quinta-feira, 24 de junho de 2010

Em causa própria...mas nobre causa!

Lionel Fischer

Recentemente, durante um evento ligado ao teatro, uma jovem estudante - cumpre assinalar que AS jovens estudantes costumam fazer bem mais perguntas do que OS jovens estudantes - me perguntou por que eu não havia escrito, até o momento, nenhum livro sobre teatro, já que, em sua opinião, "eu sabia tudo sobre teatro". Mesmo que tal afirmação seja completamente falsa, já que ninguém chega a saber tudo sobre o que quer que seja, por um momento abaixei os olhos, rubro de modéstia, mas logo em seguida recuei dois passos, pálido de espanto, como um personagem de soneto.

"Como assim?" - pensei - "ainda não escrevi um livro sobre o teatro???". Então informei à dita jovem que já havia, sim, escrito um livro sobre teatro, em parceria com meu amigo e parceiro de vida Bernardo Jablonski, lançado em 2004, com o título "O teatro por dentro ou por dentro do teatro - tudo aquilo que você sempre quis saber sobre o teatro e nunca lhe ocorreu".

Ela demonstrou um certo espanto, não apenas com a informação que recebera, mas também com a parte do título que vem depois do hífen. Então lhe expliquei que tratava-se, naturalmente, de uma brincadeira, pois ninguém pode querer saber tudo sobre alguma coisa que nunca lhe ocorreu...

Então ela sorriu...e as amigas que a acompanhavam riram dela...- as mulheres são sempre implacáveis, concordam?

Mas, enfim. O prólogo acima foi escrito com o intuito de divulgar o referido volume, que continua à venda em livrarias como Letras & Expressões, Travessa etc. E para tentar convencer os meus queridos seguidores deste blog a adquirir esta obra imortal (Perdoai-me, Senhor!), transcrevo a seguir parte da "orelha" e a contra-capa do livro, ambas assinadas por Domingos Oliveira.

Parte da "Orelha"

É no epicentro da esculhambação que se encontra a perfeita ordem. É dando risadas que se recebe ensinamentos. A verdadeira coerência deve conter grãos de indecisão. O pensamento lógico para não ser traído pela coerência tem exatamente que trair a si mesmo. Introduzir as impurezas em sua limpidez, demonstrando, assim, logicamente, que há muitas coisas que a lógica não alcança. A disciplina é militar. A organização é teatral. Até surubas são organizadas, dizem. Rindo de si mesmos, os autores deste livro esculhambado e incoerente criaram uma espécie de suruba de idéias, sérias/gaiatas que encantará o jovem leitor. Ele desejará saber quando os autores estão falando sério e quando estão brincando. Mas logo desistirão desta tarefa compreendendo que nem eles mesmos sabem. Livres dessa preocupação, a única coisa que lhes restará será fazer teatro, do bom e do melhor.


Contra-capa

Bernardo Jablonski e Lionel Fischer escreveram um livro sobre teatro porque amam o teatro e querem comentar suas principais questões. Bernardo Jablonski e Lionel Fischer escreveram um livro de humor porque, por filosofia e gosto perdem amigos, mas não perdem piadas. Bernardo Jablonski e Lionel Fischer escreveram um delicioso e excelente livro de humor sobre o teatro.
O livro desses dois intelectuais da pesada é baseado numa premissa formal. Lançada a questão um responde Sim e o outro responde Não, incognitamente. O provável é que ambos tenham escrito tudo, juntos. Saber combinar o Sim e o Não é um atributo das boas almas.
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Só faltou informar: a editora chama-se Caravansarai.

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