segunda-feira, 30 de junho de 2014

Paulo Pontes (1940 - 1976)

Biografia

Vicente de Paula Holanda Pontes (Campina Grande PB 1940 - Rio de Janeiro RJ 1976). Autor. Com uma linguagem bem-humorada, o dramaturgo Paulo Pontes trata de temáticas populares para colocar em cena o homem brasileiro comum e os conflitos que emergem de sua situação social. Ao lado de Oduvaldo Vianna Filho, é um dos grandes pensadores e ativistas do teatro de resistência nos anos da ditadura militar.

Inicia sua experiência em teatro como ator do Teatro de Estudante da Paraíba, em que atua em Os Inimigos Não Mandam Flores, de Pedro Bloch. Sua primeira experiência com a escrita foi no rádio, no programa de humor de Haroldo Barbosa. No Rio de Janeiro, participa, juntamente com Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, da fundação do Grupo Opinião e escreve o texto de estréia, o show Opinião, 1964. 

Em 1968, sob sua direção, apresenta em João Pessoa, Paraibê-aba.

Em 1969 ingressa no grupo de dramaturgia da TV Tupi. Em 1970 escreve o roteiro do show sobre Dolores Duran, interpretado por Paulo Gracindo e Clara Nunes, Brasileiro: Profissão Esperança. Em 1971, seu primeiro texto para teatro o torna nacionalmente conhecido: Um Edifício Chamado 200, protagonizado por Milton Morais, no Rio de Janeiro, e por Juca de Oliveira, em São Paulo. Partindo de uma temática popular - a tentativa desesperada de ganhar na loteria para sair de uma vida medíocre -, Paulo Pontes reforma e revitaliza a decadente comédia de costumes carioca. O sucesso da peça o faz ser procurado por atores e diretores.

Ele entrega a Ziembinski seu segundo texto que, embora parta de uma situação não cômica - é durante o período de internação para uma cirurgia que o escreve -, mostra o talento do autor em criar a comicidade a partir do dinamismo da ação. Engajado na luta por um teatro que chegue até o povo, ele diz: "Nós temos que tentar de todas as maneiras a reaproximação com nossa única fonte de concretude, de substância e até de originalidade: o povo brasileiro. É preciso tentar fazer voltar o nosso povo ao nosso palco. (...) O fundamental é que a vida brasileira possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro".1 "Um país carente de tudo, como o nosso, não tem a sua própria realidade para discutir no palco. O público diz: vamos conversar sobre a minha gravata, o meu fedor, o meu cotidiano, e o artista responde: não, vamos conversar sobre a aventura do imponderável".2 "Quem está indo ao teatro é essa minoria que paga pelo ingresso de um espetáculo que não o faz refletir sobre sua posição ética dentro dessa sociedade".3

Encena, no Rio de Janeiro, Check-Up, com direção de Cecil Thiré, em 1972. No ano seguinte, sob direção de Flávio Rangel e com Jorge Dória no papel central, estréia Dr. Fausto da Silva, texto em que o tema da concentração de renda no país é inserido dentro de uma emissora de televisão, em que a competição profissional evidencia Fausto, o homem que vende a alma ao sucesso. Nesse texto, diferentemente dos anteriores, a comédia sai do realismo e ingressa no reino do fabuloso.

Suas peças são montadas no exterior. Na televisão, ele continua a consagrada série A Grande Família, depois da morte de Vianinha. Em 1975, estréia seu maior sucesso e dá um salto na sua carreira de autor teatral, ganhando o prêmio Molière de melhor autor, em parceria com Chico Buarque, pelo drama poético Gota d'Água, recriação de Medéia, tragédia de Eurípides, com direção de Gianni Ratto. A modernização do tema, combinada com uma aguda visão crítica do processo de exploração de uma humilde comunidade popular por um tubarão da especulação imobiliária, alcança enorme êxito e recebe desde então numerosas montagens pelo Brasil afora; é também montada na Cidade do México, em 1980. Ela integra hoje o restrito grupo dos clássicos da dramaturgia brasileira. O autor participa também da organização do ciclo de debates sobre Cultura Brasileira no Teatro Casa Grande.

Atua na organização do Projeto Nacional Popular de Cultura, reunindo intelectuais de diversos setores.

Em 1976, Paulo Pontes falece aos 36 anos de idade, deixando, como seu amigo e parceiro Oduvaldo Vianna Filho, uma carreira interrompida, além dos textos inconclusos O Dia em que Frank Sinatra Veio ao BrasilLuna Bar e o ambicioso projeto de adaptar em versos Senhor Presidente, original de Miguel Angel Astúrias, ao qual dedicara mais de quatro anos. 

O diretor Flávio Rangel, depois de sua morte, assim resumiu sua importância: "Em todos os seus trabalhos, Paulo Pontes teve sempre a preocupação de retratar o povo de seu país, e era também um permanente batalhador pela liberdade de expressão. Lutou incansavelmente pela regulamentação da profissão e esteve presente, em posição de destaque, em todos os movimentos que envolveram a classe teatral. Dotado de uma poderosa inteligência e uma rara lucidez, exercia uma liderança natural através de seu pensamento profundo, que se fez sentir através dos inúmeros ensaios que escreveu e das brilhantes conferências que pronunciou".4

Notas
1. PONTES, Paulo. Prefácio de Gota d'água, trecho citado por Yan Michalski em Um conscientizador,Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 dez. 1976. Caderno B.
2. PONTES, Paulo. Entrevista para o Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 set. 1972. Caderno B, página 8.
3. PONTES, Paulo. A crise vista pelo prisma de Paulo Pontes, Revista Visão, Rio de Janeiro, 8 dez. 1975.

4. RANGEL, Flávio. Paulinho, por Flávio Rangel, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 dez. 1976, Caderno B.

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Extraído de Enciclopédia Itaú Cultural

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Teatro/CRÍTICA

"A prostituta respeitosa"


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Os tortuosos caminhos da segregação racial



Lionel Fischer



Baseada em fatos reais, ocorridos nos Estados Unidos na década de 40, a peça gira em torno da prostituta branca Lizzie. Após deixar Nova York rumo a uma cidade do Sul, no trem ela testemunha o assassinato de um negro cometido por um branco, filho de um ilustre senador. A partir daí, é induzida a incriminar um negro, a ele imputando um crime que não cometera e assim facultando ao verdadeiro criminoso escapar da prisão. 

Eis, em resumo, o enredo de "A prostituta respeitosa", de autoria de Jean-Paul Sarte. Em cartaz no Solar de Botafogo, a peça chega à cena com direção de Marco Aurélio Hamelin e elenco formado por Anita Terrana (Lizzie), Thiago Detofol (Fred, filho do senador Clark), Claudio Bastos (Negro), Frederico Baptista (policial John) e Sergio Fonta (senador Clark).

Verdadeiro libelo contra a segregação racial, a peça investe furiosamente contra esta praga que parece estar longe de ser erradicada. E a forma encontrada por Sartre nos mostra os tortuosos caminhos de que se valem os detentores do poder para obter o que pretendem - embora Lizzie, inicialmente, relute em assinar uma carta incriminatória contra o negro, acaba convencida pelo senador Clark a fazê-lo, através de maquiavélica retórica que confunde por completo a ingênua prostituta.

Com relação ao espetáculo, Marco Aurélio Hamelin impõe à montagem uma dinâmica despojada e sóbria, conseguindo quase sempre valorizar os conteúdos em jogo. Mas acredito que a cena que abre o espetáculo, envolvendo Lizzie e Fred, poderia ter um ritmo mais apurado, pois alguns silêncios não me parecem preenchidos da indispensável carga de tensão. 

No tocante ao elenco, Anita Terrana, certamente em função do que acaba de ser dito, parece um tanto hesitante no início do espetáculo. Tal hesitação, no entanto, desaparece ao longo da montagem, com a atriz conseguindo trabalhar de forma convincente tanto a ingenuidade da personagem como sua indignação. Thiago Detofol também exibe uma certa hesitação na cena inicial, mas a partir daí constrói um Fred convincente, cabendo destacar a passagem em que, completamente embriagado, revela seu amor por Lizzie.

Vivendo o Negro, Claudio Bastos transmite todo o desespero e fragilidade do personagem injustamente acusado, com Frederico Babtista evidenciando segura presença na pele do policial John. Quanto a Sergio Fonta, o ator está impecável na pele do senador Clark, materializando na cena toda a sedução e abjeto caráter de um homem que, aparentemente possuidor de ilibada moral, é uma espécie de símbolo do aspecto mais sombrio do poder.

Na equipe técnica, considero corretos os trabalhos de todos os profissionais envolvidos nesta oportuna empreitada teatral - Miroel da Silveira (tradução), Cecília Terrana (direção de movimento), Marco Aurélio Hamelin (trilha sonora), Leysa Vidal (luz) e Marcelo Marques (cenografia e figurinos).

A PROSTITUTA RESPEITOSA - Texto de Jean-Paul Sartre. Direção de Marco Aurélio Hamelin. Com Anita Terrana, Sergio Fonta, Thiago Detofol, Claudio Bastos e Frederico Babtista. Solar de Botafogo. De 27 a 29 de junho, 10 a 12 de julho, 24 a 27 de julho, 7 a 10 de agosto. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 2030h.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Teatro/CRÍTICA

"A moça da cidade"

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Deliciosa montagem no Sesc



Lionel Fischer



No estúdio de uma rádio, nos anos 1940, três intérpretes encarnam os personagens de uma radionovela e também emprestam suas vozes a vários anúncios. A partir de um certo ponto, a cena se amplia e a narrativa radiofônica converte-se em fato teatral. E então acompanhamos a trajetória de Ambrosina, jovem que sai do Nordeste e vem tentar a vida no Rio de Janeiro. Ela se hospeda na pensão de Dona Rosa e conhece Leitinho, que ocupa um quarto ao lado do seu e que acaba se apaixonando perdidamente por ela.

Eis, em resumo, o enredo de "A moça da cidade", em cartaz na Sala Multiuso do Espaço Sesc. De autoria de Anderson Boch, a peça marca a estreia do ator Rodrigo Pandolfo na direção. No elenco, Lu Camy (Ambrosina), Dida Camero (Dona Rosa) e Gabriel Delfino Marques (Leitinho).

Vencedor do Prêmio Funarte de Dramaturgia da Região Centro-Oeste, em 2001, o texto do dramaturgo sul mato-grossense Anderson Boch exibe uma trama repleta de encontros e desencontros, paixões e desejos, sempre priorizando uma atmosfera deliciosamente ingênua, lírica e divertida. 

E o fato de os atores se alternarem entre os profissionais da rádio e os personagens materializados na cena confere um charme todo especial à narrativa, afora permitir aos intérpretes exibirem grande versatilidade. A única ressalva fica por conta da extensão do texto que, sem ser propriamente longo, se um pouco reduzido teria um alcance ainda maior.

Com relação ao espetáculo, Rodrigo Pandolfo impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico, cabendo destacar as passagens em que os intérpretes se relacionam com vídeos de filmes famosos, sendo que nesses momentos as vozes originais são dubladas - o efeito é realmente muito engraçado. E a Pandolfo também deve ser creditado o mérito suplementar de haver extraído ótimas atuações do elenco.

Na pele de Leitinho, Gabriel Delfino Marques valoriza ao máximo todo o romantismo do jovem apaixonado, cuja língua presa o torna hilariante - mas Delfino também está muito bem quando encarna outros personagens. A mesma eficiência se faz presente na divertida composição de Dida Camero, que utiliza com extrema propriedade sua voz poderosa e seu ótimo tempo de comédia. Lu Camy converte Ambrosina numa figura adorável, explorando com humor e sensibilidade o temperamento ao mesmo tempo explosivo e frágil da excelente personagem que interpreta, afora exibir preciso trabalho corporal.

Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as preciosas colaborações de todos os profissionais envolvidos nesta curiosa empreitada teatral - Marcelo Alonso Neves (direção musical), Rodrigo Pandolfo (trilha sonora), Ana Achcar (preparadora corporal), Victor Maia (direção de movimento e coreografias), Tomás Ribas (iluminação), Miguel Pinto Guimarães (cenografia), Bruno Perlatto (figurinos), Sid Andrade (visagismo) e Felipe Bond (direção de vídeo). 

A MOÇA DA CIDADE - Texto de Anderson Boch. Direção de Rodrigo Pandolfo. Sala Multiuso do Espaço Sesc. Com Gabriel Delfino Marques, Lu Camy e Dida Camero. Sexta e sábado, 19h. Domingo, 18h. 





  

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Teatro/CRÍTICA

"Às terças"

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Hilária e pertinente comédia



Lionel Fischer



"Quatro mulheres frequentam o mesmo terapeuta, conversam muito entre as consultas e depois de algum tempo percebem que estão mais calmas e felizes, mas não pela terapia em si, e sim pelas confidências trocadas na sala de espera. Assim, abandonam o terapeuta e passam a se encontrar sempre às terças-feiras, reservadamente, num velho parque de diversões desativado, com o objetivo de se ouvir e se ajudar".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo de "Às terças", de autoria de Marcélli Oliveira. Em cartaz no Teatro dos Quatro, a montagem chega à cena com direção de Alexandre Contini e elenco formado por Gottsha, Stela Maria Rodrygues, Carina Sacchelli e Marcélli Oliveira.

As quatro mulheres em questão, que se deram alta em suas terapias, exibem personalidades e questões diversas. Velma, a mais jovem, perdeu um grande amor aos 18 anos e a partir daí, certamente por não ter conseguido fazer o indispensável luto, só consegue se relacionar com homens problemáticos. Jandra, acossada por diversificadas manias e hipocondríaca exemplar, é uma mulher solitária que se defende da vida medicando-se a todo momento. 

Berenice sugere materializar a mulher perfeita - cronista famosa, linda, rica e...magra. Mas finalmente uma revelação - que por razões óbvias tenho que ocultar - nos mostra que ela não é exatamente o que parece. Finalmente, Laura, a mais velha do grupo, é casada com um homem dez anos mais moço e não mede esforços para estar sempre linda em sua presença - fenômeno bastante comum em nossa época, quando a epiderme se sobrepõe cada vez mais à alma.

Em sua primeira metade, a peça explicita detalhes pessoais das personagens e pequenos conflitos decorrentes da história de cada uma delas e das relações que mantêm entre si. Na segunda metade, a partir da revelação de que Laura padece de uma doença terminal, o texto ganha uma dimensão maior, pois aí a autora investe em algo que me parece essencial: a urgente e inadiável necessidade de vivermos cada minuto como se fosse o último. No presente caso, a doença terminal de Laura serve como um elemento disparador não apenas de uma reflexão sobre a realidade das personagens, mas fundamentalmente possibilita que elas empreendam salutares transformações.

Estamos, portanto, diante de um texto cujo tema central é de inegável pertinência. Cabe também ressaltar a capacidade da autora de criar bons personagens e diálogos de grande fluência, não raro muito engraçados. Mas mesmo tendo objetivado escrever uma comédia, acredito que Marcélli Oliveira poderia ter reduzido um pouco os momentos centrados unicamente em piadas, que não raro consomem um tempo excessivo.

Com relação ao espetáculo, Alexandre Contini impõe à cena uma dinâmica em sintonia com o material dramatúrgico, valendo-se de marcações que, em sua maioria, traduzem com eficiência os conteúdos em jogo. E cabe também ressaltar seu bom trabalho junto às intérpretes. 

Carina Sacchelli tem o tipo físico perfeito para viver a linda Berenice e a atriz trabalha muito bem a futilidade da personagem, exibindo a mesma eficiência quando ela é desmascarada. Marcélli Oliveira (Velma) também convence na pele da jovem aparentemente descolada e disposta a viver alegremente seu constante inferno amoroso, mas no fundo carente e ávida por voltar a viver um grande amor - este é mencionado perto do final, e aí a atriz demonstra a fragilidade da persona que tentava sustentar.

Gottsha, em seu primeiro espetáculo em que não canta - o que não deixou de me causar uma certa orfandade - encarna Laura com grande sensibilidade, o que me faz acreditar que possa estar iniciando uma bela trajetória como intérprete. Quanto a Stela Maria Rodrygues, sua Jandra é absolutamente irresistível. Comediante por excelência, a atriz valoriza ao máximo todas as possibilidades da personagem, cabendo ressaltar não apenas sua habilidade no que diz respeito ao texto articulado, mas também sua impagável composição física.

Na equipe técnica, Lorena Lima assina uma cenografia que, sem deixar de ser atraente, me parece sobrecarregada de signos - não seriam necessários tantos para que acreditássemos que a maior parte da ação se passa num parque de diversões desativado. Sol Azulay responde por figurinos em sintonia com a personalidade e condição social das personagens, com Daniela Sanches iluminando a cena de forma a ressaltar os múltiplos climas emocionais em jogo.

ÀS TERÇAS - Texto de Marcélli Oliveira. Direção de Alexandre Contini. Com Gottsha, Stela Maria Rodrygues, Marcélli Oliveira e Carina Sacchelli. Teatro dos Quatro. Terças e quartas, 21h.

      

   





segunda-feira, 16 de junho de 2014

Bertolt Brecht:
cronologia de uma obra

                                                                                                          John Willett
           
            O presente artigo tem por objetivo oferecer uma ampla visão da obra teatral de Bertolt Brecht, composta de 40 títulos. Escritas em locais e circunstâncias distintas (aqui denominadas “períodos”), as peças virão acompanhadas de um resumo. O texto foi extraído do volume O teatro de Brecht (Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1967. Tradução de Álvaro Cabral. Apresentação de Paulo Francis).

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Período da Baviera

1. Baal
Ambientada na Alemanha contemporânea. Poeta e cantor, bêbado, preguiçoso, egoísta e cruel, Baal seduz (entre outras) uma moça de 17 anos, amante de um discípulo, que se afoga. Baal mistura-se com vadios e motoristas, e canta num cabaré barato. Com seu amigo, o compositor Ekart, vagueia pelo país, bebendo e brigando. Sophie, que Baal engravidou, segue-os e acaba afogando-se. Baal seduz então a amante de Ekart e mata este. Caçado pela polícia e abandonado pelos lenhadores, morre sozinho numa cabana da floresta. (Escrita em 1918; 22 cenas em prosa, quatro canções, fragmentos de canções e um coral de abertura)

2. Tambores na noite
Passa-se em Berlim, em 1919. O soldado Andreas Kragler regressa de um campo de prisioneiros no Marrocos para encontrar sua noiva Anna, que acabara de comprometer-se com o abastado Friedrich Murk. Ela já está esperando um filho. No Piccadilly Bar, sublinhado pelos ruídos e comentários a respeito do assalto e destruição dos escritórios do jornal dos espartacistas, ele discute com os pais dela e com Murk, que está embriagado. Perdido nas ruas, caminhando ao acaso, Kragler segue os distúrbios e Anna o segue. Kragler bebe num pequeno botequim e, desesperado, conduz seus companheiros para os escritórios do jornal. Nas primeiras horas da manhã, ele e Anna encontram-se na rua. Desdenhosamente, Kragler recusa voltar à luta. Então, ele e Anna vão juntos para casa. (Escrita entre 1918-20; cinco atos em prosa e uma canção)

3. Na selva das cidades
Tem como cenário Chicago, em 1912 e 1915. Shlink, um negociante chinês de madeiras, de 51 anos, discute numa livraria com um empregado, George Garga. Shlink e amigos marginais (que atendem por Verme, Macaco) convertem Jane, amante de Garga, e Marie, sua irmã, em prostitutas. A primeira casa com George e a segunda apaixona-se inutilmente por Shlink. Este acaba passando seu negócio para Garga, que o arruína à custa dele próprio ser preso. No cárcere, Garga denuncia Shlink como sedutor das moças e organiza as coisas para que ele seja linchado no momento em que o próprio Garga é solto. Juntos, conseguem furtar-se à perseguição dos linchadores. Shlink diz que gosta de Garga e luta só pelo prazer de lutar. Mas George luta pela sobrevivência. Shlink morre quando chega a populaça em tumulto. George lança fogo ao estabelecimento de madeiras e parte para Nova Iorque. (Escrita entre 1921-4; 11 cenas em prosa)

4. Eduardo II
Drama histórico ambientado na Inglaterra entre os anos 1307-26. Em suas linhas gerais, respeita a obra de Marlowe, ainda que Brecht tenha simplificado a intriga, eliminado personagens e criado novas motivações. Eduardo, após sua coroação, convoca seu favorito Gaveston. Os nobres e a Igreja voltam-se contra ele, bem como sua esposa. Gaveston é assassinado e Eduardo, após uma vitória de curta duração, é capturado por Mortimer e finalmente assassinado também. Seu jovem filho faz então com que Mortimer seja enforcado e a rainha é encarcerada na Torre de Londres. (Escrita em 1924; 21 cenas em verso branco, algumas linhas de prosa; a cena 7 - Batalha de Killingworth - está subdividida em 11 episódios; duas canções, das quais uma é de Marlowe)

5. O mendigo ou o cão morto
Rei vitorioso, no percurso para as celebrações oficiais, entra em conversa com um mendigo. Sem dar importância à sua posição, o mendigo perturba as idéias do rei. No final, revela ser cego. (Escrita antes de 1923; 1 ato, prosa)

6. O casamento
Ambientada na Alemanha contemporânea. Uma festa de casamento em que tudo corre mal: os convidados discutem ou fazem amor; o mobiliário, construído pelo noivo, cai em pedaços; revela-se que a noiva está grávida. (Farsa em 1 ato, prosa realista)

7. A expulsão do diabo
Do lado de fora de sua casa de camponeses, uma moça bávara e seu amante namoram de maneira por demais fogosa, enquanto os pais dela tentam fazê-la entrar em casa. O amante visita-a de noite, mas o pai da moça retira-lhe a escada e empurra a ambos para o telhado. (Farsa em 1 ato, em prosa realista)

8. Lux in tenebris
Ambientada numa rua de uma cidade atual no Sul da Alemanha. Paduk, organizador de uma exposição para desencorajar as doenças venéreas - muito comuns aos devotos - não passa de um antigo cliente do bordel fronteiro. A proprietária o convence de que o negócio dela tem um brilhante futuro. Ele faz uma visita de observação e acaba como sócio. (Farsa em 1 ato, em prosa realista)

Período de Berlim

9. Um homem é um homem
A peça desenrola-se vagamente na Índia inglesa, mas tanto o tempo como a geografia são amplamente sem nexo. Quatro soldados saqueiam um templo indiano, mas um fica para trás. Com muito medo do feroz sargento, apanham Galy Gay, um estivador irlandês, para figurar como o quarto homem. Por meio de ameaças e chantagem, Galy Gay é forçado a assumir sua nova identidade. Ao mesmo tempo, o soldado desaparecido é apresentado como uma estátua que produz milagres no templo e o sargento, acabando em roupas civis, é visto como um bêbado inofensivo. Galy Gay assiste à sua própria execução e funeral simulados, proferindo o discurso fúnebre. Nas duas últimas cenas, toma parte numa guerra contra o Tibete e conquista sozinho uma fortaleza, transformando-se no soldado perfeito. O homem desaparecido tenta reunir-se aos seus camaradas, mas é recambiado com os antigos documentos de identidade de Galy Gay. (Escrita entre 1924-6; 11 cenas, das quais a nona - transformação - está subdividida em cinco episódios separados; comédia em prosa, com um prólogo em verso para a cena 9 e um discurso em verso livre; duas canções)

10. Mahagonny
Cantata, também conhecida como A pequena Mahagonny. A obra constitui a base da ópera subseqüente. Seis canções com interlúdios orquestrais, com duração total de cerca de 45 minutos. Paródia que “idealiza” a degeneração da vida num certo país muito parecido com Nova Iorque, a obra exibe músicas com acentuada expressão de jazz. (Escrita entre 1925-6; músicas de Kurt Weill)

11. A ópera dos três vintens
Baseada em A ópera dos mendigos, de John Gay. Ambientada em Londres, 1900. Macheath casa secretamente com Polly, filha de seu companheiro de malandragem, Peachum. Este planeja a prisão de Macheath, que foge, mas vem a ser apanhado graças à traição de Jenny e outras prostitutas. Na prisão, ele encontra um de seus antigos amores, Lucy, que o ajuda a evadir-se. Macheath é recapturado, na companhia de outra mulher, e levam-no para ser executado, mas a pena é comutada, num happy end deliberadamente artificial. Embora a linha geral do argumento seja fiel a Gay, quase todos os diálogos foram reescritos. Entre as inovações, incluem-se a segunda cena (o casamento no estábulo), o personagem Tiger Brown (substituindo o Lockt de Gay) e o negócio de organizar e vestir mendigos, a cargo de Peachum - no original, ele é um simples receptador de furtos. Nenhuma canção de Gay foi conservada e o ângulo satírico sofreu modificações. No original, o alvo era a aristocracia cujos negócios se pareciam bastante com os do submundo; em Brecht, é uma sociedade burguesa que permite a existência desse mundo marginalizado. (Escrita em 1928; prelúdio e três atos, com três cenas cada; diálogo em prosa, 19 canções; músicas de Kurt Weill)

12. Happy end
Ambientada em Chicago. Bill Cracker, gângster e proprietário do Bill Ballhaus, um salão de baile, apaixona-se pela tenente Lilian Holiday, do Exército da Salvação, que entrara no seu estabelecimento (acompanhada do tenente Hannibal Jackson) para tentar demovê-lo de suas atividades ilícitas. Lilian é expulsa do Exército da Salvação. Bill, que não cumprira o papel que lhe competia no roubo de um cofre, é expulso do bando e vai para uma reunião do Exército da Salvação. Mas o bando o segue, com o objetivo de matá-lo. O misterioso chefe do bando, a Dama de Cinzento, reconhece em Hannibal seu marido, há muito desaparecido,  e assim o exército e os malandros unem suas forças. Bill recebe um uniforme do Exército da Salvação e todos se unem para formar um bando. (Escrita em 1929; original de Dorothy Lane, adaptação de Elisabeth Hauptmann, letras de Brecht, música de Weill; prólogo em verso e três atos; diálogo em prosa, seis canções)

13. Ascensão e queda da cidade de Mahagony
Fugindo da polícia, a viúva Begbick e dois amigos malandros fundaram a florescente cidade de Mahagony. Vai ser uma “cidade-rede” para pescar todos os forasteiros que cheguem. Contudo, eles partem de novo, desiludidos, porque é uma cidade onde nada acontece, além de asfixiada com editais e proibições. Ante a ameaça de um ciclone que se aproxima, um madeireiro oriundo do Alasca, Paul Ackermann, propõe que tudo deve ser permitido. Dentro de um ano, isso converteu-se na única lei: comem, amam, lutam e bebem, por vezes até a morte. Mas Paul acaba sem dinheiro e Jenny, a moça que ele ama, recusa-se a ajudá-lo. E ele será julgado, condenado e eletrocutado. Em demonstrações caóticas, enquanto a cidade arde ao fundo, os habitantes mostram que a civilização depende unicamente do dinheiro: que nada mais existe para ajudá-los e nada para ajudar. (Escrita em 1928-9; músicas de Weill; 20 cenas, oito solistas, coro de seis vozes femininas, coro masculino; texto quase que inteiramente rimado ou em verso branco)

14. Réquiem de Berlim
Obra de Weill baseada em poemas de Brecht. Encomenda da Rádio de Frankfurt. Primeira transmissão feita no verão de 1929.

15. O vôo sobre o oceano
Originalmente, O vôo de Lindbergh. Composição didática para o rádio. Um aviador descreve seus preparativos para o histórico vôo solitário de 1927 sobre o Atlântico. Seus inimigos (Nevoeiro, Tempestade de Neve e Sono) manifestam sua intenção de derrotar o atrevido. Os barcos fazem-se ao mar e ambos os continentes fazem seus relatos através do coro. O aviador reitera seu objetivo de superar o primitivo e também seus medos. Por fim,  aterrissa e a peça termina louvando o feito do homem ao voar. (Escrita em 1928-9; 17 quadros em verso irregular e não-rimado; obra para tenor, baixo, barítono e coro)

16. Cantata da aquiescência
Outra tentativa de realização de uma peça didática. Quatro aviadores se chocam e caem com seus aparelhos. Estão em risco de morte. O coro pode ajudá-los? Não. O que importa é o poder, e não a ajuda, até que o nosso mundo seja transformado: os aviadores devem se reconciliar para morrer. Quando o primeiro piloto tenta opor-se a isso, é posto fora do palco. Sua pretensão de ser ouvido cessou com a sua função (social). O coro então indica aos outros como fazer para transformar o mundo, enquanto renunciam a ele e a si próprios. (Escrita em 1929; 11 cenas curtas para quatro solistas, narrador e coro; 1 cena estranha ao argumento, com três palhaços e uma breve projeção cinematográfica)

17. Santa Joana dos matadouros
Ambientada em grandes armazéns de carne e zonas comerciais da moderna Chicago. Num mercado em baixa, o rei da carne enlatada Pierpont Mauler negocia a compra da produção total de seus concorrentes nos próximos dois meses, depois encurrala o gado e corta-lhes os abastecimentos. A moça do Exército da Salvação, Johanna Dark, imagina que isso é uma resposta às suas preces para que se salve o mercado e impeça o desemprego. Mas as fábricas de enlatados continuam fechadas, Mauler excede-se em manobras ardilosas e o mercado acaba entrando em colapso total. Verdadeiramente impressionado com Johanna, Mauler se apresenta como um penitente arruinado; ela ajuda os operários a organizarem uma greve geral. Os concorrentes de Mauler persuadem-no então, com o auxílio de seus amigos de Wall Street, a liderar o sindicato da carne para que se livre de apuros e as tropas expulsam os grevistas dos matadouros e armazéns. Johanna desmaia e a levam, gravemente enferma, para o quartel-general do Exército da Salvação. É canonizada por Mauler e seus amigos por seu trabalho entre os pobres. E enquanto Mauler denuncia o sistema de classes, ela morre. (Escrita entre 1929-31; canções de Dessau; 11 cenas, verso branco clássico, prosa, verso irregular e sem rima)

18. Aquele que diz sim/ Aquele que diz não
Baseada na peça japonesa Taniko. As duas pequenas peças são em geral apresentadas juntas. Não há indicação de tempo ou lugar. Um professor guia uma expedição às montanhas, levando com ele um rapaz cuja mãe está doente. Durante a viagem, o rapaz também adoece. O costume é que os demais componentes do grupo deveriam lançá-lo para o fundo do vale e assim o fazem, lamentavelmente, com a aquiescência do próprio rapaz. A segunda peça é praticamente igual, tendo apenas um final diferente: o rapaz se recusa a ser morto e exige que seja instituído um novo costume: “O costume de pensar sempre de novo, em toda e qualquer nova situação”. (Escrita entre 1929-30; músicas de Weill; duas partes, seis solistas, coros e orquestra,  prosa e verso livre)

19. A decisão
Peça didática. Quatro agitadores políticos, vindos de Moscou, relatam a um coro, que controla e comenta a ação, como tiveram de matar um jovem comunista que os acompanhara até a China. Numa sucessão de breves cenas, representam os erros por ele cometidos; movido pela simpatia, falou com excessiva franqueza aos coolies; durante uma greve, interferiu para impedir injustiças da polícia; enviado para conseguir o apoio burguês, discutira com os burgueses; quando a cidade ficou agitada, expôs-se prematuramente e tentou chefiar uma revolução fadada ao fracasso. Por tudo isso, tornara impossível o trabalho dos quatro. Não podiam escondê-lo e fazê-lo transpor as fronteiras do país, pelo que decidiram matá-lo e ele concordou com essa decisão. Assim, liquidaram-no a tiros e voltaram ao trabalho. O coro concorda que eles agiram acertadamente. (Escrita em 1930, músicas de Eisler; oito quadros, prosa e verso branco, de métrica irregular; seis canções principais)

20. A exceção e a regra
Peça curta para escolas, com a ação acontecendo na Mongólia, entre 1900 e 1930. Um mercador apressa-se para alcançar uma aldeia. Desconfia do seu guia, porque este se mostra muito amistoso com o coolie que carrega a bagagem; por isso o despede e o manda de volta. O coolie perde o caminho, ao travessarem um deserto; eles ficam sem água e quando o coolie se aproxima do mercador com uma botija de água, o último pensa que vai ser atacado e atira, matando o coolie. O tribunal julga o caso e decide que foi legítima defesa. A regra é que o maltrapilho deve querer sempre atacar seu amo e não se podia esperar que o mercador soubesse haver uma exceção. (Escrita em 1930, música de Dessau; nove quadros, prosa, com prólogo e epílogo em verso, e seis canções)

21. A mãe
Segundo obra homônima de Máximo Gorki e parcialmente baseada numa dramatização de  G. Stark e G. Weisenborn. Pelagea Vlassova, mãe do operário metalúrgico Pavel, é atraída por seu filho para o movimento revolucionário. Embora este lhe fosse hostil, no princípio, ela impede o filho de distribuir panfletos, preferindo ela própria correr o risco. Participa de uma passeata pacífica, na qual Pavel é preso. Ela aprende a ler, ajuda camponeses em greve, trabalha na imprensa clandestina. Pavel consegue fugir da Sibéria, mas é apanhado e abatido a tiros. Pelagea é espancada por protestar contra a guerra de 1914. Argumenta eficazmente com as mulheres que favorecem essa guerra e termina empunhando a bandeira vermelha numa gigantesca manifestação antibélica, no inverno de 1916. (Escrita em 1930-1; músicas de Eisler; 15 cenas curtas, diálogo em prosa, com verso branco de métrica irregular; originalmente, 10 canções, sendo que três foram mais tarde adicionadas; coro)

Período da Escandinávia

22. Os horácios e os curiácios
Peça didática para crianças, sobre a dialética. Os curiácios decidem atacar a cidade dos horácios. Ambas as partes organizam seus exércitos. Graças ao seu melhor armamento, os Curiácios vencem as batalhas entre arqueiros e lanceiros, e na refrega entre os homens de espada os horácios fogem. Mas a perseguição separa os curiácios uns dos outros, de modo que os homens de espada dos horácios podem enfrentá-los em duelos singulares e ganham dos curiácios. (Escrita em 1933-4; introdução e três episódios, quase totalmente em verso branco irregular; três solistas de cada parte,; cada lado tem também um coro, por vezes dividido em homens e mulheres; convenção do palco chinês)

23. As cabeças redondas e as cabeças pontudas
Desenrola-se no país imaginário de Yahoo e sua capital é Lima ou Luma. Os personagens têm nomes espanhóis. Esta peça, iniciada em 1931 como uma adaptação de Medida por medida, de Shakespeare, ocupa-se da tentativa de substituição da realidade da luta de classes por doutrinas raciais. Os ataques desencadeados por Angelo Iberin (um político despótico) contra a minoria de Cabeças Pontudas convencem homens como o agricultor Callas a abandonar o movimento de classe conhecido como “A foice”, por acreditar que  Iberin vai reduzir o poder dos latifundiários. Depois de Iberin ter derrotado “A foice”, o senhorio Cabeça Pontuda, de quem Callas era inquilino rural, é condenado à morte por ter seduzido uma jovem Cabeça Redonda (a filha de Callas), mas suas propriedades permanecem intactas. Callas obtém do seu senhorio uma redução do aluguel da terra, em troca de ir ocupar na prisão o lugar daquele e de deixar que a filha se dirfarce de irmã do senhorio, Isabella, uma freira que o comandante do presídio queria raptar. Ambas as manobras são infrutíferas porque o Vice-Rei regressa e Iberin é obrigado a libertar o senhorio. O resultado é que a peça termina com os Cabeças Redondas e os Cabeças Pontudas misturados, mas os ricos e os pobres mais uma vez se separam: os latifundiários celebrando um festim, de um lado, os membros condenados de “A foice” aguardando serem enforcados, de outro. (11 cenas em prosa e verso branco; 13 canções; músicas de Eisler)

24. Os sete pecados mortais do pequeno-burguês
Obra estruturada a partir de poemas de Brecht. A ação se desenrola na América moderna. Duas irmãs, Anna I e Anna II são enviadas por sua família, na Luisiana, para que ganhem a vida por seus meios e façam fortuna. Uma das Annas é a Gerente, a outra é a Artista. Uma é a vendedora (A1), a outra o artigo a ser vendido (A2). Em sete anos, passam por sete cidades, em cada uma das quais A2 é tentada por um dos sete pecados mortais, que a teriam arruinado. Esses pecados são, de fato, virtudes: orgulho (no melhor de cada um de nós), preguiça (em cometer uma injustiça), ira (contra as ações mesquinhas) etc. Ela evita-os todos; triunfa como chantagista, vedete de cabaré, extra de filme; e assim as duas irmãs conseguem regressar ao lar com dinheiro bastante para que a família construa uma casa. Num episódio final, outras Annas são suficientemente bobas para cometerem esses pecados, e acabam arruinadas. (Escrita em 1932; libreto de balé em sete quadros, 10 canções, músicas de Weill, coreografia de Balanchine e Kochno)

25. Terror e miséria do III Reich - ambientada na Alemanha nazista. Episódios realistas, por vezes bastante curtos, destinados a serem interpretados separadamente ou em conjunto.
Tratam da brutalidade e engenhosidade jocosa do nazista individual; o medo da traição; as divisões e desconfiança mútua no seio da família; a covardia das profissões liberais; a falta de coesão entre os adversários; as realidades subjacentes em instituições como o Serviço de Trabalho, o Socorro de Inverno, a Juventude de Hitler e os campos de concentração; a iminência de uma guerra. Cada episódio diz respeito a um diferente grupo de personagens.
(Escrita entre 1935-8, músicas de Eisler; 24 cenas introduzidas e interligadas por um longo poema; oito cenas extras)

26. Os fuzis da senhora Carrar - parcialmente baseada numa idéia de J.M.Synge. A ação se passa na casa de um pescador andaluz, em abril de 1937. A viúva Carrar proíbe seus dois filhos de se unirem ao exército republicano espanhol. E também não permite a seu irmão operário que se apodere dos fuzis que foram escondidos por seu marido pescador antes de morrer. Enquanto aguardam, de noite, que o filho mais velho traga seu barco para a terra, os vizinhos aparecem para discutir com ela. A senhora Carrar julga ser seu dever manter-se neutra e acredita que essa neutralidade será respeitada pelos generais revoltosos. Mas o irmão dela pretende que “quem não está conosco é contra nós” e vê essa neutralidade como uma forma de hostilidade para com a república. Então, o filho mais velho é trazido para a casa, agonizante; seu barco fora metralhado ao largo pelos revoltosos. Enquanto o tiroteiro aumenta, ao longe, a mãe e o outro filho decidem ir buscar os fuzis escondidos e partir, com o irmão dela, para a frente de combate. (Escrita em 1937, 1ato em prosa)

27. Galileu - drama ambientado na Itália, 1609-37. Galileu, um hedonista despreocupado e não muito escrupuloso, utiliza o telescópio para comprovar as teorias de Copérnico. Os filósofos da corte dos Médicis se recusam a aceitar suas provas; o mesmo acontece com os monges do Collegium Romanum, mas o astrônomo papal, Clávio, tem de admitir a verdade. Contudo, o Santo Ofício denuncia como herética a idéia de um sistema solar, pela razão fundamental de que uma atitude mental que investiga a ordem cósmica existente é também capaz de investigar e pôr em dúvida as ordens religiosa, econômica e social vigentes. Assim, durante oito anos, Galileu mantém-se afastado da Astronomia, até que não consegue mais resistir às pesquisas em curso sobre as manchas solares. Suas idéias subversivas começam a divulgar-se. Em 1633, os Médicis entregam-no à Inquisição. Urbano VIII (o antigo Cardeal Barberini), ele próprio um matemático, recusa proteção a Galileu que, aterrorizado, é coagido a abjurar publicamente suas teorias. Passa o resto da vida em recolhimento, acompanhado de sua filha Virgínia, escrevendo os Discorsi sob a vigilância da Igreja, que se apodera dos manuscritos à medida que Galileu os escreve. Mas ele retém uma cópia, e é o seu antigo discípulo Andrea que consegue fazê-la sair do país. (Escrita em 1937-9, música de Eisler; 15 cenas em prosa, uma canção)

28. Mãe Coragem - crônica teatralizada da Guerra dos 30 anos. A ação se passa entre 1624 e 1636 (Suécia, Polônia e Alemanha). Mãe Coragem, que é dona de uma carroça de víveres e ganha a vida vendendo seus produtos às tropas, perde seus dois filhos para o exército protestante. Chegam os católicos e ela muda de lado, mas eles agarram e matam um dos filhos. O outro é morto pelos próprios protestantes por ter sido surpreendido a saquear durante um armistício temporário. Kattrin, a filha muda de Mãe Coragem, perde a vida quando tentava dar o alarme de um ataque de surpresa dos católicos. Através de todas essas tragédias (que ela sente profundamente), a principal preocupação de Mãe Coragem é manter seu negócio em marcha; tendo como pano de fundo grandes acontecimentos históricos, ela representa o ponto de vista prosaico e materialista da guerra. No fim, ela fica sozinha com a sua carroça, velha e aniquilada, mas ainda decidida a ganhar a vida. (Escrita em 1938-9, música de Dessau; 12 cenas em prosa, nove canções)

29. O julgamento de Lukullus - peça radiofônica ambientada na Roma antiga. Depois de toda a pompa da procissão fúnebre e sepultamento do general romano Lúculo, este é julgado no submundo romano por um camponês, um escravo, uma vendedora de peixe, um padeiro e uma cortesã, todos representantes do futuro vivo. As figuras do seu séquito triunfal são convocadas como testemunhas de suas vitórias, saques, destruição de cidades, engajamento de escravos, a introdução que fez da cerejeira na Europa. Só esta última coisa abona em seu favor. Assim, suas mãos sanguinolentas não estão inteiramente vazias. Mas 80 mil mortos é um elevado preço a pagar. O tribunal retira-se para estudar seu veredicto. (Escrita em 1938-9, 14 cenas curtas: uma rimada, as restantes em verso branco irregular)

30. A alma boa de Setsuã - parábola teatral ambientada na China antes da guerra, tendo por cenário a capital da província de Sechuã. Para justificar sua existência, os deuses têm que encontrar uma pessoa boa. Escolhem Shen Teh, uma prostituta sem dinheiro e a colocam numa charutaria, passando a observar seu progresso. Ela descobre que não pode manter-se boa e sobreviver. Disfarça-se de homem (um suposto primo) que tem a necessária implacabilidade para pôr em ordem os seus negócios. Estes prosperam, à custa dela compenetrar-se totalmente da sua nova identidade. Os deuses esclarecem a posição, numa cena de julgamento, mas regressam ao céu deixando o problema de Shen Teh por solucionar. (Escrita em 1938-41; prólogo, 10 cenas, breves interlúdios e um epílogo em verso; prosa com trechos em verso livre e seis canções de Dessau - Brecht também planejou música acidental com Weill)

31. O senhor Puntila e seu criado Matti - ambientada na Finlândia, antes da guerra. Puntila é um grande fazendeiro e um beberrão. Quando se embriaga, é comunicativo e humano; quando está sóbrio, é arrogante e egoísta. Oscilando, inseguro, entre esses dois pólos, contrata novos trabalhadores rurais, convida as mulheres da aldeia para a festa de noivado da filha, rompe o noivado desta com um funcionário do Ministério das Relações Exteriores e insiste para que ela se case com Matti, o seu sardônico chofer, sob pena de despedir os trabalhadores e expulsar as mulheres da aldeia. Puntila adula o noivo e ameaça Matti com a prisão. No auge de uma crise de bebedeira, Matti abandona-o; não pode mais suportar uma relação tão falsa e incerta. (Escrita em 1940, música de Dessau; 12 cenas em prosa, com prólogo e epílogo em verso, duas canções; a “Canção de Puntila” liga as cenas)

32. A resistível ascensão de Arturo Ui - parábola teatral, ambientação em Chicago, 1938-9. Os cinco homens que controlam o negócio atacadista de legumes e hortaliças de Chicago enfrentam uma crise econômica. Subornam Dogsborough, o respeitado prefeito, para que lhes conceda um empréstimo. A imprensa tem conhecimento disso, mas Ui, o chefe da gang que quer “proteger”os atacadistas e está fazendo chantagem com Dogsborough, assassina a única testemunha. Com seus capangas Giri, Givola e Roma, Ui estabelece então um sistema de “proteção” e lança fogo a um dos armazéns dos atacadistas. Para atribuir a alguém a autoria desse crime, é julgado um pobre diabo que Giri apanhara e que, com a conivência dos juízes, é dado como culpado. Os gângsters apoderam-se do testamento de Dogsborough, que nomeou Ui seu sucessor, e quando Roma se opõe ao plano de Ui para ampliar a área de operações até o subúrbio de Cícero, Ui arranja as coisas para que Roma seja traiçoeiramente abatido pelos outros. Depois, Dullfeet, de Cícero, cujo jornal criticara os fora-da-lei de Chicago, é igualmente assassinado, após várias demonstrações de amizade. Assim, os atacadistas de Cícero ficam também atemorizados e solicitam a proteção de Ui. Este termina esboçando planos gigantescos para o futuro. (Escrita em 1941, 16 cenas com um prólogo rimado)

33. As visões de Simone Machard - ambientada numa pequena cidade da Touraine, em 1940. Simone é uma adolescente empregada na Hostellerie du Relais, durante a invasão alemã de 1940. Seu irmão está servindo no exército e ela própria está lendo a história de Joana d’Arc. Em quatro interlúdios de sonho, as personagens reais de sua vida convertem-se nas figuras históricas da narrativa: seu irmão surge como um anjo e ela é Joana. Essa identificação habilita-a a impedir que seu patrão leve toda a comida e transportes em sua fuga; a distribuir alimentos entre os refugiados famintos; e a recusar a entrega das reservas de gasolina da cidade ao inimigo, lançando-lhes fogo. Tudo isso com a oposição dos seus patrões, dos petainistas franceses e dos alemães quando estes chegam. Ela é apanhada e entregue a uma instituição de doenças mentais, dirigida por freiras. Mas já outros tinham começado a seguir-lhe o exemplo. (Escrita em 1942-3, música incidental de Eisler; quatro atos em prosa, incluindo os quatro interlúdios dos sonhos; versos nas falas do anjo)

34. Schweik na Segunda Guerra Mundial - a ação se passa em Praga e na frente russa. Schweik é um vagabundo que perambula inocentemente e deliberadamente pelos cenários da Segunda Guerra Mundial. Passa pelo QG da Gestapo, pelo Serviço de Trabalho Voluntário e por uma prisão militar cheia de indivíduos inaptos para as fileiras, sem jamais denunciar se sua idiotice é de fato verdadeira ou pura farsa. Finalmente, é enviado para a Rússia, para se incorporar a uma unidade de combate perto de Estalingrado. Suas aventuras com o SS Bullinger, com o espião da Gestapo Brettschneider,com o fotógrafo Baloun e com a senhora Kopecka, proprietária do Flagon’s, estão bastante próximas do espírito da novela de Hasek. Estas aventuras contrastam com os breves interlúdios de pantomima nas Regiões Superiores, onde Hitler exprime sua constante preocupação sobre a atitude do Homem Comum. No final da peça, Hitler e Schweik se encontram, mas ambos estão profundamente perdidos. Contudo, Schweik perdeu-se acidentalmente-propositadamente...(Escrita em 1942-3, músicas de Eisler; oito cenas em prosa, com um prelúdio, poslúdio e dois interlúdios em dísticos rimados; oito canções e um epílogo em verso)

35. O círculo de giz caucasiano - texto ambientado na Geórgia feudal, antes da invenção das armas de fogo. Um prelúdio mostra duas granjas coletivas soviéticas reunindo-se, em 1945, para decidirem a qual das duas pertencerá um determinado vale. É-lhes contada a seguinte história, que constitui o enredo da peça propriamente dita: o governador de uma cidade georgiana foi derrubado e morto numa revolta dos nobres. Sua esposa foge, deixando um filho pequeno. Grusha, a camareira, recolhe o bebê e cuida dele; ela foge para a casa de um irmão, nas montanhas, onde tem de casar-se com um camponês supostamente moribundo, a fim de dar à criança um nome e uma posição. Quando a revolta termina, a mulher do governador envia tropas para apanharem Grusha e levarem-na com a criança de volta à cidade. Com o início do ato IV, a história tem um flashback que a situa no dia da revolta, para descrever a carreira vergonhosa de Azdak, um malfeitor e vadio a quem os soldados rebeldes nomeiam juiz. No último ato, ele está julgando o caso de Grusha e decide-o invertendo o velho teste do círculo de giz: a criança é entregue a Grusha porque ela não pode suportar a tradicional disputa que deveria terminar, supostamente, com a criança sendo impelida para fora do círculo pela atração maternal. Ao mesmo tempo, concede  o divórcio a Grusha, para que ela possa voltar para o seu noivo soldado. A moral final é que tanto a criança como o vale devem ser entregues a quem melhor os serve. (Escrita em 1943-5, música de Dessau, prelúdio e cinco atos)

Período de Zurique

36. Antígona - adaptação do original de Sófocles, ambientada em Tebas junto ao palácio de Creonte. Um prólogo que tem por cenário Berlim, em 1945, mostra duas irmãs cujo irmão desertou do exército alemão e foi encontrado enforcado: elas deveriam arriscar serem vistas pela SS retirando o corpo da forca? Na tragédia propriamente dita, Creonte converteu-se num agressor brutal, que atacou Argos para se apoderar de suas minas de ferro; Polinices deserta em protesto contra essa guerra que matou seu irmão. As alusões ao sobrenatural são mínimas: Tirésias, ao invés de profetizar o futuro, converte-se num crítico pessimista do presente; ao passo que o coro de anciãos, sempre reservado em sua atitude, volta-se no fim contra Creonte. Não só Antígona e Hamom morrem; no final, um mensageiro ferido anuncia a derrota em Argos e a morte de Megareu, o único filho em quem Creonte ainda confia. A queda da própria Tebas está por um fio. (Escrita em 1947)

37. Os dias da Comuna - ambientada em Paris, em 1871. A história da Comuna de Paris é narrada através de fictícios Homens da Rua - uma costureira, uma professora, um operário e sua mãe, um seminarista e seu irmão padeiro, todos agrupados em redor de um café de Montmartre - e uma série de personagens históricas, em que se incluem Thiers e Bismarck, bem como alguns delegados da própria Comuna. Os Homens da Rua resistem à tentativa de desarmamento da Guarda Nacional, por Thiers, assistem à tomada do poder, no Hôtel de Ville, pelo Comitê Central, dançam e discutem nas ruas. A Comuna realiza suas reuniões; o Governador do Banco da França conserva a sua independência; Bismarck faz pressão para que Paris seja “pacificada”; os Homens da Rua levantam uma barricada, onde lutam e morrem. Observando tudo a uma prudente distância, o burguês e o aristocrata felicitam Thiers. (Escrita em 1948-9, músicas de Eisler; 14 cenas em prosa algumas das quais são subdivididas; três canções)

Regresso a Berlim

38. O tutor - adaptação da obra de J.M.R.Lenz, com a ação transcorrendo na Prússia e na Saxônia, após a Guerra dos Sete Anos. Na história de Lenz, Läuffer é contratado como tutor dos dois filhos de um major reformado, seduz (ou é seduzido) pela filha dele, na ausência do seu verdadeiro amante. Perseguido pelo major e seus amigos, Läuffer refugia-se na casa do mestre-escola de uma aldeia, que passa a explorá-lo como um assistente mal pago. Na presença do jovem rebanho escolar, ele pressente que o mesmo desastre está prestes a acontecer de novo. Então ele se castra e verifica que passa a ser aceitável. A esta obra de sátira trágica, Brecht acrescentou os debates sobre amor e filosofia entre os estudantes do Halle; o diálogo foi quase totalmente reescrito; e ele deu muito maior destaque à moral do enredo. Esssa autocastração passa agora a representar o colapso dos intelectuais alemães ante os problemas de seu país e também a sombria tradição pedagógica a que isso conduziu. No final, Läuffer é estusiasticamente saudado como o professor perfeito que moldará a juventude alemã à sua própria imagem. (Escrita em 1950; cinco atos, 17 cenas em prosa, com prólogo e epílogo em verso rimado)

39. Comunicado de Herrnburg - não se trata propriamente de uma peça, mas de um relatório baseado num incidente real. (Escrita em 1951, 10 canções, cada uma introduzida por um comentário muito breve; músicas de Dessau)

40. Turandot ou o congresso dos sabichões - ambientada na China em um passado indeterminado. Não há algodão para comprar na China; o Imperador e seu irmão têm um monopólio, mas estão esperando uma alta de preço. Os fabricantes de roupa e os sem-roupa unem-se em protesto e uma oposição revolucionária é chefiada por Kai-Ho, um ex-Tui. Os Tuis, grupo de pensadores fúteis que passa a vida inventando opiniões e discussões, são convocados para inventar desculpas para a crise de abastecimento: o sabichão que inventar a melhor desculpa casará com a filha do imperador, Turandot. Os competidores fracassam e são decapitados. Gogher Gogh, o bandido (um aspirante a Tui), lança então fogo à metade do estoque de algodão imperial, diante do nariz de alguns Tuis que sobreviveram, de maneira que o restante do algodão pode ser vendido num mercado em alta. Os Tuis fogem; um deles vai justar-se a Kai-Ho. Gogher Gogh tenta forçar Turandot a se casar com ele, mas antes que o faça adeptos de Kai-Ho irrompem. (Escrita em 1953-4, músicas de Eisler; 10 cenas em prosa, sendo que a cena 5 (um terço da peça) está subdividida)

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Repassando...


Ontem ao entardecer, recebi uma ligação a cobrar. A pessoa identificou-se como sendo da Telefônica dizendo que meu telefone estava com linha cruzada e ela iria consertar. Estranhei a ligação e disse-lhe que a Telefônica não liga a cobrar; ela insistiu para que eu discasse:
(15)  8117 2839

Não disquei e falei pelo 190 com a Polícia.

O policial disse-me que esta é uma ligação do 
Comando Vermelho , das penitenciárias do Rio de Janeiro e que este número, se acionado, é mais que um clone, é uma extensão de seu telefone.

A partir daí, eles ouvem tudo o que você fala e se for interessante para eles, começam a ameaçar. Isto é sério extremamente perigoso.

Avisem todos os seus 
familiares, amigos, principalmente os mais idosos, empregadas , adolescentes, enfim, aqueles que, sem maiores preocupações, possam cair nessa conversa..

O próprio policial pediu-me para divulgar. Inclusive, se conhecesse alguém da imprensa, pedir para que eles também divulgassem, pois, infelizmente, o golpe já está fazendo vítimas em várias localidades.

Não deixe de repassar esta mensagem.
U R G E N T E!!!

MAIS UM AVISO:
NÃO ATENDER LIGAÇÃO NO

CELULAR DESTE NÚMERO:
(11) 9965.0000

TODOS OS NÚMEROS QUE ESTÃO ATENDENDO, ESTÃO SENDO CLONADOS.
SEJA SOLIDÁRIO E REPASSE

ESTA MENSAGEM

OBS: este apelo me foi feito por uma amiga do Tablado. 















quarta-feira, 11 de junho de 2014

Teatro/CRÍTICA

"O comediante"

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Indecisões comprometem válida proposta



Lionel Fischer



"Este texto é uma referência crítica à indústria cultural do entretenimento, transitando pelo universo cômico e pelo drama psicológico de um ator que, enfeitiçado pela própria imagem, cria um mundo paralelo à sorte da sua loucura, numa época em que a mídia torna o sujeito descartável, os atores são transformados em produto e, desta forma, substitui o velho pelo novo, o feio pelo belo".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima, escrito pelo autor Joseph Meyer, sintetiza as premissas que o levaram a escrever sua peça de estreia, "O comediante", em cartaz no Teatro Clara Nunes. A encenação caberia ao inesquecível José Wilker, mas como este faleceu ainda no início dos ensaios, Anderson Cunha (que me parece que exercia a função de diretor assistente) acabou assumindo a direção da montagem. No elenco, Ary Fontoura, Angela Rebello, Gustavo Arthiddoro e Carol Loback.

Pelo expresso no parágrafo inicial, estamos diante de um tema que, sem ser novo, nem por isso carece de pertinência e atualidade. E o mesmo se aplica ao enredo. Há cerca de 20 anos condenado ao mais absoluto ostracismo, o protagonista Walter Delon teria sido, no passado, um ator de primeira grandeza. Mas o longo e forçado afastamento o leva a um estado de permanente oscilação entre loucura e lucidez.

Objetivando tirar partido deste estado, Norma (ex-camareira de Walter e que atua como uma espécie de governanta), e Eric (inescrupuloso empresário do antigo astro), contratam a jornalista Júlia para escrever a biografia do ator, ao que parece a única possibilidade de ainda auferir dividendos de uma personalidade esfacelada - mas tal conluio só é explicitado na parte final do texto, quando seus potenciais méritos já se encontram muito comprometidos por algumas indecisões e também pela linha adotada pela direção.

Com relação às mencionadas indecisões, o fato de o autor ter optado por mesclar humor e dramaticidade nada tem de grave. Ocorre, no entanto, que o primeiro terço do material dramatúrgico é tão centrado no humor que se torna difícil embarcar nas passagens mais dramáticas, ainda que protagonizadas por um ator de exceção como Ary Fontoura. E o mesmo se dá com a encenação.

A primeira aparição de Norma, por exemplo, propositadamente hierática e caricatural, sugere que estamos na iminência de assistir a uma paródia de textos centrados em uma atmosfera de suspense, quem sabe até com possibilidades de eventuais crimes - torna-se literalmente impossível não achar engraçada a forma como Angela Rebello articula o texto e trabalha o universo gestual. 

Em contrapartida, os atores que interpretam Eric (Gustavo Arthiddoro) e Júlia (Carol Loback) adotam uma linha de interpretação absolutamente naturalista, o que os torna muito menos atraentes do que os outros dois intérpretes. Seja como for, qual terá sido o objetivo de tal contraste? Sugerir que Norma é tão insana quanto seu patrão? Sinceramente não sei.

No tocante a Ary Fontoura, já disse acima que o considero um ator de exceção, e portanto capaz de interpretar com o mesmo brilho papéis dramáticos, cômicos ou trágicos. E aqui ele exibe muitos dos seus maravilhosos predicados, só que um tanto minimizados pelas já mencionadas indefinições tanto do texto quanto da linha adotada pela direção. 

Ainda assim, cabe registrar a forma esplêndida como Ary Fontoura canta e sua enorme capacidade de entrega nos momentos em que o personagem se deixa dominar por devaneios impregnados de nostalgia, revolta ou desejos que jamais haverão de se materializar - nesses monólogos, assim como nas passagens mais voltadas para o humor, Joseph Meyer revela um bom potencial como dramaturgo, que espero ver mais desenvolvido em seu próximo texto.

Na equipe técnica, José Dias assina uma cenografia elegante, em total consonância com o contexto, a mesma eficiência aplicando-se aos figurinos de Marília Carneiro. Marcelo Alonso Neves responde por expressiva trilha sonora original, com Maneco Quinderé iluminando a cena de forma sensível e diversificada, contribuindo decisivamente para valorizar os múltiplos climas emocionais em jogo. Com relação à direção de movimento de Marcia Rubin, esta se faz presente em especial nas atuações de Ary Fontoura e Angela Rebello, que executam de forma primorosa o que suponho que foi exaustivamente ensaiado.

O COMEDIANTE - Texto de Joseph Meyer. Direção de José Wilker e Anderson Cunha. Com Ary Fontoura, Angela Rebello, Gustavo Arthiddoro e Carol Loback. Teatro Clara Nunes. Quinta e sexta, 21h30. Sábado, 21h. Domingo, 20h. 








quinta-feira, 5 de junho de 2014

EDITORA COBOGÓ LANÇA NESTE SÁBADO (07) O LIVRO DA PEÇA ‘CINE MONSTRO’, DO DRAMATURGO CANADENSE DANIEL MACIVOR
Enrique Diaz, que atua e dirige o espetáculo, autografará a obra
Depois de publicar em livro dois sucessos do dramaturgo canadense Daniel MacIvor, as peças In On It  e A Primeira Vista, a Editora Cobogó lança mais um espetáculo do autor:Cine Mosntro. A publicação será autografa pelo ator e diretor Enrique Diaz, neste sábado (07), às 18h, na livraria Cultura, no Teatro Eva Herz (Rua Senador Dantas, 45, Cinelândia),antes da encenação do espetáculo. Com mais de 10 títulos publicados sobre teatro, a Cobogó fez da dramaturgia uma linha de produção da editora. "Adoro ler teatro. O limite entre a literatura e a dramaturgia me fascina", explica a editora Isabel Diegues. Para a editora, publicações como esta são fundamentais para ajudar a construir uma memória sobre o novo cenário do teatro. “Com os livros conseguimos estabelecer uma marca física, um registro para o público que sai sedento das salas de espetáculo”.
LANÇAMENTO LIVRO CINE MONSTRO
Noite de autógrafos com o ator e diretor Enrique Diaz
Livraria Cultura/ Teatro Eva Herz (Rua Senador Dantas, 45, Cinelândia).
Sábado (07/06), às 18h (antes da apresentação da peça)
 SERVIÇO
Título: Cine Monstro
Autor: Daniel MacIvor
Tradução: Enrique Diaz
Número de páginas: 112
ISBN: 978-85-60965-52-6
Formato: 13 x 19 cm
Encadernação: Brochura
Ano de edição: 2013
Preço de capa: R$ 30,00




quarta-feira, 4 de junho de 2014

RETIRO DOS ARTISTAS

Dizem que artistas não nascem, eles estreiam. Mas, a vida é assim: toda estreia tem seu fim de temporada. Ficam as lembraças e os aplausos. Fica aquele eterno obrigado. Do público e, especialmente, de quem vive da mesma profissão, tão dignificada por aqueles que passaram antes. E, à sombra dos refletores, merecem nosso reconhecimento enossa solidariedade. Para isso, e muito mais, existe o Retiro dos Artistas. Que, vivendo sérias dificuldades, sobrevive graças às contribuições de quem reconhece nele uma grande justiça e uma digna causa a se abraçar. Se você também acha que nossos colegas merecem esse reconhecimento, faça sua contribuição. Qualquer valor ou doação (fraldas, luvas, remédios, móveis, roupas, etc) ajuda quem já mostrou seu grande valor. Para facilitar, você pode associar-se ao Retirodos Artistas preenchendo um cadastro que existe em nosso site e receber mensalmente um boleto para pagamento em qualquer data, qualquer banco, qualquer valor. Você também pode usar o débito automático e mostrar que lembra deles para sempre, sem nem mesmo precisar lembrar disso todo mês.

RETIRO DOS ARTISTAS
BRADESCO
AGÊNCIA: 2957-2
CONTA CORRENTE: 4343-5
FAVORECIDO: CASA DOS ARTISTAS
CNPJ: 39.140.264/0001-86
NOSSO TELEFONE PARA AGENDAR DOAÇÕES: 3382-3730 / 3327-4591 (contamos com um pequeno caminhão que busca qualquer doação em sua casa)
ADMINISTRADORA: CIDA CABRAL – (21) 3382-3730 / (21) 7831-6786)

MUITO OBRIGADO