Teatro/CRÍTICA
"Memórias inventadas"
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Delicadeza e lirismo
Lionel Fischer
Nascido em Cuiabá (1916), Manoel de Barros é considerado o maior poeta brasileiro vivo. E dentre as muitas singularidades de sua obra, talvez uma das principais seja a capacidade do autor de transformar em tátil aquilo que é abstrato. Para o filólogo Antonio Houaiss, sob a aparência surrealista, sua poesia é de uma enorme racionalidade: "suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais".
E muitas opiniões - invariavelmente elogiosas - poderiam aqui ser tanscritas. Mas prefiro me ater ao essencial: Manoel de Barros escreveu 32 livros, sendo três deles decominados "Memórias inventadas I" (A Infância, 2003), "Memórias inventadas II" (A Segunda Infância, 2005) e "Memórias inventadas III" (A Terceira Infância, 2007).
Ao que me parece, Alexandre Varella deve ter criado sua adaptação a partir das três obras citadas, já que as memórias evocadas remetem a diferentes gerações. Também responsável pela direção do espetáculo, sendo esta supervisionada por Cininha de Paula, "Memórias inventadas" mescla poemas de Barros com marcantes canções da MPB, de autores como Tom Jobim, Dolores Duran, Caetano e Chico Buarque, dentre outros.
Em cartaz no Teatro Café Pequeno, a montagem tem elenco formado por Alexandre Varella, Laura Castro, Marta Nóbrega e Thiago Magalhães, acompanhados ao piano por Filipe Bernardo, também responsável pela direção musical.
Simples e despretensiosa, a montagem permite ao espectador entrar em contato com a maravilhosa poesia de Manoel de Barros, com as canções funcionado como um elo de ligação entre elas. E essa mescla resulta em um evento que, sem ser propriamente um fato teatral, também não se resume a um recital de poesias. Trata-se de um saboroso encontro de quatro intérpretes com a plateia que usufrui, atenta e emocionada, a segurança e eficiência com que cantam belas músicas e dizem maravilhosas poesias.
Na equipe técnica, Fernando Alexim responde por uma cenografia despojada, que atende a todas as necessidades do espetáculo. Rodrigo Cohen e Marcela Fauth assinam figurinos que, apropriadamente, nos remetem ao interior de Mato Grosso. Paulo César Medeiros ilumina a cena com delicadeza e lirismo, cabendo ainda ressaltar a sensível direção musical de Filipe Bernardo e a preparação vocal de Marcelo Sader.
MEMÓRIAS INVENTADAS - Direção e dramaturgia de Alexandre Varella. Com Alexandre Varella, Laura Castro, Marta Nóbrega e Thiago Magalhães. Teatro Café Pequeno. Quartas e quintas de junho, às 21h30.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
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Uma pequena correção: O nome correto da figurinista é Marcela Fauth
ResponderExcluirCarlos Silva
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