Máximo Górki
Boris Schnaiderman
Aleksiéi Maksímovitch Pieshkóv consagrou-se na literatura com o pseudônimo de Maksim Górki, isto é, Máximo, o Amargo. Nascido em Níjini-Nóvgorod, hoje Górki, em 1868, morreu em 1936. Pertencente a uma família de pequenos artesãos, viveu alguns anos com o avô materno, executando desde cedo pequenos serviços na vizinhança. Após a morte de sua mãe, em 1978, o avô ordenou-lhe que fosse ganhar o próprio sustento. Trabalhou então numa sapataria, da qual passou para o escritório de um arquiteto. Na primavera de 1880, deixou por um tempo esta ocupação, empregando-se como lavador de pratos num navio do Volga.
Autodidata e apaixonado pela cultura, transferiu-se em 1884 para Kazã, na esperança de ingressar na universidade local, mas não o conseguiu sofrendo então grandes privações. Foi na época estivador, jardineiro, cantor de coro e, finalmente, padeiro. Ligou-se a um grupo do movimento popular russo, mas não se mostrou muito inclinado à exaltação do mujique, característica do movimento. Tentou suicidar-se, perfurando um pulmão à bala. Embora conseguisse restabelecer-se, o ferimento contribuiu para a tuberculose de que sofreria o resto da vida.
Seguiram-se anos de andanças pelo Sul do Império, quando percorreu a pé milhares de quilômetros, em companhia dos vagabundos que descreveria em suas primeiras obras. Em 1890, foi preso em sua cidade natal, devido à suspeita de atividade revolucionária. Depois de solto, interessou-se pelo movimento marxista, então nascente na Rússia. Em 1882, publicou na Geórgia o seu primeiro conto. Tornou-se conhecido em pouco tempo como escritor e jornalista. Fixando-se em Samara, constitui família, mas, pouco depois, perdia o emprego num jornal, pois seus escritos já se caracterizavam pela amargura e franqueza.
Transferindo-se mais uma vez para Nijíni-Nóvgorod, foi jornalista e secretário de um advogado. Em março de 1898, saiu o seu primeiro livro de contos, rejeitado anteriormente por diversos editores. Conheceu um êxito sem precedentes. Privou então com Tchecov, Tolstói e outros escritores eminentes. Estando na época ligado aos meios revolucionários russos, foi preso em 1901 pela terceira vez, sendo solto graças à interferência de Tolstói. Eleito membro honorário da Academia de Ciências, o czar anulou a eleição, ato que resultou na demissão de Tchecov e Korolenko, da mesma Academia, em sinal de protesto.
Tornou a ser preso em 1905, mas o movimento internacional de solidariedade a Górki que então se desencadeou, forçou o governo a libertá-lo. Organizou em São Petesburgo o jornal bolchevique Vida Nova. Após o fracasso da rebelião operária de dezembro, deixou o país a fim de reunir no estrangeiro fundos para a Revolução. Estabeleceu-se em Capri em fins de 1906. No ano seguinte, participou, com a facção bolchevique, da conferência de Londres do Partido Operário Social-Democrático Russo. Organizou em Capri uma escola para revolucionários, mas Lênin desaprovou-a pouco depois, porquanto Górki ficara sob a influência de um grupo de intelectuais que tendiam para uma concepção religiosa do movimento revolucionário. Esta influência chegou a refletir-se consideravelmente na obra literária de Górki.
Dirigiu durante a Grande Guerra o mensário Crônica e, após a queda do czarismo, o ressuscitado diário Vida Nova. Depois que os blocheviques subiram ao poder, dedicou-se particularmente à preservação dos valores culturais, em meio à situação caótica então surgida. Devotou-se também à orientação de atividades literárias. Viajou para o estrangeiro em 1921, a fim de tratar da saúde abalada, residindo então em Sorrento. Em 1928, regressou à Rússia e foi recebido com grandes festividades. Pocurou incentivar a formação de uma frente única de intelectuais, contra a guerra e o fascismo. Nesta fase, modificou a sua atitude anterior, de oposição a métodos violentos, e chegou a considerar a coação necessária, para a eliminação dos vestígios do passado na U.R.S.S.
Dois anos após sua morte, foi anunciado que esta se dera em consequência de tratamento intencionalmente errado, obra de médicos que estariam ligados a inimigos do governo stalinista.
Além da dramaturgia, deixou as seguintes obras principais, reminiscências sobre Tchecov, Tolstói, Andréiev, Korolenko, Lênin e outros escritos autobriográficos:
Minha infância
Ganhando meu pão
Minhas universidades
Páginas de diário
Romances:
Fomá Gordiéiev
Os três
A mãe
Vida de um homem inútil
Uma confissão
Vida de Matviéi Kojemiákin
O negócio dos Artamonov
Vida de Klim Sánguin
Novelas
Konovalov
Sobre o primeiro amor
Malva
O casal Orlóv
Os ex-homens
A cidadezinha de Okurov (afora contos, ensaios políticos e literários etc.)
Teatro
Pequenos burgueses
No fundo
Os veranistas
Os filhos do sol
Os bárbaros
Os inimigos
Os derradeiros
Os extravagantes
O filhos
Vassa Jeléznova
Iacov Bogomolov (peça inacabada)
A moeda falsa
Os Zikov
O velho
Somov e outros
Iegor Bulitchov e outros
Dostigáiev e outros
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segunda-feira, 8 de março de 2010
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