quinta-feira, 11 de março de 2010

Respondendo a um comentário


Não sei se seguidora deste blog (o que muito me honraria), o fato é que Martha de Albuquerque Valença postou um comentário contestando algumas observações que fiz sobre o musical "Por uma noite - um sonho nos bastidores da Broadway". Mas antes de contrapor alguns argumentos, gostaria de reiterar que acho maravilhosa essa possibilidade de diálogo e que consigo conviver muito bem com divergências.

Aliás, se não me falha a memória, já pedi a todos os amigos e amigas que me lêem que sempre se sintam completamente à vontade para dar suas opiniões sobre o que escrevo, concordando ou não comigo. E se escolhi responder a Martha dessa forma, isto se deve à minha quase que total ignorância no tocante a computadores - imagino que o "normal" seria responder a ela naquele espaço destinado a "postar um comentário", mas depois me parece que a pessoa tem que selecionar não sei o quê, depois enviar não sei como etc. Então, vamos ao mais simples - ao menos para mim.

Martha amiga:

Você diz que gostou da adaptação, pois leu o livro logo após o espetáculo. Mas eu fiz questão de dizer que não poderia julgar a adapatação, pois desconhecia o original.

Com relação à prolixidade, que em minha opinião existe no espetáculo, é claro que isso é uma questão algo subjetiva, depende de como cada um encara "prolixidade". Para mim, seu sentido é óbvio: prolixidade existe quando são empregadas palavras em excesso para passar um determinado conteúdo, que seria melhor apreendido desde que utilizadas menos palavras.

Você diz que alguns musicais em cartaz têm mais texto do que "Por uma noite..." e duram mais tempo. Mas aí acho que devemos conceituar "tempo". O tempo de duração de uma montagem não determina sua maior ou menor qualidade. Já assisti a montagens que levavam 40 minutos e com 15 eu já tinha vontade de me suicidar. E outras que duravam muitas horas e eu permaneci totalmente envolvido. Ou seja: o tempo que conta é o do interesse.

Sempre respeitando seu ponto de vista, continuo achando o texto fraco, ingênuo e além disso com personagens por demais previsíveis e esquemáticos. No entanto, escrevi que os atores têm atuações corretas na parte textual, o que já considerei muito positivo, dada a fragilidade dos ditos personagens. E fiz questão de salientar que todos se saem muito bem nas partes cantadas e dançadas, ainda que, presumivelmente, não sejam bailarinos profissionais.

Com relação ao gênero musical, como aliás você salienta, este se caracteriza por uma narrativa que, mesmo tendo texto, se desenvolve basicamente através das canções - e naturalmente que das passagens dançadas. Nos musicais, as músicas conduzem a ação, são determinantes para a expressão das idéias e sentimentos do autor. Esta é a diferença fundamental para uma montagem que eventualmente lance mão de uma trilha sonora, em momentos específicos. Um excelente texto pode ter uma excelente trilha sonora, e nem por isso será um musical, ainda que eventualmente algum personagem cante.

No mais, fiz questão de salientar que a platéia se envolve com o espetáculo desde o primeiro momento, assim como elogiei a participação dos atores (como já disse), dos bailarinos e de toda a equipe técnica. Ou seja: minha única ressalva se prendeu ao texto que, repito, achei fraco e prolixo. Mas é claro que você tem todo o direito de achar o contrário.

Enfim...agradeço a você ter postado um comentário e espero que poste outros, sempre que quiser. Para mim foi um prazer conhecer tuas opiniões.

Beijos,

Lionel Fischer

Um comentário:

  1. Caro Leonel,

    Não tive qualquer intenção de contestar as suas observações, e sim debater a forma com a qual se utilizou para justificar algumas de suas impressões. As opiniões divergentes são muito aceitáveis, os argumentos nem sempre o são.

    A sua nova abordagem critica, apesar de trazer novos adjetivos, não fortalece o debate sobre “prolixidade” e “dramaturgia”, mas confesso a minha curiosidade em entender qual seria a relação entre a “fraqueza” e a “ingenuidade” do texto da peça; da “previsibilidade” e “fragilidade” dos seus personagens, com o absoluto envolvimento “desde o primeiro momento” da platéia.

    A fórmula do bolo nem sempre passa pela execução dos fundamentos que entendemos consagrar, tem vezes que se estabelece a partir da profundidade da manifestação daqueles que o consomem. Quem sabe, nessa “nossa cozinha” de ingredientes formais, não fosse o caso de rever determinados “temperos”?

    Afinal, o fogão e o teatro, podem ser considerados como sendo os “laboratórios” mais antigos da humanidade...

    A propósito, recebi o link do blog por intermédio de uma antiga amiga (prefiro antiguidade à velhice) que me acompanhou ao Shopping da Gávea naquela surpreendente noite de domingo. Talvez ela seja uma de suas “seguidoras” motivada pelo fato de ter sido uma daquelas senhoras super “envolvidas” com o gosto da torta, mesmo sem entender nada sobre a receita “correta” de como se deve preparar o recheio.

    Martha de Albuquerque Valença

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