segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A pedidos...

Lionel Fischer


Alguns seguidores deste blog me pediram para inserir aqui mais histórias curiosas envolvendo o mundo da arte e, mais especificamente, o do teatro. Então, aí vão mais algumas, como as anteriores extraídas, em sua maioria, do divertido livro O teatro visto por dentro e visto por fora..., de autoria de Olavo de Barros (Serviço Nacional de Teatro, Ministério da Educação e Cultura - Rio de Janeiro/1970).

* * *

ELA JUROU

Maria Callas, a cantora mais cara do mundo, depunha como testemunha num tribunal de Nova Iorque:

- Qual a sua profissão? - pergunta o Juiz.
- Sou a melhor cantora lírica do mundo -, responde Callas.

À saída do tribunal, o conhecido e bilionário armador grego Onassis (casado com a cantora), observou:

- Maria, você não devia ter-se gabado dessa forma perante o Juiz do tribunal!?

- Você bem sabe - replicou a cantora - que não gosto de me gabar, mas que havia de fazer, se de começo exigiram-me o juramento de que diria a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?


POR QUÊ NÃO ESTAVA NO EXÉRCITO

Durante a Primeira Guerra Mundial, o comediante Will Rogers estava, certa noite, nas "Ziegfeld Follies", recitando um de seus monólogos, quando uma mulher muito feia grita da platéia:

- Por que você não está no Exército?

Rogers deu um tempo para que todos pudessem ver sua interlocutora, e depois disse calmamente:

- Pelo mesmo motivo que a senhora não está nas "Follies: incapacidade física.


O ENGOLIDOR DE ESPADAS

Carlos Benedetti, engolidor de espadas, em julho de 1976 esteve no Rio de Janeiro e foi convidado por Suas Alezas a ir à sua presença executar os seus primorosos trabalhos, tendo rcebido de Sua Alteza a Regente, um anel de brilhantes. Antes de se retirar, ela pergunta:

- Disseram-se, Benedetti, que antigamente você tragava fogo. Por que agora se dedica a engolir espadas?

- Porque o meu médico particular me recomendou muito ferro, Alteza...


A BAILARINA E O PRESIDENTE

Ana Pavlova, uma das mais famosas bailarinas de todos os tempos, auxiliava muitas obras de beneficência e mantinha, em Paris, um asilo de órfãs. Durante uma de suas viagens pela América do Sul, recebeu das mãos do Presidente da Venezuela um estojo de veludo, dentro do qual se encontravam moedas de 20 dólares, em ouro, formando o seu nome.

- É a primeira vez, senhor Presidente, que lamento chamar-me Ana Pavlova...

- Não compreendo - replicou o Presidente.

- É que se eu me chamasse Anastasia Edwardowna Karvin os meus pobres teriam recebido uma esmola muito maior...


O LUXO DAS FRANCESAS

Durante uma recepção mundana, Josefine Baker conversava com o general Larerinat.

- É deprimente ver tanto luxo - disse o general. - Sabe que as despesas da mulher francesa atingem o dobro do orçamento militar?

- Não duvido. - respondeu a bailarina. - Mas não se esqueça, general, de que as mulheres francesas fazem muito mais conquistas do que o Exército.


O MAL DA CONDESSA

No drama "As duas órfãs", de D'Ennery, que a empresa Jacinto Heler estava representando no Teatro Lucinda, no Rio de Janeiro, a atriz Luísa de Oliveira, deixando-se cair debulhada em lágrimas sobre um divã, ao invés de dizer: "Ah! senhor Conde, o meu sofrimento é ATROZ!", disse, certa noite: "Ah! senhor Conde, o meu sofrimento é ATRÁS!"

Da geral, um gaiato gritou:

- Então não senta, Condessa!


TAMBÉM PODE SER

Durante uma representação em um teatro de Berlim do "Ricardo III", de Shakespeare, o famoso ator Davison, na cena da batalha, exclama:

- Um cavalo! Todo o meu reino por um cavalo!

Certo espectador, dado a fazer graça, grita para o palco:

- E um burro...não serve?

- Também pode ser. Faça o favor de vir - replicou Davison.


O MÉDICO, O ATOR E O RESFRIADO

Procópio Ferreira ardia em febre e era assistido pelo médico-escritor Gastão Pereira da Silva, amigo particular do grande artista. Gemendo e espirrando ininterruptamente, Procópio perguntou-lhe:

- Gastão, meu velho, você tem certeza de que se trata de um resfriado? Veja lá! Eu me lembro de que o Manoel Pêra estava sendo tratado também de um resfriado pelo Rafael Pinheiro, e quase morre de uma pleurisia.

- Fique tranquilo, rapaz. Quando eu trato de um doente meu de resfriado, é mesmo de resfriado que ele morre!


A RÉPLICA

Eugene Scrib recebeu, um dia, uma carta de um desconhecido que lhe oferecia considerável quantia para com ele colaborar em igualdade no próximo drama do escritor. Scrib quis dar uma lição ao atrevido e respondeu-lhe: "Não tenho por hábito atrelar ao mesmo veículo um burro e um cavalo".

O desconhecido replicou, imediatamente, em nova carta:

"Lamento sua recusa de me ligar ao seu destino literário. Todavia, não me parece que isso lhe dê o direito de me considerar um cavalo".

Scrib achou muita graça na réplica e divulgou a história.


AS MARTELADAS DO PORTEIRO

Bernard Braden - ator canadense - interrompeu um dos ensaios de "Othelo", na Boradway, para investigar umas marteladas que vinham do corredor de entrada da caixa do teatro. Encontrou o porteiro afixando o seguinte aviso:

SILÊNCIO ENQUANTO DURAREM OS ENSAIOS.


O PRIMEIRO TROMBONE

Sir Thomas Beecham ensaiava uma orquestra. Repetidas vezes, fez os executantes repetirem um determinado trecho da partitura. Afinal, desesperado, largou a batuta.

- O primeiro trombone está tocando os compassos intermediários alto demais! - berrou.

- Mas o primeiro trombone não chegou ainda - disse um tímido flautista.

- Está bem - retrucou o irascível Sir Thomas. - Quando o primeiro trombone chegar, diga-lhe que ele está tocando alto demais.


O REI DA CATINGA

No auge do drama de Bento Camargo, "Mata tortuosa", o ator Luiz Carrara deveria dizer: "Embrenhei-me na mata e com a minha pistola derrubei o Rei da Catinga!". Certa noite, porém, no Teatro Rink, de Campinas, Carrara enganou-se e disse a fala assim:

- Embrenhei-me na mata e com a minha catinga derrubei o Rei da Pistola!"

Após um momento de total mudez, toda a platéia caiu na gargalhada. Como não se dera conta de seu engano, Carrara deixou o palco profundamente ofendido.


QUERIA CANTAR PUCCINI

A excelente atriz de opereta e revista Margarida Max, foi ter com o diretor artístico do Teatro Municipal, que era, na época, o maestro Sílvio Piergille, para que ele a deixasse cantar naquele teatro a "Tosca", de Puccini, "que havia estudado com muito carinho".

- Não, dona Margarida. Eu não posso permitir palavras obscenas neste teatro.

- Mas, maestro Piergille, eu não digo palavras obscenas!?

- Eu sei, minha cara senhora. Mas vai dizê-las o público quando ouvir a senhora cantar!


AS BARBAS DO SOUSA

O ator Ferreira de Sousa representava no Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, o principal papel da comédia "O irmão das almas", de Martins Pena. A folhas tantas, no entusiasmo da cena, saltaram-lhe do rosto as barbas postiças. A platéia explodiu numa gargalhada, mas o apreciado ator da Companhia Dias Braga, sem se desconcentrar, saiu-se com esta:

- Até as barbas me caem de indignação!

Foi ovacionado.


LUGAR DISPONÍVEL

O genial pianista Rubinstein deu uma noite um concerto em Londres. Ao entrar no teatro, alguns minutos antes da hora marcada para sua apresentação, aproximou-se dele uma senhora modestamente vestida que lhe disse:

- Desejava tanto ouví-lo, mas os meus recursos são tão escassos que não me permitem comprar um ingresso tão caro. Venho pedir-lhe o favor de me dar um lugarzinho, nem que seja nas galerias.

- Sinto imenso, mas não tenho senão um lugar disponível e não sei se ele lhe agradará. Em todo caso, se o quiser, está ao seu dispor.

- Oh! Muito obrigada. Em qualquer ponto eu ouço bem. Onde é o lugar?

- Ao piano.



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