sexta-feira, 11 de maio de 2012

Obras Teatrais de Nelson Rodrigues

A mulher sem pecado (1941)

Drama, encenado em 9/12/1942, no Teatro Carlos Gomes, sob a direção de Rodolfo Mayer.

Personagens - Olegário, Lídia (esposa de Olegário), Umberto (chofer), Maurício (irmão de criação de Lígia), D. Aninha (mãe de Lídia e louca), Gomide, Evaristo, Mulher, Joel.

Sinopse - Olegário questiona obsessivamente a fidelidade de sua esposa. Ele se faz de paralítico para induzir Lígia ao adultério. No último instante, quando Olegário já acredita na fidelidade de Lígia, ela foge com o motorista. Não suportando a traição ele se mata.


Vestido de noiva (1943)

Tragédia, encenada em 28/12/1943 no Teatro Municipal, sob direção de Ziembinski.

Personagens - Alaíde (atropelada agonizante), Lúcia (irmã de Alaíde), Pedro, Clessi, Gastão (pai de Alaíde), Lígia (mãe de Alaíde), Repórteres e Médicos.

Sinopse - a peça acontece em três planos: memória, alucinação e realidade. A peça é a memória e o delírio de Alaíde, que agoniza depois do seu atropelamento. Alaíde lê o diário de madame Clessi, uma antiga moradora de onde mora atualmente. É esta entidade imaginada por Alaíde que a conduz à sua própria memória. Aos poucos a protagonista recorda-se da disputa com sua irmã Lúcia, pelo amor de Pedro.


Álbum de família (1945)

Tragédia, encenada em 28/07/1967 no Teatro Jovem, sob direção de Kleber Santos.

Personagens - Jonas (pai da família), Senhorinha (mulher de Jonas), Tia Rute (irmã de Senhorinha), Guilherme, Edmundo, Glória e Nonô (filhos do casal), Teresa (caso de Glória), Avô e Heloísa (mulher de Edmundo).

Sinopse - tudo começa e termina na família de Jonas. O incesto já foi consumado entre a mãe da família e seu filho Nonô, mas os problemas entre os familiares não acabam por aí. Os filhos odeiam Jonas que, por sua vez, ama sua filha. Numa rede de amores e ódios, suicídio e assassinato, a peça é um emaranhado de uma só família.


Anjo negro (1947)

Tragédia, encenada em 02/04/1948, no Teatro Phoenix, sob direção de Ziembisnki.

Personagens - Ismael (negro, pai de família), Virgínia (esposa de Ismael), Elias (irmão adotivo de Ismael), Ana Maria (filha de Virgínia e Elias), Tia, Primas e criada de Virgínia.

Sinopse - Ismael presencia Virgínia matando seus filhos, por estes serem negros. Ao contrário do que poderíamos pensar, Ismael gosta ainda mais de sua mulher, já que também não gosta da própria raça. Virgínia foi estuprada por seu marido como vingança de sua tia. Dezesseis anos depois das mortes dos primeiros filhos de Virgínia e Ismael, nasce Ana Maria, filha branca de Virgínia com Elias. Ismael fura os olhos da menina para que esta não saiba que seu pai é negro. Ele apaixona-se pela menina, sem saber que esta não é sua filha. Ana Maria pensa que o pai é branco e o ama como homem. No fim Ismael opta por seu relacionamento com Virgínia, enterrando sua filha ainda viva.


Senhora dos afogados (1947)

Tragédia, encenada em 01/06/1954, no Teatro Municipal, sob a direção de Bibi Ferreira.

Personagens - Ismael (pai de família), D. Eduarda (esposa de Ismael), Moema (filha do casal), Paulo (filho), Mãe do noivo, noivo de Moema, Avó, Clarinha, Dora e coro.

Sinopse - Misael fora amante de uma prostituta e tiveram um filho que estava desaparecido. Antes de se casar com Eduarda, Misael mata a prostituta com quem tivera o filho. Supostamente morto, este filho bastardo torna-se noivo de Moema. O noivo aparece para vingar a mãe e assim leva sua sogra para o prostíbulo. Paulo, filho de Misael, sabendo disso mata o noivo. Moema, depois de ter matado suas outras irmãs, induz o pai a matar a mulher. Confuso entre o desejo de sua filha e a traição de sua esposa, ele corta as mãos de Eduarda. As mãos eram as únicas coisas que se assemelhavam com sua filha. Quando Moema pensa realizar seus desejos com o pai que tanto ama, este morre em seu colo.


Dorotéia (1949)

Farsa irresponsável, encenada em 07/03/1950, no Teatro Phoenix, sob direção de Ziembinski.

Personagens - D. Flávia, Dorotéia (prima de Flávia), Carmelita e Maura (primas de Flávia), D. Assunta da Abadia e Das Dores.

Sinopse - Flávia, Carmelita e Maura vivem em uma casa sem quartos, onde a castidade funciona como uma maldição, ao mesmo tempo que um motivo de orgulho e vigília. Dorotéia retorna à casa de suas tias, "tentando" tornar-se uma delas. Seu filho morreu e esta era a única razão para ela continuar no mundo. O final é pessimista encaminhando D. Flávia e Dorotéia, ainda vivas, para o apodrecimento em vida.


Valsa nº 6 (1951)

Drama, encenado em 06/06/1951, no Teatro Serrador, sob a direção de Henriette Morinau.

Personagem - Sônia (menina assassinada)

Sinopse - Sônia agoniza enquanto busca compreender o que aconteceu em sua vida. Ela busca saber quem é Sônia, e logo depois lembra-se do Dr. Junqueira, que tenta examinar sua garganta, tendo ela muita vergonha. Cenas soltas aos poucos compõem uma memória incompleta. Ela recorda de Paulo, no início somente um nome, depois alguém de quem gostava, um homem casado e mais velho. No fim é representada a sua morte ao piano, o assassino ninguém vê e nem ela mesmo sabe que está morta.


A falecida (1953)

Farsa trágica, encenada em 08/06/1953, no Teatro Municipal, sob a direção de José Maria Monteiro.

Personagens - Madame Crisálida (cartomante), Zulmira (esposa de Tuninho), Tuninho (desempregado), Timbira (dono da casa funerária), João Guimarães Pimentel, Dr. Borborema.

Sinopse - Zulmira vai à cartomante saber sobre seu futuro e sobre o desemprego de seu marido Tuninho. Lá ela só ouve: "Cuidado com a mulher loura". Seu marido descobre que se trata de Glorinha, sua prima oxigenada e considerada o maior pudor do Rio de Janeiro. A partir deste ponto começa uma disputa entre as duas para saber quem é a mais recatada. A solução para Zulmira é a própria morte. Impossibilitada de relacionar-se com seu marido, inicia um caso com João Pimentel. Depois de morta, Tuninho descobre através do próprio amante, que Zulmira o traía.


Perdoa-me por me traíres (1957)

Tragédia de costumes, encenada em 19/06/1957, no Teatro Municipal, sob a direção de Léo Júsi.

Personagens - Nair, Glorinha (filha de Judite), Pola Negri, madame Luba, Tia Odete, Tio Raul (assassino de Judite e narrador), Gilberto (irmão de Raul e marido de Judite), Judite, médico, enfermeira, Ceci e Cristina.

Sinopse - Tio Raul narra para sua sobrinha, Glorinha, o que aocnteceu com Judite, sua mãe. Esta traiu seu irmão, Gilberto, que a amava e queria seu perdão por tê-la traído. Gilberto, aos gritos de "perdoa-me por me traíres" foi internado como louco. Raul, vendo a traição da cunhada, coloca veneno no seu copo e obriga-a a beber. Agora, pressionada pelo tio a confessar sua verdadeira personalidade, Tio Raul a ameaça com veneno. Amor e ódio confunde-se na cena até que Glorinha acaba fazendo seu tio beber seu próprio veneno.


Viúva, porém honesta (1957)

Farsa irresponsável, encenada em 13/09/1957, no Teatro São Jorge, sob direção de Willy Keller.

Personagens - J.B (dono do jornal), Pardal (empregado de J.B), Dr. Sanatório (otorrino), Dr. Lupicínio (psicanalista), Dorothy Dalton (bicha e fugitivo), Diabo da Fonseca, Madame Cri Cri, Ivonete (viúva e filha de J.B), Tia Assembléia (tia de Ivonete), Dr. Lambreta (médico louco).

Sinopse - Ivonete, uma menina de quinze anos, é considerada grávida pelo Dr. Lambreta. Imediatamente, seu pai, J.B, providencia o casamento. O marido, como diz J.B, é o pior possível, o crítico de teatro e homossexual Dorothy Dalton. No próprio casamento descobre-se que o médico é louco e que Ivonete nunca esteve grávida. Enquanto Dorothy está vivo Ivonete o trai, até que um dia ele morre atropelado por uma carrocinha de chica-bom. J.B agora quer que sua filha desfrute de sua vida. Contrata os profissionais do sexo para que estes a convençam a trair o marido morto. Irredutível na fidelidade a um morto, a solução é ressuscitar Dorothy. Ressuscitado o marido, ela pode voltar a traí-lo com todos.


Os sete gatinhos (1958)

Divina Comédia, encenada em 17/10/1958, no Teatro Carlos Gomes, sob direção de Willy Keller.

Personagens - Bibelot, Silene (irmã caçula e virgem), Arlete, Hilda, Aurora, Débora (irmãs de Silene), Seu Noronha (pai da família), Gorda (esposa), Dr. Portela (diretor do colégio), Saul (velho inválido).

Sinopse - as filhas se prostituem para darem a Silene um casamento digno. A salvação da família suburbana é Silene, a "virgem por nós". Quando Silene aparece grávida a família apodrece: Seu Noronha larga o emprego de contínuo para ser o cafetão em casa e as filhas e a esposa parecem aceitar o novo "trabalho". A meta agora é matar o homem que chora por um olho só, pois teria sido este o culpado. Bibelot é alvo do amor de duas irmãs: Silene, que estaria grávida dele, e Aurora. Quando matam Bibelot, descobrem que ele não é o responsável pela tragédia familiar. O desespero é geral; quem descobre que o culpado por toda a desgraça é o próprio pai é Aurora.


Boca de Ouro (1959)

Tragédia carioca, encenada em 20/01/1961, no Teatro Nacional de Comédia, sob direção de José Renato.

Personagens - Boca de Ouro, D. Guigui (ex-amante de Boca), Agenor (marido de D. Guigui), secretário, repórter, fotógrafo, Celeste, Leleco (marido de Celeste).

Sinopse - a peça é marcada por três depoimentos distintos de D. Guigui sobre seu ex-amante Boca de Ouro. No primeiro, movida por um sentimento de mágoa por ter sido abandonada por ele, D. Guigui narra os acontecimentos de uma forma que Boca torna-se um monstro. Quando sabe que este agora está morto, seu ressentimento dá lugar à paixão reprimida. Boca de Ouro transforma-se no novo depoimento em um lorde. Por fim, como numa resolução entre os dois depoimentos e o olhar de seu atual marido, D. Guigui narra um terceiro depoimento, no qual Boca de Ouro não é um monstro, mas fica longe de ser uma vítima dos fatos.


O beijo no asfalto (1960)

Tragédia carioca, encenada em 07/07/1961, no Teatro Ginástico, sob direção de Fernando Torres.

Personagens - Arandir, Selminha (esposa de Arandir), Aprígio (sogro de Arandir), Dália (irmã de Selminha), Investigador Aruba, Repórter Amado Ribeiro, Delegado Cunha, D. Judith.

Sinopse - Arandir beija um homem que agoniza depois de ser atropelado. A imprensa e a polícia mancomunadas resolvem tirar vantagens do incidente. Os jornais dobram sua tiragem com o caso e o escrúpulo é deixado de lado. Arandir é acusado de trair sua mulher com o atropelado, os policias forjam um caso entre eles. Atormentada, Selminha volta-se contra o marido. Mulher, sogro e sociedade o acusam. Aprígio aconselha que sua filha abandone Arandir. No fim da peça vemos que a razão de tal conselho é o amor que este sogro nutre por seu genro.


Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (1962)

Peça em três atos, encenada em 28/11/1962, no Teatro Maison de France, sob direção de Martim Gonçalves.

Personagens - Edgar, D. Ivete (sua mãe), Ritinha, Dinorá, Aurora, Nadir (irmãs de Ritinha), D. Berta (mãe de Ritinha), Teresa, Dr. Heitor Werneck (pai de Teresa), D. Lígia (esposa de Werneck), Peixoto (marido de Teresa), Maria Cecília (filha de Werneck), Arturzinho (amante de Teresa), negros, grã-finos.

Sinopse - Edgar é um homem dividido entre vender ou não sua alma ao diabo. Dr. Heitor Werneck oferece a este um cheque para que se case com sua filha, Maria Cecília. Peixoto, genro de Werneck, alerta Edgar sobre Maria Cecília. Esta menina contratou cinco crioulos para ser estuprada. Edgar tem olhos para outra mulher, Ritinha, uma prostituta que sustenta suas irmãs e mãe. A trama é a dúvida entre seu coração e seu bolso. Com o cheque nas mãos Edgar é um homem ensimesmado.


Toda nudez será castigada (1965)

Obsessão, encenada em 21/06/1965, no Teatro Serrador, sob direção de Ziembinski.

Personagens - Herculano, Geni (prostituta), Patrício (irmão de Herculano), Serginho (filho de Herculano), médico, padre, delegado e tias.

Sinopse - O dado presente é o suicídio de Geni. O acontecimento passa-se em flash-bachk. A trama é toda traçada pelo irmão de Herculano. Quando este último enviúva, Patrício o leva para um prostíbulo, onde conhece e apaixona-se por Geni. Eles se casam e a vingança de Patrício continua através de Serginho, filho de Herculano com sua primeira mulher. O ódio de seu irmão existe porque este não lhe salvou da falência. Serginho rejeita o casamento de seu pai, o menino ainda zela pela memória de sua mãe, exigindo que o pai faça o mesmo. Transtornado com a cena de amor que presencia, entre seu pai e Geni, Serginho bebe, arruma uma confusão e vai parar na cadeia, onde é estuprado por um ladrão boliviano. Culpado, Herculano tenta reaver o amor de seu filho, que por vingança transformou-se em amante de Geni. No final Serginho abandona esta e viaja com seu novo amor, o ladrão.


Anti-Nelson Rodrigues (1973)

Peça em três atos, encenada em 28/12/1974, no Teatro SNT, sob direção de Paulo César Pereio.

Personagens - Teresa, Gastão, Salim Simão, Oswaldinho, Hele Nice, Joice e Lelelo.

Sinopse - Teresa e Gastão fundam um casamento de grande solidão. Seu filho Oswaldinho é um playboy sem conserto. Para ele, as mulheres representam nada além de um objeto de prazer. Com seu pai, Oswaldinho mantém uma certa distância. Rival edípico, Oswaldinho limita-se a mandar bilhetinhos agressivos a este. Num belo dia, o playboy irrecuperável conhece Joice. Ele tenta conquistar a moça, que se apresenta uma noiva respeitável. Com esta postura recatada e inflexível Joice conquista o amor de Oswaldinho. Como a única arma que o jovem aprendeu a utilizar fora o dinheiro, ele oferece um cheque para Joice, tentando comprar uma noite com esta. Na última cena da peça Joice rasga o cheque e se declara para Oswaldinho.


A serpente (1978)

Peça em um ato, encenada em 06/03/1980, no Teatro BNH, sob direção de Marcos Flaksman.

Personagens - Lígia, Guida (irmã de Lígia), Décio (ex-marido de Lídia) e Paulo (marido de Guida).

Sinopse - Lígia e Décio brigam e terminam seu casamento. Guida, que mora com seu marido no mesmo apartamento que sua irmã Lígia, oferece a esta uma noite com seu marido Paulo. Décio era impotente e Guida se compadece da situação de sua irmã. Depois da noite com seu cunhado, Lígia apaixona-se por ele. Décio retorna a casa, curado de sua impotência por uma "crioula de ventas triunfais". A quebra desta união incestuosa entre Paulo e Lígia termina em crime. Paulo empurra Guida do parapeito provocando-lhe a morte. Com sentimento de culpa e amor por sua irmã, Lígia grita que seu cunhado é um assassino.
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Extraído de Nelson:feminino e masculino, de Irã Salomão. 7 Letras], 2000.

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