HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO - RESUMO
Primórdios do teatro ocidental
- No teatro grego e romano, a iluminação é
exclusivamente natural.
- Os espetáculos iniciavam-se com o nascer do sol e as vezes avançavam a noite.
- Vitrúvio (séc. I a.C. ou d.C) alertava para que a construção dos teatros se
desse em lugares salubres, longe de pântanos, com boa ventilação, orientação
dos ventos e com luz solar abundante.
A idade média
- Primeiramente os dramas litúrgicos
desenvolviam-se nas igrejas e a iluminação era favorecida pelos vitrais.
- Posteriormente os dramas passaram também para os adros, praças
públicas, ruínas de teatros romanos, tavolagens. A luz solar novamente foi a
principal iluminação.
- Outras representações, como comédias satíricas, apresentações circences, que
eram executadas em tavernas e castelos, eram iluminadas com tochas e archotes.
O teatro na renascença
- A partir do séc. XVI o teatro passou a ser
representado também dentro de espaços fechados.
- Os teatros possuíam amplas janelas para entrada de iluminação solar, que eram
abertas nas apresentações vespertinas.
- Nas apresentações noturnas muitas velas garantiam precariamente a
visibilidade.
- A vela, invenção dos fenícios, foi durante muito tempo a única iluminação que
os teatros possuíam.
Os candelabros
- Os candelabros foram utilizados durante os
séculos XVII e XVIII.
- Eram enormes e iluminavam tanto o palco como a platéia.
- Os encenadores ainda não conheciam a iluminação como linguagem e as pessoas
que freqüentavam os teatros, muitas vezes, iam para serem observadas e não para
observar.
O teatro Elisabetano
- Os teatros da época tinham dois tipos básicos de
arquitetura: circular ou poligonal.
- O espaço central era sem cobertura, onde fica a ralé. Quem podia pagar mais
caro ficava nos balcões, de forma semicircular. O espaço cênico avançava no
espaço vazio.
- A parte anterior do tablado ficava descoberta e a parte posterior tinha um
teto apoiado em colunas. Toda iluminação era solar, porém para se designar a
noite, os atores entravam munidos de tochas e velas acesas.
Primeiros experimentos
- No início do séc. XVIII foram feitos alguns
experimentos utilizando-se sebo na fabricação de velas, porém tal experiência
acabou não dando certo tendo em vista o mal cheiro exalado e o problema de
irritação nos olhos.
A era dos lampiões
- Em 1783, Ami Argand cria um tipo de lampião a
óleo menos bruxuleante, os famosos lampiões Argand.
- Em seguida veio o lampião Astral francês e o tipo criado por Bernard Carcel,
produzindo uma luz mais constante
A era dos lampiões II
- Em todos os casos, os lampiões eram bastante
inconvenientes, sujavam o teto, as cortinas e os estofados e ainda podiam
pingar gotas de azeite na cabeça dos artistas e do público.
- Nos EUA usava-se o óleo de baleia, na Europa experimentou-se o colza
(extraído de um tipo de nabo) e o canfeno, terebentina destilada.
- Em seguida, veio o querosene que além de produzir muita fuligem e calor,
queimava muito combustível.
Ainda no séc. XVIII
- Em 1719 a Comédia Francesa utilizava 268 velas de
sebo para iluminar a sala, palco e demais dependências.
- Havia equipes encarregadas de acompanhamento para manutenção dos candelabros
nos entreatos.
- Havia o perigo constante dos incêndios e a iluminação, além de fraca e
bruxuleante, não podia ser controlada.
Onde colocar a luz?
- Nessa época (final do séc. XVIII), paralelamente
à pesquisa de fontes combustíveis, iniciou-se também a preocupação com a
posição das fontes de luz.
- Primeiras tentativas de ocultar as fontes de luz.
- Primeiras noções de ribalta, arandelas, contra-luzes e luzes laterais.
- Ainda nessa época as únicas fontes eram: velas de cera e sebo, lampiões de
azeite ou querosene, que produziam iluminação instável, de difícil controle,
sem direção, foco, extinção gradativa e outros recursos encontrados atualmente.
Curiosidades históricas
- No séc. XVI Sebastiano Serlio e Leone di Somi
estudaram a iluminação cênica ainda que partindo de recursos precários, no
livro Dialoghi in Materia di Rappresentazioni Sceniche, onde descrevem o uso de
tochas atrás de vidros com água colorida para obtenção de efeitos, além de
garrafas e vidros coloridos de vitrais para fins de coloração. Usava-se,
também, objetos metálicos (bacias e bandejas) como superfícies refletoras.
O espectador é o centro do mundo
- Leone di Somi também se preocupou em reduzir a
quantidade de iluminação na platéia.
- Angelo Ingegneri no séc. XVI, contemporâneo de Palladio, tentou o
escurecimento completo da platéia, porém sem êxito.
- O público queria ser visto e ver outras pessoas.
- David Garrick, em 1765, sugeriu que se retirassem as fontes visíveis do palco, preferindo as luzes de ribalta, laterais e iluminação vinda de cima.
Na era do gás
- Nas ruas de Londres o gás começa a ser utilizado
a partir de 1807.
- Em Paris a partir de 1819.
- Na iluminação doméstica a partir de 1840 (na Europa) e depois da guerra civil
nos EUA.
- Nos teatros é empregado de forma generalizada a partir de 1850.
- A primeira adaptação bem sucedida foi realizada em 1803 no Lyceum Theatre de Londres por um alemão chamado Frederick Winsor.
- As primeiras mesas de controle apareceram em Londres e no Boston Theatre nos
EUA.
As vantagens do gás
- Luz mais intensa (um candelabro a gás equivalia a
doze velas).
- Regulagem de intensidade.
- Maior estabilidade nos fachos.
- Nitidez nas respostas.
- Controle centralizado.
- Novas disposições de fontes de luz.
- Efeitos individualizados para isolar cenas e criar zonas de atenção.
As desvantagens do gás
- Cheiro desagradável.
- Produzia sonolência (intoxicação).
- Produzia muita fuligem exigindo constante limpeza de paredes, tetos e
cortinas.
- O gás era manufaturado pelo próprio teatro (custos enormes).
- Perigo de explosão e incêndios (segurança).
- Obrigatória a presença de fiscais de fogo.
- Os incêndios eram comuns.
A luz elétrica
- Em 1879 Edson fabrica a primeira lâmpada de
incandescência com filamento de carbono permitindo a generalização do uso da
eletricidade nos teatros.
- Até o final do séc XIX a luz elétrica já havia se tornado comum nos grandes
teatros.
- Primeiras instalações elétricas em palco italiano utilizavam luzes de
ribalta, gambiarras (Luzes de cima) e laterais.
Das trevas para a luz
- Em 1876, pela primeira vez, durante a
representação de suas óperas em Bayreuth, Richard Wagner, (1813 - 1883)
mergulha a sala no escuro.
- Essa medida é pouco a pouco adotada na Inglaterra, na França e no restante
dos teatros europeus.
- Perda da consciência da realidade que rodeia o expectador. Estado parcial de
hipnotismo.
- A técnica de iluminação devia respeitar e servir às estruturas e aos
objetivos da cena.
- O teatro deixa de ser o imenso salão da sociedade burguesa.
Uma nova estética através da luz
- Separação nítida entre palco e platéia.
- Participação da luz enquanto forma particular do olhar.
- Sugere impressões, revela a materialidade e o significado das coisas
captando-as nas suas 3 dimensões.
- A iluminação integra-se à cenografia configurando uma única representação da
realidade.
Novas descobertas
- Em 1902 o cenógrafo Mariano Fortuny desenvolve na
Alemanha o "Kuppelhorizont", um antepassado do ciclorama.
- O ciclorama trouxe altura à cena, modificou a arquitetura do cenário e criou
sensação de infinito.
- Fortuny também desenvolve sistemas de adaptação de coloração da luz.
- A luz elétrica fez com que toda a estrutura teatral mudasse radicalmente.
Mudanças radicais
- A luz elétrica provocou mudanças no conceito de
cenografia, figurino, alterando o aspecto visual do espetáculo.
- O cenário pictórico é substituído pelo cenário construído (objetos reais,
portas, móveis, paredes, etc).
- O cenário torna-se uma realidade tridimensional.
- Surgem os spotlights, com suas lentes (vantagens de focagem), obturadores
(ajustes de abertura), instalação à distância, direcionamento preciso,
regulagem de posição fixa ou móvel, facilidade para captar o objeto de qualquer
ângulo, suporte para filtros coloridos.
Mesas de controle
- Mesas de torneiras para iluminação a gás.
- Mesas com controle de alavanca para imersão em solução salina.
- Mesas de controle com resistores de mola.
- Mesas analógicas com placas transistorizadas.
- Mesas digitais - chips de computadores.
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Valmir Perez assina o presente artigo, ao que me parece publicado no site Laboratório de Iluminação