
Clotilde - Melhor que contigo. (As duas se olham ferozmente)
Diretor - Ótimo, ótimo. Podemos parar por aqui. Nos seus lugares, por favor. (Enquanto elas caminham...)
Clotilde - Eu nunca pensei que você fosse me chamar de escrota.
Zaira - Nem eu. Saiu assim, num impulso. Me perdoa, amiga.
Clotilde - E depois...me mandar transar comigo mesma!?
Zaira - Esquece tudo, Assunta! Limpa teu chacra!
Clotilde - Vou fazer uma faxina nele...
Diretor - Prosseguindo...(Sorteia) Mohamed e...Sara. (Eles vão para o centro) Agora, só duas palavras por frase!
Sara - Tô indo.
Mohamed - Annnnnnn...ahnnnnn.
Sara - Tudo bem?
Mohamed - Ahnnn...ahnnnn?
Sara - Sander Mohamed!
Mohamed - Ahnnnn...ahnnnn.
Sara - Grito sim!
Mohamed - Ahnnn...ahnnnn?
Sara - Pode bater!
Mohamed - Ahnnnn...ahnnn!
Sara (Mohamed a esbofeteia) – Palestino canalha! (Os dois se atracam. O Diretor e alguns alunos finalmente conseguem apartar) Fariseu desalmado! No rostinho de Sara nem meu papá encostou!
Mohamed - Ahnnn...ahnnn…ahnnn…ahnnnn!
Sara - Foi sem querer é o cacete, terrorista fanho!
Mohamed - Ahnnn...ahnnn…ahnnn!
Sara - Deixa Alá de for a disso, devoto fajuto!
Mohamed - Ahhhhhhhhhhhhhhhhhnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn!
Sara - O quê? Você está me propondo que eu devolva o bofete?
Mohamed - Ahnnnn...ahannnn!
Sara - E você não reage?
Mohamed - Ahnnnnn...ahnnnnn!
Sara - Entendo…e assim a ofensa se anula?
Mohamed - Ahnnnn...ahannnnn!
Sara - Sander Mohamed! Você é um homem maravilhoso! (Esbofeteia ele) Eu te amo muito, sabia?
Mohamed - Ahnnnnn.
Sara - E agora me diz: doeu muito o bofete de Sara? Fala, magrinho! (Sentam)
Diretor - Bem...uma vez concluída essa cena de pugilato, vamos à última dupla. Que só poderá usar uma palavra de cada vez. (Sorteia) Lourival e...Carmem. (Os dois no centro)
Carmem - Eu abandono ou sou abandonada?
Sensível - Eu te abandono. A contragosto, sofrendo muito, mas eu te abandono.
Diretor - Por favor, sem nenhuma explicação, ok? O que o senhor é ou como está se sentindo tem que ficar claro é na cena.
Sensível - Tudo bem. Senta ali, Carmem, e assume um ar de desdém altivo, que logo você vai abandonar quando eu...
Diretor - Senhor Lori! Por favor!?
Sensível - Eu sou estou tentando contextualizar o momento.
Diretor - Não contextualiza nada. Começa!
Sensível (Após intensa preparação) - Fui!
Carmem - Não.
Sensível - Sim.
Carmem - Lori!
Sensível - Diga.
Carmem - Eu...
Sensível - Coragem.
Carmem - Te...
Sensível - Conclui.
Carmem - Amo.
Sensível - Ama?
Carmem - Muito.
Sensível - Verdade?
Carmem - Sim.
Sensível - Ahahahahahahahaha!
Carmem - Pára!
Sensível - Incomodo?
Carmem - Bastante.
Sensível - Lamento.
Carmem - Esquece.
Sensível - Nunca.
Carmem - Então...
Sensível - Adeus! (E vai saindo)
Carmem - Corno!
Sensível (Voltando) - Ahnnn?
Carmem - Boiola!
Sensível - Ahnnnnn?
Carmem - Peidão!
Sensível - Ahnnn?
Diretor - Ok, podemos parar por aqui.
Sensível - Mas a cena ainda não terminou, professor! Quando ela me xingasse novamente e todo mundo pensasse que eu iria soltar mais um “ahnnnn”, eu engoliria em seco e sairia exibindo o mesmo desdém altivo da Carmem no início da cena. Mas o senhor, é claro, não teve um mínimo de paciência e estragou tudo!
Diretor - Escuta aqui, meu filho...
Sensível - Por favor! Se o senhor possui alguma sensibilidade, me deixa quieto um instante, que eu preciso me recuperar!
Sara - Ele precisa se recuperar, professor! Deixa ele quieto um instantinho!
Diretor - A senhora não se meta. Eu sei perfeitamente como lidar com alunos desse tipo!
Sensível - Desse tipo? Quer dizer que para o senhor...eu sou um tipo!?
Sara - Muito interessante, por sinal. Um rapaz esplêndido!
Sensível - Você jura, ramaliutaiá?
Sara - Juro! Só fica feio quando incorpora o caboclo do Borel.
Sensível - Olha...é tão bom escutar isso de uma pessoa como você.
Sara - E eu adorei você me chamar de ramaliutaiá! É tão poético!
Mohamed - Ahnnnn.ahnnnnnn
Sara - Não estou paquerando ele não. Ah, vocês árabes...como são ciumentos!
Diretor - Muito bem: vamos agora à parte final. Vocês todos são náufragos e estão à deriva num barquinho. Muita fome, muita sede, muito cansaço. De repente, alguém descobre que o barquinho está adernando por excesso de peso. Então, a única solução é jogar alguém no mar. O grupo escolhe essa pessoa e faz o que tem que fazer. E tudo isso sem pronunciar uma única palavra. Se for o caso, vocês podem gemer, arfar ou qualquer coisa no gênero.
Carloaugusto - Professor...
Diretor - Vamos começar? (Os alunos se agrupam canhestramente) Estamos em pleno mar. Valendo! (Os alunos tentam simular a situação. Finalmente, Sander Mohamed é jogado na água. Mas então, ao invés de apenas debater-se, ele grita)
Mohamed - Socorro! Socorro! (Todos interrompem o exercício e se entreolham)
Diretor - Mas o que é isso? O senhor não é árabe?
Mohamed - Não. Eu nasci em Varginha.
Diretor - E também não é fanho...
Sara (Sem sotaque) - Eu posso explicar, professor.
Diretor - E a senhora, pelo visto, também não é judia.
Sara - Não, sou carioca mesmo. De Belfort Roxo.
Diretor - E vocês? Também não são o que pareciam ser?
Sensível - Não.
Diretor - Quer dizer então que eu estou a quase uma hora lidando com pessoas que não existem! É mais ou menos por aí?
Sensível - Sabe o que é, mestre?
Diretor - Não, não sei. E não estou nem um pouco interessado em saber. Por gentileza, tenham a bondade de se retirar.
Sensível - É que nos disseram que era preciso agir assim pra conseguir entrar nessa escola.
Diretor - Como é que é?
Sensível - Falaram pra gente que o senhor só fica sensibilizado com candidatos que tenham, sei lá, uma história curiosa, que sejam pessoas diferentes. Então, como a gente chegou bem antes do horário, combinamos que cada um tentaria fazer um tipo capaz de despertar a sua simpatia. Só isso.
Jessica - Não foi por mal, professor.
Sara (Com sotaque ) - Dá mais uma chance pra nós, dá, master Fischer?
Diretor (Com sotaque) - Eu detesta dar chance...compreendeu, sua picareta?
Sara (Sem sotaque) - Gente! Ele imita judeu melhor que eu!
Sensível - Ele é maravilhoso! Todo mundo sabe disso! (E aí todos começam a falar ao mesmo tempo, pedindo uma nova oportunidade. Depois de um tempo...)
Diretor - Tudo bem. Eu vou pensar. De qualquer forma, estejam todos aqui amanhã. Às nove. (Alegria geral, comentários felizes etc. O Diretor vai deixando o palco por um lado, os atores por outro. O Psicopata fica parado no centro)
Psicopata - Professor...(O diretor e os atores param e se viram para o Psicopata)
Diretor - Sim?
Psicopata - Eu só queria lembrar ao senhor que eu cheguei atrasado...
(Todos se imobilizam. As luzes vão caindo em resistência)
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009
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