quarta-feira, 18 de abril de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Rebeldes - sobre a raiva"

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Israel em cena no Sesc


Lionel Fischer


"A peça apresenta a saga de uma família durante a criação do Estado de Israel, através dos conflitos nas relações entre duas gerações de uma família tradicional israelense. A ação se passa em três épocas diferentes: 1997 (presente), 1967 (memória) e 1945 (imaginário), percorrendo momentos emblemáticos da história de Israel. Os conflitos entre gerações, embora apresentados dentro de um contexto específico, são essencialmente semelhantes aos vividos entre outras culturas, e dizem respeito ao ser humano em qualquer tempo e lugar".

Extraído do ótimo release que me foi enviado pelos assessores de imprensa João Pontes e Stella Stephany, o trecho acima sintetiza o contexto geral em que se dá a ação de "Rebeldes - sobre a raiva", da autora israelense Edna Mazia. Rodrigo Nogueira assina a adaptação e direção do espetáculo, em cartaz no Espaço Sesc. No elenco, Rogério Fróes, Bruno Gradim, Marina Vianna, Laila Zaid, Marcella Muniz, Joana Lerner, Paloma Riani, Keruse Bongiolo, Johnny Massaro, João Velho, Antonio Karnevale e Paulo Verlings.

Por tratar-se de uma obra alentada, com sucessivas idas e vindas no tempo e grande número de personagens, assim como de tramas secundárias que acompanham a principal, torna-se literalmente impossível detalhar o enredo do texto. Assim, julgo mais relevante tecer algumas considerações sobre o material dramatúrgico.

Como não li o original, não sei em que medida a adaptação de Rodrigo Nogueira é boa ou má. Mas certamente o que nos é apresentado possui muitos méritos, em especial o de jamais dissociar o humano do político. Ou seja: questões relativas aos conflitos entre árabes e israelenses, assim como os destes com os britânicos, jamais são trabalhados isoladamente, mas sempre atrelados aos conflitos entre os personagens, sendo estes, de uma maneira geral, muito ricos e bem estruturados.

Com relação ao espetáculo, Rodrigo Nogueira impõe à cena uma dinâmica que traduz, com vigor e sensibilidade, os principais conteúdos em jogo. Ainda assim, em algumas passagens, me parece que o encenador priorizou em excesso o humor, no sentido de torná-lo mais leve do que a situação impunha. Todos sabemos que o humor judaico é extremamente ferino, e justamente por isso, ao menos em um contexto como o que a peça exibe, talvez fosse mais conveniente expressá-lo de uma forma mais crítica e amarga. 

No tocante ao elenco, todos os profissionais que estão em cena exibem atuações seguras e convincentes, cabendo destacar a unidade do conjunto e sua capacidade de entrega. Na equipe técnica, Hilton Berredo assina ótima cenografia, mas as vídeo-projeções são um tanto precárias. Angèle Fróes responde por ótimos figurinos, a mesma excelência presente na iluminação de Paulo César Medeiros, na direção musical de Rodrigo Marçal e na preparação corporal de Marcia Rubin.


REBELDES: SOBRE A RAIVA - Texto de Edna Mazia. Adaptação e direção de Rodrigo Nogueira. Com Rogério Fróes, Marina Vianna e grande elenco. Espaço Sesc. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h30.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. como (quase) sempre, sou obrigado a concordar com sua crítica.
    e adoro debatê-la!

    a minha adaptação foi no sentido de tornar a questão mais universal e a divisão de planos mais clara. escrevi mais duas cenas para rogério e marina (que ficavam um tanto "esquecidos" no original). e reformulei todas as falas para caber na boca dos atores.

    quanto ao humor, confesso que inseri mais uma ou duas tiradas. mas foi isso mesmo. uma ou duas! a peça original é muito engraçada! (por isso me chamou atenção).

    mas acredito que, por se tratar de uma estréia e as questões mais profundas serem mais difíceis de se atingir do que as mais leves(tivemos menos de 2 meses de ensaio!) o resultado pode, de fato, ter pendido pro lado mais leve (como você bem observou).

    não obstante acho que os atores são heróis e estou muito feliz com esse elenco!

    é isso.
    ah, sim. sobre os vídeos, você tem toda a razão. foram ajustados em cima da hora oque ocasionou muitos problemas técnicos. quase os tirei na véspera, mas são uma importante pra contar a história. agora eles estão bem melhores!

    rodrigo nogueira,

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