sexta-feira, 4 de março de 2011

                     O manual do passageiro

                                                               Gino Bezzi dos Santos

          Pegar um táxi, eis a questão! É o meio de transporte pago mais seguro do Rio de Janeiro, o taxista é o maior interessado na segurança do passageiro. Pode ter certeza de que este profissional evitará sempre as situações de risco, mas é preciso que sejam analisados e considerados alguns detalhes. Antes de qualquer coisa o leitor já parou para pensar que este meio de transporte é caro? Custa mais que os demais, então, para começar o passageiro deve ser sempre exigente.

          Se paga mais, deve receber melhores serviços. Confiabilidade, conforto, segurança e rapidez devem ser exigidos. Infelizmente nem todo táxi oferece serviço diferenciado. Sendo assim cabe ao passageiro utilizar o seu bom senso e fazer a melhor escolha possível. Um mínmo de cuidado deve ser considerado, mesmo que a pressa seja muita. Vejamos:

          . A melhor opção é um veículo cadastrado e legalizado. Uma cooperativa que tenha telefone e serviço de chamada via rádio é mais seguro.

          . Não pode chamar por telefone? Tente um nos diversos pontos espalhados pela cidade. Caso esteja em rua que não conte com um ponto fixo, a alternativa será chamar um táxi que esteja rodando. Nesse caso a primeira coisa a fazer é verificar a aparência. Veículos esculhambados, amassados e barulhentos pressupõem um serviço ruim. Lembre-se de olhar rapidamente se os pneus estão carecas.

          . Não vendo nada demais externamente tire uma linha do aspecto do taxista e do interior do carro. Bons profissiuonais andam bem arrumados, não entulham com papéis o painel do carro, têm sempre o ar condicionado ligado e seu carro tem um cheiro agradável. Com um pouco de atenção dá para perceber logo que abrir a porta, ou mesmo observar através da janela. Caso não seja do seu inteiro agrado, dê um motivo qualquer para não embarcar, use sua intuição. Peça desculpas e saia andando na direção contrária à do trânsito. Vá na busca de outro profissional.

          . Observe SEMPRE se o carro é pirata ou não. Deve-se evitar, a todo custo, táxi pirata. Nunca se sabe quem é o responsável nem o que ele pode fazer. Táxis legalizados têm sempre, obrigatoriamente, expostos os seguintes documentos:

1 Cartão do permissionário: fica sempre fixado no vidro logo acima do taxímetro.

2 Selo do SMTU: fica colado no vidro dianteiro atrás do espelho retrovisor interno.

3 Selo de aferição do taxímetro: fica colado no vidro dianteiro, ao lado direito do motorista.

          OBS: caso o carro seja de uma cooperativa ou ponto fixo cadastrado, leva uma inscrição na traseira e na lateral, o que não é obrigatório, mas, normalmente, têm essas indicações escritas na lataria do carro. Veja se existe um logotipo com telefone, caso sim, é um fator positivo.

          Conferiu tudo? Ok! Você está em um táxi legalizado, já é um início. Caso os dados não batam desça imediatamente com uma desculpa educada qualquer, é um táxi pirata, portanto, perigoso. Passada esta fase vamos ao comportamento dentro do carro.

          . Verifique se o motorista zerou o taxímetro colocando a bandeirada inicial. Você não vai querer fazer uma viagem já pagando antes de começar, não é mesmo? Este é o golpe mais comum que taxistas desonestos fazem. Ao perceber o "esquecimento", lembre a ele de corrigir.

          . Jamais sente no banco da frente, principalmente mulher, se quiser ter privacidade em sua viagem. Não é sempre, mas alguns taxistas entendem esta atitude como um sinal aberto para uma conversa, digamos, mais aberta. Não deveria ser assim, mas é! Esta é a realidade, que pode descambar sabe-se lá para aonde.

          . Você é do tipo conversador? Cariocas são muito abertos a conversas com taxistas. Sente-se no banco traseiro à direita do motorista. O papo vai rolar animadamente, pode ter certeza. O bom taxista é seu amigo, tem sempre uma conversa interessante e gosta de interagir com o passageiro.

          . Agora, caso não queira conversa sente-se atrás do motorista, ele não vai conseguir visualizá-lo pelo retrovisor. Fale o mínimo indispensável. Fica explícito que não haverá conversa.

          . Se mesmo assim o taxista mostrar-se inconveniente ao longo do trajeto, falar coisas estranhas ou assuntos de foro íntimo, notadamente tendendo para o sexual, não se faça de rogado! Peça para parar em um lugar movimentado, um boteco, por exemplo. Diga que quer comprar cigarros, qualquer coisa. Imediatamente saia do táxi. Isto vale muito para as mulheres. Diga que desistiu da corrida, que vai ficar por ali mesmo. Pague a corrida e tchau!

          Macete: nos aeroportos ou rodoviárias busque um táxi na área de embarque. Chega um táxi a todo momento e ele lhe cobrará a viagem até seu destino pelo marcando no taxímetro. Normalmente o viajante busca o táxi na área de desembarque. É cobrado um preço fixo de acordo com o destino, muito taxista faz isso. Este preço é muito maior do que aquele marcado no taxímetro. Não esqueça, dirija-se a área de embarque sempre e boa viagem!
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Este capítulo encerra o delicioso livro "Táxi: a vida e histórias de um taxista no Rio de Janeiro" (All Print Editora, prefácio de Fausto Fawcett). Gino Santos é engenheiro de formação, com um pé em estudos de arquitetura, produtor rural, dublê de estilista, ator, autor de teatro, inventor, dublê de cenógrafo, cenotécnico. O livro exibe 27 histórias diversificadas, curiosas e sempre atraentes.

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