terça-feira, 15 de março de 2011

Exercícios de Improvisação



Lionel Fischer



CENA CURTA – criar uma cena passando pelos três estímulos, na ordem.


angústia/alívio/amor


busca/bondade/beijo


carência/carícia/casamento


dívida/dádiva/dúvida


 esperança/espera/escrotice


força/foco/fica


gemido/ganância/gozo


história/histeria/habitação


intriga/instante/inútil


jogo/justiça/jaca


luta/luto/luz


medo/mácula/música


negação/novidade/nudismo


onda/ódio/onde


perda/perto/perplexidade


querer/queimadura/queijo


raiva/rosto/rumo


susto/sinto/saudade


teimosia/temporal/tenacidade


único/última/ultimato


vitória/ vontade/ volúpia


xuxu/ xepa/xispa


zona/zodíaco/zero


TESOURAS RÍTMICAS - dois alunos, duas tesouras. O primeiro faz uma pequena seqüência, que o segundo tem que repetir. Depois, inverter. Até aqui, só memória. Em seguida, o primeiro faz uma pequena seqüência, um aluno de fora coloca um texto. O segundo responde com a tesoura, um outro aluno coloca um texto. E assim seguimos por um tempo.


CRIANDO UM TEXTO - o aluno entra, já com uma atitude/sentimento. Pára num local, congela. Em seguida, vai para outro ponto e congela. Vamos fazer cinco mudanças. O aluno repete tudo que fez. Em seguida, repete, parando, e alguém de fora coloca um texto quando a cena congela. Depois, nova repetição, outro aluno coloca um novo texto, completamente diferente, em cima da mesma seqüência. Finalmente, o primeiro aluno faz toda a seqüência colocando seu próprio texto.


BOMBARDEIO CIRCULAR - um grupo de 12 alunos faz um círculo em torno de alguém. A pessoa que fica no centro deve reagir imediatamente e com uma frase curta às ofensas que lhe são dirigidas, sucessivamente e o mais rápido possível, pelos integrantes da roda - essas ofensas devem se limitar a uma única palavra, como idiota, ladrão, cínico etc. A cada ofensa, portanto, corresponde uma resposta. Quando chegar a vez do primeiro que ofendeu, este agora parte para o elogio - inteligente, sensível, gostosa etc., obedecendo-se ao mesmo mecanismo.


CONFIANÇA - cegos, em dupla, trocando. Caminhar pelo espaço, durante algum tempo; checar as tensões, o eventual relaxamento. O ideal é que aquele conduz leve seu “cego” para um espaço que ele desconhece, ou explore ao máximo o espaço onde estão.


REFLEXO - na parede. Oito atores. Cada um que é chamado vem até a frente e ali ouve a frase. Deve transformá-la imediatamente numa postura, num equivalente físico. Sem palavras. Em seguida, congelar. OBS: é claro que é impossível se criar posturas físicas que correspondam exatamente às frases abaixo. Mas trata-se muito mais de um exercício de relaxamento e diversão.


Sapo apaixonado


Eu sou mais eu!


Águia troncha


Me dá outra chance


Gato gay


Nossa, como é grande!


Eu sou mais eu!


Me deixa em paz!


HISTÓRIA EM DUPLAS - oito atores, lado a lado, em fila. O primeiro começa a relembrar qualquer coisa envolvendo aquele que está ao seu lado. Este retruca. Em seguida, os dois vão para o final da fila e a dupla seguinte avança. Cada ator só pode usar uma frase, de preferência curta. E o assunto deve evoluir, podendo tomar rumos imprevistos. Mas não vale criar frases disparatadas. A história tem que fazer sentido, mesmo que sua conclusão seja completamente inesperada com relação ao início. Vamos rodar as filas três vezes.


IDA E VOLTA - dois atores, sentados, bem perto, um de frente para o outro. Começam a trocar ofensas, num ritmo bem rápido. As ofensas devem se limitar a uma palavra. Ao mesmo tempo em que se ofendem, vão recuando o corpo. Quando estão bem afastados, congelam. A seguir, vão se reaproximando, só que agora trocando palavras gentis, num ritmo bem lento.


CRIANDO UMA HISTÓRIA - dois atores iniciam uma cena. No sinal, congelam. Outros dois os substituem e continuam a cena. E assim por diante. Fazer com quatro duplas. A última deve concluir a cena, que deverá necessariamente evoluir, como se fosse um pequeno esquete.


CANTANDO UM TRECHO DE UMA MÚSICA - quatro atores. Cada um canta um trecho de uma música. Depois, cada um repete o trecho cantado como se fosse o texto de uma peça.


REAÇÃO INSTANTÂNEA - individual. O professor diz a frase e o aluno deve justificá-la, com toda a seriedade, no prazo máximo de 1 minuto.


Se chifre fosse flor, a cabeça do Lionel era um jardim!


Quando a jabuticaba é pouca, a gente engole o caroço!


Mesmo quando descansa, o Diabo amola as moscas com o rabo!


O mentiroso, quando diz a verdade, adoece!


Os apaixonados sofrem mais que sovaco de aleijado!


FAZENDO UM JINGLE - 4 atores no palco. A cada um o professor diz um nome – sapato, calcinha, relógio etc. O aluno deve imediatamente fazer uma música curtíssima.


FRASE QUE AUMENTA - 4 duplas, uma de cada vez. A primeira e a última palavra não podem mudar. Exemplo: “Você é muito burra”. “Você, desde ontem, é muito burra”. “Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, é muito burra”. “Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, e eu pedi com tanta delicadeza, é muito burra”. “Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, e eu pedi com tanta delicadeza e sorrindo, é muito burra”. E etc. Objetivo: construir a maior frase possível.


CORTANDO PALAVRAS - a partir de um tema – por exemplo, separação – dois alunos fazem uma cena, só podendo usar frases de quatro palavras. Em seguida, outra dupla faz a mesma cena, mas só usando três palavras por frase. A terceira dupla usa duas palavras e a última, uma.


DESFAZENDO UM SONHO - individual. Uma jovem de 15, 16 anos, está diante de um espelho, acabando de se arrumar. Vai sair, pela primeira vez, com aquele que julga ser o menino da sua vida. O telefone toca. Ela atende e nada fala, só escuta o rapaz dizer que não poderá vir. Ela volta para o espelho, começa a tirar a maquiagem etc., sem pronunciar uma única palavra.


QUEM SOU EU - exercício para duplas. O que entra sabe quem ele é, quem é o outro e onde eles estão. O que já está em cena, não. Se o ator que não sabe quem ele é achar que, num dado momento, já sabe, interrompe o exercício e fala. Se errar, é substituído por outro e a cena segue deste ponto em diante.


CRIAÇÃO EM GRUPO 1 – dividir a turma em grupos. Cinco minutos para preparar uma cena que tenha como tema uma frase – por exemplo, “Nunca mais”. Em algum momento essa frase tem que ser dita. Cenas curtas.


CRIAÇÃO EM GRUPO 2  – toda a turma. O tema pode ser, por exemplo, “Na primavera eu volto”. Tempo de preparação: 15 minutos. Tempo da cena: 10 minutos. OBS: a frase/tema tem que fechar a cena.


CONQUISTA EM VERSOS - exercício para duplas. Cada apaixonado diz uma frase bem curta e o outro a completa. Por exemplo:


Ele – Quando te vi, era inverno.
Ela – Você estava lindo, de terno.


OBS: o importante é não apenas rimar, mas criar uma pequena história.


MEMÓRIA - exercício para duplas. Ele termina quando algum dado for omitido na seqüência de frases. Por exemplo:


Qual o seu nome?
Meu nome é Paulo.

Mentira. Seu nome é Henrique.
Tem razão. Meu nome é Henrique.

Quantos anos você tem?
35.

Mentira. Seu nome é Henrique e você tem 23 anos.
Tem razão. Meu nome é Henrique e eu tenho 23 anos.

Qual a sua profissão?
Engenheiro.

Mentira. Seu nome é Henrique, você tem 23 anos e é personal training.
Tem razão. Meu nome é Henrique, tenho 23 anos e sou personal training.

Você tem namorada?
Tenho.

Mentira. Seu nome é Henrique, você tem 23 anos, é personal training e não tem namorada.

Tem razão. Meu nome é Henrique, tenho 23 anos, sou personal training e não tenho namorada.

Onde você mora?
No Leme.

Mentira. Seu nome é Henrique etc...


O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – algo de muito grave está acontecendo fora de cena. Os personagens (8) vão entrando individualmente, sempre que seus nomes são mencionados. E a cada entrada a gravidade do problema aumenta, com a repetição do que já se conhece e o acréscimo de novos dados. A ação se passa na Idade Média, em um castelo. Detalhe: os atores têm que lidar com as novidades trazidas como se estivessem totalmente conscientes do perigo que representam. Clima seríssimo. É também um exercício de memória.


ANJO - uma dupla. O homem tem ao seu lado, e só visível para ele, uma espécie de “anjo da guarda malvado”, que contradiz tudo o que a outra pessoa responde. Exemplo:

Ele – Por que você não gosta mais de mim?


Ela – Mas é claro que eu gosto!


Anjo - Mentira! Ela tá saindo com o Paulo!


Ele - E o Paulo?


Ela - Que Paulo?


Anjo - Não seja cínica!


E etc. Ou seja: o Ator passa a conversar seguindo as indicações do Anjo. Pode, se quiser, repetir literalmente sua frase, mas o essencial é seguir suas indicações. O Anjo não é visto pela Atriz. E o Ator, evidentemente, não pode ficar olhando para o Anjo, que na verdade está “dentro dele”, é seu pensamento, sua consciência.


PERDÃO - amigas desde a infância, já adultas uma dela se torna amante do marido da primeira. O caso é descoberto. Rompimento. Arrependimento. Tentativas de encontro fracassadas. Até que um dia, dois anos depois, a que foi traída resolve receber a ex-amiga. Houve suas razões. Há possibilidade de perdão?


ENCONTROS INESPERADOS

1) BORDEL - cafetina, pai e filha. A cafetina diz à garota que hoje ela vai conhecer um cliente super importante, um homem riquíssimo, de São Paulo. A cafetina sai. A garota está se ajeitando diante de um espelho. O homem entra. Se aproxima. Acaricia a garota. Ela se vira. O homem está diante de sua filha. Pouquíssimas palavras, de preferência nenhuma. O que importa é o impacto da situação.


2) NUM BAR – reencontro com um grande amor. Ela está sentada, ele a vê. Tiveram um romance muito tempo atrás. Ambos se casaram com outras pessoas. Mas...Ele se aproxima, uma grande emoção toma conta dos dois. O que fazer?


CONFISSÃO – filho/filha diante de pai agonizante. Algo ficou por dizer? Algum agradecimento?


DESPEDIDA – duplas. Começa num abraço, se separam, se afastam. Se olham, correm, se abraçam, se afastam. No final, apenas se olham, de longe, e não mais se aproximam.


INTERPRETANDO ANÚNCIOS - o aluno abre um jornal numa página qualquer, escolhe um anúncio e o lê de três maneiras diferentes, impulsos emocionais diferentes.


ESCULTURAS – oito alunos. Três grupos. Três músicas diferentes produzem três esculturas diferentes. Depois de prontas, as esculturas são desfeitas – o último que entrou sai primeiro, depois o penúltimo etc., até ficar o primeiro.


CONVERSA LOUCA - duplas, frases curtas. Toda frase tem que começar com a última palavra dita pelo outro. Por exemplo:


A – Você não passa de um idiota!


B – Idiota eu fui quando me apaixonei por você!


A - Você está sendo agressivo...


B – Agressivo? Você ainda não viu nada!


ACRESCENTANDO DEFEITOS – cinco atores. Estão fora de cena. No sinal, entram em fila indiana. Andam normalmente e somem. Ao reaparecerem, o primeiro exibe um discretíssimo defeito físico, que os outros imitam. A cada entrada, o discreto defeito se acentua, todos copiam. Mais defeitos surgem, todos copiam. Quando só tivermos deformações em cena, o grupo congela.


PECADOS CAPITAIS - dividir o grupo. Cada grupo terá 10 minutos para bolar uma cena sobre um determinado Pecado (Luxúria, Avareza, Soberba, Gula, Inveja, Ira e Preguiça). Detalhe: todas as cenas terão que ser cômicas e não vale aproveitar cenas já feitas ou conhecidas.


NO SÓTÃO – quatro irmãos visitam o sótão da casa em que passaram a infância. Com a morte dos pais, a casa será vendida. Recordações. Os brinquedos. O sótão está igual.


CARETAS - exercício para duplas. Sentados lado a lado, olhando pra frente, no sinal os alunos fazem um careta, que deforma seu rosto. Em seguida, sem desarmar essa careta, travam um diálogo, como se estivessem se vendo pela primeira após marcarem um encontro via Internet. A voz tem que ser resultante dessa careta.


BRIGA DE FACA - ritmo mais lento possível. Quatro contra quatro.


DISCUSSÃO EM LÍNGUA ESTRANHA COM TRADUÇÃO SIMULTÂNEA - sentados na mesa de um bar, um casal discute numa língua incompreensível. Cada um dos personagens tem a seu lado um tradutor simultâneo, que fala em português, imediatamente, o que a pessoa falou. As frases têm que ser curtas.


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