terça-feira, 13 de março de 2012

Teatro/CRÍTICA

"O bravo soldado Schweik"

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Hilário e merecido tributo


Lionel Fischer


Como todos que militam no meio teatral sabem, o inesquecível tabladiano Bernardo Jablonski nos deixou em outubro do ano passado, após lutar durante 14 anos contra um famigerado câncer. Ainda assim, nos deixou muitos legados, dentre eles a presente montagem, levada à cena no Tablado em 1996 e remontada em 2010.

Por iniciativa de suas diretoras-assistentes Viviana Rocha e Renata Amaral, o espetáculo está em cartaz no Teatro Tablado, que assim presta um mais do que merecido tributo a um homem de teatro na acepção máxima do termo, e uma pessoa que parece ter vindo ao mundo com a expressa função de só gerar felicidade.

De autoria de Jarorlav Haseke, "O bravo soldado Schweik" chega à cena com adaptação e direção geral de Bernardo Jablonski, direção de Renata Amaral e Viviana Rocha e elenco formado por Eduardo Rios, Alexandre Duvivier, Andrezza Abreu, Ariane Rocha, Carolyna Maciel, Consuelo Bonazzi, Cristóvão Carvalho, Daniel Mendonça, Daniel Zubrinsky, Dayse Borges, Elaine Dias, Fabia Lucyana, Fabiana Mendonça, Felipe Genes, Hernane Cardoso, Hilário Portes, Hugo Maia, Isabela Lima, Lazuli Galvão, Ligia Vargas, Pablo Paleologo e Patrícia Carvalhaes.

"A peça conta a história de um soldado talvez muito idiota, talvez muito inteligente, que combateu (?!) heróica e safadamente durante a primeira Guerra Mundial. Sua fulminante trajetória no exército deve servir como exemplo de idiotice e estupidez, fundamental quando se pensa no que é e para que serve uma guerra".

Extraído do texto do programa, o trecho acima, assinado por Jablonski, retrata de forma irretocável as premissas fundamentais do autor. Mas estas, certamente, foram ainda mais enfatizadas pelo fato de Jablonski ter trocado o nome dos personagens tchecos - exceção feita ao do protagonista - pelo de remédios conhecidos, como Lexotan, Luftal e Reparil. Sutil e refinadíssima ironia, pois ao mesmo tempo em que todos são remédios, em nenhum momento se dão conta de que nada mais fazem do que inviabilizar a possibilidade de cura, perpetuando a patologia inerente a qualquer querra.

Com relação ao espetáculo, este exibe marcas criativas e inventivas e um ritmo em total sintonia com a avassaladora ação proposta por Hasek. E as diretoras Renata Amaral e Viviana Rocha exibem o mérito suplementar de terem extraído seguras e convincentes atuações de todo elenco, que infelizmente torna-se inviável comentar, pois são muitos os intérpretes e cada um deles faz vários personagens.

Ainda assim, torna-se impossível não comentar a performance de Eduardo Rios ne pele do protagonista. Aluno do Tablado desde a infância, Rios exibe presença, carisma e notável tempo de comédia, afora um trabalho corporal absolutamente irrepreensível, que lhe permite, não raro, exprimir idéias e sentimentos valendo-se apenas de um gesto. Trata-se, sob todos os pontos de vista, de uma das atuações mais marcantes da atual temporada.

Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo os trabalhos de todos os profissionais envolvidos nesta oportuníssima empreitada teatral - Pablo Paleologo (músicas), Ariane Rocha (coreografia), Rodrigo Belay (iluminação) e Zeli de Oliveira e Isabela Lima (figurinos).

O BRAVO SOLDADO SCHWEIK - Texto de Jarorlav Hasek. Adaptação e direção geral de Bernardo Jablonski. Direção de Renata Amaral e Viviana Rocha. Com Eduardo Rios e grande elenco. Teatro Tablado. Sábado às 21h, domingo às 20h.  

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