segunda-feira, 21 de maio de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Zé Keti: eu sou o samba"

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Oportuno e merecido tributo


Lionel Fischer


Como todos sabemos, este é um país de curta memória, com espantosa tendência de relegar ao esquecimento artistas da mais alta importância - dizem os supostamente entendidos no assunto que isto se deve ao ininterrupto surgimento de novos valores, que os tempos mudam, que alteram-se gostos e tendências etc. Seja qual for a causa, ou as muitas causas, o fato é que um compositor do porte de Zé Keti, por exemplo, só é lembrado - quando é lembrado - por umas duas ou três composições, quando me parece que assinou um número bem maior de sucessos.

Mas felizmente o vento sopra, faz girar a roda e tudo se modifica. E aparece alguém que se dispõe a prestar um merecido tributo a este compositor notável. É o caso de Maria Helena Kühner, autora de "Zé Keti: eu sou o samba", atual cartaz da Sala Baden Powel, que já cumpriu excelentes temporadas na Academia Brasileira de Letras e no Sesc Tijuca. Sergio Fonta assina a direção da montagem, que tem elenco formado por Sérgio Menezes, Rodrigo Candelot e a cantora Sanny Alves, que dividem o palco com os músicos Luizinho Croset (cavaquinho), Eric Dalles, (violão de sete cordas), Carol Dávila (sax/flauta), Di Lutgardes (percussão) e Juninho (percussão/canto).

Estruturado de forma simples, o texto gira em torno do diálogo de Zé Keti (Sérgio Menezes) com uma espécide de mestre de cerimônias (Rodrigo Candelot), que rememora com o personagem momentos marcantes de sua vida e trajetória artística. Em alguns momentos, os dois e Sanny Alves "vivem" pequenas cenas, sendo que a participação desta última é basicamente como cantora. Ao mesmo tempo, são projetados antigos filmes de carnavais e outros em que aparecem cantoras célebres, como Ângela Maria.

Dentro do que se propõe, o texto de Maria Helena Kühner faculta ao público uma visão abrangente da produção artística de Zé Keti e de outras atividades que exerceu ao longo de sua vida. E o espetáculo dirigido por Sergio Fonta reforça a proposta da autora através de uma dinâmica simples, despojada e que prioriza o essencial: prestar um singelo, mas comovente tributo a este compositor extraordinário, vivido com competência por Sérgio Menezes. Rodrigo Candelot exibe eficiência e presença, o mesmo ocorrendo com Sanny Alves - Sérgio e Sanny defendem com vigor e charme os números musicais.

Com relação à direção musical, esta é de excelente nível, de autoria de Luizinho Croset, cabendo registrar ainda a competência, simpatia e envolvimento dos excelentes músicos que participam desta mais do que oportuna empreitada teatral.

ZÉ KETI: EU SOU O SAMBA" - Texto de Maria Helena Kühner. Direção de Sergio Fonta. Com Sérgio Menezes, Rodrigo Candelot e Sanny Alves. Sala Baden Powel. Sexta e sábado, 20h.

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