terça-feira, 28 de julho de 2015

CIA CAIXA DO ELEFANTE
Oficinas para a criançada fazer arte está com inscrições abertas
Atividades vão desde o teatro até a jardinagem
Seu filho está sempre fazendo arte? Traz ele para a oficina da Cia Caixa do Elefante! A proposta foi elaborada para crianças de seis a nove anos e pretende desenvolver o potencial criativo enquanto diverte os participantes!
Em cada encontro haverá uma atividade relacionada ao teatro, dança, circo, música, artes plásticas, culinária e jardinagem. As dinâmicas foram criadas para desenvolver o potencial individual e a integração dos alunos. No cronograma estão previstas muitas atividades: jogos teatrais, modelagem em argila, criação de bonecos a partir de sucata, plantar e colher, atividades circenses e percussão corporal.
A turma dos pequenos talentos vai colocar a mão na massa e usar materiais como sucata, massinha de modelar, tecidos, argila, lanterna, papel cartão, maquiagem para teatro e ingredientes para fazer biscoitos deliciosos. Um importante aviso aos papais, mamães e responsáveis: Os jovens oficineiros devem usar roupas que possam sujar, pois serão realizadas atividades com argila, tinta e muita criatividade!
O trabalho é comandado por Viviana Schames, atriz gaúcha licenciada pela UFRGS, que está na Companhia Caixa do Elefante há cinco anos. Ao longo de sua trajetória participou de diversos festivais nacionais de teatro com espetáculos, intervenções urbanas e atividades de intercâmbio. Trabalha em parceria com artistas de diferentes áreas, misturando música, cinema, fotografia, performance, literatura, dança, exploração de espaços urbanos não convencionais para suas criações. Já recebeu prêmios e fez apresentações pelo Brasil, através dos projetos Palco Giratório (SESC) e Miriam Muniz (FUNARTE) de Circulação, e também fora do país: em Coimbra (2013) e na Escócia (2013) e no Festival Cena Brasil Internacional.
A oficina faz parte do cronograma de comemoração do aniversário de 25 anos da companhia e é desenvolvida com o patrocínio da Petrobras, através da seleção no Petrobras Cultural para manutenção de companhias de teatro. As inscrições são feitas no site da Cia,http://www.caixadoelefante.com.br, no link do curso “Fazendo arte” e vão até o dia nove de agosto! Não deixe o seu pequeno artista de fora!
 OFICINA “FAZENDO ARTE”
Quando: 15, 22, 29 de Agosto e 05 de Setembro- das 10hs  às 12hs
Onde: Atelier Katia Schames- Rua Felipe de Oliveira 1011, Petrópolis
Vagas: 10 (público de seis a nove anos)
Quanto: R$ 80, 00 (com todo o material incluído)
 Otto Herok Netto e Carolina Zogbi 
Telefone e whatsapp: (51) 9802-3410 / (51) 98420893
visite nosso site: www.gatopretocultural.com
Curta a página no face: www.facebook.com/GatoPretoProducoes 


Equipe Caixa do Elefante Teatro de Bonecos
www.caixadoelefante.com.br



quinta-feira, 23 de julho de 2015

FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA
PROGRAMAÇÃO DE 2015-2
SEMPRE ÀS ÚLTIMAS SEXTAS-FEIRAS DO MÊS, DAS 18H ÀS 22H,
LOCAL: SALA VERA JANACÓPULOS – UNIRIO.
FILMES ANALISADOS PELOS PSICANALISTAS:
NEILTON SILVA – ndsilva@ism.com.br & WALDEMAR ZUSMAN – zusman@terra.com.br
E PELA MUSEÓLOGA E PROFESSORA DA UNIRIO:
ANA LÚCIA DE CASTRO – anadecastro@terra.com.br
28/08 – O AMANTE. (The Other Man), 2008.
Peter e Lisa levam uma vida pacata: ele dirige sua própria companhia, enquanto que ela é designer de sapatos. Até que, na festa de lançamento de sua última coleção, Lisa pergunta a Peter se jamais desejara ficar com outra pessoa. Ao descobrir uma vida paralela da esposa, vai à Itália, para conhecer Ralph, seu amante.
DIREÇÃO: Richard Eyre. 110 min.
DEBATEDOR: DR. NEILTON SILVA
25/09 – A EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE ANTÔNIA (Antonia's Line), 1996.
Em uma pequena vila holandesa, uma jovem revê as lembranças de sua vida e os curiosos personagens com quem conviveu. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a independente Antonia voltou à cidade natal acompanhada da filha. Assim teve início uma saga familiar que atravessou gerações.
DIREÇÃO: Marleen Gorris. 115 min.
DEBATEDOR: DR. WALDEMAR ZUSMAN
30/10 – CATIVA (Cautiva), 2004.
Sofía Lombardi, filha de desaparecidos no período da ditadura argentina, registrada como filha de um policial e a esposa, com o nome de Cristina Quadri, constitui-se um dos casos de roubo de bebês na época. A jovem, agora com 16 anos, inteira-se subitamente de sua situação e vive o drama de alguém que perde sua identidade.
DIREÇÃO: Gaston Biraben. 115 min.
DEBATEDOR: DR. NEILTON SILVA
27/11 – O ÚLTIMO AMOR DE MR. MORGAN (Mr. Morgan’s last love), 2012.
Mesmo em Paris há 30 anos, Morgan não conhece a língua local, pois sua esposa foi sua intérprete o tempo todo. Com seu falecimento, passa a viver triste e solitário, porém, um dia, ele é ajudado no ônibus por Pauline, uma simpática professora de dança. Não demora muito para que eles se tornem amigos.
Direção: Sandra Nettelbeck.  116 min.
DEBATEDOR: DR. WALDEMAR ZUSMAN.
PEQUENO HISTÓRICO DO FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA
FÓRUM DE PSICANÁLISE E CINEMA FOI CRIADO EM 1997, COMO UM PROJETO CIENTÍFICO DA ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA RIO 3, PELO ENTÃO PRESIDENTE, DR. WALDEMAR ZUSMAN, E PELO DIRETOR DO INSTITUTO, DR. NEILTON DIAS DA SILVA.  DESDE 2004 PASSOU A CONTAR COM A PARTICIPAÇÃO DA MUSEÓLOGA E PROFESSORA DA UNIRIO, DRA ANA LÚCIA DE CASTRO, RESPONSÁVEL PELAS ANÁLISES CULTURAIS DOS FILMES. EM 2006, A APRIO 3, ATUAL SPRJ, CELEBROU PARCERIA COM A UNIRIO PARA SEDIAR O PROJETO MENSALMENTE, SEMPRE MUITO CONCORRIDO.
SERVIÇO:
SEMPRE ÀS ÚLTIMAS SEXTAS-FEIRAS DO MÊS, DAS 18H ÀS 22H.
LOCAL – SALA VERA JANACOPOLUS / REITORIA DA UNIRIO
ENDEREÇO: AVENIDA PASTEUR, 296 – URCA.
ENTRADA FRANCA E ESTACIONAMENTO.     FILME: 18H; DEBATE: 20H
INFORMAÇÕES: forumpsicinema@gmail.com
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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Teatro/CRÍTICA

"Uma revista de ano - PoliticaMente Incorretos"

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Divertido e oportuno tributo



Lionel Fischer



"Tudo começa no fatídico 8 de julho de 2014, quando a seleção brasileira toma inacreditáveis 7 x 1 da Alemanha. A partir daí, e ao longo de um ano, o texto aborda, dentre muitos outros temas, o casamento gay, a diminuição da maioridade penal, as eleições de 2014, as passeatas contra a corrupção, o beijo de Fernanda e Natália na TV, o ovo Fabergé falsificado de Eike Baptista e a crise hídrica".

Extraído (e levemente editado) do release que me foi enviado, o trecho acima contextualiza "Uma Revista de Ano - PoliticaMente Incorretos", comédia musical em cartaz no Teatro de Arena 
(Espaço Sesc). Ana Velloso assina o texto, com colaboração de Vera Novello e Cristiano Gualda e supervisão de Tânia Brandão. A direção está a cargo de Sergio Módena (codireção de Gustavo Wabner), estando o elenco formado por Ana Velloso, Cristiana Pompeo, Cristiano Gualda, Édio Nunes, Hugo Kerth e Wladimir Pinheiro.

O teatro de revista tornou-se um gênero popular no Brasil a partir do final do século XIX. Entre os principais escritores de revista estava Arthur Azevedo que, em "A Fantasia" (1896), assim define o gênero: "Pimenta sim, muita pimenta, e quatro, ou cinco, ou seis lundus, chalaças velhas, bolorentas, pernas à mostra e seios nus". Pode-se então caracterizar o teatro de revista como um veículo de difusão de modos e costumes, como um retrato sociológico, ou como um estimulador de riso e alegria através de falas irônicas e de duplo sentido, assim como de canções apimentadas e hinos picarescos. E nunca é demais frisar o avassalador poder crítico do gênero, em que pese sua leveza e descontração. 

No presente caso, estamos diante de uma proposta que presta divertido e significativo tributo ao gênero, ainda que dispense plumas e paetês, deslumbrantes escadarias e estonteantes vedetes. Ao revisitar alguns fatos marcantes de nossa história recente, o texto faculta ao espectador a possibilidade de se divertir com os temas abordados, assim como de refletir sobre os mesmos. E embora alguns quadros sejam superiores a outros, em sua maioria eles exercem inegável poder de sedução e nos fazem pensar sobre nosso curioso país. A única ressalva fica por conta do recurso de um grupo em processo de ensaio, a meu ver desnecessário.

Com relação ao espetáculo, Sergio Módena impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico. Valendo-se de marcações criativas e divertidas, e evidenciando excelente domínio dos tempos rítmicos, Módena exibe o mérito suplementar de haver extraído ótimas atuações dos intérpretes, seja quando estão solando, seja quando integrados ao conjunto. Além disso, todos cantam muito bem e executam com desenvoltura e graça as quase sempre hilárias coreografias. Assim, a todos parabenizo com o mesmo entusiasmo e a todos agradeço a divertida noite que me proporcionaram.

Na equipe técnica, Wladimir Pinheiro responde por simples e eficiente direção musical, sendo de excelente nível a cenografia (Bia Gondomar, Sergio Módena e Gustavo Wabner), os figurinos e adereços (Antônio Negreiros e Tatiana Rodrigues), os adereços e cenotécnica (Derô Martin), a iluminação (Tiago e Fernanda Mantovani) e as coreografias (Édio Nunes).

UMA REVISTA DE ANO - POLITICAMENTE INCORRETOS - Texto de Ana Velloso. Direção de Sergio Módena. Com Ana Velloso, Cristiana Pompeo, Cristiano Gualda, Édio Nunes, Hugo Kert e Wladimir Pinheiro. Teatro Arena (Espaço Sesc). Quinta a sábado, 20h30. Domingo, 19h.






segunda-feira, 20 de julho de 2015

Teatro/CRÍTICA

"Carmen, de Cervantes"

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Sensual e vigoroso tributo à reinvenção



Lionel Fischer



"O enredo utiliza-se das histórias de dois grandes nomes da literatura mundial. De um lado, está uma personagem vibrante e envolvente, a cigana Carmen; de outro o consagrado escritor espanhol Miguel de Cervantes. Livres no tempo e no espaço, eles se encontram e modificam suas trajetórias. Em cena, Carmen quer se reinventar, não quer mais ser a cigana analfabeta que usa a sensualidade e a magia para conquistar e enganar os homens. Ela procura Cervantes e pede para ele reescrever sua história".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo de "Carmen, de Cervantes", de Marcos Arzua e Fábio Espírito Santo (o texto é baseado em um conto homônimo de Arzua). Em cartaz no Teatro Sesc Tijuca, a peça tem direção assinada por Fábio Espírito Santo, estando o elenco formado por Ana Paula Bouzas (Carmen), Samir Murad (Cervantes), Ciro Sales (José e Cobrador) e Andreza Birrencourt (Rival e Catalina), que dividem o palco com o violonista Luciano Câmara.

Excetuando-se o analfabetismo, é provável que 99% das mulheres que habitam este curioso planeta em que vivemos desejassem possuir alguns dos predicados da cigana Carmen, em especial sua magia e poder de sedução. No entanto, ela os rejeita e visa transcender as circunstâncias que a aprisionam. E neste impulso reside a premissa mais interessante do texto, que é a de sugerir a possibilidade de nos reinventarmos, independentemente de nosso sucesso ou fracasso perante os outros.

Bem escrito, contendo bons personagens e uma ação que prende a atenção do espectador ao longo de toda a montagem, "Carmen de Cervantes" recebeu sensível e expressiva versão cênica de Fábio Espírito Santo, que também revela-se um ótimo diretor de atores.
Na pele de Carmen, Ana Paula Bouzas exibe excelente performance, tanto do ponto de vista vocal como corporal - neste último quesito, nenhuma novidade, posto que a atriz é também uma ótima bailarina. A mesma eficiência se faz presente na atuação de Samir Murad, ator que sempre impõe solidez e profundidade a todos os personagens que interpreta. Em papéis de menores oportunidades, mas ainda assim vitais para a trama, Andreza Bittencourt e Ciro Sales exibem atuações seguram e convincentes.

Na equipe técnica, Luiz Brasil responde por excelente direção musical, sendo irretocáveis a direção de movimento (Eliane Carvalho), a cenografia (Ronald Teixeira), a iluminação (Fábio Espírito Santo), o figurino (Bettine Silveira) e a maquiagem (Mária Adélia). Cumpre também destacar a maravilhosa performance do violonista Luciano Câmara, que em muitos momentos me fez acreditar que estava inserido em terras andaluzas.   

CARMEM DE CERVANTES - Texto de Marcos Arzua e Fábio Espírito Santo. Direção de Fábio Espírito Santo. Com Ana Paula Bouzas, Samir Murad, Andreza Bittencourt e Ciro Sales. Teatro Sesc Tijuca. Sexta a domingo, 20h. 


Teatro/CRÍTICA

"Tribos"

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A surdez nossa de cada dia



Lionel Fischer



"Billy nasceu surdo em uma família de ouvintes, liderada pelo pai Christopher e pela mãe Beth e complementada pelos irmãos Daniel e Ruth. Ele foi criado dentro de um casulo ferozmente peculiar e politicamente incorreto. Adaptou-se brilhantemente às maneiras não convencionais de sua família, mas eles nunca se deram ao trabalho de retribuir o favor. Finalmente, quando ele conhece Sylvia, uma jovem prestes a ficar surda, Billy passa a entender realmente o que significa pertencer a algum lugar".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima explicita o contexto em que se dá "Tribos", de autoria da inglesa Nina Raine. Em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, a peça tem sua versão cênica assinada por Ulysses Cruz, estando o elenco formado por Bruno Fagundes, Arieta Correa, Eliete Cigaarini, Guilherme Magon, Maíra Dvorek e Antonio Fagundes. 

Mesmo que centrada em um caso concreto de deficiência auditiva - - particularmente curioso, pois a família de Billy não lhe estimulou a aprender a linguagem de sinais, o que o obriga a fazer leitura labial - me parece que a peça trata fundamentalmente de um outro tipo de surdez, que nos acossa a todos, em maior ou menor grau: nossa cada vez maior intolerância para com o outro, nossa incapacidade de conviver com diferenças, nosso desprezo por opiniões que não coincidam com as nossas. 

Além disso, a solidão contemporânea se torna cada vez maior à medida que a maioria das pessoas já não consegue mais viver sem estar acoplada a uma série infindável de traquitanas tecnológicas, cabendo aqui destacar os famigerados fones de ouvido que, sob o pretexto de contemplar o indivíduo com musiquinhas (dentre outras graciosas benesses), nada mais fazem do que isolá-lo dos demais. Digressão feita, voltemos ao texto.

Se por um lado é inegável que a autora aborda um tema da maior pertinência e crie algumas cenas de forte impacto, em contrapartida acredito que alguns personagens poderiam ter sido contemplados com uma gama maior de matizes. É o caso, por exemplo, de Christopher. O fato de ele possuir uma personalidade autoritária e sarcástica não constitui nenhum problema; a questão é que ele se mantém autoritário e sarcástico praticamente o tempo inteiro, independentemente da evolução da trama. 

Outro fato que me chamou a atenção (e aqui a questão não se prende a matizes) diz respeito à personalidade de Daniel. No início da peça, ele exibe um comportamento, digamos assim, apenas um tanto peculiar, com discretíssimos movimentos de cabeça e oscilação no olhar. No entanto, e no espaço de poucos meses, ele se converte em um ser delirante, brutalmente acossado por vozes. O que será que operou nele uma tal metamorfose? Será que sua grave patologia já estava presente, ainda que de forma sutil, e eu não percebi?

Com relação à mãe e à irmã, ambas exibem personalidades bem definidas, ainda que pouco interessantes. Em contrapartida, a autora revela-se brilhante na construção de Billy e Sylvia. O primeiro é um jovem sensível, educado e prestativo, sempre empenhado em retribuir o carinho, ainda que questionável, de sua família. Mais adiante, no entanto, quando surgem alguns impasses, ele revela de forma apaixonada e comovente todas as carência de que padecia e até então ocultara. O mesmo interesse se faz presente em Sylvia: de início polida e parecendo algo intimidada, aos poucos a personagem, sem perder sua polidez, revela uma força e uma compreensão da realidade absolutamente admiráveis. 

No tocante ao espetáculo, Ulysses Cruz impõe à cena uma dinâmica que sabiamente abdica de inúteis mirabolância formais e investe naquilo que é prioritário em um texto desta natureza: a forte contracena entre os atores, indispensável para a apreensão e o fortalecimento dos múltiplos climas emocionais em jogo. E neste sentido Ulysses Cruz obtém ótimos resultados, em especial nos personagens de Billy e Sylvia, certamente os melhores e mais bem elaborados. Bruno Fagundes está brilhante na pele do jovem surdo, conseguindo materializar todas as nuances do personagem. E Arieta Correa exibe aqui uma das melhores performances de sua carreira, demonstrando grande autoridade e não menor inteligência cênica. Eliete Cigaarini (Beth) e Maíra Dvorek (Ruth) exibem desempenhos seguros, com Guilherme Magon (Daniel) defendendo com grande capacidade de entrega um personagem (a meu ver) mal estruturado. Quanto a Antonio Fagundes, o maravilhoso ator valoriza ao máximo o papel de Christopher, dele extraindo o máximo possível. 

No que diz respeito à equipe técnica, é de excelente nível a tradução de Rachel Ripani, sendo corretas as contribuições de Alexandre Herchovitch (figurinos), Lu Bueno (cenografia), Domingos Quintiliano (iluminação) e André Abujamra (trilha sonora).

TRIBOS - Texto de Nina Raine. Direção de Ulysses Cruz. Com Bruno Fagundes, Arieta Correa, Eliete Cigaarini, Guilherme Magon, Maíra Dvorek e Antonio Fagundes. Teatro Sesc Ginástico. Quinta a sábado, 19h. Domingo, 18h.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

FESTU RIO – Festival de Teatro Universitário (5 Edição)

Com patrocínio da Caixa Econômica Federal, Governo Federal, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Multiterminais, Technip e Fundação Cesgranrio a quinta edição do FESTU RIO – Festival de Teatro Universitário, que tem como propósito fomentar, revelar e reunir novos talentos das artes cênicas de todo o Brasil no Rio de Janeiro, acontece de 22 de julho a 02 de agosto, em dois locais diferentes, a CAIXA Cultural – Teatro de Arena e o Teatro SESI – Centro. A direção geral é de Miguel Colker e a codireção de Felipe Cabral.
 A Mostra de Espetáculos, que apresenta elogiadas e premiadas peças nascidas em ambiente  universitário ou realizadas por universitários a preços populares (R$ 20/R$10), abre a primeira semana do evento na CAIXA Cultural. A programação, que em 2014 teve sessões lotadas com o sucesso musical The Book Of Mormon, neste ano é integrada porHamlet ou Morte (dia 22), Afeta me Agora ou Desaparecerei com o Tempo (dia 23),Escuroclaro (dia 24), Baker Street 221b (dia 25) e Amor,te (dia 26). E na semana seguinte, desta vez com entrada franca, a atração é o novo musical do projeto Teatro Musicado, do Centro de Letras e Artes da UNIRIO, responsável por The Book of Mormon:O Jovem Frankenstein, que também já é um sucesso de público nos teatros cariocas, com duas sessões, nos dias 28 e 29, no Teatro SESI – Centro.
 A Mostra Nacional - Competitiva de Esquetes, com entrada franca e distribuição de pipoca para o público, encerra a edição 2015, de 30 de julho a 02 de agosto (quinta a domingo), também no Teatro SESI Centro, reunindo 27 grupos de teatro integrados por estudantes de teatro selecionados em todo o Brasil (de um total de 266 inscritos pelo site do festival) que mostrarão seus trabalhos com entrada franca. Participarão grupos da Bahia, Minas Gerais e Paraná, além de Rio de Janeiro e São Paulo. O melhor grupo universitário eleito pelo júri será premiado com R$ 20 mil para montar um novo espetáculo e o apresentará no Festival de Teatro de Curitiba, um dos mais importantes do País. A premiação inclui também a realização de temporada de peça em um teatro da cidade ainda a ser definido.  Os vencedores dos prêmios de melhor ator, atriz e diretor ganharão bolsas de estudo nas melhores escolas de teatro, música e dança do Rio. As outras categorias da premiação são melhor figurino, iluminação, cenografia e texto original.

 Mais  informações sobre o FESTU: www.festurio.com.br/QuintaEdicao 
 PROGRAMAÇÃO FESTU 2015
 PRIMEIRA SEMANA: MOSTRA DE ESPETÁCULOS  (22 A 26 DE JULHO)
 Dia 22, quarta – Hamlet ou Morte
Com a premiação da Mostra Nacional do FESTU 2014 como melhor esquete pelo Júri, melhor figurino, melhor cenário, melhor ator (para Yuri Ribeiro) e ainda melhor esquete pelo Júri popular, Hamlet em 10 minutos, do grupo Os Trágicos, trecho da obra “Dogg´s Hamlet” de Tom Stoppard, transformou-se no espetáculo Hamlet ou Morte. A peçaintegrou a programação do Fringe-Festival de Teatro de Curitiba 2015, fez temporadas nos teatros Poeirinha e Eva Herz, entre outros, e agora volta ao festival dentro da Mostra de Espetáculos.
 Em plena Inglaterra elisabetana, quatro condenados à morte recebem, como um indulto de clemência,o direito de apresentar um espetáculo para a rainha. Sem muita noção do que é teatro, são auxiliados pelo bondoso reverendo Topaz, que possuí uma certa veia artística. Decidem encenar as poucas páginas de uma história fascinante, roubadas de um tal WillShakespeare. Se a rainha gostar estarão livres, caso contrário morrem. 
Direção e Adaptação: Adriana Maia. Elenco: Diogo Fujimura, Gabriel Canella, Mathias Wunder, Pedro Sarmento, Yuri Ribeiro. Comédia. 60 minutos. 14 anos.
 Dia 23, quinta – Afeta me Agora ou Desaparecerei com o Tempo
Adaptação livre do Poema de Imaginação, de Laura Liuzzi, para uma reflexão sobre o universo cotidiano de um casal, a peça, que se originou no trabalho de formatura da ex aluna de direção teatral da UFRJ Julia Gorman, lhe rendeu o Prêmio Yan Michalski, também destinado à produção universitária, como melhor direção. O espetáculo conta com uma banda ao vivo, integrada por atores/músicos que tocam e cantam composições autorais.
Direção: Julia Gorman. Elenco: Julia Shimura e Vicente Coelho.
70 minutos. Drama. 14 anos
 Dia 24, sexta – Escuroclaro
Inspirado pela técnica de pintura renascentista conhecida como chiaroscuro, que pinta o corpo não a partir de um contorno, mas sim a partir dos jogos de luz e sombra que o envolvem para refletir sobre questões existenciais, Escuroclaro é outro espetáculo que se originou de um projeto de graduação e ganhou os palcos cariocas.
 Os personagens migram de uma cena a outra - sempre um personagem de uma história está também na outra que a sucede -, apresentando situações que passeiam por temas contemporâneos, como o extremismo, a atrocidade, a confusão e a perplexidade nas relações interpessoais.
 Com uma construção temporal que vai de trás para frente, várias histórias acontecem no mesmo dia: um evento remete a outro que aconteceu um pouco antes e assim por diante. Retirados de uma cena, os personagens vão para outras, vividas em um mesmo dia, onde se comportam de forma completamente diferente, devido às circunstâncias da situação. O funcionário de um banco, por exemplo, presencia num bar dois amigos dando um "boa noite, Cinderela" para uma menina, que desmaia à sua frente. Momentos antes, este mesmo funcionário está em seu trabalho, em um dia exaustivo, tendo de lidar com situações onde as pessoas passam por cima das outras, sem nenhuma ética, para serem atendidas.
 Direção, Dramaturgia e Cenografia: Diogo Liberano e Viniciús Arneiro. Elenco: Caroline de Assis, Diego Costalonga, Fábio Verini, João Rafael Schuler, Zé Henrique, Lucas Cosechen, Maíra Zago, Marcela Rebel, Marco Loureiro, Mitat Marques
Ricardo Diaz, Rodrigo Marnet e Taiana Storque. 70 minutos. Drama. 14 anos.
 Dia 25, sábado -  Baker Street 221b
Inspirado pelo universo criado por Arthur Conan Doyle, o espetáculo do grupo Imaginário Coletivo explora a mítica figura de Sherlock Holmes, detetive conhecido por investigar casos peculiares e difíceis de serem desvendados. Nesta comédia, inspirada nos moldes do teatro físico, ele e seu ajudante Dr. Watson enfrentam um grande desafio: capturar um serial killer e impedir que faça mais vítimas pelas ruas de Londres. A comédia física investiga a teatralidade através de jogos físicos, onde, com pouco uso de texto, os atores realizam corporalmente as situações propostas pela trama. Assim, o espectador se torna cúmplice do jogo de ilusão que se estabelece, possibilitando uma apreensão divertida do enredo. Intitulado com o endereço fictício do famoso personagem.
Texto: Grupo Imaginário Coletivo. Supervisão de texto e direção: André Paes Leme.
Elenco: Ícaro Silva, Fábio Cardoso, Hannah Jacques, Julia Morales, Lorena Medeiros, Luísa Pinheiro, Mariah Viamonte e Bruno Quaresma. 60 minutos. Comédia. 14 anos.
 Dia 26, domingo - Amor,te
Nascida de uma prática de montagem da UniRio, Amor, te mistura fragmentos da obra de Nelson Rodrigues com relatos pessoais dos próprios atores em cenas cotidianas que retratam  as relações humanas com temas como o amor e a morte.
Direção e Dramaturgia: Pedro Struchiner. Orientação de direção teatral: Moacir Chaves. Elenco: Amanda Tedesco, Ana Karenina Riehl, Carol Vilela, Gé Lisboa, Julya Avila, Katiuscia Dantas, Luis Gustavo Soares, Pedro Struchiner, Sandro Melo e Talita Bildeman.60 minutos. Drama. 16 anos.
 Serviço FESTU primeira semana (22 a 26 de julho)
Todos os espetáculos na CAIXA Cultural – Teatro de Arena
Horário: 19h
Ingressos: R$ 20 (inteira) | R$ 10 (meia entrada)
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô: Estação Carioca)
Informações: (21) 3980-3815
Bilheteria: terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Lotação máxima: 226 lugares (mais quatro para cadeirantes)
Acesso para pessoas com deficiência
 SEGUNDA SEMANA:
Nos dias 28 e 29, terça e quarta, a Mostra de Espetáculos apresenta o musical O Jovem Frankestein – Um exercício Cênico, e de 30 a 02 de agosto, quinta a domingo, a Mostra Nacional - Competitiva de Esquetes, ambas no Teatro SESI, com entrada franca.
 28 e 29 de julho – MOSTRA DE ESPETÁCULOS:
O Jovem Frankestein – Um exercício Cênico
Após o fenômeno The Book of Mormon, o projeto Unirio Teatro Musicado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), estreia seu mais novo espetáculo, o musical O jovem Frankenstein - Um exercício cênico.  A peça conta a trajetória de Dr. Frederick Frankenstein (Luiz Gofman), que descobre ser dono de um castelo na Transilvânia após a morte de seu avô, Dr. Victor Frankenstein (Marcus Brandão). Com intuito de reivindicar sua herança, Frederick deixa sua noiva Elizabeth (Flora Menezes) em Nova York e parte rumo ao distante país para conhecer o castelo, descobrindo o laboratório de Victor, lugar onde ele tentava dar vida aos mortos.
Texto: Mel Brooks e Thomas Meehan. Músicas e letras: Mel Brooks. Direção geral: Rubens Lima Jr. Versão Brasileira: Alexandre Amorim. Elenco: Luiz Gofman, Marcus Brandão e Flora Menezes, entre outros atores.
 DE 30 DE JULHO E 02 DE AGOSTO: MOSTRA NACIONAL- COMPETITIVA DE ESQUETES
Duração de cada esquete: 10 minutos
 Dia 30, quinta: Bendito Fruto, Mor(rir), Sobreviventes Urbanos, Mar, Ritual a Partir da Gota D’água, Em Algum Lugar Lá Fora, Música Para Cortar Os Pulsos, Na Granja e Carmen.
 Dia 31, sexta: Golden Gate Bridge, A Terrível Planície de Kenótita, Balões, Barrela, Desenterro, Doká, Nós existimos, ...Somentes as Salamandras Eram Imaginárias, Combate Corpo a Corpo: Montecchio vs. Capuleto
 Dia 01, sábado: Ex-Tropiados, Amora, Cão Guia, A Pastora do Lixão, Sigmund Freud: Analise Isso, Entre Nós e Laços, Terça Feira Gorda, Os Infantes e Maria do Espelho.
 Dia 02, domingo: Final - As nove melhores esquetes serão reapresentadas ao júri, que reúne consagrados nomes entre os profissionais de teatro do Rio de Janeiro
 Serviço 5ª FESTU segunda semana (28 de julho a 02 de agosto)
Dias 28 e 29 de julho: Mostra de Espetáculos - O Jovem Frankenstein - Um Exercício Cênico
De 30 de julho a 02 de agosto: Mostra Nacional - Competitiva de Esquetes
Horário: 19h
Local: Teatro SESI Centro
Endereço: Av. Graça Aranha, 1, Centro
Capacidade: 350 lugares
Informações: (21) 2563-4163 / (21) 2563-4168
Estacionamento: não tem.
Para todas as atrações, entrada franca com distribuição de ingressos1h antes do início do início
 Assessoria de Imprensa FESTU
Mary e Alessandra Debs
21 2255 0285 3208 2093
 Assessoria de Imprensa da CAIXA Cultural Rio de Janeiro (RJ)
(21) 3980-3096 / 4097
www.caixacultural.com.br | @imprensaCAIXA






Teatro/CRÍTICA

"Sexo neutro"

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Visceral discussão sobre a condição humana



Lionel Fischer



"Uma mulher (Márcia) se transforma em homem (Cléber), mas não se sente segura(o) na escolha do gênero masculino e experimenta o colapso de sua identidade. Relato lírico dessa subjetividade cindida em duas (e diversas) vozes, o espetáculo acompanha as dificuldades de identidade do personagem, que não se sente confortável na escolha de nenhum gênero, sentindo de modo radical o trânsito entre o masculino e o feminino".

Extraído (e levemente editado) do release que me foi enviado, o trecho acima explicita o contexto em que se dá "Sexo neutro", em cartaz no Teatro III do CCBB. João Cícero assina o texto e a direção do espetáculo, estando o elenco formado por Cristina Flores e Marcelo Olinto.

Como se sabe, tratados já foram escritos (e continuarão sendo, ao que tudo indica, dada a complexidade do tema) sobre o conceito de gênero quando aplicado a homens e mulheres. Mas aqui não me parece que o objetivo do autor tenha sido o de contar a história mal sucedida de alguém que buscou encontrar-se em outro gênero e sim empreender uma reflexão sobre a imensa dificuldade que todos possuímos (quer desejemos ou não trocar de gênero) de vivenciar todas as nossas potencialidades, dentre elas as sexuais e as afetivas. 

Sim, pois desde o berço nos dizem que certas coisas são de homem e outras, de mulheres; que determinados sentimentos, atitudes, opções, desejos e assim por diante pertencem ao sexo masculino e jamais ao feminino; que para tudo funcionar a contento torna-se indispensável uma clara e perene separação entre os gêneros, como se homens e mulheres pertencessem a espécies diferentes. Trata-se, evidentemente, de uma grotesca falácia, provavelmente oriunda de questões relativas ao poder. E o presente texto ganha extrema relevância não por apontar eventuais caminhos ou hipotéticas soluções, mas por discutir aspectos vitais da condição humana.

Estruturado em forma de depoimento, ao qual se mesclam cenas envolvendo os dois intérpretes, "Sexo neutro" recebeu excelente versão cênica de João Cícero, cujo maior mérito reside no fato de propor uma relação despojada e crua com a plateia, não raro angustiante e extremamente desconfortável. Neste sentido, o desconforto dos personagens (às vezes pleno de desamparo, às vezes ácido e irônico) acaba se estendo aos espectadores - de minha parte, na asquerosamente bela cena de pedofilia, meu coração entrou em tal descompasso que imaginei que estava prestes a entrar em um processo de dispneia pré-agônica, como se fosse um personagem de Nelson Rodrigues. 

Com relação aos atores, creio que aqui seja irrelevante tecer considerações sobre aspectos técnicos, já que tanto Cristina Flores quanto Marcelo Olinto já deram inúmeras demonstrações de seus vastos recursos expressivos. O que me parece fundamental destacar, além da ótima contracena e imensa cumplicidade, é a possibilidade que ambos insinuam de não estarem apenas interpretando personagens, mas utilizando-os como porta-vozes de questões que também são suas - como Cristina Flores e Marcelo Olinto pertencem à espécie humana e, nunca é demais lembrar, são artistas, nada de humano pode lhes ser estranho e muito menos indiferente. Aos dois, portanto, parabenizo com o mesmo entusiasmo e agradeço a impactante experiência de vida e de teatro que me proporcionaram.   

Na equipe técnica, considero irrepreensíveis as contribuições de todos os profissionais envolvidos neta mais do oportuna empreitada teatral - João Cícero (concepção do espaço), João Dalla Rosa (figurino), Tomás Ribas (iluminação), Dimitri BR e Alexandre Hofty (trilha sonora original), Diana Behrens (direção de movimento) e Evandro Machini (documentarista).

SEXO NEUTRO - Texto e direção de João Cícero. Com Cristina Flores e Marcelo Olinto. Teatro III do CCBB. Quarta a domingo, 19h30