Teatro /CRÍTICA
“Mademoiselle Chanel”
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Montagem
imperdível na Maison
Lionel
Fischer
“Mademoiselle Chanel” ficou um ano e mio em cartaz
em São Paulo e seu sucesso estrondoso repetiu-se em Portugal e na França.
Agora, a impecável produção está em cartaz no Teatro Maison de France. Pois
bem: isto significa uma oportunidade imperdível de, mais uma vez, o público
carioca ter o privilégio de ver em cena uma das melhores atrizes do planeta:
Marília Pêra.
Escrita por Maria Adelaide Amaral e dirigida por
Jorge Takla, a peça mostra a genial estilista, aos 88 anos, no final de uma
tarde de sexta-feira. Ao mesmo tempo em que retoca vestidos em duas modelos e
aprecia outros já acabados, Coco Chanel evidencia seu temor do final de semana
(que passará sozinha) e recorda algumas das passagens mais relevantes de sua
vida, tanto no que diz respeito às sua criações como no que concerne a amores,
amigos e desafetos. E então a platéia tem acesso a uma personalidade
fascinante, posto que constituída por contrastes materializados de forma segura
e sensível pela autora.
Já tendo encarnado Carmem Miranda, Dalva de Oliveira
e Maria Callas, aqui novamente Marília Pêra deixa claro o que separa um bom
intérprete de um intérprete genial. Ao dar vida a uma personalidade conhecida,
o bom intérprete luta desesperadamente para imitá-la e quando o consegue sempre
desperta este tipo de comentário: “Fulano é o máximo, está igualzinho a
Sicrano”. Nada mais falso, pois este “igualzinho” significa cópia, quando arte
é recriação.
E é exatamente o que Marília Pêra fez com as
artistas mencionadas e faz agora com Coco Chanel: não se limita a reproduzir
seus aspectos exteriores mais marcantes, mas a eles impõe forte contribuição
pessoal, certamente fruto de sua extraordinária capacidade de compreender o ser
humano, o que implica na aceitação – sem qualquer espécie de julgamento – de
todas as contradições que lhe são inerentes.
Com relação ao espetáculo, Jorge Takla impõe à cena
uma dinâmica que sabiamente privilegia o que interessa: a fantástica capacidade
de Marília Pêra de fascinar o espectador com um simples olhar, um singelo
caminhar, uma imprevisível pausa ou uma desconcertante divisão do texto.
Portanto, as marcas são simples, mas sempre elegantes e valorizam tanto as
passagens mais engraçadas quanto aquelas em que o humor predomina. E Takla
também consegue obter seguras atuações de Laura Wie e Ellen Londero, que
interpretam as modelos.
Na equipe técnica, o diretor responde por
irretocáveis cenário, iluminação e trilha sonora. Quanto aos figurinos, estes
foram criados em Paris pela Maison Chanel. Poderiam ser diferentes do que são,
ou seja, absolutamente deslumbrantes?
MADEMOISELLE
CHANEL – Texto de Maria Adelaide Amaral. Direção de Jorge Takla. Com Marília
Pêra, Laura Wie e Ellen Londero. Teatro Maison de France.
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