Teatro/CRÍTICA
"Caminhando entre contos, palavras e amores"
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Sensível e diversificada caminhada
Lionel Fischer
"Aonde está o limite entre sonho e ilusão? Tolice e bondade? Amor e paixão? Desejo e responsabilidade? Onde, e como, reconhecer a passagem do limite que leva as pessoas a chegarem ao desespero, ao preconceito, ao prazer de sofrer pelo outro, e até mesmo ao suicídio?". Extraído do programa distribuído ao público, estas foram as premissas que levaram a diretora russa (radicada no Brasil) Elena Konstantinovna a criar o espetáculo "Caminhando entre contos, palavras e amores", em cartaz na Sala Rogério Cardoso da Casa de Cultura Laura Alvim.
A partir de dois contos de Anton Tchecov ("Do diário de uma jovem" e "Personalidade enigmática"), um de Nikolai Leskov ("Um tolo") e finalmente "Acontecimento", de Vsevolodov M. Garshin, otimamente traduzidos por Maria Aparecida Botelho Pereira Soares, a montagem chega à cena com elenco formado por Flavia Tolledo e Gabriel Garcia (Cia. de Teatro Literário), acompanhados do violinista Alexei Henriques, que faz a ligação entre os contos e eventualmente sublinha determinados climas emocionais.
De forma bastante resumida, os quatro contos abordam as ansiedades de uma jovem em relação ao sexo oposto ("Do diário de uma jovem"), a frivolidade da alma feminina ("Personalidade enigmática"), a trajetória de um jovem por todos considerado um imbecil ("Um tolo") e uma dilacerada história de amor entre um jovem burguês e uma prostituta ("Acontecimento"). E sem entrar em maiores detalhes, cumpre registrar não apenas a excelência das obras escolhidas, mas sua total sintonia com as premissas que originaram o presente espetáculo.
Com relação à montagem, Elena Konstantinovna (ao que parece também responsável pela adaptação dos contos) impõe à cena uma dinâmica que mescla, com total propriedade, narração e interpretação, não raro praticamente simultâneas. Tal recurso, ainda que já bastante utilizado, cria uma dificuldade adicional para os intérpretes, pois a todo momento eles têm que "entrar" e "sair" de seus personagens. Mas ambos conseguem atingir um resultado que prende a atenção da platéia desde o primeiro momento.
Gabriel Garcia se entrega com paixão aos personagens que interpreta, conseguindo materializá-los em suas diversas singularidades. Apenas sugeriria ao ator que, em dados momentos, utilizasse um menor volume vocal, pois às vezes este se afigura como excessivo. Quanto a Flavia Tolledo, possuidora de belíssima voz e forte presença cênica, a atriz convence tanto nas passagens engraçadas como naquelas em que o trágico predomina - neste particular, sua interpretação da prostituta é simplesmente impecável, extraindo da personagem tudo que ela pode oferecer. Ao violino, Alexei Henriques contribui de forma decisiva na criação das variadas atmosferas que permeiam a montagem.
No complemento da ficha técnica, são corretos os trabalhos de Barbara Barbosa (cenografia), Vera Zotova e Elena Konstantinovna (figurinos) e Luis Carlos Gomes (iluminação), cabendo destacar a ótima preparação vocal do elenco feita pela encenadora.
CAMINHANDO ENTRE CONTOS, PALAVRAS E AMORES - Textos de Tchecov, Leskove e Garshin. Direção de Elena Konstantinovna. Com Gabriel Garcia e Flavia Tolledo. Porão da Laura Alvim. Terças e quartas, 20h30.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
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Lionel! Gostei muito critica sobre espetaculo.
ResponderExcluirMuito obrigada. Elena
Lionel,
ResponderExcluirGostaria de convidá-lo a assisitr "Guy de Maupassant.
Guy de Maupassant
Teatro e literatura sempre andaram de mãos dadas. Muitos dramaturgos publicaram contos e romances, assim como muitos escritores se aventuraram em peças teatrais. Não raro vê-se a transposição de obras literárias para os palcos. Trata-se de um desafio para o ator dar vida às palavras do livro e resgatar a valorização do texto na representação.
Este é o caso do espetáculo Guy de Maupassant. Nele, há utilização mínima de recursos cênicos para que nada distancie o espectador da escrita do autor. Em forma de monólogo, são narrados e encenados alguns dos melhores contos do escritor francês, em homenagem aos 160 anos de seu nascimento.
Guy de Maupassant publicou mais de trezentos contos em apenas dez anos, além de alguns romances, poesias e peças de teatro. Foi discípulo de Gustave Flaubert, de quem herdou o estilo elegante e simples. Trabalhou e viveu intensamente. Enfrentou a sífilis e a loucura dela decorrente. Tentou suicídio e morreu em um sanatório aos 42 anos.
Mesmo com vida tão atribulada e curta, deixou verdadeiras jóias em forma de palavra. Foi ourives na arte de lapidar o caráter e os sentimentos dos personagens, ao descrever suas desilusões e limitações. A obra versátil de Guy de Maupassant transita do realismo ao fantástico com igual vigor e originalidade.
No espetáculo, a atriz Joana Ferry, sob a direção de Evandro Meirelles Santos, apresenta quatro contos do autor: No Campo, Senhorita Perle, A Morta e O Horla (primeira versão).
FICHA TÉCNICA
Autor: Guy de Maupassant
Direção: Evandro Meirelles Santos
Adaptação e Interpretação: Joana Ferry
Cenário e Figurino: Bianca Borsoi
Iluminação: Rubia Vieira
Preparação Vocal: Dília Tosta
Programação Visual: Raquel Braz
Operação de Luz: Kadu Santoro
Assessoria de Imprensa: Isabela Marinho
Fotos: ::Photoria::
Serviço
Local: Teatro Solar de Botafogo
Endereço: Rua General Polidoro, 180 – Botafogo
(estacionamento em frente)
Telefones: 2543 5411 / 2542 9458
Temporada: 11 de junho a 29 de agosto de 2010
Dias e Horários:
sextas e sábados às 21 horas
domingo às 20 horas
Duração do espetáculo: 70 minutos
Ingressos: 30 reais (inteira) e 15 reais (meia)
(vendas na bilheteria do teatro ou pela www.ingresso.com)
desconto de 30% para funcionários e assegurados de Furnas, OAB e
Cia de Seguros Porto Seguro
desconto de 50% para assinantes de O Globo
Classificação: 10 anos
Categoria: Teatro adulto
SINOPSE:
“Guy de Maupassant” faz uma homenagem ao escritor francês nos 160 anos de seu nascimento. O espetáculo busca valorizar o texto e apresentar o vigor e a originalidade de sua obra, que transita do realismo ao fantástico. A atriz, sozinha no palco, narra e dá vida aos personagens em quatro histórias de escrita simples, mas capazes de gerar reflexões profundas. Todas elas nos mostram a precisão e a delicadeza com que Maupassant retrata o ser humano. Os contos realistas “No Campo” e “Senhorita Perle” revelam com lucidez as paixões e desilusões. Os fantásticos “A Morta” e “O Horla” abordam o estranho de forma plausível, além de expor a limitação de nossos sentidos.
SINOPSE RESUMIDA:
“Guy de Maupassant” faz uma homenagem ao escritor francês nos 160 anos de seu nascimento. A atriz, sozinha no palco, narra e dá vida aos personagens dos contos “No Campo”, “Senhorita Perle”, “A Morta” e “O Horla”. Quatro histórias de escrita simples, mas capazes de gerar reflexões profundas. Todas elas nos mostram a precisão e a delicadeza com que Maupassant retrata o ser humano.
Isabela Marinho
Assessoria de Imprensa