sábado, 27 de junho de 2009

Stanislavsky e Tchecov:
divertida fonte de divergências

A paixão de Stanislavsky pelos efeitos de som foi sempre uma divertida fonte de divergências entre ele e o dramaturgo. Depois de Stanislavsky ter introduzido seus ruídos usuais em O jardim das cerejeiras, Tchecov comentou certo dia, durante um intervalo dos ensaios: "Que maravilhoso silêncio. Que beleza: Não ouvimos pássaros, cães, cucos, mochos; nem relógios, guizos de trenós, grilos".

Stanislavsky pensava que esses efeitos sonoros eram "realistas", mas como Tchecov certa vez comentou com Meyerhold, "O palco é arte. Existe uma tela de Kramskoi em que ele reproduz maravilhosamente faces humanas. Suponhamos que ele eliminava o nariz de uma dessas faces e o substituía por um autêntico. O nariz será 'realista', mas a tela ficará estragada".

É uma pena que tantos realistas modernos tenham seguido o critério de Stanislavsky e não o de Tchecov, ao abordarem a realiadade.
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Fragmento extraído do livro O teatro de protesto, de Robert Brusteis. Tradução de Álvaro Cabral.

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