terça-feira, 31 de março de 2020



​Amados e amadas,

A cada dia que passa e nós seguimos bem,

é uma vitória nossa e uma derrota da doença.
Ou seja: um dia a mais para nós equivale
a um dia a menos para ela.

E também acho oportuno relembrar um fato histórico.


Em dado momento, durante a Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra estava sendo impiedosamente bombardeada pelas famigeradas V2 alemãs. E dada a virulência e constância dos ataques, tudo sugeria que a Inglaterra haveria de se render. Pois bem: o então Primeiro Ministro inglês, Winston Churchill, falou o seguinte à nação, através do rádio:


"Nós lutaremos nas praias, nas cidades, nas vilas e em todo o nosso país. E jamais, jamais nos renderemos!!!"


E a Inglaterra, flagelada, faminta e semi-destruída, não se rendeu.


E por que não se rendeu? Porque jamais deixou de acreditar que todo aquele horror haveria de passar, desde que todos permanecessem unidos e solidários, e todos possuídos da mesma certeza de que um dia o sol haveria de brilhar novamente, claro e límpido como ocorre nas manhãs de primavera.


Agora, no entanto, como todos vocês sabem, não se trata de uma guerra convencional, mas de um outro tipo de guerra contra um único inimigo comum, o famigerado corona vírus. Todas as nações, independentemente de suas ideologias, estão empenhadas não apenas em lutar com suas próprias forças e recursos, mas também em se ajudarem umas às outras. E esta é a grande lição que essa pandemia está nos dando: que temos que ser solidários, temos que pensar no outro, temos que finalmente compreender que está em causa a nossa sobrevivência e a sobrevivência do planeta que habitamos. Portanto, todos nós temos a nossa parcela de responsabilidade, a nossa cota de contribuição, por mais ínfima que pareça. 


Enfim...desejo que todos vocês estejam se cuidando e aproveitando esse momento de crise para um mergulho em si mesmos, para uma reflexão sobre o que vocês têm sido e sobre tudo que podem vir a ser. Se nos recusamos a refletir sobre nosso passado, estaremos condenados a repeti-lo. Se eu me recuso a pensar sobre o que eu fui, eu o serei sempre. Assim, acho bastante provável que, ao final desta pandemia, todos nós estaremos mais amadurecidos e plenamente convictos de que nossa felicidade tem que estar atrelada à do outro. Vamos lembrar a oração do Teatro?


Eu ponho minha mão na sua.

Eu junto meu coração ao seu.
Para que eu possa conseguir com você
O que eu jamais conseguiria sozinho.

MERDA!!!!


Que Deus abençoe,

proteja, e nos faça a todos
muito felizes!!!

um beijo no coração e na alma de todos vocês!!!


Lionel

quarta-feira, 11 de março de 2020

Teatro/CRÍTICA

"A esperança na caixa de chicletes ping pong"

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Brasil: ame-o e fique!



Lionel Fischer




"Inspirado na obra poético-musical de Zeca Baleiro, o texto de Clarice Niskier faz uma declaração de amor à cultura popular brasileira. Reunindo 59 músicas de Zeca Baleiro (trechos e íntegras) a fragmentos de textos de Sergio Buarque de Holanda, Ferreira Gullar, Eduardo Galeano, Hélio Pellegrino e Oswald de Andrade e temas livremente inspirados nos livros do historiador Yuval Harari (autor de Sapiens: uma breve história da humanidade), Clarice Niskier cria um roteiro teatral de suas memórias político-sociais. A peça é uma espécie de "fico" de Clarice Niskier, que expõe, poética e dramaturgicamente, suas razões para abraçar o Brasil, ao invés de deixá-lo".

Extraído do ótimo release que me foi enviado por João Pontes e Stella Stephany (além de ótimo, o mais alentado que já recebi em 30 anos de crítica teatral - 12 páginas!), o trecho acima sintetiza as premissas fundamentais de "A esperança na caixa de chicletes ping pong", que após cumprir temporada em São Paulo, está em cartaz no Teatro Petra Gold. Clarice Niskier responde pelo texto, interpretação e direção geral, cabendo a Amir Haddad a supervisão de direção.

Por razões óbvias, o tempo sombrio que se abateu sobre o país - e em especial no que se refere à Cultura - tem levado incontáveis brasileiros a deixá-lo. Aos que quiseram, mas não conseguiram se exilar, restam duas opções: aqui permanecer passivo e mudo, ou encontrar alguma forma de resistir à barbárie que hoje faz parte do nosso cotidiano. É claro que existem muitas formas de resistência, mas não hesito em afirmar que uma das mais poderosas se dá através da arte. No presente caso, estamos diante de um evento que protesta energicamente contra a nossa atual e amarga realidade, contrapondo ao ódio generalizado fartas doses de humor e poesia. 

Clarice Niskier está completando 40 anos de carreira. E já era uma atriz maravilhosa muito antes de estrear o fenômeno "A alma imoral", há 14 anos em cartaz - nesse meio tempo, criou também "A lista". E além de excelente intérprete, jamais esteve engajada  em projetos fúteis, que nada fazem além de conspurcar o palco. Ou seja: afora seus notáveis predicados técnicos, Clarice é uma artista que pensa e não apenas sobre suas questões pessoais, mas também sobre o contexto em que vive. E por isso encontrou em Zeca Baleiro um parceiro ideal, posto que ele também se posiciona como artista da mesma forma. 

Com relação ao texto, belíssimo, quase todo escrito em versos, ele nos permite um amoroso, sério e divertido olhar para nós mesmos, e para um Brasil que talvez ainda possa ser resgatado. São muitos os temas abordados, sempre pertinentes e trabalhados de tal forma que nos tocam, simultaneamente e com igual potência, a razão e o coração. E o mesmo se dá com relação ao espetáculo, que dispensa inócuas mirabolâncias formais e prioriza o encontro de Clarice com o espectador, que em poucos minutos se converte em cúmplice de tudo que lhe é generosamente ofertado.

Com relação à equipe técnica, parabenizo com o mesmo entusiasmo as preciosas colaborações de todos os profissionais envolvidos neta bela e mais do que oportuna empreitada teatral - Zeca Baleiro (direção musical), Xarlô (criação, confecção e ressignificação do manto vermelho de Zeca Baleiro e adereçamento dos instrumentos), Aurélio de Simoni (Iluminação), Kika Lopes (figurino), Luís Martins (cenário), Rose Gonçalves (preparação vocal), Mary Cunha (preparação corporal), Fernando Santana (confecção da Esperança), Javier Pared (confecção do Boneco), Toninho Lobo e Fernando Santana (adaptação do Boneco para o xaxado), Bethi Albano (pesquisa de sonoridades instrumentais) e Marcus Azevedo (pesquisa coreográfica, Dança Charme).

A ESPERANÇA NA CAIXA DE CHICLETES PING PONG - Texto, interpretação e direção geral de Clarice Niskier. Supervisão de direção de Amir Haddad. Teatro Petra Gold. Sexta a domingo às 20h.

segunda-feira, 2 de março de 2020



Caros amigos e colegas,
Retornamos ao FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA nesse primeiro semestre de 2020 com títulos escolhidos que, certamente, proporcionarão instigantes trocas de ideias e debates vigorosos. Como sempre, analisaremos e discutiremos os filmes em seus múltiplos aspectos e prismas diversos. Aguardamos todos vocês e contamos com a divulgação aos amigos e aos interessados no viés cultural e psicanalítico. Um grande abraço, Ana Lúcia de Castro e Neilton Silva.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO/PROEXC/ESCOLA DE TEATRO)
&
SOCIEDADE PSICANALÍTICA DO RIO DE JANEIRO (SPRJ)
APRESENTAM:
FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA
PROGRAMAÇÃO DE 2020-1
FILMES ANALISADOS PELO PSICANALISTA: DR. NEILTON DIAS DA SILVA
E PELA MUSEÓLOGA DA UNIRIO: PROF. DRA. ANA LÚCIA DE CASTRO.
27/03 – HISTÓRIA DE UM CASAMENTO (MARRIAGE STORY, 2018, 137 min.)
DIREÇÃO: NOAH BAUMBACH
Sinopse: Nicole e seu marido Charlie estão passando por muitos problemas e decidem se divorciar. Ambos concordam em não contratar advogados para tratar do caso, mas ela muda de ideia após receber a indicação de uma especialista no assunto. Surpreso com a decisão, ele precisa encontrar um advogado para cuidar da custódia do filho, o pequeno Henry.
24/04 – HALA (Hala, 2018, 94 min.)
DIREÇÃO: MINHAL BAIG
Sinopse: Nascida nos EUA, a adolescente Hala pertence a uma família paquistanesa e muçulmana conservadora que a cria com ensinamentos tradicionais desde a infância. No entanto, ela acaba se apaixonando pelo vizinho e agora terá que achar uma maneira de lidar com seus pais.
29/05 – O ANJO EXTERMINADOR (El ángel exterminador, 1962, 96 min.)
DIREÇÃO: LUIS BUÑUEL
Sinopse: Depois de uma festa de gala, os convidados, por uma razão inexplicável, não conseguem deixar o local. Conforme as horas e os dias vão passando, as máscaras e as convenções sociais começam a ruir, revelando o lado oculto de cada pessoa.
26/06 – CADÊ VOCÊ, BERNADETTE? (Where'd You Go, Bernadette? 2017, 115 min.)
DIREÇÃO: RICHARD LINKLATER
Sinopse: Antes de viajar com sua família para a Antártica, uma arquiteta que sofre de agorafobia - o medo de estar em lugares abertos ou em meio a multidões - some sem deixar pistas. Sua filha, através de emails, cartas e documentos, tenta descobrir para onde sua mãe foi e quais foram as razões de seu desaparecimento.
SERVIÇO:
SEMPRE ÀS ÚLTIMAS SEXTAS-FEIRAS DO MÊS, DAS 18h ÀS 22h.
LOCAL – SALA VERA JANACOPOLUS / REITORIA DA UNIRIO
ENDEREÇO - AVENIDA PASTEUR, 296 – URCA.
ENTRADA FRANCA E ESTACIONAMENTO.
FILME: 18h; ANÁLISES E DEBATE: 20h ÀS 22h
PEQUENO HISTÓRICO DO FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA:
CRIADO PELOS PSICANALISTAS: DR. WALDEMAR ZUSMAN E DR. NEILTON DIAS DA SILVA, A PARTIR DE 2004 PASSA A CONTAR COM A PARTICIPAÇÃO DA MUSEÓLOGA E PROFESSORA DA UNIRIO, DRA. ANA LÚCIA DE CASTRO, RESPONSÁVEL PELA PESQUISA, DIVULGAÇÃO E ANÁLISE CULTURAL DOS FILMES.  COM A PARCERIA: UNIRIO – PROEXC - ESCOLA DE TEATRO E SPRJ, O PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA MANTÉM UMA REGULARIDADE HÁ MAIS DE ONZE ANOS, TORNANDO-SE UM EVENTO MUITO CONCORRIDO, COM UM PÚBLICO FIEL E PARTICIPATIVO.
INFORMAÇÕES: forumpsicinema@gmail.com