segunda-feira, 8 de junho de 2009

Teatro/CRÍTICA

"Quando as máquinas param"

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Amarga realidade que não muda


Lionel Fischer


Escrita em 1967, "Quando as máquinas param" poderia perfeitamente ter se convertido numa peça "datada", já que retrata a dura realidade de um casal que luta desesperadamente para sobreviver - Nina costura para fora e Zé está desempregado, embora não se canse de procurar trabalho. Mas como o Brasil continua o mesmo, ou seja, insistindo em um modelo que privilegia os poderosos às custas da miséria da maioria, o texto de Plínio Marcos permanece atualíssimo.

Assim, a presente montagem é totalmente oportuna - e mais ainda o seria se conseguisse sensibilizar, o que não acreditamos, nossos ilustres governantes, levando-os a tomar muitas e urgentes providências a fim de ao menos minimizar o estado catastrófico em que se encontra a maior parte dos habitantes deste ensolarado e aprazível país.

Em cartaz na Sala Rogério Cardoso da Casa de Cultura Laura Alvim, "Quando as máquinas param" chega à cena com encenação assinada por Márcio Vieira, direção de atores a cargo de Camilla Amado e elenco formado por Ana Berttines e Márcio Vieira, integrantes da Cia. Escaramucha de Teatro, que ora completa cinco anos de existência.

Como já dito no parágrafo inicial, Zé e Nina tentam sobreviver em meio a condições que vão se tornando cada vez mais precárias. E tudo se agrava ainda mais quando Nina engravida e Zé tenta induzí-la a tirar a criança. Como ela se recusa a fazê-lo, a partir daí está armado o cenário para uma tragédia.

Impondo à cena uma dinâmica em total sintonia com o texto, dele extraindo tanto seu humor como sua tragicidade, Márcio Vieira consegue estabelecer uma relação de total empatia entre palco e platéia. E isto, evidentemente, também em função do ótimo trabalho de direção de atores de Camilla Amado, pois tanto Rômulo Rodrigues como Ana Berttines estão impecáveis nos papéis que representam.

Na equipe técnica, Derô Martin cria uma apropriada ambientação realista, que envolve todo o espaço. Djalma Amaral ilumina a cena com sensibilidade, conseguindo enfatizar os múltiplos climas emocionais em jogo, sendo corretas a trilha sonora de Marcio Eduardo Melo e os figurinos de André Vidal.

QUANDO AS MÁQUINAS PARAM - Texto de Plínio Marcos. Direção de Márcio Vieira. Com Ana Berttines e Rômulo Rodrigues. Sala Rogério Cardoso da Casa de Cultura Laura Alvim. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 20h.

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