segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 Teatro/CRÍTICA


"Dignidade"


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Irrepreensível versão de ótimo texto


Lionel Fischer


"Sozinhos em uma sala na sede de um importante partido político, às vésperas da convenção que decidirá o nome que vai concorrer à presidência nas próximas eleições, dois personagens se encontram: Francisco, líder do partido, político promissor, símbolo de mudança para o país e o seu braço direito, Alex. Depois de anos caminhando juntos, eles finalmente estão prestes a chegar ao mais alto cargo do país. Mas o que parece ser um descontraído encontro entre velhos amigos, pouco a pouco vai se revelando um tenso jogo cheio de surpresas e segredos, que põe em xeque a relação de amizade e parceria de tantos anos, expondo diferentes pontos de vista e dilemas éticos."

Extraído do ótimo release que me foi enviado pelo assessor de imprensa Bruno Morais, o trecho acima sintetiza o contexto em que se dá "Dignidade", do autor espanhol Ignasi Vidal. Em cartaz até o próximo domingo no Teatro de Arena do Sesc Copacabana, a montagem leva a assinatura de Daniel Dias da Silva, estando o elenco formado por Thelmo Fernandes e Claudio Gabriel.

Embora me falte autoridade e conhecimento para empreender profundas reflexões sobre política, tenho a impressão de que o exercício da mesma acaba revelando, mais do que qualquer outra atividade, a verdadeira essência do caráter humano. Em todo o mundo, e não apenas no Brasil, explodem diariamente escândalos variados, sendo os mais escabrosos os que envolvem corrupção. 

Isto posto, uma pergunta se impõe: seria realmente inevitável que, após um certo tempo, todos os políticos (inclusive os inicialmente idealistas e corretos) acabem por ceder à tentação de burlar as leis que deveriam defender e preservar? Particularmente, acredito que muitos se mantenham íntegros. Mas tudo indica que não sejam a maioria.

No presente caso, e tentando ao máximo não dar nenhum spoiler (palavra linda e muito em moda atualmente), estamos diante de dois amigos de longa data, cuja amizade sempre esteve em sintonia com seus ideais políticos. No entanto, aos poucos se percebe que existem questões até então jamais abordadas, e que precisam ser esclarecidas. E a iniciativa parte de Francisco, candidato à presidência, que de forma serenamente implacável começa a pressionar Alex, que seria seu companheiro de chapa. E à medida que a trama avança, o clima inicial de festa entre os dois personagens se converte em amargo pesadelo, conduzindo a um desfecho brilhante, do ponto de vista dramatúrgico, e completamente inesperado. 

Exemplar reflexão sobre amizade e política, "Dignidade" recebeu excelente versão cênica de Daniel Dias da Silva, também responsável pela ótima tradução. Renunciando a inócuas mirabolâncias formais e concentrando-se fundamentalmente no que de fato interessa - a relação entre os personagens -, o encenador consegue criar uma dinâmica cênica que valoriza ao máximo os múltiplos conteúdos emocionais em jogo. Mas é claro que isso só se tornou possível em função dos atores que estão em cena.

Já escrevi, incontáveis vezes, que este país pode carecer de tudo, menos de grandes intérpretes. E Thelmo Fernandes e Claudio Gabriel fazem parte deste seleto grupo, dentre outras razões por sua inteligência cênica, total capacidade de entrega, coragem para enveredar por novos caminhos e irrepreensíveis predicados técnicos, afora a empatia e fortíssima presença no palco. Assim, só me resta agradecer o maravilhoso encontro que tivemos, e torcer para que os sempre caprichosos deuses do teatro abençoem esta montagem absolutamente imperdível. 

Com relação à equipe técnica, considero do mais alto nível as colaborações de Victor Guedes (figurino), Natália Lana (cenografia), Vilmar Olos (iluminação) e Daniel Dias da Silva (trilha sonora)

DIGNIDADE - Texto de Ignasi Vidal. Direção de Daniel Dias da Silva. Com Thelmo Fernandes e Claudio Gabriel. Teatro de Arena do Sesc Copacabana. Quinta a domingo, 20h






quarta-feira, 9 de novembro de 2022

 Oficina - Ensaio Aberto Inscrições até 10 de novembro.



 

INSCRIÇÕES ABERTAS | OFICINAS GRATUITAS

 

A Companhia Ensaio Aberto está com inscrições abertas para as atividades:

 

Oficina de Atores | Teatro Épico e Teatro Científico

 

A oficina tem caráter teórico e prático e tem como objetivo a socialização do conhecimento, método, linguagem e prática artística da Companhia Ensaio Aberto. Nessa oficina, o conteúdo parte do estudo de conceitos e técnicas do teatro científico e do teatro épico.

 

Link para inscrições: bit.ly/oficina_de_atores_teatro_epico_e_teatro_cientifico

 

𝐃𝐀𝐓𝐀: 21, 22 e 25 de novembro

das 18h às 23h

 

Inscrições até 17 de novembro.

 

Oficina Figurino em Progresso II

 

Oficina teórica e prática com os figurinistas Beth Filipecki, Renaldo Machado e o diretor artístico Luiz Fernando Lobo, da Companhia Ensaio Aberto.

 

Link para inscrições: bit.ly/oficina_figurino_em_progresso_ii

 

𝐃𝐀𝐓𝐀:  14, 15 e 18 de novembro.

das 18h às 22h

 

Inscrições até 10 de novembro.

Bjs Flávia Tenório

LEAD Comunicação – Rio de Janeiro | Brazil(55 21) 99348-9189leadcom@terra.com.br   skype: lead.comunicacao1www.leadcomunicacao.com

sábado, 22 de outubro de 2022

 Teatro/CRÍTICA


"A última ata"


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Retrato implacável dos bastidores do poder


Lionel Fischer


"Onde foi parar a última ata? Por que o vereador César não faz mais parte desta câmara? As menores cidades guardam os maiores segredos. A trama, que tem um mistério como fio condutor, apresenta como pano de fundo o disparate coletivo dos vereadores da câmara local. Um dos temas centrais é até que ponto estamos dispostos a ir para não nos descobrirmos do lado errado da História".

O trecho acima, extraído do ótimo release que me foi enviado pelo assessor de imprensa Guilherme Scarpa, sintetiza o contexto de "A última ata", de autoria de Tracy Letts, em cartaz no Teatro das Artes. Victor Garcia Peralta assina a direção da montagem, que tem elenco formado por Alexandre Dantas, Alexandre Varella, Analu Prestes, Ary Coslov, Débora Figueiredo, Dedina Bernardelli, Leonardo Netto, Marcelo Aquino, Mario Borges, Roberto Frota e Thiago Justino.

Como todo grande dramaturgo, Tracy Letts não tem pressa em deixar claro quais são seus reais objetivos. Portanto, inicialmente tudo se resume a duas insistências de um vereador recém chegado à câmara: que lhe facultem o acesso à última ata e que alguém lhe informe  porque o vereador César não está presente. Mas só recebe respostas evasivas, ainda que aparentemente visando saciar a dupla curiosidade. 

Passado este primeiro momento, a sessão se inicia. E então o autor nos brinda com um quadro deliciosamente crítico, tão bizarras são as pautas apresentadas pelos vereadores, sendo tal bizarrice acentuada pela gravidade com que são postas em discussão. Este segmento é muito engraçado, mas seu humor não se estende em demasia porque o recém chegado vereador continua insistindo para que alguém  responda às perguntas que fez no início. Seria ele apenas um  burocrata obstinado ou no fundo ele intui que algo de muito grave possa ter ocorrido? 

É claro que não darei aqui nenhum spoiler (palavra linda e muito em  moda), e no máximo posso adiantar que a trama acaba enveredando por caminhos bem mais sombrios do que se poderia supor. E que retratam, de forma implacável, as não raro deploráveis ambições  daqueles que detêm algum poder. 

Com relação ao espetáculo, Victor Garcia Peralta impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico. Através de marcas muito criativas e expressivas, o encenador consegue  valorizar todos os climas emocionais em jogo, cabendo também destacar sua notável capacidade de trabalhar o silêncio. E, como de hábito, extrai ótimas atuações do numeroso elenco. 

Aos que me acompanham (se é que alguém me acompanha) ao longo destes 34 anos de exercício da crítica teatral, é possível que já tenham reparado que sou completamente apaixonado pela dificílima arte de representar. E neste quesito, como já disse incontáveis vezes, nossos intérpretes nada ficam a dever aos melhores do mundo. Portanto, em nada me surpreende a excelente performance de todos que integram esta mais do que oportuna montagem, e a todos agradeço pelo precioso encontro que me proporcionaram.  

No tocante à equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as preciosas colaborações de todos os envolvidos nesta empreitada teatral - José Pedro Peter (tradução), Julia Deccache (cenografia), Thiago Ribeiro (figurinos), Andréa Zeni (sonoplastia) e Ana Luiza de Simoni, que assina aqui seu mais expressivo trabalho de iluminação.

A ÚLTIMA ATA. Texto de Tracy Letts. Direção de Victor Garcia Peralta. Com grande elenco. Teatro das Artes. Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h.




 



sexta-feira, 30 de setembro de 2022

 Teatro/CRÍTICA


"Três mulheres altas"


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Obra-prima em versão irrepreensível


Lionel Fischer


Após um longo período relegado ao esquecimento, o dramaturgo norte-americano Edward Albee (1928-2016), autor, dentre outras obras, de  "The zoo story", "Quem tem medo de Virgínia Woolf", "Um equilíbrio delicado" - literalmente ressurgiu das cinzas em 1994: ganhou o Prêmio Pulitzer de Teatro com "Três mulheres altas", considerada pela crítica como a melhor peça norte-americana das últimas décadas. Em cartaz no Teatro Copacabana Palace, a peça chega à cena dirigida por Fernando Philbert, estando o elenco formado por Suely Franco, Deborah Evelyn, Nathalia Dill e João Sena.

Assumidamente autobiográfico, o texto gira em torno da mãe adotiva do autor, com quem ele viveu até os 18 anos, quando foi expulso de casa sob a acusação de ser homossexual e possuir ideias políticas excessivamente liberais para os padrões de sua família. Escrita em dois atos, no primeiro a peça se concentra nas recordações algo desconexas de A (Suely Franco), autoritária e amarga matriarca de 92 anos. Junto dela estão B (Deborah Evelyn), uma espécie de  cuidadora terna e desiludida e C (Nathalia Dill), jovem e vaidosa advogada que representa o escritório que cuida dos interesses financeiros da caquética milionária - por razões que ficarão claras no segundo ato, Albee não dá nome às suas personagens.

Na segunda parte, o autor promove o que os franceses chamam de Coup de Théâtre, uma surpresa tão desconcertante que aclará-la equivaleria a privar o espectador de um impacto realmente avassalador. Em todo caso, cumpre ressaltar que o brilhante recurso contribui para conferir um peso ainda maior às sensíveis reflexões sobre a vida - com todas as suas variantes e infinitas possibilidades -, o tempo e fundamentalmente sobre a condição feminina.

O diretor Fernando Philbert impõe à cena uma dinâmica que traz algumas de suas marcas registradas: sobriedade, elegância e uma notável capacidade de extrair o máximo de seus intérpretes. Abstendo-se de dispensáveis firulas formais, concentrando-se basicamente em explicitar todos os conteúdos propostos pelo autor através de um mergulho nas contradições e psicologia dos riquíssimos personagens, Philbert consegue criar uma encenação de altíssimo nível, totalmente à altura desta obra-prima.

Mas é óbvio que numa peça dessa natureza, seu alcance e maior significado estão condicionados ao desempenho do elenco. Só intérpretes de enorme talento seriam capazes de, por um lado, fazer aflorar uma infinidade de sentimentos, em geral dolorosos; e por outro, mergulhar profundamente em seu próprio universo afetivo -não acredito que um resultado tão expressivo possa ser fruto apenas de técnica e experiência. E Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill conseguem superar todos os desafios artísticos e humanos propostos por Albee.

Exibindo atuação que cativa a platéia ao longo de toda a montagem, Suely Franco convence plenamente em todos os momentos, tanto no que diz respeito à composição física quanto na forma como explicita o rico e contraditório mundo interior da personagem. Além disso, cumpre ressaltar seu imenso carisma e o mais do que merecido carinho do público, certamente agradecido pelos inúmeros encontros que teve com a atriz ao longo de sua brilhante carreira.

Deborah Evelyn consegue materializar, de forma absolutamente irrepreensível, todas as nuances de sua complexa personagem - no primeiro ato terna e acolhedora, no segundo sua angústia, ódio, desespero e sensualidade explodem com um furor em tudo semelhante ao das grandes tempestades. Salvo engano de minha parte, a atriz exibe aqui a mais expressiva performance de sua bela e vitoriosa trajetória artística.

Quanto a Nathalia Dill, a ainda bem jovem e lindíssima atriz - cujos olhos mereceriam um parágrafo à parte, que prometo escrever numa próxima oportunidade -, valoriza com extrema sensibilidade uma personagem inicialmente apenas chata e implicante, e mais adiante perplexa e inconformada com o futuro que haverá de viver. Finalmente, João Sena tem breve e correta participação.

Com relação ao trabalho da equipe técnica, este também merece ser considerado excepcional. Tanto a cenografia de Natalia Lana como os figurinos e visagismo de Tiago Ribeiro retratam de forma impecável o ambiente e as personalidades criadas por Albee. Quanto à iluminação de Vilmar Olos, cabe destacar as sutis alterações de cor, invariavelmente associadas ao estado emocional das personagens. Gustavo Pinheiro assina excelente tradução.

TRÊS MULHERES ALTAS - Texto de Edward Albee. Direção de Fernando Philbert. Com Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill. Teatro Copacaba Palace. Quinta a sábado, 19h30. Domingo, 18h.




terça-feira, 13 de setembro de 2022

 Teatro/CRÍTICA


"Como sobrevivi a mim mesma nesta quarentena"


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Imperdível montagem de ótimo texto


Lionel Fischer


Como todos sabemos, existem inúmeros manuais de sobrevivência. Alguns ensinam como sobreviver a um naufrágio, outros a uma avalanche de neve e certamente muitos dão preciosas dicas caso você, por exemplo, esteja fazendo um safári na África e subitamente se depare com um leão faminto. 

Mas aqui, ainda que tudo aconteça em função de um fator externo - a pandemia da Covid 19 -, as soluções dependem exclusivamente das alternativas criadas por aqueles que se viram obrigados a lidar com a própria solidão.

E é este exatamente o contexto de "Como sobrevivi a mim mesma nesta quarentena", de autoria de Rita Fischer, também intérprete do monólogo. A montagem, em cartaz no Espaço Provocações (Shopping Barra Point), leva a assinatura de Thiago Bomilcar Braga.

Um dos muitos méritos do texto consiste em sua estrutura fragmentada, com muitas idas e vindas no tempo, abarcando não somente o período da pandemia em si como também outros em que a personagem usufruía a vida sem jamais imaginar o que o futuro lhe reservava. E a forma como a autora trabalha este contraponto prioriza, de forma totalmente coerente, o estado caótico que a acometeu durante a pandemia.

Cabe também ressaltar a capacidade de Rita Fischer de alternar passagens em que o humor predomina com outras em que o desespero impera. E isto sempre ocorre sem nenhuma preparação, assim impedindo a platéia de se sentir confortável - são muitas as passagens em que o riso é subitamente interrompido por uma súbita mudança de postura da intérprete ou um silêncio que ninguém poderia supor que ocorreria. 

Repleto de humor, dramaticidade e fantasia, assim como de pertinentes observações sobre a natureza humana, "Como sobrevivi a mim mesma nesta quarentena" recebeu excelente versão cênica de Thiago Bomilcar Braga, que teve a sapiência de se abster de inócuas mirabolâncias formais e apostou todas as suas fichas em seu trabalho junto à intérprete - mas isso não significa que a cena careça de expressividade, muito pelo contrário. Cabe também ressaltar a ideia do diretor de pontuar os quadros com românticas canções francesas.

Com relação à atriz Rita Fischer, esta exibe vastíssimos recursos expressivos, tanto vocais como corporais. Dotada de um tempo de comédia absolutamente extraordinário, assim como de um magnetismo que fascina a platéia ao longo de toda a montagem, a intérprete exibe uma das melhores performances da atual temporada teatral. E caso conte, mais do que merecidamente, com as bençãos dos sempre caprichosos Deuses do Teatro, tudo leva a crer que "Como sobrevivi a mim mesma nesta quarentena" haverá de cumprir longa e bem sucedida temporada, que ora se inicia no Espaço Provocações.

Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as participações de todos os envolvidos nesta mais do que oportuna e imperdível empreitada teatral - Rita Fischer (figurino e produção), Cristina Fagundes (orientação dramatúrgica) e Léo Dallendone (identidade visual).

COMO SOBREVIVI A MIM MESMA NESTA QUARENTENA - Texto e atuação de Rita Fischer. Direção de Thiago Bomilcar Braga. Espaço Provocações (Shopping Barra Point, Avenida Armando Lombardi 350). Ingressos promocionais pela SYMPLA (R$ 25,00) e pelo Rio no Teatro.












segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Câmbio Festival - Nova Edição


O Câmbio Festival, com curadoria dos diretores Cesar Augusto e Jonas Klabin, realiza nova edição em agosto e setembro, com residências, aulas, apresentação de espetáculos e criações audiovisuais na Sede da Cia dos Atores

Projeto de articulação artística e intercâmbio entre criadores de diferentes países, o festival reúne, nesta edição, o grupo UnterWasser (Itália), o bailarino e coreógrafo Andrea Constanzo Martini (Itália), a coreógrafa e bailarina niteroiense Cristina Moura e residentes da Sede da Cia dos Atores em obra inédita

Projeto de programação artística e articulação entre criadores de diferentes países, o Câmbio Festival está de volta com residências, aulas, apresentação de espetáculos e criações audiovisuais, que serão realizadas, em agosto e setembro, na Sede da Cia dos Atores, na Lapa. Com curadoria e produção de Cesar Augusto e Jonas Klabin, o projeto volta a realizar edição presencial, depois de atividades virtuais em 2020 e 2021, em meio à pandemia. A programação deste ano começa com convocatória para a residência do coreógrafo e bailarino italiano/israelense Andrea Costanzo Martini, de 15 a 22 de agosto, que resultará em obra criada coletivamente de 2 a 10 de setembro. Durante a sua passagem pelo Rio de Janeiro, o artista também vai oferecer uma aula aberta e apresentar o solo “Trop”.

O grupo UnterWasser, voltado para o teatro de objetos e manipulação, também vem da Itália para realizar uma residência na Sede da Cia dos Atores, que resultará na apresentação de quatro “Caixas” / “Boxes”, dia 27 de agosto, uma delas criada

especialmente durante a permanência do grupo na cidade do Rio. Essas “caixas” contêm pequenos shows e jogos interativos que podem ser apreciados somente por um espectador por vez. Ao espiar dentro das caixas através de pequenas aberturas, o público entra num espaço íntimo e protegido que contém pequenos mundos poéticos. Os espectadores terão que se inscrever para visitas com horário marcado no link https://calendly.com/cambioartbr/cambio-festival-apresenta-boxes-do-grupo-unterwasser.

A coreógrafa niteroiense Cristina Moura participa novamente do Câmbio Festival com a criação audiovisual “Round Midnight — A little bit after”, desdobramento de “Round Midnight”, exibido no ano passado. A artista faz uma outra edição do trabalho que resultou de um intercâmbio artístico com o coreógrafo holandês Arno Schuitemaker com participação do bailarino também holandês Goos Meeuwsen. Com direção de Cesar Augusto e apoio dramatúrgico de Gustavo Gasparani, os atores Hugo Souza, Luciana Maia e Pedro Ivo Maia (residentes da Sede da Cia dos Atores) apresentarão a obra audiovisual inédita “Redação em Chamas”, que vai encerrar o ciclo de criações inspirados na obra “A Vida como ela é”, de Nelson Rodrigues. Os trabalhos audiovisuais serão apresentados na laje da sede, com a presença dos artistas e numa noite especial, entre pizzas e drinques, na qual os trabalhos serão exibidos numa "tela de cinema".

“O Câmbio Festival 2022 é o início de uma nova etapa do projeto Câmbio; apostando no significado da palavra, estamos sempre em evolução, em estado de mudança. Agora em formato festival, celebramos a colaboração artística internacional, o retorno aos palcos e às atividades presenciais. Celebramos também a resiliência da produção e colaboração artística durante os anos pandêmicos com o lançamento de projetos audiovisuais criados em isolamento”, explica o diretor Jonas Klabin. “Queremos que as obras apresentadas durante o Câmbio Festival tenham desdobramentos, façam novas temporadas e participem de festivais. Acreditamos que estamos contribuindo para a formação de novos criadores, sempre tendo a troca de experiências como princípio de nossas atividades e programação”, acrescenta Cesar Augusto.

O Câmbio Festival é uma realização da OZ e Treco, com parceria da Sede da Cia. dos Atores. O lançamento do média-metragem “Round Midnight — A little bit after”, da Cristina Moura com Goos Meeuwsen (Brasil e Holanda), tem o apoio institucional do Reino dos Países Baixos, em uma parceria que começou no ano passado. As residências artísticas do Unterwasser e do Andrea Costanzo Martini têm o apoio institucional do Crossing the Sea e do Ministero della Cultura (Itália).

Mais informações sobre os grupos e criações artísticas

UnterWasser (Itália) – teatro de objetos e manipulação: O grupo italiano vai realizar uma residência no festival, que resultará na apresentação da obra “Boxes” (Caixas), no dia 27 de agosto. O projeto de teatro visual consiste em uma instalação composta de “caixas” contendo pequenos shows e jogos interativos que podem ser apreciados somente por um espectador por vez. O público é convidado a uma experiência única, pessoal e dedicada. Ao espiar dentro das caixas através de pequenas aberturas, o espectador se imerge num espaço íntimo e protegido que contém pequenos mundo poéticos. “Boxes”/“Caixas” é um projeto aberto e modular, nascido de inspirações vindas do Teatro Lambe-Lambe e de técnicas anteriores ao cinema. O projeto é uma construção em constante desenvolvimento que se enriquece a partir de colaborações e encontros com artistas de diferentes países.

A companhia UnterWasser foi fundada, em 2014, por Valeria Bianchi, Aurora Buzzetti e Giulia De Canio. O grupo se coloca na encruzilhada entre teatro visual e arte contemporânea, explorando como e onde os dois encontram e criando uma linguagem original e poética como um instrumento para investigar a mente humana e suas múltiplas facetas.

Andrea Costanzo Martini (itália): O bailarino e coreógrafo italiano vem ao Rio para a realização de uma série de atividades: uma residência, com inscrições abertas a partir do dia 15 de agosto; a apresentação do resultado deste trabalho em conjunto; uma aula aberta, e a apresentação-solo do espetáculo “Trop”. Para a residência, serão selecionados quatro bailarinos, um músico e um dramaturgo.

“Trop” é um solo mas não é uma peça solitária. É uma jornada que busca a possibilidade de encontros em um mundo de excessos. A quantidade esmagadora de informação que somos forçados a processar todo dia é a força que movimenta esta performance. Como mantemos ou perdemos a sanidade frente aos incríveis desafios de ordenar a massa de dados, palavras, imagens, conceitos e de discernir entre mentiras e verdades, num momento em que todo mundo pode virtualmente ter sua voz ouvida através da internet e mídias sociais? E mais, qual o lugar da dança e do dançarino dentro disso tudo?

Andrea Costanzo Martini nasceu e cresceu na Itália, onde primeiro aprendeu dança contemporânea e balé. Em 2006, foi integrante da Batsheva Dance Company e depois, entre 2010 e 2014, integrante do Cullberg Ballet e da Inbal Pinto e A. Pollack Dance Company. Desde 2013, ele vem criando e apresentando suas próprias obras.

Redação em chamas: Criação em vídeo dos residentes da Sede da Cia dos Atores, sob direção de Cesar Augusto, e apoio dramatúrgico de Gustavo Gasparani. Com os atores Hugo Souza, Luciana Maia e Pedro Ivo Maia. Este trabalho inédito será lançado no Câmbio Festival, encerrando o ciclo de criações inspirados na obra “A Vida como ela é”, de Nelson Rodrigues. Será apresentado na laje da sede, com a presença dos artistas e numa noite especial, entre pizzas e drinques, na qual os trabalhos serão exibidos numa "tela de cinema".

Cristina Moura: A coreógrafa niteroiense Cristina Moura participa novamente do Câmbio Festival com a criação audiovisual “Round Midnight — A little bit after”, desdobramento de “Round Midnight”. A obra anterior é resultado do intercâmbio artístico realizado com o coreógrafo holandês Arno Schuitemaker, apresentado no ano passado e disponível aqui: www.cambio.art.br/canal-youtube/. Os solos, independentes, tinham inspiração nas cidades onde o parceiro de trabalho mora, Rio de Janeiro e Amsterdã. O ator e clown holandês Goos Meeuwsen foi dirigido por Cristina Moura, do Brasil, em três locais da capital holandesa. Agora, Cristina Moura faz uma nova edição de sua obra, adicionando imagens inéditas coreografadas, nova trilha e roteiro, transformando-a num trabalho inédito de média-metragem. Será apresentado na laje da sede, com a presença dos artistas e numa noite especial, entre pizzas e drinques.

Sobre o Câmbio Festival

Com curadoria e produção de Cesar Augusto e Jonas Klabin, o Câmbio é um projeto de programação artística que realizou diversas ocupações, festivais e curadorias entre 2010 e 2015. Em 2021, em meio à pandemia, o festival retomou atividades em formato virtual. A programação do Câmbio aposta sempre na troca: artistas que estão em produção ascendente, projetos de outros estados e países, espetáculos de sucesso e inéditos, musicais, shows de música, cabaré, esquetes musicais, dança, teatro de revista, leituras dramatizadas, poesia e oficinas. Este ano, a programação volta a ser presencial, com atividades na Sede da Cia dos Atores.

A primeira edição do CÂMBIO ocupou o Teatro Estadual Glaucio Gill de 2010 a 2011, enquanto a segunda edição ocupou o Teatro Municipal Café Pequeno de 2012 a 2015. Nos dois teatros, os palcos foram reestruturados e a curadoria criou programações diversificadas, incluindo teatro, música, dança, cinema e festivais. Na primeira edição, foi um total de 60 espetáculos, 394 sessões, 23 mil espectadores e uma nomeação na

categoria especial do Prêmio APTR de 2011. Já na segunda edição, foram cerca de 100 espetáculos, 720 sessões e 60 mil espectadores.

Sobre o Crossing de Sea

“Crossing the sea” é um projeto com uma estratégia de longo prazo que visa estabelecer conexão e cooperação entre setor das artes cênicas na Itália e nos outros países da União Europeia, estabelecendo um fundo dedicado ao apoio à mobilidade de atividades realizadas por artistas italianos no exterior. O projeto é apoiado pelo Ministério da Cultura da Itália desde 2018. “Crossing the sea” busca estimular e promover um processo de internacionalização focando no networking, troca de informações, compreensão de público diferentes, intercâmbio de práticas, coproduções, participação em plataformas de troca, organizando encontros e mostras. A parceria (atualmente composta por 31 organizações oriundas de 17 países) quer fortalecer e qualificar o relacionamento entre diferentes regiões geográficas, criando uma rede informal onde as organizações participantes também irão agir como antenas locais para os artistas italianos e internacionais.

Programação:

Agosto

UnterWasser (itália)

Residência artística: 19 a 26/8, das 14h às 19h.

Apresentação do espetáculo “Boxes”: 27/8, das 15h às 18h. Espectadores devem agendar a visita pelo link https://calendly.com/cambioartbr/cambio-festival-apresenta-boxes-do-grupo-unterwasser

Andrea Costanzo Martini (itália) Convocatória da residência: de 15/08 a 22/08. Inscrições pelo email cambio@oz.art.br.

Os interessados devem enviar dois vídeos. O primeiro, em torno de dois minutos, com uma improvisação ou coreografia, que mostre as características dos bailarinos: qualidades físicas, delicadezas, poder explosivo, forças, fraquezas, paixão por movimento, senso de ritmo e groove. No segundo vídeo, em torno de um minuto, o candidato deve falar de si, suas paixões não relacionadas a dança, e o que deseja para seu futuro.

Resultado da seleção: dia 25/08

Setembro

Andrea Costanzo Martini (itália)

Inscrições para a aula aberta: 1º a 7 de setembro pelo email cambio@oz.art.br

Residência artística: 2 a 11/9, das 14h às 18h. Inscrições pelo email cambio@oz.art.br

Apresentação do espetáculo “Trop” e Apresentação final da residência: 10/9, às 17h.

Aula aberta: 11/9, das 15h às 17h.

Redação em chamas (Rio de Janeiro)

Lançamento: 04/09, às 20h.

Cristina Moura (Brasil e Holanda):

Pré-estreia: 18/09, às 20h.

Serviço:

Local: Sede da Cia dos Atores / Sala Bel Garcia

Endereço: Escadaria Selarón, Rua Manuel Carneiro, casas 10 e 12 - Santa Teresa, Rio de Janeiro – RJ

Telefone: (21) 2242-4176

Ingressos: gratuitos

Capacidade: 60 pessoas. Mais informações: cambio@oz.art.br e www.cambio.art.br

Assessoria de imprensa

Racca Comunicação

Rachel Almeida | (21) 3579-1352 | (21) 99196-1489 | racca.almeida@gmail.com

quinta-feira, 28 de julho de 2022

 

DRAMA DE UM APAIXONADO


Quando a conheci tinha 16 anos.
Ela eu não sei.
Fomos apresentados numa festa
por um carinha que se dizia meu
amigo.
Foi amor a 1ª vista. Ela me
enlouquecia. Nosso amor chegou a
um ponto que já não conseguia
mais viver sem ela. Mas era um
amor proibido.
Meus pais não aceitaram.
Fui repreendido na escola e
passamos até a nos encontrar
escondido, mas aí não deu mais.
Fiquei louco!
Eu queria mas não a tinha. Eu
não podia permitir que me
afastassem DELA.
Eu a amava.
Bati com o carro. Quebrei tudo
dentro de casa e quase matei
minha irmã.
Estava louco! Precisava DELA.
Hoje tenho 39 anos, estou
internado num hospital, sou
inútil e vou morrer abandonado
pelos meus pais, amigos e por
ELA.
Seu nome?
COCAÍNA !!!
Devo tudo a Ela, Meu Amor,
Minha Vida, Minha Destruição e
Minha MORTE.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

 

Improvisação Teatral:

você sabe realmente o que é isso?

 

Lionel Fischer


                Assim como muitas barbaridades são perpetradas em nome de inestimáveis valores como liberdade, igualdade, fraternidade etc., da mesma forma uma série de equívocos costumam ocorrer quando se trata de improvisação teatral, sendo o mais comum a crença de que desenvoltura verbal é o suficiente - neste particular, a mestra de todos nós, Maria Clara Machado, costumava dizer que o excesso de palavras é quase sempre proporcional à ausência de sentimento.

Mas antes de nos aprofundarmos no tema, talvez seja imperioso recorrer à conceituação. No caso, do verbo Improvisar. Segundo mestre Aurélio...

 

         Improvisar: fazer arranjar, inventar ou preparar às pressas, de repente (improvisar uma fantasia, improvisar uma mentira); falar, escrever, compor, sem preparação, de improviso (improvisar um discurso).

 

         De suas palavras podemos deduzir no mínimo duas coisas. A primeira: que improvisar requer imaginação (inventar). A segunda: que é inerente ao verbo um sentimento de urgência (preparar às pressas). E tais atributos estão aqui restritos ao universo cotidiano, pois quando entramos no terreno teatral, muitas outras premissas se fazem indispensáveis, embora não raro desprezadas ou ignoradas. Vamos a algumas delas.

 

Disponibilidade

                  Antes de qualquer outra coisa, o aluno/ator tem que tentar se colocar em um estado de total disponibilidade, pois só assim conseguirá interagir verdadeiramente com seus parceiros através dos estímulos que recebe e envia. Mas atenção: estar disponível para o outro não significa aderir a qualquer proposta apresentada, se esta se afigura como um disparate. Neste caso, e sem interromper a improvisação, o aluno deve buscar uma alternativa imediata para dar um novo rumo (ou tornar mais plausível) a uma iniciativa equivocada de seu colega, sem questioná-la com palavras inúteis, priorizando a ação.        


 Coragem

                  De todas as artes, a do ator talvez seja a que contenha os maiores riscos, posto que exercida ao vivo e sem qualquer tipo de intermediação com a platéia. Ou seja: mesmo que uma peça tenha sido exaustivamente ensaiada, ou já esteja em cartaz há muito tempo, nada impede que numa determinada noite ocorra algum imprevisto, obrigando o ator a esquecer o combinado e partir corajosamente para uma solução improvisada. Neste caso, a URGÊNCIA de encontrar uma saída convincente estimulará ao máximo a IMAGINAÇÃO do intérprete.

        Entretanto, o ato de partir corajosamente para uma solução improvisada não nasce do nada, mas certamente é fruto de um treinamento específico, de preferência constante, a que todos os intérpretes devem se submeter - sejam eles profissionais consagrados ou jovens que estejam dando início ao seu aprendizado. E ainda que alguns exibam mais facilidade para improvisar do que outros, a coragem de lançar-se em um terreno desconhecido é essencial para qualquer um que pretenda intitular-se ATOR.

 

Medo

        Atores ou não, todos temos medo, ainda que em graus variados, de nos confrontarmos com o desconhecido. Isso significa penetrar em um local isento de referenciais tranqüilizadores, uma espécie de terra de ninguém, de onde podemos retornar mais enriquecidos ou com inquietações que não supúnhamos ter. Mas esta é uma das regras do jogo e para usufruí-lo plenamente é preciso ao menos tentar esquecer, ainda que momentaneamente, todos os receios que tendem a nos paralisar e impedir de vivenciar novas experiências. É claro que essa disponibilidade não nasce de uma hora para outra, mas também jamais ocorrerá por insistência do professor ou em decorrência de qualquer outro tipo de estímulo externo. O aluno tem que querer e é essa vontade que o fará superar aos poucos todos os bloqueios que o inibem.

 

Ilusão

        Entretanto, é muito comum nos depararmos com alunos de improvisação que julgam, erroneamente, já estarem em um estágio muito avançado no tocante ao tema, pelo simples fato de freqüentarem a algum tempo um curso específico ou já terem freqüentado vários. E se incitados a justificar o porquê de avaliação tão lisonjeira, em geral as respostas são muito parecidas, podendo ser resumidas a dois singelos tópicos:

 

1º A timidez inicial cedeu lugar à desenvoltura.

2º As parcas palavras de outrora passaram a jorrar aos borbotões.

Ou seja: ausência de timidez e fluência verbal estariam na essência da complexa arte de improvisar...

            Nada mais enganoso, obviamente. Um aluno pode ser extremamente desenvolto em cena (no sentido de ausência de timidez) e falar pelos cotovelos sem que isso signifique que algum dia tenha verdadeiramente improvisado. Ou seja: se aventurado em universos distantes de seu cotidiano. E por nunca tê-lo feito, cria sempre “personagens” que o tem como principal referência. E por isso tende a falar, se locomover e gesticular como o faz na vida real.

Sugestões

            Sempre que estiver improvisando...          

1) Procure, sempre que possível, fugir de seu universo pessoal.

2) Fale apenas o essencial. Palavras em excesso comprometem os sentimentos.

3) Aprenda a escutar os outros. Só assim os outros escutarão você.

4) Não faça questão de impor suas idéias. É importante aceitar outras.

5) Contracenar implica em troca: saber dar e saber receber.

6) Teatro é ação, não digressão.

7) Quando perceber uma dificuldade, invista nela.

8) Reaja prontamente a todos os estímulos, sem maiores racionalizações.

9) Pense sempre que você está atuando para alguém.

10) Não sofra se algo der errado numa improvisação. Acertos só nascem de equívocos.

 

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Exercícios de Improvisação

Para iniciantes

 

Lionel Fischer

 

Cena curta criar uma cena passando pelos três estímulos, na ordem.

 

A       angústia/alívio/amor

B       busca/bondade/beijo/

C        carência/carícia/casamento

D       dívida/dádiva/dúvida

E       esperança/espera/escrotice

F         força/foco/fica

G      gemido/ganância/gozo

H      história/histeria/habitação

I          intriga/instante/inútil

J         jogo/justiça/jaca

L         luta/luto/luz

M       medo/mácula/música

N        negação/novidade/nudismo 

O        onda/ódio/onde

P       perda/perto/perplexidade

Q        querer/queimadura/queijo

R       raiva/rosto/rumo

S       susto/sinto/saudad

T       teimosia/temporal/tenacidade

U       único/última/ultimato

V       vitória/ vontade/ volúpia

X        xuxu/ xepa/xispa

Z       zona/zodíaco/zero

 

Tesouras rítmicas – dois alunos, duas tesouras. O primeiro faz uma pequena seqüência, que o segundo tem que repetir. Depois, inverter. Até aqui, só memória. Em seguida, o primeiro faz uma pequena seqüência, um aluno de fora coloca um texto. O segundo responde com a tesoura, um outro aluno coloca um texto. E assim seguimos por um tempo.

 

Criando um textoo aluno entra, já com uma atitude/sentimento. Pára num local, congela. Em seguida, vai para outro ponto e congela. Vamos fazer cinco mudanças. O aluno repete tudo que fez. Em seguida, repete, parando, e alguém de fora coloca um texto quando a cena congela.  Depois, nova repetição, outro aluno coloca um novo texto, completamente diferente, em cima da mesma seqüência. Finalmente, o primeiro aluno faz toda a seqüência colocando seu próprio texto.   

 

 História em duplas - oito atores, lado a lado, em fila. O primeiro começa a relembrar qualquer coisa envolvendo aquele que está ao seu lado. Este retruca. Em seguida, os dois vão para o final da fila e a dupla seguinte avança. Cada ator só pode usar uma frase, de preferência curta. E o assunto deve evoluir, podendo tomar rumos imprevistos. Mas não vale criar frases disparatadas. A história tem que fazer sentido, mesmo que sua conclusão seja completamente inesperada com relação ao início. Vamos rodar as filas três vezes.

 

Ida e volta - dois atores, sentados, bem perto, um de frente para o outro. Começam a trocar ofensas, num ritmo bem rápido.  As ofensas devem se limitar a uma palavra. Ao mesmo tempo em que se ofendem, vão recuando o corpo. Quando estão bem afastados, congelam. A seguir, vão se reaproximando, só que agora trocando palavras gentis, num ritmo bem lento. 

 

Criando uma história - dois atores iniciam uma cena.  No sinal, congelam. Outros dois os substituem e continuam a cena. E assim por diante. Fazer com quatro duplas. A última deve concluir a cena, que deverá necessariamente evoluir, como se fosse um pequeno esquete.

 

Cantando um trecho de música - quatro atores. Cada um canta um trecho de uma música. Depois, cada um repete o trecho cantado como se fosse o texto de uma peça.  

 

Reação instantânea – individual. O professor diz a frase e o aluno deve justificá-la, com toda a seriedade, no prazo máximo de 1 minuto.

 

Se chifre fosse flor, a cabeça do Lionel era um jardim!

Quando a jabuticaba é pouca, a gente engole o caroço!

Mesmo quando descansa, o Diabo amola as moscas com o rabo!

O mentiroso, quando diz a verdade, adoece!

Os apaixonados sofrem mais que sovaco de aleijado!

 

Fazendo um jingle - 4 atores no palco. A cada um o professor diz um nome – sapato, calcinha, relógio etc. O aluno deve imediatamente fazer uma música curtíssima.

 

Frase que aumenta  - 4 duplas, uma de cada vez. A primeira e a última palavra não podem mudar. Exemplo: “Você é muito burra”. “Você, desde ontem, é muito burra”.  “Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, é muito burra”. “Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, e eu pedi com tanta delicadeza, é muito burra”. “Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, e eu pedi com tanta delicadeza e sorrindo, é muito burra”. E etc. Objetivo: construir a maior frase possível.

 

Cortando palavrasA partir de um tema – por exemplo, separação – dois alunos fazem uma cena, só podendo usar frases de quatro palavras. Em seguida, outra dupla faz a mesma cena, mas só usando três palavras por frase. A terceira dupla usa duas palavras e a última, uma.   

 

Desfazendo um sonho – individual. Uma jovem de 15, 16 anos, está diante de um espelho, acabando de se arrumar. Vai sair, pela primeira vez, com aquele que julga ser o menino da sua vida. O telefone toca. Ela atende e nada fala, só escuta o rapaz dizer que não poderá vir.  Ela volta para o espelho, começa a tirar a maquiagem etc., sem  pronunciar uma única palavra.

 

Cortando palavrasA partir de um tema – por exemplo, separação – dois alunos fazem uma cena, só podendo usar frases de quatro palavras. Em seguida, outra dupla faz a mesma cena, mas só usando três palavras por frase. A terceira dupla usa duas palavras e a última, uma.   

 

Desfazendo um sonho – individual. Uma jovem de 15, 16 anos, está diante de um espelho, acabando de se arrumar. Vai sair, pela primeira vez, com aquele que julga ser o menino da sua vida. O telefone toca. Ela atende e nada fala, só escuta o rapaz dizer que não poderá vir.  Ela volta para o espelho, começa a tirar a maquiagem etc., sem  pronunciar uma única palavra.

 

 Criação em grupo 1 dividir a turma em grupos. Cinco minutos para preparar uma cena que tenha como tema uma frase – por exemplo, “Nunca mais”. Em algum momento essa frase tem que ser dita. Cenas curtas.

 

Criação em grupo 2 toda a turma. O tema pode ser, por exemplo,  “Na primavera eu volto”. Tempo de preparação: 15 minutos. Tempo da cena: 10 minutos. OBS: a frase/tema tem que fechar a cena.

 

Conquista em versosexercício para duplas. Cada apaixonado diz uma frase  bem curta e o outro a completa. Por exemplo:

 

Ele – Quando te vi, era inverno.

Ela – Você estava lindo, de terno.

 

OBS: o importante é não apenas rimar, mas criar uma pequena história.

 

Memória exercício em duplas. O exercício termina quando algum dado for omitido na seqüência de frases. Por exemplo:

Qual o seu nome? Meu nome é Paulo / Mentira. Seu nome é Henrique/ Tem razão. Meu nome é Henrique/ Quantos anos você tem?/ 35 / Mentira.  Seu nome é Henrique e você tem 23 anos./ Tem razão. Meu nome é Henrique e eu tenho 23 anos/ Qual a sua profissão?/ Engenheiro/ Mentira. Seu nome é Henrique, você tem 23 anos e é personal training / Tem razão. Meu nome é Henrique, tenho 23 anos e sou personal training/ Você tem namorada?/ Tenho / Mentira. Seu nome é Henrique, você tem 23 anos, é personal training e não tem namorada/ Tem razão. Meu nome é Henrique, tenho 23 anos, sou personal training e não tenho namorada/ Onde você mora?/ Leme/ Mentira. Seu nome é Henrique etc...

 

Perdão Amigas desde a infância, já adultas uma dela se torna amante do marido da primeira. O caso é descoberto. Rompimento. Arrependimento. Tentativas de encontro fracassadas. Até que um dia, dois anos depois, a que foi traída resolve receber a ex-amiga. Houve suas razões. Há possibilidade de perdão?

 

Encontros Inesperados 


1)      Bordel – cafetina, pai e filha. A cafetina diz à garota que hoje ela vai conhecer um cliente super importante, um homem riquíssimo, de São Paulo. A cafetina sai. A garota está se ajeitando diante de um espelho. O homem entra. Se aproxima. Acaricia a garota. Ela se vira. O homem está diante de sua filha. Pouquíssimas palavras, de preferência nenhuma. O que importa é o impacto da situação.

2)      Num bar – reencontro com um grande amor. Ela está sentada, ele a vê. Tiveram um romance muito tempo atrás. Ambos se casaram com outras pessoas. Mas...Ele se aproxima, uma grande emoção toma conta dos dois. O que fazer?

 

Confissão


Filho diante de pai agonizante – algo ficou por dizer? Algum agradecimento?

 

 Despedidaduplas. Começa num abraço, se separam, se afastam. Se olham, correm, se abraçam, se afastam. No final, apenas se olham, de longe, e não mais se aproximam.

 

Interpretando anúnciosO aluno abre um jornal numa página qualquer, escolhe um anúncio e o lê de três maneiras diferentes, impulsos emocionais diferentes.

 

Esculturas oito alunos. Três grupos. Três músicas diferentes produzem três esculturas diferentes. Depois de prontas, as esculturas são desfeitas – o último que entrou sai primeiro, depois o penúltimo etc., até ficar o primeiro.

 

Conversa loucaduplas, frases curtas. Toda frase tem que começar com a última palavra dita pelo outro. Por exemplo:

 

A – Você não passa de um idiota!

B – Idiota eu fui quando me apaixonei por você!

A -  Você está sendo agressivo...

B – Agressivo? Você ainda não viu nada!

 

Pecados Capitais - dividir o grupo. Cada grupo terá 10 minutos para bolar uma cena sobre um determinado Pecado (Luxúria, Avareza, Soberba, Gula, Inveja, Ira e Preguiça). Detalhe: todas as cenas terão que ser cômicas e não vale aproveitar cenas já feitas ou conhecidas.

 

 No sótãoquatro irmãos visitam o sótão da casa em que passaram a infância. Com a morte dos pais, a casa será vendida. Recordações. Os brinquedos. O sótão está igual.

 

 Caretas - exercício para duplas. Sentados lado a lado, olhando pra frente, no sinal os alunos fazem um careta, que deforma seu rosto. Em seguida, sem desarmar essa careta, travam um diálogo, como se estivessem se vendo pela primeira após marcarem um encontro via Internet. A voz tem que ser resultante dessa careta.

 

Briga de facaRitmo mais lento possível. Quatro contra quatro.

 

Discussão em língua estranha com tradução simultâneasentados na mesa de um bar, um casal discute numa língua incompreensível. Cada um dos personagens tem a seu lado um tradutor simultâneo, que fala em português, imediatamente, o que a pessoa falou. As frases têm que ser curtas.

 

Subversivos – à espera do próximo interrogatório. Depois de um tempo, entra um guarda. Leva um deles.

 

Aquecimento – luta, conduite.

 

Desfazendo um sonho – adolescente diante de um espelho, aprontando-se para o primeiro encontro com o “menino de sua vida”. Anos 50/60. O telefone toca. O cara diz que não vai. Ela nada diz. Volta para a cômoda/espelho e retira a maquiagem, as coisas que colocara etc.

 

Exame – clínica. Cada personagem está à espera do resultado de um exame que poderá significar morrer ou viver. Entra a enfermeira, distribui os envelopes. No que estiver escrito POSITIVO, a pessoa vai morrer. No negativo, vai viver. Sem palavras, sem relação entre os personagens.

 

Solidão – grupo caminha lentamente pelo espaço, sem estabelecer qualquer tipo de relação. Os atores caminham o mais lentamente possível. Num dado momento, quando entra o piano, correm até um ponto e julgam ver passar, ao longe, a pessoa “que se foi”. Acompanham com o olhar essa pessoa, que logo adiante desaparece. Todos retornam ao estado inicial, só que ainda mais sozinhos. Este exercício será feito tendo como música de fundo o 2º movimento do Concerto “Imperador”, de Beethoven. OBS: cada ator imagina o que quiser, mas tem que ter sido uma perda grave.

 

A partir de um sentimento/postura – o ator caminha pelo palco e para num dado momento, expressando o mais possível um sentimento, uma situação, um estado. Congela. Em seguida, ele repete o que fez e congela. Então, um outro ator, previamente escolhido e que o observava, entra e faz uma cena a partir do que sentiu na postura congelada. OBS: o ator que entra não tem como adivinhar a razão da postura, mas vai propor algo a partir dela. Ou seja: se o ator congela com “medo”, o que entra não sabe a razão desse medo, e pode piorar esse estado, suavizá-lo etc.

 

Apenas 1 minuto – dividir a turma em três grupos. Propor ao primeiro uma cena, especificando o contexto, quem são os personagens e o objetivo principal de cada um. O grupo tem 1 minuto para preparar a cena e 1 minuto para apresentar. As propostas vão sendo dadas depois que cada grupo realiza a sua, senão o segundo e terceiro grupos, por exemplo, teriam mais tempo para preparar. Feitas as três cenas, escolhemos a mais interessante. Então, o grupo que a realizou a repete, aumentando-a um pouco. No sinal, congelam e entram outros três, que dão prosseguimento à cena, aumentando-a. Finalmente, entra o terceiro grupo, repetindo o mesmo mecanismo. Ou seja, o que durara apenas 1 minuto no início, pode durar uns 15 minutos no final.

 

Pescadores – mulheres (ou parentes) de pescadores estão na beira da praia, aguardando a volta de seus entes queridos. Soube-se que houve uma forte tempestade. Depois de um tempo, algumas velas começam a aparecer no horizonte. As jangadas se aproximam. Todas as pessoas, menos uma, reconhece alguém. Fica uma última. Seu homem (ou parente) não voltou. Exercício sem palavras.

 

Retirantes – grupo exausto de retirantes nordestinos fugindo da seca. Não conseguem mais caminhar. Então se acomodam, depositando toda a esperança de sobrevivência na chuva. Depois de um tempo, surge ao longe uma nuvem escura. Mais adiante, essa nuvem se aproxima. Finalmente, ela para em cima do grupo. Choverá ou não? Começa a chover. Aos poucos, uma chuva fina. Depois, um toró. O grupo está salvo. Viver a esperança, a expectativa, a surpresa,e, finalmente, o enorme alívio.

Exercício sem palavras. Talvez caiba uma reza e, no final, exclamações.

 

Uma pessoa no meio – duas histórias, um ouvinte. Frases curtas. No fim, o ouvinte deve ser capaz de sintetizar as duas histórias. Estas devem ser contadas rapidamente, sem intervalo, e o que escuta nada diz – no máximo, um “sim”, ou “não”, um  “é verdade” etc.

 

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