quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PERSONALIDADES - G

GARCÍA, Victor (1934-1982)

Diretor argentino. Estudou Belas Artes e Medicina em Buenos Aires, ao mesmo tempo em que fazia cursos de arte dramática. Depois de uma breve passagem pelo Brasil, instalou-se em Paris, onde encenou Ubu Rei (Alfred Jarry), O Cemitério de Automóveis e O Arquiteto e o Imperador da Assíria (Fernando Arrabal). Dentre suas montagens mais polêmicas constam As Criadas (Jean Genet), Yerma (Garcia Lorca) e Divinas Palavras (Valle Inclán), encenadas com a companhia da atriz espanhola Nuria Espert, com as quais contribuiu decisivamente para a renovação teatral espanhola. Seus últimos espetáculos foram Gilgamesh (1979) e Calderón (1981), no Théâtre National de Chaillot, em Paris. Victor Garcia faleceu em Paris, na mais absoluta miséria.

GARCÍA LORCA, Federico (1898-1936)

Poeta e autor dramático espanhol, foi uma das maiores personalidades da chamada Geração de 1927. Estudou Letras e Direito em Granada e em Madri, onde fixou residência em 1919. Desenhista, músico e excelente declamador, foi amigo de Alberti, Dalí, Buñel, Falla etc. Sua primeira experiência dramática - O Mal da Mariposa - reflete a influência em sua poesia de Juan Ramón Jimenez e Rubén Dario. O lirismo determina também o romance popular Mariana Pineda, levado à cena com cenografia de Dalí. A poesia popular andaluza e Valle Inclán se fazem notar nas farsas para bonecos e atores Tragicomédia de Don Cristóbal e Senhora Rosita, Retábulo de Don Cirstóbal, A Sapateira Prodigiosa e Amor de Don Perlimplín com Belisa em seu Jardim. Em 1929-1930, Lorca, que havia conquistado grande popularidade com seu livro de poemas Romanceiro Cigano, viaja a Nova York e Cuba. O Surrealismo, que domina seus poemas nessa época (Poeta em Nova York), se reflete em Assim que Passem Cinco Anos, drama sobre a passagem do tempo, e no fragmento dramático O Público. Novamente na Espanha, funda, juntamente com Eduardo Ugarte, A Barraca, grupo de teatro universitário que viaja pelas províncias com um repertório clássico. Seus textos mais famosos são: Bodas de Sangue, Yerma, Dona Rosita ou a Linguagem das Flores, e A Casa de Bernarda Alba. Garcia Lorca morreu assassinado pelos facistas em Granada, no início da Guerra Civil.

GASSMAN, Vittorio (1922-2000)

Ator e diretor italiano, um dos maiores intérpretes do século XX. Estudou na Academia de Arte Dramática de Roma e entrou, em 1945, na Companhia Stoppa-Morelli, dirigida por Luchino Visconti. Após protagonizar Como Gostais, de Shakespeare, e Um Bonde Chamado Desejo (Tennessee Williams), cria com Luigi Squarzina o Teatro de Arte Italiano. Juntos triunfam em Hamlet, os Persas, As Bacantes e Édipo, dentre outras montagens. Um de seus maiores êxitos foi Otelo, de Shakespeare, onde dividia a cena com Squarzina e os dois se revesavam na pele do protagonista e de Iago. Em 1960 cria o Teatro Popular Italiano, viajando por toda a Itália. Gassman foi também um dos mais populares atores do cinema italiano e dentre seus inúmeros sucessos constam O Incrível Exército Brancaleone e Perfume de Mulher.

GHELDERODE, Michel de (1898-1962)

Autor dramático belga de origem flamenga. Escreveu em francês. Estreou suas primeiras peças em Bruxelas e logo se mudou para Paris. Frequentador de circos e teatro de marionetes, fundiu em seu teatro o medievalismo apocalíptico e visonário de Brueghel e de Bosch, o expressionismo de Ensor e a agressividade da vanguarda francesa (Jarry, Apollinaire). O homem confinado entre forças irracionais do bem e do mal, sua ânsia de salvação, a negação de qualquer ortodoxia religiosa e a obsessão pela morte são temas centrais de seus principais textos: A Morte do Doutor Fausto, Escurial, Barrabás, Os Cegos e A Balada do Grande Macabro.

GOGOL, Nikolai (1809-1852)

Novelista e autor dramático russo. Iniciador do Realismo com suas sátiras sobre a Rússia do czar Nicolau I, sua corrupção e provincianismo. Sua peça teatral mais conhecida é O Inspetor Geral, sátira social da estrutura perfeita, que mescla observação implacável da realidade com certa compreensão irônica das fragilidades humanas. Gogol também escreveu uma novela notável, Almas Mortas, dramatizada pelo Teatro de Arte de Moscou e mais adiante por Adámov, que gerou a montagem de Roger Planchon, em Paris.

GOLDONI, Carlo (1707-1793)

Autor dramático italiano, expoente do teatro veneziano, escreveu mais de 150 peças. Iniciou sua carreira com dramas heróicos e melodramas, mas logo enveredou para a comédia. É considerado o grande renovador da commedia d'ell arte, pois foi o primeiro autor a fixar um texto - até então havia apenas um roteiro que servia de base para as improvisações características da commedia. Considerado um mestre na comédia de costumes, Goldoni tornou-se imortal com Mirandolina e Arlequim, Servidor de Dois Amos.

GROTOVSKI, Jersy (1933)

Diretor polonês. Fundador, em parceria com Ludwik Flaszen, do Teatro Laboratório, em Opole (1959) - transferido em 1965 para Wroclaw. Influenciado por Artaud e pelo teatro oriental, propôs um teatro ritual de retorno aos mitos e arquétipos, centrado no ator e na relação ator-espectador, numa manifestação que combinava cerimônia e liturgia. Desenvolveu uma técnica de representação que deve muito a Stanislavski, Meyerhold e Dullin, que conduz à liberação física e psíquica do ator. Sua insistência na expressão corporal e seu conceito de "teatro pobre" exerceram grande influência sobre os movimentos de vanguarda. Dentre seus espetáculos mais renomados podem ser citados O Príncipe Constante, Akropolis e Doutor Fausto. Em 1958 encerra as atividades do Teatro Laboratório e funda na Itália um centro dedicado à formação de atores. É autor de um livro fundamental: Em Busca de um teatro Pobre.

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