Teatro/CRÍTICA

"No Táxi - A Peça"

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Curiosa e divertida viagem


Lionel Fischer



Em uma época cada vez mais severa no tocante à obtenção de patrocínios e pauta nos teatros, muitos desanimam e acabam desistindo. Mas outros encontram uma forma de resistir e criam alternativas. Algumas, por sinal, muito curiosas, como esta idealizada e dirigida por Cristina Fagundes. Quase toda a ação acontece dentro de um táxi em movimento pelas ruas do Rio de Janeiro - quando o mesmo dá uma parada, surgem novos personagens que estabelecem relações com o que está no táxi ou com o próprio taxista. Tendo como ponto de partida o Sindicato do Chopp, no Leme, o táxi parte com apenas três espectadores.

Eis, em resumo, o enredo de "No Táxi - A Peça". Cristina Fagundes assina o texto e a direção, também integrando o elenco formado por Jorge Neves (taxista Sérgio, mulherengo casado e incorrigível), Marcelo Dias (Jorge Maiquel, homossexual assanhado), Mabel Cezar (Diva, mulher enlouquecida que faz inusitadas solicitações ao taxista), Rita Fischer (Vânia, ex-amante do taxista e de natureza histérica), Ana Paula Novellino (Lídia, que ao entrar no táxi é interpelada pela irmã Selma, vivida por Cristina Fagundes, por razões que não detalho pois isso privaria o espectador de usufruir um apoplético bate-boca) e finalmente Fernando Melvin (Bigorna, ex-presidiário que, por razões que também não cabe detalhar, possui algo em comum com o taxista e finalmente o surpreende antes de deixar o veículo). Temos também mais dois personagens, que se relacionam com o taxista via telefone: a mulher do mesmo, vivida por Novelino e sua fogosa amante, interpretada por Fagundes.

Como já dito no parágrafo inicial, estamos diante de uma proposta sem dúvida curiosa, tanto por sua móvel estrutura quanto por aquele que me parece ser seu principal objetivo: não contar uma história com princípio, meio e fim, mas sim retratar, com extremo humor, o dia a dia de um taxista - obviamente que, por se tratar de teatro, os acontecimentos extrapolam o cotidiano de trabalho de qualquer motorista, mesmo numa cidade ensandecida como a nossa.

Contendo bons personagens, diálogos fluentes e capaz de surpreender a plateia a cada incidente, "No Táxi - A peça" é uma experiência totalmente válida como ideia e muito bem interpretada por todos os atores. Cabe também destacar os ótimos figurinos de Luana Monteiro e a trilha sonora (que sai do rádio do carro) criada pelo grupo Egressos do Clube.

NO TÁXI - A PEÇA - Texto e direção de Cristina Fagundes. Com Ana Paula Novellino, Cristina Fagundes, Fernando Melvin, Jorge Neves, Mabel Cezar, Marcelo Dias e Rita Fischer. Sábado às 15 e 16h30. Os interessados devem fazer sua reserva pelo telefone 21 99666-9954.