"O filho da mãe"
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Histeria e emoção no Ipanema
Lionel Fischer
Separada do marido, que se casou com uma mulher 20 anos mais jovem e que está grávida de um menino, a bem sucedida publicitária Valentina (42 anos) criou sozinha seu único filho, Fernando, hoje com 25 anos. E toda a trama gira em torno da viagem a Nova Iorque que Fernando fará, com o objetivo de pós-graduar-se em cinema. Mas Valentina acredita piamente que a tal viagem, por estar sendo paga pelo pai, apenas explicita um plano do ex-marido para afastá-la do filho.
Eis, em resumo, o enredo de "O filho da mãe", de Regiana Antonini, em cartaz no Teatro Ipanema. O espetáculo chega à cena com direção de João Camargo e elenco formado por Regiana Antonini e Pedro Nercessian, que na noite em que assistimos a montagem foi substituído por Bruno Seixas.
Com idas e voltas no tempo, o texto de Regiana Antonini, em sua primeira metade, é por demais prolixo e cansativo, com passagens que se alongam em demasia - como a que envolve uma iguana ou lembranças da relação da protagonista com o ex-marido e a sogra. No entanto, a segunda parte é realmente muito divertida, a partir do momento em que a mãe suspeita que seu filhjo possa ser gay.
Neste segmento, Regiana cria não apenas diálogos muito saborosos e divertidos, mas faz também uma análise mais do que pertinente do caráter de um super mãe completamente histérica, mas ao mesmo tempo profundamente amorosa. Ou seja: se a primeira parte fosse bastante enxugada, a peça alcançaria um nível bem mais elevado e certamente Regiana teria escrito uma de suas melhores comédias - talvez a melhor.
Com relação ao espetáculo, o diretor João Camargo - por sinal um ótimo ator de comédias - trabalha a cena em sintonia com o material dramatúrgico, sempre atento ao ritmo e eventualmente criando marcas divertidas.
No que concerne ao elenco, Regiana Antonini cria uma Valentina impagável, tanto nos momentos em que a histeria a domina por completo quanto naqueles, na parte final, em que seu caráter emotivo aflora. Sem dúvida, uma atuação irretocável desta atriz que se sente completamente à vontade no universo da comédia. Bruno Seixas também exibe uma boa performance, ainda que num papel de menores oportunidades.
Na equipe técnica, Marcelo Marques assina uma cenografia um tanto pomposa demais, sendo igualmente excessivamente pomposos os figurinos da protagonista - os de Fernando são mais corretos. Rogério Wiltgen ilumina a cena de forma corriqueira, sendo excelente a trilha sonora de Paulo Severo.
O FILHO DA MÃE - Texto de Regiana Antonini. Direção de João Camargo. Com Antonini e Bruno Seixas. Teatro Ipanema. Sexta e sábado, 21h30. Domingo, 20h30.
Lionel, muito obrigada por sua crítica e por suas palavras. A sua opinião é muito importante pra mim, como para todos da equipe deste espetáculo. Com certeza vou pensar sobre enxugar um pouco o início do texto como você falou. eu já havia sentido isso através da reação do público. Essa peça pra mim, é uma vitória pessoal, depois de ficar afastada 2 anos da cena, devido à um tombo que levei e quase morri. Ano passado fiquei uns 4 meses sem poder andar e aos poucos fui me recuperando. Ler sua opinião sobre o meu trabalho como atriz, foi muito emocionante e com certeza fiquei muito feliz! Vc como sempre, é preciso e delicado com as palavras. Com certeza, um crítico à favor do teatro! Grande abraço.
ResponderExcluirRegiana Antonini