Teatro/CRÍTICA
"A tecelã"
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Cumplicidade e encantamento
Lionel Fischer
"O espetáculo é inspirado em alguns mitos que envolvem a tecelagem. A tecelã tem o poder de transformar seus desejos em realidade e, através do ato criativo, vencer a solidão de seus dias". Extraído do release que me foi enviado, este texto nos mostra o caráter, digamos, mágico e lúdico de uma atividade ancestral. Cumpre apenas acrescentar que, no presente caso, a tecelã busca não apenas converter em realidade alguns de seus desejos, mas fundamentalmente o maior deles: criar aquele que seria seu companheiro ideal.
Eis, em resumo, o enredo de "A tecelã", em cartaz até domingo no Teatro do Jockey. Produzida pela Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos (fundada em Porto Alegre, em 1991), a montagem chega à cena com direção e dramaturgia de Paulo Balardim, estando o elenco formado por Carolina Garcia (que faz a protagonista), Viviana Schames e Valquíria Cardoso.
Mesclando ilusionismo e teatro de animação, "A tecelã" exibe todas as virtudes de um grupo que é considerado, com inteira justiça, como um dos mais importantes da América Latina, já tendo participado de inúmeros festivais internacionais. Mas o que me parece essencial é ressaltar não tanto o perfeito domínio das técnicas utilizadas, e sim a capacidade do grupo de nos converter numa espécie de cúmplices do que acontece em cena.
Ao invés de assumir a clássica postura de quem assiste a um espetáculo, ao menos no meu caso me vi quase que inserido nele, já que a montagem me estimulou, o tempo todo, a priorizar o lúdico em detrimento do racional. Em nenhum momento fiquei interessado em saber como coisas e pessoas, como que por encanto, surgem e desaparecem do palco, mas sim em torcer para que a protagonista finalmente conseguisse não apenas materializar seu parceiro, mas que com ele pudesse iniciar uma trajetória feliz.
E quando, ao final do espetáculo, tudo sugere que aquilo que assistimos ficou restrito à imaginação da protagonista, isto para mim foi irrelevante, posto que o essencial fora perfeitamente apreendido. Ou seja: o homem pode sofrer diversas perdas, padecer de múltiplas carências, mas se renunciar à sua capacidade de sonhar, aí sim estará completamente perdido.
Impondo à cena marcas tão diversificadas como imprevistas, sempre impregnadas de grande expressividade, o diretor Paulo Balardim exibe o mérito suplementar de haver extraído uma atuação maravilhosa da protagonista Carolina Garcia. Atriz dotada de amplos recursos, Carolina consegue materializar todos os anseios, dúvidas e esperanças da tecelã, para tanto valendo-se de um trabalho corporal sem dúvida virtuosístico, mas sempre atrelado aos conteúdos em jogo. E a mesma eficiência aplica-se aos trabalhos de Viviana Schames e Valquíria Cardoso, ainda que os mesmos, dada a natureza do espetáculo, não possam ser rigorosamente particularizados.
Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as contribuições de todos os profissionais envolvidos nesta montagem inesquecível - Paulo Balardim (cenografia), Nico Nicolaiewsky (reponsável pela direção musical e belíssima trilha sonora original), Margarida Rache e Rita Spier (figurinos), Bathista Freire e Daniel Fetter (iluminação) e o próprio grupo, pela construção dos lindos bonecos.
A TECELÃ - Direção e dramaturgia de Paulo Balardim. Com a Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos. Teatro do Jockey. Sexta, sábado e domingo, 20h.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
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Lionel,
ResponderExcluirFeliz de ti que tem a oportunidade de materializar os sentimentos que essa obra é capaz de nos inspirar e pirar. Abraço. Alexandre Fávero - www.clubedasombra.com.br